Os teólogos antigos ensinavam um Deus antropomórfico. E, ao invés de tomarem o atributo de Deus Todo-Poderoso para o amor e para o bem, tomavam-no para o mal, o ódio e a vingança, longe, pois, do Deus Pai amoroso ensinado por Jesus.
Os teólogos, quando se deparavam com uma dúvida sobre uma interpretação bíblica, diziam “isso é perigoso”, isto é, tal interpretação poderia trazer o risco de um castigo de Deus ou da Igreja, da época da Inquisição, se ela estivesse contra o sentido verdadeiro da Bíblia ou de algum dogma católico.
E, hoje, a Igreja tem duas correntes, a dos teólogos conservadores e a dos inovadores. Os primeiros ainda mantêm as ideias erradas antigas sobre Deus e o destino ameaçador para os espíritos humanos. Já a corrente dos inovadores prega uma visão otimista sobre um Deus de amor e de um destino incondicional de felicidade perene para todos os espíritos humanos. Infelizmente, a maioria dos dirigentes religiosos de outras igrejas cristãs mantem ainda aquela antiga teologia cristã errada e amedrontadora da Igreja do passado. Isso, às vezes, lamentavelmente, como meio de explorarem mais facilmente os seus fiéis. E esses dirigentes religiosos são ajudados por outros que são sinceros, mas que se tornam inocentes úteis daqueles dirigentes exploradores mercenários, prejudicando, assim, a marcha do evolutivo e verdadeiro cristianismo, que é o de um Deus de amor e não de ódio e de vingança.
É muito conhecida a passagem evangélica da separação das ovelhas dos cabritos. (Mateus 25: 32 a 41), no final dos tempos. Trata-se de um dos mais importantes textos figurados dos evangelhos. As ovelhas representam as pessoas vitoriosas, enquanto que os cabritos, as fracassadas, pois não passaram no curso das escolas durante as reencarnações. E, usando ainda uma linguagem escolar, diríamos que elas tomaram bombas!
Para uma corrente católica baseada em doutores em teologia, entre eles o holandês Jonh Kông, da Arquidiocese de Belo Horizonte, o inverno na Palestina é muito forte. As ovelhas, protegidas pela sua espessa camada natural de lã, podem passar tranquilamente no tempo as noites frias. Já os cabritos, com sua pele fina, à noite, têm que ser recolhidos nos currais, pois, ao relento, poderão morrer de frio. Os cabritos simbolizam os espíritos humanos frágeis ou doentes da alma que tomaram bombas, precisando, pois, de uma acolhida especial, enquanto que os verdadeiros cristãos já libertos, espiritualmente, representados pelas ovelhas, não precisam dessa acolhida especial. É isso que Jesus quis dizer com a separação dos cabritos das ovelhas.
Essa passagem nos lembra daquela em que Jesus afirma que os doentes é que precisam de médicos. (Mateus 9: 12). Realmente, os cabritos, pela sua natureza de pele frágil para enfrentar o rigor do frio, de algum modo, são doentes. E ela lembra-nos também daquela em que Jesus diz que o bom pastor procura a sua ovelha perdida “até que ela seja encontrada”, (Mateus 18: 12), ou seja, até que seja salva.
Esses ensinamentos estão de acordo com o que o excelso Mestre nos ensinou: Deus quer que todos se salvem. (João 6: 39) E eles se igualam aos da Doutrina Espírita, que prega também a salvação, um dia, para todos os espíritos.
E quem será totalmente vitorioso, o Deus verdadeiro, o “satanás” ou os pregadores de um Deus falso, antropomórfico e do terror?
Outros colunistas de O TEMPO: Miriam Leitão, Vittorio Medioli, Arnaldo Jabor, Dora Kramer, Laura Medioli, João Batista Libânio (teólogo Jesuíta), Elio Gaspari, Xico Sá, Luiz Carlos Bernardes, Torquato (USP), Gilda de Castro, Manoel Lobato, Robson Damasceno Reis, Teodomiro Braga, Ana Elizabeth Diniz, Trigueirinho, Leonardo Boff, José Dirceu (ex-ministro do Lula), Tostão, Ministro Fernando Pimentel, Paul Krugman (Colunista do “The New York Times” e Prêmio Nobel de Economia em 2008) e outros.
Comentários dos leitores, no final das matérias, no site de O TEMPO:www.otempo.com.br ou www.josereischaves.com.br
As matérias da coluna podem ser publicadas, bastando para isso a citação: José Reis Chaves (colunista de O TEMPO).