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O Cérebro, a Inteligência e o Espírito

O Cérebro, a Inteligência e o Espírito

O cérebro é o meio que expressa a inteligência no mundo material, por isso a
maioria dos estudiosos da mente humana, faz da inteligência um atributo do
cérebro. A questão para eles se resume em indagações como estas: cérebro menor é
sinônimo de inteligência menor? Um cérebro maior é garantia de uma inteligência
maior?

Bem sabemos, como espíritas, que: “a inteligência é um atributo essencial do
espírito”, daí podemos concluir que o corpo físico é apenas “o envoltório do
Espírito”, porque “o espírito conserva os atributos da natureza espiritual”. O
corpo físico é o instrumento que o espírito se utiliza para “o exercício das
faculdades”, mas, não podemos esquecer que as faculdades do espírito “depende
dos órgãos que lhes servem de instrumento”.

Há uma diferença essencial entre a ciência materialista e a ciência espírita,
pois, enquanto a primeira faz do cérebro o excretor da inteligência, a Segunda
faz do cérebro apenas um instrumento do espírito, que é o ser inteligente
individualizado.

Cientes de que “os órgãos são os instrumentos da manifestação das faculdades
da alma”, e que esta manifestação “se acha subordinada ao desenvolvimento e ao
grau de perfeição dos órgãos”, voltaremos às indagações iniciais: cérebro menor
é sinônimo de inteligência menor? Um cérebro maior é garantia de uma
inteligência maior? Vamos aos exemplos: o assustador Tyrannosaurus Rex tinha 8
toneladas de peso e apenas 200 centímetros cúbicos (200 gramas) de volume
cerebral; o pesadão Brachiosaurus, 87 toneladas e 150 gramas de cérebro; o
Stegosaurus na leveza de suas 2 toneladas tinha apenas 30 gramas de cérebro.
Entre os dinossauros mais inteligentes estavam os Saurornithoides, que tinha
cérebros que pensavam em geral 50 gramas para uma massa corporal de mais ou
menos 50 quilos, o que os situa próximo ao avestruz.

Estudos e experiências realizadas com chimpanzés, revelaram nessa espécie da
ordem dos primatas, uma inteligência bastante aguçada. Entre os vários exemplos
citaremos dois bastante expressivos: o chimpanzé Sultan era capaz de conectar
dois bastões a fim de alcançar uma banana de outra forma inacessível. Em
Tenerife, dois chimpanzés foram observados maltratando uma galinha: um deles
estendia o alimento para a ave, incentivando-a a aproximar-se; enquanto isso, o
outro arremetia golpes contra ela com um pedaço de arame que escondera nas
costas. A galinha recuava, mas logo se aproximava novamente – e novamente era
atingida.

Dois psicólogos, Beatrice e Robert Gardner, da Universidade de Nevada,
sabendo que a faringe e a laringe do chimpanzé não são apropriadas à linguagem
humana, tiveram uma brilhante idéia: ensinar a um chimpanzé uma linguagem
americana de sinais, conhecida por seu acróstico AMESLAN (American sign language)
e às vezes por “linguagem americana de surdos e mudos”. Conclusão: existe hoje
uma vasta biblioteca de conversas descritas e filmadas utilizando o AMESLAN e
outras linguagens com chimpanzés estudados pelos Gardner e por outros outros.

Em “Os animais e o homem”, inserido em “O Livro dos Espíritos”, na questão
593, Kardec pergunta: “Poder-se-á dizer que os animais só obram por instinto?”
Eis a resposta dos Espíritos superiores, surpreendente para a época: “Ainda aí
há um sistema. É verdade que na maioria dos animais domina o instinto. Mas, não
vês que muitos obram denotando acentuada vontade? É que têm inteligência, porém
limitada.” É inegável a diferença entre dinossauros e chimpanzés; enquanto nos
primeiros o instinto é dominante, nos segundos, além dos instintos há
inteligência, que apesar de ser limitada, se comparada a do homem, é
surpreendente pela vontade que denotam ao expressar suas ações.

Há 3 milhões de anos, existia uma série de indivíduos bípedes com grande
variedade de volume craniano, um deles, o qual L.S.B. Leskey, o estudioso
anglo-queniano do homem primitivo, chamou Homo habilis, tinha um volume cerebral
aproximadamente de 700 centímetros cúbicos (700 gramas).

Os homens e mulheres modernos têm caixas cranianas com o dobro do volume das
do Homo habilis, isto é, a massa cerebral do homem contemporâneo gira em torno
1.375 gramas.

Um recém-nascido normal possui, em média 350 gramas de massa cerebral (cerca
de 12% da massa corporal), isto é, 23% do tamanho do cérebro do adulto; com um
ano de idade, 500 gramas. O cérebro, principalmente o córtex cerebral, continua
a crescer rapidamente nos três primeiros anos de vida – o período de mais rápido
aprendizado. O crescimento total não se completa antes de vinte e três anos de
idade.

Se uma massa cerebral maior é um indício de maior inteligência, uma massa
cerebral é indício de inteligência menor? Pelo que vimos parece que sim.

O cérebro da mulher contemporânea tem cerca de 150 centímetros cúbicos (150
gramas) a menos que o homem. Quando os aspectos culturais e a educação da
criança são levadas em consideração, não existem indícios concretos de
diferenças globais na inteligência entre sexos. Por conseguinte, a diferença de
150 gramas de massa cerebral nos seres humanos deve ser desprezível. Existem
diferenças análogas na massa cerebral adultos de diferentes etnias humanas (os
orientais, em média, possuem cérebros ligeiramente maiores do que os do homem
branco); considerando-se que não foram demonstradas diferenças de inteligência
sob condições controladas, segue-se a mesma conclusão. A discrepância entre os
tamanhos de cérebros de Lorde Byron (2.200 gramas) e Anatole France (1.100
gramas) sugere que, neste campo, a diferença de muitas centenas de gramas pode
ser irrelevante em termos funcionais. Não podemos prever a inteligência de uma
pessoa, de forma alguma, medindo o tamanho do seu cérebro. Contudo, como
demonstrou o biólogo americano Leigh Van Valen, especialista em evolução, os
dados disponíveis sugerem uma correlação boa entre o tamanho do cérebro e a
inteligência.

O Espiritismo e a Ciência se complementam, pois, as leis do mundo espiritual
e as leis do mundo material são faces de uma realidade comum. A Ciência precisa
do Espiritismo, tanto quanto o Espiritismo precisa da Ciência; isolados, não
chegarão a um resultado final e se perderão no labirinto de hipóteses
insustentáveis. Na questão 370 de “O Livro dos Espíritos”, temos a solução para
os problemas criados pelo reducionismo materialista:

“Da influência dos órgãos se pode inferir a existência de uma relação entre o
desenvolvimento do cérebro e o das faculdades morais e intelectuais?

– Não confundais o efeito com a causa. O Espírito dispõe sempre das
faculdades que lhe são próprias. Ora, NÃO SÃO OS ÓRGÃOS QUE DÃO AS FACULDADES, E
SIM ESTAS QUE IMPULSIONAM O DESENVOLVIMENTO DOS ÓRGÃOS.

(Publicado na REVISTA INTERNACIONAL DE ESPIRITISMO, Ano LXXVII, Nº 01, Pág.
17, Fevereiro, 2002).