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O Evangelho Pseudo de Tomé

O Evangelho Pseudo de Tomé

“O homem precisa saber que ele tem, em si mesmo, a capacidade de descobrir,
sem revelação de ordem sobrenatural, os meios de realizar as exigências de Paz e
Amor”.
Mário Schenberg

Este título acima epigrafado revela narrações sobre a infância do Senhor, por
Tomé, o Filósofo israelita.

Afirma Tomé: Eu, Tomé Israelita, julguei necessário levar ao conhecimento de
todos os irmãos descendentes dos gentios, a Infância de Nosso Senhor Jesus
Cristo e tantas quantas maravilhas ele realizou depois de nascer em nossa terra.
A verdade é que muitos acontecimentos sobre a vida do mestre, passados mais
de 2.000 anos se perderam no tempo e espaço e aquilo que sobrou e foi
conservado, mais se por um motivo ou outro, ferissem a compreensão e trouxessem
curiosidades do povo da época a igreja de imediato os considerava, apócrifos, os
proscritos da Bíblia.

Tomé começa narrar em seu Evangelho que, este menino Jesus, que na época
tinha cinco anos, encontrava-se brincando no leito de um riacho, como adora
todas as crianças interioranas, depois de haver chovido. E, represando a
correnteza em pequenas poças, tornava-as instantaneamente cristalinas,
dominando-as somente com sua palavra. Nesta narrativa Jesus apesar de seus cinco
aninhos já mostrava se um espírito puro, por possuir poderes que as crianças de
sua época não as possuía.

Fez depois uma massa mole com o barro e com ela formou uma dúzia de
passarinhos. Era então um Sabbath e havia outros meninos brincando com ele. Um
certo menino judeu, vendo o que Jesus acabara de fazer num dia de festa, foi
correndo até seu pai José e contou-lhe tudo: “Olha, teu filho está no riacho e
juntando um pouco de barro fez uma dúzia de passarinhos, profanando com isso o
dia de Sabbath. Até nas crianças já se notava a inveja, a arrogância, o
fanatismo entranhado em suas mentes”.

José foi ao local, ao vê-lo, ralhou com ele dizendo: “Por que fazes no
Sabbath o que não é permitido fazer?” Mas Jesus, batendo palmas, dirigiu-se às
figurinhas ordenando-lhes: Voai!”.

E os passarinhos foram todos embora gorjeando. Os judeus, ao verem isso,
encheram-se de admiração e foram contar aos seus superiores o que haviam visto
Jesus fazer. “É por isso que ainda hoje se ouve a narrativa constante do Velho
Testamento, quando Deus afirmou:” Tu vieste do pó e ao pó voltarás”. Dias depois
se encontrava Jesus brincando num terraço. E um dos meninos que estavam com ele
caiu do alto e morreu.

Os outros, ao perceberem o acontecimento, foram-se embora e Jesus ficou só.

Chegara ao pai do morto e puseram a culpa em Jesus. Jesus negou
peremptoriamente. Jesus então deu um salto de cima do terraço, caindo bem
próximo ao cadáver, e pôs-se a gritar bem alto: Zenon, assim se chamava o
menino, levanta-te e responde-me: fui eu quem te empurrou?”.

O morto levantou-se num instante e disse: ”Não Tu não me jogaste, porém me
ressuscitaste”. Ao assistirem aquela cena, ficaram consternados e os pais do
menino glorificaram a Deus por aquele maravilhoso feito e adoravam Jesus. A cada
dia que passava o menino Jesus ia encantando a todos com seus feitos
extraordinários e que os judeus achavam que eram coisas abençoadas por Deus.

Certa vez José mandou seu filho Tiago juntar lenha e traze-la para casa. O
Menino Jesus o acompanhou, enquanto Tiago recolhia gravetos, uma cobra picou-lhe
a mão. Tendo caído ao chão, ficou completamente largado, e estando já para
morrer, Jesus se aproximou e assoprou a mordida, de imediato desapareceu a dor,
a cobra explodiu e Tiago recobrou a saúde. Dias depois aconteceu que, estando
construindo uma casa, sobreveio um grande tumulto. Jesus levantou-se e
dirigiu-se ao local. E, vendo ali um cadáver estendido no chão, tomou-lhe a mão
e dirigiu-se a ele nos seguintes termos: “Homem, falo contigo: levanta-te e
termina teu trabalho”. Ele se levantou em seguida e o adorou.

A multidão que viu esta cena enche-se de admiração e disse: “Esse rapaz deve
ter vindo do céu, pois tem livrado muitas almas da morte e ainda seguirá
livrando mais durante sua vida”. Jesus sumiu por três dias, seus paisficaram
aflitos e voltaram a Jerusalém, encontrando-o no templo sentado em meio aos
doutores, escutando-lhes e fazendo-lhes perguntas. Jesus deixava-os sem
palavras, averiguando os principais pontos da lei e as parábolas dos profetas.
Nós que gostamos de fazer pesquisas e estudar a vida do Mestre Jesus, podemos
chegar a conclusão que dentro dos proscritos é possível se chegar a verdade, ou
próximo dela, sobre o período de ausência do Menino Jesus dos 13 a 30 anos que a
Bíblia por imposição de determinada religião não relata. Os judeus ficaram
impressionados com a sabedoria de Jesus e afirmavam: “Pois feliz de ti entre as
mulheres, já que o Senhor teve por bendizer o fruto de teu ventre, porque
semelhantes glórias, virtude e sabedoria não ouvem nem vimos jamais”.

Jesus levantou-se e segui sua mãe. E era obediente a seus pais. Sua mãe
guardava todos esses fatos no seu coração. Enquanto isso Jesus ia crescendo em
idade, sabedoria e graça. Graças sejam dadas a ele por todos os séculos. Assim
seja. Amém.

É bom lembrar que fatos tão naturais para um Espírito Puro, fossem execrados
pela igreja, não vemos nada de anormal, quando sai de um ser iluminado e que tem
todos os poderes dados pelo Pai Maior, Deus. Ainda hoje muitas pessoas estudam
os Evangelhos apócrifos e relatam ter encontrado em seus bojos muita verdade.
Alguns exegetas falam em 96 os números desses Evangelhos, outros afirmam que
passam da casa dos cento e dezesseis, a quantidade não importa, os ensinamentos
sim. Há quem duvide que os próprios Evangelhos de Mateus, Lucas, Marcos e João
não foram escritos por eles, e sim em narrativas, já que os discípulos depois da
crucificação se dispersaram e foram mortos.

O único que escapou da execução sumária foi João Evangelista, por intermédio
das palavras de Jesus, quando ele falou a sua mãe, que estava em prantos e
repetia; meu filho, meu filho, Jesus respondeu: “Mãe eis aí o teu filho; Filho
eis aí a tua mãe”.

João recebeu a incumbência de cuidar de Maria, por este motivo escapou da
morte por execução, tendo desencarnado de forma natural.

Acho, opinião minha, que alguns conceitos deveriam ser revistos,
estudados, e quiçá voltassem a fazer parte da Bíblia, mesmo ela não sendo a
palavra de Deus, já que passou de pai para filho, como afirmou nosso querido
José Herculano Pires. Além disso, sofreu várias alterações desde Esdras, São
Jerônimo quando a traduziu, até João Ferreira de Almeida quando a

repassou para o português.