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O Fluido Cósmico Universal

O FCU ou Fluido Cósmico Universal foi o nome dado pelos Espíritos ao fluido
elementar imponderável que serve como intermediário entre o Espírito e a matéria1,
que permite a adesão das partículas de matéria e apresenta inúmeras combinações
que são observadas como campo eletromagnético e como fluido vital2,
sendo ainda o princípio da matéria pesada3.

Comparando com os conceitos da Física, poderíamos associá-lo ao éter, ao
campo, ao espaço e à energia. Entretanto esses conceitos da ciência são
limitados porque só são válidos no contexto particular ou teoria em que são
mencionados. Por outro lado, os conceitos da Física têm variado com o passar do
tempo. Por exemplo:

  • O conceito de campo teve diferentes significados dados por Mach, Maxwell,
    e Einstein. Na física clássica do século IX o campo só existia no interior dos
    corpos materiais sendo um conceito auxiliar. Na virada do século XX
    verificou-se que os fenômenos de interferência e propagação da luz podiam ser
    melhor explicados se considerássemos a luz se propagando num campo capaz de
    existir também no espaço vazio, o que implicava na existência do éter como um
    espaço em repouso absoluto. Mas a Teoria da Relatividade Especial tornou
    insustentável a hipótese de um éter em repouso. O campo passou então a ser um
    elemento irredutível da descrição física, tendo sido necessário renunciar à
    idéia de que o campo eletromagnético deva ser considerado como um estado de um
    substrato material. Hoje, com a teoria do campo quântico, a palavra campo
    representa algo bem diverso do seu significado inicial, possuindo propriedades
    mecânico-quânticas e partículas associadas.
  • A palavra fluido também variou muito desde a época de Kardec quando o éter
    era pensado como um fluido em repouso. Hoje, em Física, a palavra fluido é um
    nome associado apenas a substâncias materiais como os gases e os líquidos,
    indicando a possibilidade de movimento relativo interno.
  • Mesmo o conceito de espaço mudou com a teoria da Relatividade Especial,
    passando a ser um contínuo quadridimensional onde tempo e espaço passaram a
    ser equivalentes, e depois mudou com a Teoria da Relatividade Geral pois foi
    dotado de curvatura que depende da quantidade de matéria presente. Na
    atualidade já foi detectado o arrastamento da estrutura do espaço
    próximo de buracos negros, deixando o espaço assim de ser considerado como
    tendo existência independente, ou de ser apenas uma entidade matemática, para
    ter uma existência objetiva, solidária com a matéria. Mas, diferentemente dos
    físicos relativistas, os físicos de partículas vêm o espaço-tempo como um
    cenário de fundo fixo no qual os grávitons (partículas do campo
    gravitacional) e outros quanta (como os fótons do campo eletromagnético) podem
    interagir e se propagar. Para os físicos que estudam a teoria das cordas
    supersimétricas o espaço-tempo deve ter dez dimensões sendo que as dimensões
    extras são “invisíveis” porque elas se enrolam em círculos muito pequenos, do
    tamanho do comprimento de Planck (10-35
    m!).

Assim, ninguém poderá afirmar que os conceitos atuais
da Física não continuarão mudando com o advento de novas teorias no futuro.

Que nome seria escolhido hoje para designar algo que explicasse tanto os
campos quanto a energia, o espaço, o fluido vital e que ainda fosse o elemento
do qual matéria e antimatéria fossem constituídos? Um elemento assim seria
amplo, universal em sua capacidade de explicar tudo, e teria características
análogas a um fluido em sua acepção atual, e preencheria o espaço cósmico. Que
nome seria melhor do que Fluido Cósmico Universal? Se associarmos o FCU aos
conceitos da ciência da época de Kardec isso pareceria um tanto ultrapassado.
Mas quem pode dizer que o conceito transmitido pelos Espíritos não era mais
parecido com os conceitos atuais da ciência ou quiçá ainda mais avançados, tendo
sido interpretado por Kardec pela compreensão que se tinha atingido até então?
Se lermos com esse novo enfoque as respostas do Livro dos Espíritos não teremos
dúvidas quanto a isso. E o livro “A Estrutura da Matéria segundo os Espíritos”
conceitua o FCU como um campo contendo como partículas associadas as partículas
elementares, partículas elementares essas ainda não estudadas pela ciência.

Estou certo de que um dia a Física adotará esse nome ou outro similar para
designar a substância elementar constitutiva do espaço e da matéria. Nesse dia
um tributo será prestado ao Espiritismo por ter salvado esse termo que nos foi
dado pelos Espíritos. Em alguns casos devemos usar palavras diferentes das
usadas por Kardec, para sermos melhor entendidos por todos, mas no caso do FCU
não faz sentido estarmos atualizados com a ciência terrestre quando essa ciência
ainda está engatinhando quando comparada à ciência dos Espíritos4.
Além disso não devemos nos preocupar tanto com revisões da Doutrina. Os livros
básicos da Doutrina Espírita devem ser deixados como estão. Seria uma grande
pretensão nossa acharmos que estamos hoje muito adiantados e que os conceitos
transmitidos pelos Espíritos estariam ultrapassados. À vista das constantes
mudanças do significado das palavras com a evolução da Física, como vimos acima,
teríamos que estar então preparados para reescrever os livros da Doutrina
Espírita quase que anualmente.

Usemos portanto termos atualizados em nossas palestras, artigos e novos
livros, fazendo o devido paralelo com os termos da Doutrina para que todos
possam entendê-los, mas não nos esqueçamos que são só palavras, conforme nos foi
dito pelos Espíritos5:

– “As palavras pouco importam: Cabe-vos formular vossa linguagem de modo
que possais entender uns aos outros. Quase sempre vossas disputas vêm de que não
vos entendeis quanto às palavras, porque vossa linguagem é incompleta em relação
às coisas que não vos ferem os sentidos.”

Rio de Janeiro, 15 de Julho de 2000.


1 – “O Livro dos Espíritos”- Allan
Kardec – Cap.II, pergunta 27, FEB.

2 – “O Livro dos Espíritos”- Allan
Kardec – Cap.II, pergunta 64, FEB.

3 – “O Livro dos Espíritos”- Allan
Kardec – Cap.II, pergunta 29, FEB.

4 – “O Livro dos Médiuns”- Allan
Kardec – Cap. XXVI, item293, pergunta 25, FEB.

5 – “O Livro dos Espíritos”- Allan
Kardec – Cap.II, pergunta 28, FEB.

Este artigo e outros do autor podem ser encontrados na Internet no endereço:
http://users.bmrio.com.br/unidual/

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