O Jardim Divino
Quem não se lembra daquela letra: a mesma praça, o mesmo banco, as mesmas flores…Só não lembra quem não viveu naquela época. As praças os jardins têm sempre um efeito refrescante e harmonioso em nossas mentes, ou pelo menos deveriam ter.
Outro dia preparando-me para uma palestra que realizaria numa casa espírita, aqui na capital, tive uma imagem muito interessante, era um senhor sentado em um banco, lendo algo que me pareceu um jornal.
Num primeiro momento não entendi a mensagem, mas após alguns momentos de concentração, algumas reflexões fluíram facilmente as quais gostaria de partilhar com vocês.
Reparei que ao redor desse homem havia uma imensa manifestação de energias. Muitas árvores frutíferas e outras não, todas recheadas de pequenas aves que iam e vinham com vôos graciosos e ruidosos. À medida que observava a cena deixei-me levar por ela e os fatos começaram, como num filme, a seguirem seu próprio rumo sem participação de minhas idéias. Eram crianças que corriam em alegres brincadeiras, eram casais enamorados que com discrição e alegria passeavam de mãos dadas, eram pequenos animais alguns com seus donos e outros sozinhos, perambulando com uma doce satisfação de simplesmente existirem. As flores não deixavam por menos, exalam um agradável odor e se agitavam ao vento como se quisessem chamar a atenção para si.
Todo esse quadro vivo se desenrolou até que me dei conta que poucos minutos faltavam para iniciar minha palestra e não havia ainda intuído o tema quando, com aquela falta de fé tão característica nossa, mentalmente inquiri:
— Muito bonito esse quadro, passou-me paz e tranqüilidade, sinto-me harmonizado e preparado para começar, mas cadê o tema?
Após alguns instantes, talvez o necessário para entrar novamente em sintonia, foi me pedido que observasse o homem que lia tranqüilamente seu periódico. Após alguns momentos de observação algumas coisas me fizeram muito pensar: As notícias que lia eram todas ligadas a fatos grosseiros do nosso planeta; guerras, drogas, crimes hediondos e por aí afora, nuvens pesadas de negatividade e desespero fluíam da mente desse ser em grande profusão. Como um grande catalisador atraía para si energias tão densas como a que emitia, o que aumentava ainda mais a sobrecarga energética que o envolvia. Alguns vultos, que me pareceram entidades ainda ligadas às sombras, aproximavam-se e observavam, algumas riam como se estivessem satisfeitas, outras se lamentavam e se aproximavam ainda mais e outras tantas que não cabe aqui definir se aproveitavam das vibrações reinantes.
Com tanta vida real e vibrante ao seu redor, ele nada via, nada sentia a não ser as tristezas e dificuldades que o atraíam. Com a mente fervilhaste não havia espaço para nada mais além do inferno que criava. O mundo todo a sua volta dando-lhe inúmeros motivos para pensar e sorrir, pra viver e sentir, mas nada via e ouvia, havia um só mundo naquele instante em sua mente e era muito cruel e desumano.
Acho que foi nesse momento que entendi.
Aquela imagem que via era a réplica de muitas imagens que muitos de nós somos criadores todos os dias e em muitas ocasiões. A praça foi apenas um cenário representando nosso mundo. Fez-me pensar…
Quantas vezes nós nos fechamos em nossos problemas, sentamos na nossa praça mental e ficamos com o pensamento fixo analisando as notícias e fatos ruins de nossas vidas, vibrando, remoendo, criando idéias pessimistas, sem ao menos criarmos uma brecha para observarmos tudo que há ao nosso redor, a beleza da vida e as inúmeras oportunidades que o Criador nos concede para sermos felizes.
Fiquei com essa imagem na minha mente e vou continuar por um tempo refletindo sobre ela.
Senti vontade de partilhar com vocês porque todos trilhamos os mesmos caminhos e temos as mesmas necessidades. Espero que após muito refletir consigamos colocar em prática nossas decisões e possamos, juntos, aproveitar todo o belo que existe nesse imenso jardim de Deus.
Paz a todos
Humberto Pazian