Amilcar Del Chiaro
A minha paz vos deixo – A minha paz vos dou. Essas são palavras de Jesus de Nazaré, proferidas há quase dois milênios, e repetidas geração após geração, século após século. Apesar do convite amoroso os homens têm trilhado os caminhos das guerras. Jesus nasceu no apogeu do militarismo romano. O mundo era pequeno para as ambições de César. Mais de um povo foi esmagado pela ânsia conquistadora das tropas romanas. Cartago virou ruínas, povos célticos foram esmagados e quando Jesus nasceu a Palestina havia sido invadida pelo exército do General Pompeu há 63 anos. No meio das ânsias guerreiras nasceu o príncipe da paz. Sua mensagem de amor e perdão ecoa até hoje por grande parte do mundo. O discurso que ele fez,ao subir uma montanha, é a mais bela peça oratória que ouvidos humanos já ouviram. Ele falou aos humildes, aos pacíficos e pacificadores, aos injustiçados, aos limpos de coração… Incentivou-nos a ser o sal da terra e a luz do mundo. Advertiu-nos sobre a agressividade, dizendo que quem vive pela espada, por ela morrerá. Viu que a seara era muito grande e recomendou que pedíssemos ao Pai Celestial que enviasse trabalhadores à sua seara. Em dois séculos seus seguidores quase destruíram a sua obra. Ele, que não criou nenhuma religião, foi tido como o fundador de uma igreja. Ele, que não tinha uma pedra para reclinar a cabeça, vê seus seguidores acumular tesouros e esculpi-lo em bronze e ouro. Jerusalém viu uma grande guerra para libertar o seu túmulo, e até hoje lutam em seu nome. Poucos entenderam seus ensinamentos claros e profundos como os olhos de uma criança. “Aquele dentre vós que quiser ser o maior, seja o que sirva a todos” – “Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais, porque delas é o Reino dos Céus”. “Perdoai setenta vezes sete vezes”. “Se alguém lhe bater numa face, volte-lhe a outra”. “Não resistais ao homem mau”. “Daí de comer a quem tem fome, vesti o nu, visitai os enfermos e os encarcerados”. “Perdoai aos vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem e caluniam”. Entretanto Raboni, os ouvidos continuam moucos. O homem aperfeiçoou armas mortíferas que destroem em massa. Em agosto de 1945 o mundo assistiu erguerem-se dois cogumelos radioativos gigantescos, que destruíram milhares de vidas e marcaram com o ferrete em brasa do sofrimento, outros milhares. Tudo em nome da paz. Fortíssimas nações cristãs exploram outras mais fracas. O terrorismo alastra-se pelo mundo, matando e mutilando. Entretanto, Rabi, tranqüiliza-nos ver tantos trabalhando em teu nome.
Uma pequenina luz que se acende afasta as trevas. Em teu nome há os que amam e enxugam lágrimas, dão dignidade à vida. Aparentemente as trevas dominam o mundo, mas basta ter olhos de ver para enxergarmos a poeira de estrelas que caíram dos pés dos teus seguidores. De Maria de Magdala à Teresa de Calcutá, de Vicente de Paula Betinho. De Jonh Huss a Kardec. De Francisco de Assis a Francisco Cândido Xavier, milhares ou milhões de homens e mulheres amaram a ponto de dar a própria vida em seu nome. Um dia aprenderemos a ser bons e pacíficos. Feliz Natal Jesus de Nazaré.