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O Orador Espírita

Oratória é a arte de falar em público. Aos espíritas cabe esclarecer,
instruir e plantar nas mentes e corações das pessoas as sementes sagradas das
quais germinarão modalidades de um viver mais nobre. Além dos jornais e
revistas, o espírita dispõe da oratória, da palavra falada, ou palestra. O
Espiritismo não pode deixar de usar a oratória para a propagação dos seus
ensinamentos. Os Centros Espíritas são ótimas tribunas de onde a palavra dos
oradores pode fazer grandes adeptos. Algumas pessoas podem dizer: não há
necessidade da oratória, devido à grande quantidade de livros espíritas
existentes! Mas não é bem assim. Os freqüentadores de um Centro dividem-se em
dois grupos: os que lêem, e os que não lêem. A classe dos que lêem, de fato, não
necessita dos oradores; buscam o que desejam na pesquisa, no estudo dos livros
que têm em mãos. A classe dos que NÃO lêem é a que interessa ao orador espírita;
são aqueles que tem preguiça ou não sabem ler. De que maneira esses últimos
ficariam conhecendo o Espiritismo senão pelas palavras do orador?

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A eloquência

Eloqüência é a capacidade de exprimir-se facilmente; é a arte de convencer
pela palavra. O objetivo do orador é convencer as pessoas de que o que estão
ouvindo é verdade. Sabemos que não se pode obrigar uma pessoa a ser boa, a fazer
o bem. Ninguém aceita nada forçado. Porém, se o orador consegue fazer as pessoas
acreditarem que o que diz é verdade, elas deverão, cedo ou tarde, aceitar suas
palavras, praticar seus ensinamentos e seguir o caminho que lhes é apontado.

A eloqüência parte do coração do orador, pois é com bons sentimentos que ele
deve fazer suas preleções. Ser eloqüente é falar tirando do coração aquilo que
de bom existe nele. O orador que usa apenas o cérebro poderá falar muito bem;
encantará como um artista, mas não como um apóstolo. A eloqüência se adquire
pelo cultivo das seguintes virtudes:

  • naturalidade: nada de palavras bombásticas, termos difíceis, expressões
    rebuscadas. Todos precisam entender o que o orador diz, desde o mais letrado
    ao mais ignorante ouvinte. Jesus falava simples, simples devem falar seus
    discípulos. Falemos de modo natural.
  • entusiasmo: um palestra ou preleção sem animação não convence ninguém. O
    orador deve falar animada e fervorosamente, mas sem exageros. Suas frases
    devem ser vigorosas, ardentes, afirmativas. Quando vivemos o bem que falamos,
    naturalmente nos empolgaremos a falar dele aos outros.
  • Fé: ninguém fala com entusiasmo aquilo que não acredita. O orador deve ter
    certeza absoluta de que está ensinando a Verdade aos seus ouvintes.
  • Conhecimento: não podemos falar com segurança sobre aquilo que não
    conhecemos, nem ensinar aquilo que não sabemos. O conhecimento se adquire
    através do estudo e da observação. É imprescindível o estudo do Evangelho e
    dos Livros Básicos do Espiritismo, e a observação da vida em seus múltiplos
    aspectos, desde o sofrimento às expressões mais elevadas. Aquele que quiser
    preparar-se para o sublime ministério da palavra, não deverá ater-se apenas à
    leitura. É preciso trabalhar, aperfeiçoar-se em todos os aspectos, estar
    sempre pronto a ouvir, e disso tirar ensinamentos para transmiti-los a seus
    ouvintes.
  • Sinceridade. O orador eloqüente vive aquilo que prega. A palavra sem o
    exemplo é letra morta. Aquele que demonstra coerência entre seus atos e suas
    palavras, quando se levanta para falar, é respeitado pelo auditório. Fala com
    confiança pois ninguém poderá julgá-lo hipócrita.
  • Amor: que ama os seus irmãos sempre tem palavras que os induzam a viver
    nobre e dignamente de conformidade com os ensinamentos do Senhor.
  • Coragem: o orador corajoso despreza os preconceitos, fala impulsionado
    pela Verdade; não teme o auditório, qualquer que seja. Ergue intrepidamente a
    voz para iluminar os ouvintes, por mais adversas que sejam as circunstâncias.

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A preleção

A preleção é o discurso ou conferência didática. É uma peça oratória que o
orador pronuncia para instrução de seus ouvintes. Os objetivos da preleção
espírita são dois: ensinar o Evangelho e instruir sobre o Espiritismo. Deve
conter todos as qualidades da eloqüência. Compõe-se de duas partes, o tema e a
discussão do tema. O tema é fornecido pelo Evangelho e a discussão do tema é
fornecido pelo Espiritismo. Devemos reunir o material sobre o tema escolhido,
como, por exemplo, a caridade. Escrevemos, primeiramente, os capítulos e
versículos contidos no Evangelho, combinados com trechos do Evangelho segundo o
Espiritismo e demais obras espíritas, buscando as vantagens de se viver de
acordo com eles.

Reunido o material, e estudado cuidadosamente, comporemos a preleção. É
simplesmente por em ordem os apontamentos feitos de maneira a formarem um
conjunto harmonioso, dando um toque pessoal, sem modificar os princípios e
ensinamentos. Falaremos, agora, sobre a quantidade de minutos que se deve gastar
para a exposição, e a maneira de falar.

A preleção não deve ser longa. Deve ser simples, concisa, contendo apenas o
necessário para enunciar o tema e discuti-lo claramente. Devemos abolir as
palavras inúteis, ainda que bonitas. Mas não deve ser tão curta a ponto de
proibir o orador de discutir amplamente o tema. O orador inteligentemente
exprime o que deseja em razão do tempo disponível.

A preleção não deve ser lida diante do auditório, nem pronunciada de cor.
Isso tira-lhe o entusiasmo, a personalidade do orador. Perde-se a espontaneidade
e, conseqüentemente, e eficiência. Sem contar que é muito comum esquecer aquilo
que foi decorado, e não estudado.

Depois de escrita a preleção e passada a limpo, faremos uma leitura em voz
alta oito ou dez vezes, como se estivéssemos diante do auditório. Repetiremos
esses exercício tantas vezes quanto forem necessárias. Nenhuma vez poderá ser
igual a outra. Caso isso aconteça, é sinal de que estamos decorando o texto. A
forma pode ser diferente, mas devemos manter o mesmo conteúdo, tanto na primeira
quanto na última leitura.

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O orador

Orador é a pessoa que usa a palavra publicamente para espalhar ensinamentos
ou arregimentar adeptos em torno de uma doutrina. Um orador se forma pelo
estudo, pelo trabalho, pela meditação e pela prática. O estudo fornece
conhecimento; o trabalho é promover reuniões, propaganda, palestras,
conferências, visando despertar interesse pelo ideal que prega, o Espiritismo. A
meditação é o dever do orador de ponderar muito bem sobre suas palavras, para
evitar incoerências. A prática diz respeito ao ato de falar em público. Falar às
pessoas desperta no orador qualidades que não suspeitava possuir; desamarra-lhe
a língua e ponto de conseguir sublimes efeitos oratórios.

Nas primeiras palestras, é comum o orador gaguejar, suar frio e gesticular
muito, demonstrando um medo natural mas que deve ser vencido pela prática
constante. Não perca nenhuma oportunidade de falar, mesmo de improviso, mas
evitando o falatório desmedido. Somente esse exercício proporcionará ao orador a
segurança para falar. Aos poucos, sem que o orador perceba, o medo desaparecerá,
os defeitos do falar se corrigem, a voz adquirirá firmeza e tonalidade, os
pensamentos afluirão naturalmente.

O orador não deve se preocupar com o auditório, seja ele composto de dez ou
mil pessoas, a atitude deve ser sempre a mesma. Deve ter o cuidado de dirigir-se
a todo o auditório, sem fixar-se num único ponto ou somente em um ouvinte,
passeando pelo recinto, ora para um lado, ora pra outro. Não use óculos, de
preferência, pois o reflexo das luzes poderá fazer com que as pessoas não lhe
vejam os olhos. Não perceberão o que você deseja passar pelo olhar.

Uma dica: divida, mentalmente, o auditório em quatro blocos quadrados, de
iguais tamanhos, formando um grande quadrado único. Mais ou menos como um “jogo
da velha”. Ao iniciar a preleção, fale ao primeiro bloco à esquerda, mais
próximo de você. Olhe rapidamente nos olhos de cada um dos componentes desse
bloco. Em seguida, passe para o bloco à sua direita, mas lá atrás, no fundo.
Olhe nos olhos das pessoas, também, em todos os blocos. Após, olhe para o bloco
à esquerda, atrás. Finalmente, olhe as pessoas do bloco à direita, próximo a
você. Repita tudo em sentido inverso, até terminar seu discurso. Sem perceber,
você olhará para a maioria das pessoas presentes, e estas se sentirão atendidas
e consideradas. Isso pode lhe ajudar a conquistar sua simpatia.

Seja natural nos gestos. Nada de gestos estudados, atitudes artificiais,
desejo de parecer mais do que é. Sejamos simplesmente aquilo que somos.

O orador deve cuidar de sua pessoa. Ao levantar-se para falar, deve causar
uma boa impressão aos ouvintes. Vestido modestamente, mas bem cuidado, evite
acessórios como pulseiras de ouro e telefones celulares. O orador modesto
conquista a simpatia imediata dos ouvintes, mesmo antes de começar a falar.

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Como estudar

O estudo fornece ao orador os elementos necessários para bem realizar o seu
trabalho. Ninguém pode ensinar aquilo que não sabe. O orador espírita deve
estudar três matérias: a língua portuguesa, o Evangelho e o Espiritismo.

O trabalho deve ser metódico, obedecendo à uma ordem preestabelecida. O
estudo, que é um trabalho intelectual, deve ser feito com método. Dividimos
nosso tempo entre o trabalho, o descanso, divertimentos e estudo, traçando um
plano para nossas atividades, e sigamo-lo religiosamente. Dedique algumas horas
da semana ao estudo, de acordo com suas possibilidades e sem prejuízo para as
demais obrigações.

O estudo da língua portuguesa é feito através da leitura constante dos
bons escritores, gramática e pelo uso do dicionário. Das horas consagradas ao
estudo da língua, dedicaremos uma parte à leitura e outra à gramática. A leitura
desenvolve nossa imaginação, ajudando-nos a desenvolver nossa preleção.

Uma boa biblioteca, composta de bons livros, é importante para estimular
nosso gosto pela leitura, pela opção de cada um. A biblioteca é reflexo de nossa
personalidade. Nossa estante conterá os bons poetas e bons prosadores. As
gramáticas costumam indicar o livro e autor de onde retiram suas citações,
constituindo uma fonte segura na escolha de livros. As antologias também são
boas orientadoras, em nossa língua temos algumas excelentes. Além de darem
notícias de cada autor e lista de suas obras, dão-nos também um trecho de sua
prosa ou de sua poesia, pelo qual podemos julgar seu estilo.

É muito importante o orador conhecer a língua em que se exprime, já que é o
seu principal utensílio de trabalho. Isso é feito através do estudo da
gramática. O estudo da gramática não é chato. Quando é feito com método e
inteligência, torna-se uma prazer. Não devemos decorar as regras gramaticais,
devemos estudá-la. O dicionário é de muita valia, pois através dele aprenderemos
a utilizar as palavras certas, de acordo com o seu significado, empregado à
frase.

O estudo do Evangelho deve ser dividida em três partes: a leitura de um
trecho, com a máxima atenção, para que a passagem escolhida fique bem sabida e
bem gravada. A segunda deve ser a interpretação das palavras, descobrindo seu
significado moral que encerram, quais seus objetivos e as vantagens trazidas aos
que vivem de acordo com elas. A última parte será dedicada à anotações.

O estudo das obras fundamentais do Espiritismo também ocuparão algumas horas
da semana. Dividido em dois períodos, sendo que o primeiro será dedicado à
leitura. O segundo, com a análise dos textos que acabamos de ler, formando uma
pequena composição, mostrando nosso modo de pensar. Todo esse material servirá
para a formação futura de nossa preleção. O método descrito pode ser utilizado
por todos, mesmo que não possuam inteligência privilegiada ou estudos
superiores. Requer apenas um pouco de amor à Doutrina Espírita.

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A oratória de Jesus e seus discípulos

Jesus é o modelo perfeito que todos devemos imitar. Suas lições se dirigiam
diretamente ao coração dos ouvintes, despertando-lhes os sentimentos e
obrigando-os a meditarem sobre suas palavras. Não atacava pelas palavras, apenas
ensinava. Todos os acontecimentos do cotidiano, por mais simples que fossem,
transformavam-se em peças instrutórias de alto valor. falava da maneira mais
simples possível, todos o entendiam. Tirava os exemplos dos fatos e coisas
comuns. falava aos pobres, pois o sofrimento já lhes haviam preparado os
corações.

Os discípulos continuaram dignamente a obra do Mestre. Espalharam-se pelas
vielas escuras e becos das cidades, pelos lugares onde se escondia a miséria,
onde morava a dor. Implantaram na Terra o sentimento do amor ao próximo através
do conhecimento das palavras de Jesus. Mais tarde, tombados pelo desgaste da
matéria, deixaram seus corpos entregues à terra e suas almas, a Deus. Passado
muito tempo, já é hora de continuarmos suas obras, no trabalho da difusão do
Cristianismo.

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