Como permuta de energias universais, quer entre desencarnados, quer entre
encarnados – elege-se como delicado e precioso auxiliar como remédio nas crises,
principalmente bruscas e repentinas de dor e no combate às chamadas doenças
fantasmas; perturbações espirituais transitórias que sofrem as almas encarnadas;
nas enfermidades da mente, no reequilibrio de si mesmo, nas terapias dos
complexos…
O Passe atua diretamente sobre o perispírito, ou seja, onde se localizam as
raízes profundas de nossos distúrbios somáticos. É o passe o mais importante
elemento para a produção de equilíbrio perdido ou não conquistado, sempre que
qualquer desajuste se instale ou revele.
O passe, como dissemos, é derivado de fluídos que são formas energéticas de
elementos do Universo cósmico, que o perispírito automaticamente absorve do meio
ambiente. Quanto mais elevado o pensamento e as ações os fluídos são mais
harmônicos, agradáveis, luminosos, saudáveis. Quanto mais inferior o pensamento
mais deixa em estado de desarmonia, doentio, desagradável e violento.
Normalmente irradiamos de nós o que somos e impregnamos o ambiente de nossa
energia.
No fenômeno mediúnico, durante o transe, ocorre uma exteriorização mais ou
menos acentuada em face do estreitamento vibratório que o corpo físico
condiciona. A percepção do médium, neste estado, fica mais acurada e ele sente
esta energia por todo o corpo.
Os fluidos emanados de uma pessoa misturam-se ao ambiente e combinam-se aos
de outra pessoa e, principalmente, com os fluídos dos espíritos desencarnados
presentes , formando assim um ambiente fluídico local que pode ser percebido
pelo médium que está com seus sentimentos mais aguçados e dependendo do estado
de evolução mental do médium ele pode identificar a espécie de fluídos ali
emanados, sabendo e compreendendo se bons ou maus. Os bons fluídos tornam-nos
leves, com sensação agradável, calma, harmônica. Os maus irradiam fluídos
pesados, desagradáveis, cabeça pesada e bocejos, até freqüentes arrepios. Há
várias formas de passes. O Apóstolo Paulo nos falava da importância da
impostação das mãos (Atos 8:17-19). Aliás ele também se referia aos Corintos
“Dom de curar”. (I Cor.12.9-10 e 28). Recordamos Anchieta colocando as mãos por
sobre as cabeças dos enfermos. Em uma de suas cartas, de sua obra “Cartas
Inéditas”, encontramos um trecho significativos às pag. 52: “Esta e uma outra
que estava doente eram visitadas por nós e uma delas se restabeleceu, após
alguns dias, e perguntou-lhe a mãe como estava, ela respondeu que ia muito bem,
e que não havia o que admirar, visto que o “padre lhe havia imposto a mão.” O
passe pode ser ministrado independentemente de qualquer faculdade ou Dom
especial no homem, o passe enriquece-se quando o passista venha a conhecer-lhe o
mecanismo. Recursos há que por vezes ignoramos, quais sejam:
Repulsão: O enfermo, Não raro, repele as providências somadas a seu favor e
reverbera os fluidos que o envolvem, anulando o tratamento que se lhe ministra.
Recusa o remédio que lhe é necessário. Para vencer essa repulsão faz-se
imperativa a conversação sadia, tornando-se tão agradável quanto possível,
procurando-lhe os pontos de penetração ou vulnerabilidade. Identificado este
caminho de acesso e através dele o passista procura restabelecer a harmonia e
afinação entre ele e o paciente para que pouco a pouco possa ofertar-lhe o
tratamento e enfim seja eficaz .
Para que o passe realmente seja eficaz faz-se necessário a confiança do
paciente no passista pois é ela o melhor veículo à canalização de fluídos
salutares. Há também de haver o magnetismo do passista posto que toda doença é,
no fundo, uma perturbação magnética das células orgânicas e perispirituais, cujo
reequilibrio se alcança hipnotizando os órgãos enfermos e dirigindo-os à
reorganização total.
A vontade é outro elemento manipulador de energia, sendo ela portanto um
condutor para a edificação ou destruição destes fluídos.
O passe, como já sabemos, é transmissor de energias humanas somadas às
energias Divinas, agindo em favor do reequilibrio continuamente rompido pela
vivência do orgulho. A prece é elemento que auxilia os necessitados de fluídos.
O passista aceita sugestões de seus mentores espirituais e recebem o concurso
Divino que lhe responde positivamente aos rogos silenciosos. O passe nem sempre
é uma oração mas a oração é sempre um passe, um auto-passe. Sustentando-se com a
prece o passista torna-se um intermediário consciente que, com humildade se
ergue ao Alto afinizando-se com as ondas imaculadas do Universo, canalizando sua
potencialidade em favor do doente. Quem ora é quem se utiliza dos melhores
laboratórios.
Ao bom passe não é exigido um ambiente próprio. Entretanto é importante aos
“templos” Espíritas o isolamento da visitação pública, por longo período, de um
cômodo que deverá estar higienizado e com iluminação natural, salvo a noite que
deverá conter uma semi iluminação azul.. Este lugar chama-se câmara de passe e
se presta à reflexão do passista que, em oração abrirá os canais para os fluídos
puros, que alimentarão o serviço dos passes. A demora no local equivalerá a um
banho às suas disfunções e anomalias. “A virtude sempre repousa no
equilíbrio…”
Ao passista é recomendável o repouso e o equilíbrio do espírito e para isto é
necessário o uso equilibrado das energias sexuais para suas reais conquistas
para o campo do bem. A medida que o homem se envilece, mais destacando o seu
instinto animalesco, ele organiza suas satisfações grosseiras pelas vias
sexuais. A medida que se sublima, os impulsos vitais de sua organização genital
ganham novos rumos, exercendo-se efetivamente a fortificação das vibrações
mentais e a naturalidade sexual atingirá sua coluna celeste. O passista pois,
que encontra suas radiações genitais um celeiro inesgotável de saúde e harmonia
par si e para seus semelhantes, lutará consigo mesmo para reformar-se no íntimo,
assegurando-se de que , pouco a pouco irá alcançando a otimização de seu passe.
O passista também tem de ficar em harmonia com a sua alimentação. Relativamente
aos passes emergenciais, os Mensageiros Divinos servem-se de quaisquer
instrumentos que encontram às mãos, independentemente das condições interiores,
mas esta será sempre transitória. O passista, portanto, que se imponha esta
modalidade de amparo curativo e caritativo, deve empreender todos os esforços
para aprimorar-se para que seja sempre um intermediário da Espiritualidade
Maior. Para tanto o alimento é um dos detalhes. Quanto mais equilibrado o
organismo, maior o rendimento de suas energias, que serão partilhadas ao próximo
sem jamais atingir a exaustão. Há de cuidar da alimentação. Não deve pois o
passista comer nem muita carne nem muita gordura; nem muito condimentos, nem
pratos de digestão difícil…
O passista deve ser amigo do estudo edificante, nobre. A leitura é simbiose
com Espíritos iluminados. Devem os passistas, portanto, selecionar as obras que
devem ser “estudadas” e das que devem apenas ser lidas. Outros elementos que
deve evitar o passista para a sua depuração: Os tóxicos, que ingeridos, lhe
minarão a resistência e poderão, inclusive, turbar-lhe as radiações fluídicas
sadias. Fazendo-se necessário a ausência de álcool, a diminuição do fumo,
moderação das pimentas e temperos fortes, nenhum entorpecente. A isto incluem-se
até a dosagem de ingestão de drogas que podem corresponder-lhes a viciação, pois
os viciados atraem fluídos de outros viciados, promovendo assim desequilíbrio.
Para a Doutrina Espírita o aprimoramento é uma constante inarredável. Mas por
outro lado o espiritismo-cristão não foi feito para acolher apenas anjos.
Precisamos com caridade ajudar ao aperfeiçoamento mas sem críticas ou
ridicularizações.
Reconheçamo-nos deficientes mas tenhamos coragem de iniciar nossa própria
remodelação.
(Publicado no Boletim GEAE Número 315 de 20 de outubro de 1998)