Tamanho
do Texto

O que é ser espírita?

Se consultarmos o dicionário ele nos indicará tratar-se de pessoa vinculada
ao Espiritismo. Se perguntarmos a quem não é espírita, uns ironizam (dizendo por
exemplo que os espíritas “mexem” com os mortos), outros temem, outros permanecem
indiferentes. Se indagarmos aos próprios espíritas, uns dirão que é ir ao
Centro, tomar passe, ouvir ou fazer palestras, ler livros. Outros dirão que é
fazer caridade. As respostas serão várias, mas todas incompletas. O melhor então
é buscarmos nos livros da própria Codificação, a partir de O Livro dos
Espíritos.

Em O Livro dos Espíritos, na conclusão (item VII), o Codificador
apresenta uma classificação dos adeptos:

  1. Os que acreditam;
  2. Os que acreditam e admiram a moral espírita; e
  3. Os que crêem, admiram e praticam. Segundo Kardec, esses últimos são os
    verdadeiros espíritas, ou os espíritas cristãos.

No livro O Céu e o Inferno, que apresenta coletânea de inúmeras
comunicações de espíritos nas mais diversas condições, há uma manifestação
interessante de espírito que se encontra classificado como Espírito feliz, fruto
de uma conduta digna quando na Terra. Trata-se do espírito identificado pelo
nome de Jean Reynaud. Indagado se na vida física ele professava o Espiritismo,
respondeu: “Há uma grande diferença entre professar e praticar. Muita gente
professa uma Doutrina, mas não pratica. Pois bem, eu praticava e não
professava
.”

Professar significa reconhecer publicamente, declarar-se adepto, dizer de si
mesmo, fazer propaganda da idéia. Pois bem, aí está a chave da questão. A
situação de felicidade do Espírito devia-se à vivência dos princípios do
Espiritismo, mesmo sem conhecê-lo.

Breve consulta ao capítulo XVII de O Evangelho Segundo o Espiritismo
no item O Homem de Bem e Os bons espíritas, faz compreender que as
características coincidem com os preceitos morais que justificam a denominação
de espíritas cristãos, conforme definição do próprio Codificador, pois aí
surge a figura do espírita praticante.

A questão pode ser fechada com trecho do Espírito Simeão, constante do
capítulo X – do mesmo livro citado no parágrafo anterior -, item 14. No último
parágrafo, diz o Espírito: “(…) Se vós vos dizeis espíritas, sede-o pois;
olvidai o mal que se vos pôde fazer e não penseis senão uma coisa: o bem que
podeis realizar
. (…)”.

Ora, o trecho transcrito bem indica o programa de vivência espírita. Para
colocá-lo em prática, há que se esforçar para vencer as más tendências e ainda
ocupar-se de fazer o bem. Eis o que é verdadeiramente ser espírita: a adoção dos
preceitos morais como diretrizes da própria conduta ou o esforço para a eles se
adaptar. O ser espírita é mais uma questão de foro íntimo, que de
aparências externas.