O Tempo e o Presente
Luís de Almeida
Santo Agostinho pela primeira vez, foi defrontado com uma questão, deveras
difícil; «Que fez Deus antes de criar o Universo?». Assim este sábio, respondeu
que o “tempo” era uma propriedade do Universo, e Deus, o tinha criado em
simultâneo, e portanto não existia antes do seu começo.
Com a teoria do «Big Bang», esta questão, ficou resolvida, pois os
cientistas, afirmam que o tempo começou com a «Grande Explosão», no sentido em
que antes nada podia ser definido, muito menos o tempo. Allan Kardec afirma In
“A Gênese” «O tempo é a sucessão das coisas (…) no começo da Gênese (no
nascimento do nosso planeta) o tempo ainda não sairia do misterioso berço da
Natureza e ninguém pode dizer em que época de séculos nos achamos, porquanto o
balancim dos séculos ainda não foi posto em movimento».
Agora que sabemos, que o tempo é uma característica do Universo, os
cientistas preocupam-se, em estudar e descobrir as leis que regem o Universo, de
acordo com o tempo. Se soubermos como é o Universo num dado momento, essas leis
explicar-nos-ão, como ele será mais tarde. Com a teoria da relatividade, a idéia
de tempo absoluto caiu por terra. Pois cada observador, obtinha uma medida
diferente, dependendo do local que se encontrava, pois tudo está em movimento.
Desta forma, o tempo combina-se com o espaço, para formar um novo conceito, o
espaço-tempo. Um acontecimento que surja num determinado ponto do espaço, e numa
determinada ocasião, terá que ser especificada por quatro coordenadas, três
espaciais, e o tempo (x,y,z, t).
Se uma emissão de luz, for emitida num determinado tempo, e num ponto do
espaço, à medida que o tempo passa, a luz propaga-se como uma esfera, cuja a
posição e tamanhos, são independentes da fonte emissora. Passado um determinado
tempo, como dois milionésimos de segundo, o raio da esfera terá seiscentos
metros, e assim sucessivamente. É exatamente, como se atirássemos uma pedra a um
lago, e a ondulação provocada, se propagasse na superfície desse lago, cada vez
mais, a aumentar o seu raio. A ondulação propaga-se em circulo, que aumenta à
medida que o tempo passa.
A luz que se propagou, desde o inicio da sua emissão, forma um cone
tridimensional, no espaço-tempo quadrimensional.. A este cone chama-se a luz
futura do acontecimento, ou seja da fonte emissora. Deste modo podemos, desenhar
um outro cone, chamado de luz pretérita, que constitui o conjunto de
acontecimentos, de que um impulso de luz, é capaz de alcançar o acontecimento
dado. Assim teremos dois cones um deles invertido, formando uma espécie de
ampulheta, em que o momento em que os dois cones se tocam, é o acontecimento
presente. O futuro absoluto do acontecimento, é a região dentro do cone da luz
futura, ou seja, são todos os acontecimentos, que poderão ser afetados pelo
acontecimento. O passado absoluto será a região dentro do cone de luz pretérita,
nada mais que os acontecimentos a partir dos quais, os sinais propagam-se a uma
velocidade igual ou inferior à da luz, e atingem este acontecimento, tendo a
possibilidade, de afetar o acontecimento.
Estes cones, o futuro, o passado, e o acontecimento, dividem o espaço em três
regiões.
Assim, se soubermos o que se está a passar dentro do cone de luz pretérita,
poderemos prever, o que se estará a passar com a fonte emissora (o
acontecimento), e por conseqüência o futuro da luz.
Para tornar esta teoria mais simples focaremos dois exemplos: Se o sol
deixasse agora, de emitir luz, não nos afetaria, porque estamos fora do
acontecimento, quando este se apaga, ou seja, estamos fora do cone de luz.
Somente passados 8 minutos, é que daríamos conta, pois é o tempo que este leva a
chegar a nós, só neste altura é que os acontecimentos no nosso planeta, ficariam
no cone da luz futura do acontecimento antes deste morrer.
Assim, neste preciso momento, não sabemos o que se estará a passar no
Universo mais longínquo, pois no caso dos astros mais afastados de nós, a sua
luz propagou-se de lá à cerca de 8 mil milhões de anos. Desta forma, quando
olhamos para o universo estamos a vê-lo como ele era no passado.
Dois gêmeos, um deles ficou na terra, o outro foi fazer uma viagem
interplanetária, numa nave a uma velocidade próxima da luz, quando o astronauta
regressou, o seu irmão gêmeo, ou tinha já morrido de velhice, ou estava muito
mais velho, que o astronauta, dependendo do tempo de viagem. Este exemplo na
comunidade cientifica é conhecido, pelo paradoxo dos gêmeos.
Mas, só será paradoxo, se tivermos em mente o conceito clássico de tempo,
como absoluto.
Einstein provou que o tempo absoluto não existe, mas cada indivíduo tem a
sua medida pessoal de tempo, dependendo de onde se encontra e da maneira que se
move. Allan Kardec afirma In “A Gênese”, ver Cap. XVI «Os espíritos
desmaterializados, o espaço e o tempo não existem para eles. Mas, a extensão e
penetração da vista são proporcionais à depuração deles e à elevação que
alcançaram na vida espiritual.»
Complementaremos, esta teoria, com uma outra, antes de explicarmos, qual o
objetivo pretendido, embora deixando já algo no ar.
A maior aposta dos físicos, é a «Teoria da Unificação Geral da Física», ou
seja a combinação ou fusão entre a «Teoria da Relatividade», com a «Mecânica
Quântica», juntamente com as teorias parciais, como a «Gravidade» e etc. Mas
toda esta teoria cientifica, continua em estudo e evolução, pois os físicos
sabem, que deverá haver uma teoria única, que explique tudo, no Universo. Mas,
como é bastante difícil e moroso, estes começaram e bem, pela fusão de teorias
parciais, para no final então, como esperam, podendo demorar muitos anos,
chegarem à tão esperada “Teoria da Grande Unificação”. Einstein, foi um dos
maiores impulsionadores, mas sem um sucesso aparente, e assim, sua obra foi
continuada, pelos físicos modernos.
Quando se tentou unificar a “Mecânica Quântica” com a “Gravidade”, foi
necessário introduzir-se, o conceito de «tempo imaginário». Allan Kardec afirma
In “A Gênese”«Tantos mundos haja na vasta expansão, tantos tempos diversos
haverá e incompatíveis» Os físicos, já se interrogam sobre este novo
conceito, se não será mais do que o «tempo real», embora visto de outra forma. O
«tempo imaginário» não se distingue das regiões do espaço, desta forma tanto
se pode ir para o futuro como para o passado, afirmam os cientistas.
Cientistas estes, com credibilidade, na comunidade cientifica, não nos referimos
a pseudocientistas, que infelizmente existem espalhados pelos quatro cantos do
planeta.
Por tudo isto se comprova teoricamente, é certo, e ainda em fase embrionária,
o que Allan Kardec nos afirma In “A Gênese” «(…) com a conformidade do grau
de sua perfeição, possa um Espírito abarcar um período de alguns anos, séculos,
mesmo de milhares de anos, porquanto é um século em face do Infinito? (…) Ele
vê simultaneamente o começo e o fim de um período; todos os eventos que nesse
período constituem o futuro para o homem da terra, são o presente para ele.
(…) Para Deus, o passado e o futuro, são o presente», o futuro será
sempre, o que hoje, fizermos dele.
(Publicado no Boletim GEAE Número 349 de 15 de junho de 1999)