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O Trabalhador de Teatro Espírita

O Trabalhador de Teatro Espírita
Doutrina Espírita é o conjunto de ensinamentos codificados pelo professor Hipolyte Leon Denizar Rivail, contida no pentateuco, quais sejam, O Livro dos Espíritos, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O livro dos Médiuns, A Gênese e o Céu e o Inferno. Quando da publicação de O Livro dos Espíritos, Hipolyte utilizou o pseudônimo de Allan Kardec, nome que utilizou numa encarnação passada como druida.

O Espiritismo tem como fundamentos A existência de Deus, a Imortalidade da alma, a pluralidade das existências ou reencarnações, a comunicabilidade com o mundo dos espíritos e a pluralidade dos mundos habitados.

Espírita ou espiritista é a pessoa que estuda esses ensinamentos e segue seus conceitos filosóficos, com bases científicas e de resultado religioso. De forma mais ampla esses conceitos são explicados na introdução de O Livro dos Espíritos, de onde retiro o seguinte trecho:

“Diremos pois, que a Doutrina Espírita ou o Espiritismo tem por princípios as relações do mundo material com os espíritos ou seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas ou, se o quiserem, os espiritistas.”

Movimento Espírita é o espírita na prática do espiritismo.

Nestes conceitos reside a nossa base sustentável e sólida, pois está enriquecida pelo pensamento científico e acompanha o desenvolvimento da ciência, explicando-os e conceituando-os a partir da codificação; como também, nestes conceitos, iniciam todos os nossos problemas.

O Movimento Espírita é realizado por nós, seres em estado de evolução, imperfeitos e em processo de autocontrole de nossos vícios e virtudes. Em outras palavras: o Movimento Espírita tem os mesmos vícios e virtudes que nós. Por esse aspecto cada instituição espírita possui sua privacidade e forma de trabalho, orientada pelos órgãos federativos que buscam manter a unidade do trabalho administrativo/doutrinário, mas que não intervém de forma direta na administração das instituições.

Onde queremos chegar? Já chegamos.

Quão mais dispostos os participantes das instituições, estão de estudarem com disciplina a Doutrina Espírita e de se reciclarem no caráter administrativo das instituições, com melhor qualidade de informação poderemos divulgar os conceitos básicos da Doutrina Espírita e promover a evangelização do homem de bem, objetivo primeiro dos centros espíritas.

Nesse universo de aspirações uma realidade nos sufoca: a escassez de mão de obra. O trabalho de evangelização do ser urge mas não é apressado, no dizer de Bezerra de Menezes, os centros crescem, as instituições se multiplicam, a sede de informações sobre a vida após a vida aumenta nos leigos, mas ainda faltam trabalhadores. Com um detalhe : muitos dos que estão a frente de atividades ainda não se qualificaram e enfrentam com boa vontade e dedicação o seu fardo de trabalho.

Na prática podemos dizer que certas funções como tesoureiros, presidentes de centro, evangelizadores, coordenadores de departamentos, patrimônio, necessitam de conhecimentos técnicos específicos para poderem realizar suas atividades. Muitos conseguem junto aos órgãos federativos a sua formação mais outros precisam recorrer a profissionais de fora do ambiente espírita para conquistar o seu crescimento técnico.

E nesse universo como estamos com o Teatro Espírita?

É um pouco pior.

Na busca de se instrumentalizar, os grupos ou departamentos dos centros, recorrem certas vezes a profissionais de teatro que não têm compromisso com a temática espírita ou no máximo são “simpatizantes”, termo por sinal que não possui definição na codificação de Kardec. No momento que esse profissional é convidado o grupo, sem saber, passa pelo mais importante momento de sua existência.

O próximo passo pode ser um enriquecimento pelo grupo da técnica teatral e aí, um grande passo foi dado no sentido do aprimoramento do Movimento espírita realizada por esse suposto grupo.

O próximo passo pode ser também, uma série de conceitos confusos e inadequados à prática espirita do teatro. Como não se tem referências, pode-se chamar uma pessoa que não tem, em verdade, tanto preparo assim, ou tem, mas por desconhecer os mecanismos que regem o grupo, a instituição e as pessoas, acabe por decretar o fim daquele tão promissor movimento.

O que nos leva a dedicar horas de nosso escasso tempo em ensaios de teatro espírita é a idéia e a crença que possuímos na causa espírita. O único compromisso que o teatro tem é a estética e o seu Deus é a liberdade. O teatro espírita tem um compromisso sério com a idéia, com o tema, com a divulgação da Doutrina espírita e o seu Deus é eterno, imutável, onipresente, onipotente e onisciente.

A temática abordada deve ser sempre a temática doutrinária espírita, e se ainda restam dúvidas sobre o que é isso, vamos voltar as obras básicas para estudá-las um pouco mais e depois faremos teatro espírita. A forma artística e a qualidade técnica devem ser buscada sempre, para que o produto possa ser aceito com beleza e prazer pelos espíritas, não espíritas e pelos “simpatizantes”. Mas não devemos nos desviar de nosso caminho árduo que é o de falar da vida e da morte como ela realmente é.

O CENTRO ESPÍRITA PRECISA DE TEATRO?

Há uma fronteira sutil entre fazer teatro no centro espírita e fazer do centro espírita um teatro.

A casa espírita é uma instituição singular, que possui bases doutrinárias em Kardec e regras administrativas criadas e mantidas por seus integrantes, representados ou não pela diretoria da instituição, a depender da complexidade de seu organograma. Se nos deparamos com normas ou posturas pessoais que discordamos dentro da instituição, devemos promover o debate fraterno entre os membros da instituição, a fim da chegarmos à conclusões coerentes e afinadas com o ideal espírita.

Grupos ligados, não só ao teatro, mas a arte espírita, têm encontrado certas resistências ao trabalho artístico dentro dos centros e o caminho de nossas soluções será sempre o diálogo.

Temos que ter o cuidado para que os ensaios das “peças” possam transcorrer dentro das regras estabelecidas pela instituição, para que não venhamos a ferir “postulados” e mudar o foco do trabalho artístico que é a idéia.

Cuidado com roupas a utilizar, objetos que não se deve mexer, ruídos que não se podem fazer, precisam ser “administrados” pelos coordenadores do grupo e por seus participantes.

“__ Ah, mas o presidente do centro não gosta de teatro!…”

Acontece. Nossos teatros tradicionais têm muita dificuldade em levar público aos espetáculos, porque acostumamos com a cultura de massa e esquecemos de ensinar nossos filhos a ir ao teatro, ao circo, às livrarias, etc…

Algumas instituições ainda não conhecem a possibilidade de utilização da teatralidade, não só em nossas atividades sociais comemorativas espíritas, mas também como oportunidade de crescimento dos participantes do grupo de teatro e de todos da instituição.

O fazer teatral colabora no desenvolvimento da auto-estima, no desbloqueio de nossas inibições, na geração de uma energia artística positiva que a espiritualidade não perde oportunidade de utilizar no auxílio à enfermos, na evangelização do homem.

Conhecemos algumas estórias de espíritos traumatizados pelo tempo, que tiveram seu trabalho de “recomeço” iniciado à partir de ensaios e apresentações de peças espíritas. O espetáculo “Além da Vida”, 18 anos em cartaz, acumula algumas dessas estórias.

É preciso observar de forma bem auspiciosa, qual o direcionamento que a instituição propõe aos seus trabalhos e onde pode-se ou não se encaixar o fazer teatral.

Se nossos corações estiverem sinceramente preenchidos pela fraternidade e em nossas mentes brilhar o ideal da reforma íntima através da evangelização, encontraremos o caminho da “convivência pacífica” dentro e fora das instituições espíritas.

Edmundo Cezar
teatro@plenus.net

(Publicado no Boletim GEAE Número 396 de 25 de julho de 2000)

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