A Obra Perfeita
“Meus irmãos, tende por motivo de grande alegria serdes submetidos a
múltiplas provações, pois sabeis que a vossa fé, bem provada, leva à
perseverança; mas é preciso que a perseverança produza uma obra perfeita, a fim
de serdes perfeitos e íntegros sem nenhuma deficiência.” (Tg 1, 2-4)
Vejam, queridos irmãos, que consonância há entre estas palavras do início da
Epístola de Tiago com os ensinos de Kardec! As provações – que são na verdade as
dificuldades que se nos apresentam como efeito de nossas próprias atitudes
pregressas – devem ser encaradas como motivo de alegria! Afinal, são o remédio –
quando bem encaradas, sem murmúrios – para nossa doença espiritual! É pelo
sofrimento que causamos a outrem que determinamos o sofrimento que deveremos
enfrentar (“O Espirito sofre segundo o que fez sofrer” – O Céu e o Inferno, cap.
VII, item 7). Se soubermos encarar nossos sofrimentos com fé, com uma “fé bem
provada” – como nos ensina Tiago – a perseverança que nascerá daí, tornar-nos-á
fortes! Mas, a fé pura e simples, nada significa se não produzir uma obra
perfeita; quer dizer, se não produzir uma obra que se identifique com os moldes
do que há de mais divino entre nós: o amor! Buscando explicações para isso na
própria Bíblia, encontramos Paulo a nos ensinar: “ainda que eu tivesse toda a
fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse a caridade, eu nada seria”
(1Cor 13, 2).
E a caridade – que é Amor colocado em prática(!)- é exortada por Tiago ao nos
dizer que “se alguém disser que tem fé, mas não tem obras, que lhe aproveitará
isso? Acaso a fé poderá salva-lo? (…) A fé, se não tiver obras, está morta em
seu isolamento.” (Tg 2,14;17) Profundos ensinamentos do Mestre Jesus, muito bem
interpretados por Tiago e Paulo, não concordam?
Procuremos aceitar como remédio as dificuldades que tivermos que enfrentar no
campo do sofrimento e perseveremos na fé, produzindo as obras (caridade) que
poderão manter viva essa nossa fé!
Paz e harmonia!
(Publicado no Boletim GEAE Número 300 de 07 de julho de 1998)