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Os enganos do Sr. Roustaing II

Os enganos do Sr. Roustaing II

Allan Kardec, como grande pensador, dedicou-se também ao estudo da
personalidade de Jesus, em Obras Póstumas, no tópico “Estudo sobre a natureza do
Cristo, item 5. Mas não chegou a deduções satisfatórias. Sem saber o que
aconteceria mais tarde com a Doutrina Espírita, o Codificador conclui que a
questão não teria importância maior e deixou-a de lado.

Entre os especialistas que estudam os Evangelhos, alguns consideram que por
trás da vida pública do Cristo, havia todo um plano para que sua missão pudesse
se desenvolver a contento. Os espíritas, de um modo geral e por comodismo,
preferem acreditar que Jesus era apenas um simples carpinteiro. Os indícios,
porém, apontam na direção oposta: ele seria um Mestre da Espiritualidade,
missionário que teria descido ao orbe para trazer o código moral do Evangelho e
detonar a fase que conduziria a humanidade a um estado superior de vida: a
regeneração.

Existem coisas que não foram bem explicadas na vida do Mestre. A presença dos
Reis Magos logo após seu nascimento, por exemplo, seria uma delas. Quem seriam
essas figuras? Os textos antigos falavam que teriam vindo do oriente, onde as
escolas iniciáticas eram comuns. Como teriam sabido do nascimento de Jesus? Será
que teriam vindo fazer-lhe simples visita? Onde teria estado Jesus no período da
mocidade?

Nos discursos do Mestre, percebe-se que tinha um profundo conhecimento das
Escrituras antigas. Onde as teria estudado? Com quem esteve durante esses anos
de desaparecimento? E por que motivo entre os apóstolos, havia a presença de
João Evangelista, um suposto membro da escola filosófica de Alexandria? Seria
esse o motivo do seu Evangelho apresentar características radicalmente
diferentes das narrativas dos outros evangelistas? E mais tarde, qual seria a
razão para vir parar no Cristianismo nascente a pessoa de Paulo, um membro de
outra escola filosófica existente em Tarso? E a razão da simpatia de alguns
fariseus por Jesus, tais como Nicodemos, José de Arimatéia e outros? De fato,
Jesus era mesmo um Enviado, preparado espiritualmente para desempenhar a tarefa
da redenção dos homens, mas como não veio derrogar a Lei, necessitou para
cumprir a missão de instruções à semelhança dos seres humanos comuns.

As reflexões que estamos encetando neste ensaio têm como finalidade
apresentar uma teoria lógica sobre a personalidade de Jesus e demonstrar que os
enganos do Sr. Roustaing são provenientes justamente da interpretação
superficial do conhecimento, que foi dada por certos mestres da Igreja Católica.
Uma vez esclarecidas as questões da personalidade do Cristo e da natureza do seu
corpo, o edifício das teorias roustainguistas ruirá. Só as aceitarão os
Espíritos que, por condição evolutiva e limites de desenvolvimento, preferirem
se alimentar das ilusões provocadas certamente por Espíritos pouco adiantados.
(Continua no próximo texto).