Os Evangelhos
Os Evangelhos não são, apenas, uma coletânea de preceitos morais, destinada
ao nosso aperfeiçoamento espiritual; são, também, fonte de saúde e alegria para
os que praticam as suas recomendações.
Jesus, ensinando e exemplificando as verdades nele contidas, fez-se nosso
Médico e Salvador, porque a prática destas verdades tem o poder de amenizar
nossas penas e de libertar-nos das mazelas morais que nos jungem aos planos de
sofrimento.
Já está sobejamente provado que os cristãos sinceros são mais felizes que o
comum dos homens. Isto, porque são conformados na dor, fortes diante da
adversidade da vida, tolerantes para com as fraquezas do próximo, inacessíveis
aos vícios e aos sentimentos malsãos, e, sobretudo, caritativos. Compenetrados
da transitoriedade da vida neste abismo de lágrimas, não se apegam aos seus
bens, porque sabem que têm de deixá-los. Utilizam-nos sóbria e honestamente,
dispensando o supérfluo em prol dos desfavorecidos da sorte.
O que mais infelicita e degrada o homem são as suas maldades e paixões
rasteiras, cuja causa reside na ignorância das leis divinas, que o Divino Mestre
resumiu nestas singelas palavras: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo
como a si mesmo.
E’ da vontade de Deus, do qual somos herdeiros, que todos os seus filhos
sejam felizes, pois que os criou para a felicidade eterna, bastando, para isso,
que se amem. A sua lei é o Amor. Portanto, ela não pode falhar. Ninguém a
infringe, impunemente.
O Amor é a essência de Deus, como se comprova pela harmonia de suas obras
infinitas, através das quais Ele se revela.
Houvesse amor entre os homens, e o mundo seria um paraíso.
Deus ama tanto o mundo, que em todos os tempos lhe enviou seus emissários na
pessoa dos profetas e do seu Unigênito, o Cristo, e, agora, o Paracleto,
personificado no Espiritismo, que teve em Allan Kardec o seu Codificador.
Todos esses arautos da fé, a despeito das incompreensões das épocas em que
viveram, pugnaram ardorosamente pela implantação do Amor entre os homens. Mas,
estes, livres na escolha, aceitam-no ou rejeitam-no, deles dependendo,
unicamente, no futuro, a sua felicidade ou desdita.
Os Evangelhos são, ainda, como dissemos alhures, fonte de alegria. Não desta
alegria efêmera, mentirosa, oriunda da satisfação dos sentidos, que macula a
alma e gera a morte, mas da alegria espiritual, que brota do imo d’alma,
decorrente da reta conduta e da paz de consciência.
Façamos, por conseguinte, dos Evangelhos o nosso livro de leitura de todos os
dias. Meditemos, à luz do Espiritismo, nos seus ensinamentos profundos e
inesgotáveis, todos eles portadores de luz, beleza e vida, buscando, ainda,
refleti-los em nossos atos, pensamentos e palavras. Assim procedendo, estaremos,
realmente, empenhados na conquista de uma vida melhor, vivendo em paz com nós
mesmos e com o mundo.
Reformador – Abril de 1965