Tamanho
do Texto

Os Fenômenos Espíritas em Face da Bíblia

Os Fenômenos Espíritas em Face da Bíblia

São inumeráveis os fatos narrados na Bíblia cuja ação se atribui a Espíritos
bons (anjos) ou a Espíritos maus (demônios).

O Livro de Tobias, que não aparece nas edições populares, mas consta da
Bíblia oficial católica romana, relata o caso da materialização de um Espírito
superior, o anjo Rafael, e sua manifestação ostensiva, qual se fora um homem
como nós, em episódios que se prolongaram por muitos dias. Esse anjo,
interrogado sobre sua identidade, informou ser “um dos filhos de Israel” e, à
pergunta de Tobias: “de que família ou de que tribo és tu?”, respondeu: “eu sou
Azarias, filho do grande Ananias” (Cap. 5, vv. 7, 16, 18).

O Evangelho de Marcos relata que um homem se chegou a Jesus, dizendo-lhe:

“Mestre, eu te trouxe meu filho possuído de um espírito mudo, o qual, onde
quer que o apanha, lança-o por terra, e o moço deita espuma pela boca, e range
com os dentes, e vai-se mirrando. Trazei-mo, disse Jesus. Trouxeram-lhe então, e
ainda bem ele não tinha visto Jesus, quando logo o espírito imundo começou a
agitá-lo com violência, até que caiu por terra, onde se revolvia, babando-se
todo.

Perguntou Jesus ao pai dele: Quanto tempo faz que lhe sucede isto?

E ele disse: Desde a infância. O demônio o tem lançado muitas vezes no fogo,
e muitas na água, para o matar; porém, se tu podes alguma coisa, ajuda-nos, tem
compaixão de nós.

Disse-lhe pois Jesus: Se tu podes crer, tudo é possível ao que crê.

Imediatamente o pai do moço, gritando, dizia com lágrimas: Sim, Senhor, eu
creio, ajuda a minha incredulidade.

E Jesus, vendo que o povo concorria, ameaçou o espírito imundo, dizendo-lhe:
Espírito surdo e mudo, eu te mando, sai desse moço e não tornes a entrar nele”
(Cap. 9, vv. 17-25).

Tendo ficado claro, através dos textos acima, que “anjo” e “demônio” são
designações equivalentes a “Espírito bom” e “Espírito mau”, podem os leitores
verificar, por si mesmos, quanto são abundantes os fenômenos espiríticos
registrados nas Sagradas Escrituras.

Eis mais alguns, que oferecemos à consideração dos que não disponham de tempo
para uma busca demorada:

David afastava, por meio de música, o Espírito maligno que atormentava o rei
Saul (I Samuel, 16: 14 e 23).

Este mesmo Saul, servindo-se da pitonisa de Endor, faz evocar o espírito de
Samuel, o qual se manifesta e lhe prediz a morte no dia seguinte, o que de fato
sucedeu (I Samuel, cap. 28: 7 a 19).

Elifas refere a Jó: “…e ao passar diante de mim um Espírito, os cabelos de
minha carne se arrepiaram” (Jó, 4:15).

O rei da Babilônia vê a mão materializada de um Espírito a escrever na parede
(Daniel, 5:5).

O profeta Elias recebe alimentos colocados ao seu lado, no deserto, por um
anjo ou espírito do Senhor (I Reis, 19:5 a 7).

O rei Jorão recebe uma comunicação, escrita pelo espírito deste profeta (II
Crônicas, 21:12).

Na noite anterior ao combate com Nicanor, Judas Macabeu tem uma visão em que
lhe aparecem o sacerdote Onias e o profeta Jeremias, de há muito falecidos.
Jeremias ofertou uma espada a Judas e predisse-lhe a vitória. Encorajados pelo
relato da visão, os judeus combateram intrepidamente e derrotaram o inimigo (II
Macabeus, cap. 15).

Moisés e Elias aparecem a Jesus e falam com ele (Mat., 17:3).

No dia de Pentecostes, achando-se os apóstolos reunidos, viu-se descer sobre
eles algo semelhante a línguas de fogo, e começaram a falar em várias línguas.
Isto deu azo a que alguns dos circunstantes, supondo-os embriagados,
escarnecessem deles. Pedro, então, tomando a palavra, esclarece: “Isto é o que
foi dito pelo profeta Joel: E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que eu
derramarei do meu espírito sobre toda a carne, e profetizarão vossos filhos e
vossas filhas, e os vossos mancebos verão visões, e os vossos anciãos sonharão
sonhos. E certamente naqueles dias derramarei do meu espírito sobre os meus
servos e sobre as minhas servas, e profetizarão” (Atos, 2: 1-18).

O Espírito de um macedônio aparece ao apóstolo Paulo, e roga-lhe que ajude
seus concidadãos (Atos, 16:9).

Este mesmo apóstolo, falando ao rei Agripa, assim lhe descreve como foi
chamado ao ministério cristão:

“Ao meio dia, vi, ó rei, no caminho uma luz do céu, que excedia o resplendor
do sol, a qual me cercou a mim, e aos que iam comigo. E como todos nós caíssemos
por terra, ouvi uma voz que me dizia em língua hebraica: Saulo, Saulo, por que
me persegues? dura coisa te é recalcitrar contra o aguilhão.

Então disse eu: Quem és tu, Senhor?

E o Senhor me respondeu: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Mas levanta-te e
põe-te em pé; porque eu por isso te apareci, para te fazer ministro e testemunha
das coisas que viste, e de outras que te hei de mostrar em minhas aparições”
(Atos, 26: 13-16).

Diante disto, afirmar-se que o Espiritismo não encontra apoio na Bíblia é o
mesmo que pretender “tapar o sol com uma peneira”.

(Revista Reformador de fevereiro de 1975)