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Padre Quevedo

01 – O padre Quevedo tem destaque no “Fantástico”, da Rede Globo de
Televisão, com um quadro fixo, quinzenalmente. Qual sua opinião a respeito?

Apresentado como uma espécie de “Mister M” do psiquismo, a desvendar truques
e mistificações, Quevedo é também um prestidigitador. Mobiliza seus esforços em
torno da única “mágica” que o empolga: reduzir todos os fenômenos espíritas a
simples manifestações da mente humana.

02 – Para ele não existe o fenômeno mediúnico?

Exatamente. Viria tudo do inconsciente de suposto médium. Carlos Imbassahy, o
grande polemista espírita, dizia que esse ser interior, desvendado pelo padre, é
um grande velhaco, porquanto nunca se identifica. Apresenta-se, invariavelmente,
como a alma de um defunto.

03 – O inconsciente seria um deus dentro de nós…

Onisciente e onipotente, capaz de proezas, como vasculhar instantaneamente
todas as bibliotecas, habilitando-se a responder qualquer pergunta. Realiza,
ainda, intervenções prodigiosas na matéria, como entrar num aparelho de
televisão e mostrar-se com morfologia humana, som e animação, a transmitir
mensagens. Estudiosos que se debruçam durante anos sobre o fenômeno admitem a
manifestação dos Espíritos, em transcomunicação instrumental. O padre, sem se
dar ao trabalho da mais elementar pesquisa, conclui que é tudo obra do ardiloso
inconsciente.

04 – Como Quevedo explica o médium Chico Xavier?

Diz ser um sensitivo capaz de exercitar intensamente faculdades como a
clarividência, a telepatia, a psicometria… Isso lhe permitiria devassar, a
intimidade das pessoas que o procuram em busca de notícias de familiares que
morreram. A partir dessa assombrosa “varredura psíquica” habilita-se,
instantaneamente, a incorporar a personalidade do defunto – suas lembranças,
maneira de ser, a terminologia que usava, as datas significativas, a
convivência, os afetos, as circunstâncias da morte, a grafia, e até a
assinatura; um falsário perfeito! Isso, diga-se de passagem, envolvendo milhares
de “mortos” que ao longo de décadas comunicaram-se pelo Chico. Um espanto!

05 – E quando o fenômeno acontece no seio da própria Igreja?

Aí ele diz que é milagre. Há dois problemas: se ele não acredita em milagre e
diz o contrário, apenas para evitar problemas com seus superiores, como já
aconteceu no passado, incorre em mentira. Se realmente acredita, não é um
parapsicólogo, como pretende. A parapsicologia, ciência experimental, não admite
a derrogação da lei natural.

06 – E o Espiritismo?

Também não aceita o milagre. O que nos parece milagroso é apenas a
manifestação de fenômenos que desconhecemos, no contexto da Natureza. O
intercâmbio com o além, por exemplo, é um acontecimento natural, envolvendo
pessoas dotadas de sensibilidade para captar o pensamento dos Espíritos
desencarnados que vivem numa outra dimensão.

07 – O padre Quevedo tem plena convicção a respeito de suas idéias ou
apenas está interessado em combater o Espiritismo?

Respeitáveis pesquisadores, no passado, renderam-se à realidade espírita, a
partir de suas experimentações. O fato de Quevedo manter-se irredutível, diante
de fenômenos espirituais notáveis, onde se evidencia a presença dos Espíritos,
demonstra que ele não está interessado em pesquisar com isenção. Quer
simplesmente combater o Espiritismo. É uma idéia fixa. Felizmente, o efeito é
sempre contrário, transformando-o em grande divulgador de nossa doutrina. Por
onde passa, desperta interesse em torno do fenômeno. Pessoas dotadas de um
mínimo de bom senso percebem que a realidade apresentada nos princípios
codificados por Kardec é muito mais simples e convincente do que as fantasias
propostas pelo padre.

08 – Quevedo frequentemente desafia os Espíritos. Procura demonstrar que
tudo não passa de um processo de sugestão. Será ele tão poderoso, capaz de
resistir ao assédio das sombras?

O que de melhor pode acontecer para os chamados Espíritos inferiores, que
perturbam os homens, é as pessoas não acreditarem em sua existência e
influência, facilitando-lhes a ação. Quevedo trabalha em favor dessa idéia.
Digamos, portanto, que é, sem consciência disso, um agente desses Espíritos.
Obviamente, eles não têm nenhum interesse em causar-lhe embaraços. Certamente
até o protegem, advertindo eventuais desafetos. “Não o perturbe. É dos nossos!”.