A Pedagogia do Cristo
Pouco depois, João nos traz mais um exemplo da pedagogia do Cristo (Jo
9:1-5): em Jerusalém, é-lhe apresentado um cego de nascença junto à piscina de
Siloé, e Jesus não perde a oportunidade para mais uma analogia. Ali estava
alguém que não podia ver a luz:
“Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo”.
Dizendo isso, cospe na terra e a lama que se forma é colocada sobre os
olhos do cego que, ao lavá-los na piscina, retorna vendo. Novamente a partir do
que o povo considerava um milagre, o Cristo desperta a atenção do público para
ouvir a sua mensagem, sempre em analogia ao fenômeno realizado.
Ainda outra vez o Cristo se utiliza desse expediente. Seguindo à cidade de
Betânia (Jo 11:17-44), Jesus vai ao encontro de Lázaro, morto já há quatro dias.
Interpelado, ainda no caminho, pela família por não ter chegado a tempo de
impedir a morte de Lázaro, ele se utiliza de mais uma analogia para despertar a
atenção do público para a sua mensagem:
“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá.
E quem vive e crê em mim jamais morrerá.”
Dito isto, segue até a gruta em que Lázaro fora colocado e, em passagem
por demais conhecida de todos, trá-lo de novo à vida.
Vemos, pois, o Cristo diante da situação de sede, junto à samaritana, afirmar
“Quem beber da água que lhe darei nunca mais terá sede”. Ao se defrontar com a
fome do povo, ele diz: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim, nunca mais terá
fome”. Perante o cego, o Cristo fala: “Enquanto estou no mundo, sou a luz do
mundo”. E,diante de Lázaro morto, conclui: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem
crê em mim, ainda que morra, viverá”.
Realizando seus “milagres”, além de exemplificar o amor ao próximo e atender
às necessidades daquele povo sofrido, o Cristo aproveitava para, em sua
pedagogia da libertação espiritual, ensinar o caminho para o que chamou de
“Reino dos Céus”. Os resultados que até hoje observamos demonstram a excelência
de seu método.