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Pedra Angular

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O raciocínio lúcido do Codificador do Espiritismo, Allan Kardec, sempre presente e atualizado frente aos desafios enfrentados pela sociedade humana, uma vez mais nos oferta a qualidade do pensar imparcial e objetivando o bem geral. O texto que o leitor vai ler abaixo, em transcrição parcial, é um verdadeiro roteiro de entendimento frente às adversidades da atualidade.  Apresenta-se até como solução para tais desafios, sempre crescentes e agravados por contínuas situações que parecem insuperáveis. Mas o raciocínio do autor é muito claro e faz perceber o quanto deixamos de lado os verdadeiros valores que regem a vida humana. Acompanhe comigo:

“(…) 17. — A fraternidade deve ser a pedra angular da nova ordem social; mas, não há fraternidade real, sólida, efetiva, se não estiver assentada sobre uma base inabalável; essa base é a fé, não a fé em tais ou tais dogmas particulares, que mudam com os tempos e os povos e que se apedrejam mutuamente, porque, em se anatematizando, alimentam o antagonismo; mas a fé nos princípios fundamentais que toda o mundo pode aceitar: Deus, a alma, o porvir, O PROGRESSO INDIVIDUAL, INDEFINIDO, A PERPETUIDADE DAS RELAÇÕES ENTRE OS SERES. Quando todos os homens estiverem convencidos de que Deus é o mesmo para todos, de que esse Deus, soberanamente justo e bom, não pode querer nada de injusto, que o mal vem dos homens e não dele, se considerarão como os filhos do mesmo Pai e se estenderão as mãos. (…) Com tal pensamento, onde estão realmente os direitos e os deveres? Qual é o objetivo do progresso? Somente essa fé fez o homem sentir sua dignidade pela perpetuidade da progressão de seu ser, não em um porvir mesquinho e circunscrito à personalidade, mas grandioso e esplêndido: este pensamento o eleva acima da Terra; se sente crescer sonhando que possui sua parte no universo; que esse universo é seu domínio que ele poderá percorrer um dia, e que a morte não fará dele uma nulidade, ou um ser inútil a si mesmo e aos outros.

18-  O progresso intelectual realizado até este dia nas mais largas proporções, é um grande passo, e marca uma primeira fase da Humanidade; mas sozinho é impotente para regenerá-la; enquanto o homem estiver dominado pelo orgulho e o egoísmo, utilizará sua inteligência e seus conhecimentos para proveito de suas paixões e de seus interesses pessoais; por isso que os aplica no aperfeiçoamento de meios de prejudicar os outros e de se destruir entre si. 19 – Somente o progresso moral pode assegurar aos homens a felicidade na Terra, colocando um freio às paixões más; somente ele pode fazer reinar entre os homens a concórdia, a paz, a fraternidade. É ele que derrubará as barreiras entre os povos, que fará cair os preconceitos de casta e calar os antagonismos de seitas, ensinando os homens a se considerarem irmãos chamados a se auxiliarem mutuamente e não a viver à custa uns dos outros. Será ainda o progresso moral, secundado aqui pelo progresso da inteligência, que reunirá os homens numa mesma crença estabelecida sobre as verdades eternas, não sujeitas a controvérsias e, em por isso, aceita por todos.(…)”.

 

O texto continua, mas fica longo transcrever aqui na íntegra. Está no livro A GÊNESE, que o leitor não terá dificuldade em encontrar. Exatamente no capítulo XVIII, itens 17 a 19.

A fraternidade, indicada com pedra angular de uma nova ordem social, é a virtude a que devemos nos empenhar para alcançar. Sem ela todos os nossos esforços estarão manchados pelo câncer social do egoísmo, verdadeiro tumor maligno das relações sociais, gerador de todos os conflitos em andamento na sofrida humanidade.

Na transcrição parcial acima apresentada, omitimos propositalmente um trecho para usar como conclusão. É o último parágrafo do item 17: “(…) É esta fé que o Espiritismo dá e que será doravante o eixo sobre o qual moverá o gênero humano, quaisquer que sejam o modo de adoração e as crenças particulares”.

 

Muito expressivo lembrar a fé raciocinada, citada no parágrafo em destaque, e especialmente o uso da expressão “o eixo sobre o qual moverá o gênero humano”, independente do modo de adoração e das crenças, como ali constante. É o eixo da fraternidade, que modifica totalmente as relações humanas, quando entendida e devidamente vivida.