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Personalidade

Personalidade deriva do latim – persona – que significava máscara,
ou seja aquilo que queremos parecer aos outros. Na Psicologia
a Personalidade é uma organização dos vários sistemas físicos, fisiológicos,
psíquicos e morais que se interligam, determinando o modo como o indivíduo se
ajusta ao ambiente em que vive. Para o Espiritismo a personalidade está na Alma
da pessoa. Veremos mais sobre isto mais adiante, no artigo sobre Psicologia.

A personalidade vai se fazendo ao longo do tempo, desde o nascimento até a
idade adulta, porém, devido à interação com o meio em que vivemos e à intenção
inata de nos comportarmos como os outros desejariam que fôssemos, esse
desenvolvimento poderá não levar a pessoa à auto-realização, no sentido de seu
Eu real, mas em outras direções menos saudáveis para o bem estar do indivíduo,
tais como a do Eu-orgulhoso, a do Eu-coitadinho ou a do Eu-fatalista.

Para uma criança se desenvolver normalmente ela tem que se sentir aceita da
forma que é. Ela pode ser corrigida e castigada se for preciso, mas deve se
sentir aceita apesar disso, de modo a não afetar o conceito que tem de si mesma.
A corrigenda e o castigo devem ser impessoais, sem ofensas à criança. Use mais a
palavra Eu do que a palava Você. Diga “Eu não quero” mas nunca “Você é um
burro”. O importante não é se estamos aplicando o castigo justo mas a nossa
generosidade na sua aplicação. Caso contrário, se a criança se sentir rejeitada,
poderá construir, quando mais crescida, um novo conceito distorcido de si mesma,
onde tenta criar uma falsa idéia de superioridade, entendendo por exemplo que a
agressividade passa a ser força, a indiferença passa a ser sabedoria e onde a
piedade é vista como algo inferior. O Eu-submisso se transformaria falsamente,
nestas circunstâncias, em perfeição cristã e santidade.

As aspirações normais nascem do desenvolvimento da auto-realização harmoniosa
e não da necessidade de realizar um Eu-idealizado. As atitudes que a criança
desenvolve no Lar tornam-se seus futuros comportamentos mais tarde como adulto.

O traço de personalidade é uma característica constante do indivíduo em
situações variadas. Jung propos dois agrupamentos de traços que compreendem em
si todas as características pessoais, a Introversão e a Extroversão. A
extroversão consiste na tendência de focalizar o interêsse no mundo exterior,
vivendo mais no presente, dando mais valor às pessoas e ao êxito social, sendo
mais práticas. A Introversão consiste em concentrar interesse nos pensamentos e
idéias próprias, visualizando mais o futuro, sendo mais intuitiva.

A frustação ocorre quando algo impede a realização de um objetivo desejado e
a pessoa reage emocionalmente de forma pertubada e insegura, com agressividade.
A saúde e o ajustamento mental estão relacionados com o tipo de conduta adotado
pelo indivíduo para expressar sua agressividade. As energias recalcadas pela
frustação procurarão sempre uma válvula de escape. A pessoa normal é aquela que
encontra derivativos para os recalques ao passo que a pessoa neurótica não
encontra saída para os mesmos.

Já os conflitos ocorrem quando existem motivos em choque, como por exemplo se
tivermos de escolher entre ser chamado de covarde por não revidar uma agressão,
ou se partimos para a briga franca, rolando no chão com o ofensor e deixando de
cumprir a recomendação de Cristo de dar a outra face. Um exemplo de conflito
comum são os complexos de inferioridade, já conhecidos por todos. Alguns
sintomas deste complexo são os sentimentos de incapacidade, a sensibilidade
exagerada à crítica, o isolamento social e as atitudes supercríticas com relação
aos outros.

A ansiedade e a angústia são uma desordem emocional produzida pela
perspectiva de uma frustação. A angústia se apresenta como uma experiência de
antecipação de uma situação futura de perigo. A ansiedade é uma forma de medo em
que o objeto é vago e indefinido.

Alguns conflitos neuróticos convertem grande parte da angústia em ação física
no corpo da pessoa. Dizemos que houve somatização e a tensão conflituosa pode
afetar várias partes do corpo. Se a região límbica for a atingida passarão a
ocorrer emoções de medo, de angústia e de depressão. Se atingir o hipotálamo e
hipófise surgirão distúrbios da tireóide alterando o desgaste celular, a pressão
arterial e a taxa de açúcar no sangue. Se o diencéfalo for atingido haverá
perturbações na circulação, palpitações, hiperacidez no trato digestivo, cólicas
hepáticas, falta de ar e inibição da atividade sexual.

Quando os mecanismos normais de ajuste não são suficientes, sendo utilizados
constantemente, estaremos lidando com uma neurose que é o passo intermediário
para a psicose ou loucura. A neurose manifesta-se com estados de angústia,
hipocondria, histeria e fobias.

Se a pessoa se fixasse demais em suas deficiências, conflitos e frustações
perderia sua auto-estima, desintegrando sua personalidade. É preciso se ajustar
através de mecanismos de defesa. Os principais mecanismos são o de compensação
(ao se achar inferior em um setor procura se superar em outro), de
racionalização (explicações para os fracassos), de projeção (atribuir a
terceiros os sentimentos que são nossos), de identificação (assumir mentalmente
a identidade de uma pessoa forte), de regressão (comportamento de pessoas muito
mais jovens), de fixação (comportamentos estereotipados), de idealização
(criação de um mundo mais justo), de repressão (reprimir a lembrança, afogando a
memória), de sublimação (atividades artísticas e religiosas), e de fantasia
(viver em imaginação o que gostaríamos de viver).

A Catarse é o ato de descarregar tensões através de diversas atividades.
Quando empregados comedidamente esses mecanismos são normais e necessários para
manter o equilibrio emocional. Um bom filme que permita a identificação com o
herói serve como um bom meio para descarregar as tensões frustantes. Da mesma
forma uma caminhada, um exercício físico, a prática da yoga, do Tai Chi Chuan,
de lutas corporais, de qualquer esporte, um hobby, dançar, uma tarefa útil como
bordar, pintar, fazer compras, escrever programas úteis de computador, escrever
um livro, praticar uma religião, fazer uma prece e participar de obras
beneficentes, são maneiras de descarregar as tensões que se acumulam durante
nossa vida. Mas precisamos ter cuidado para não levar para esses lugares os
nossos problemas, estragando o ambiente.

Leia também o artigo sobre A Reforma Íntima
onde você poderá encontrar uma outra maneira de fazer a catarse pela
auto-análise, conhecendo-se, libertando-se de suas imperfeições e atingindo o
domínio de si mesmo.

“… Ora, se encarando as coisas deste mundo da maneira por que o
Espiritismo faz que ele as considere, o homem recebe com indiferença, mesmo com
alegria, os reveses e decepções que o houveram desesperado noutras
circunstâncias, evidente se torna que essa força, que o coloca acima dos
acontecimentos, lhe preserva de abalos a razão, os quais, se não fora isso, a
confundiriam.

(Allan Kardec. “O Evangelho Segundo o
Espiritismo
. Capítulo V. Bem Aventurados os Aflitos. Item 14 – O suicídio e
a loucura.)

Rio de Janeiro, 1º de Julho de 1999.


Referências:

  • As Sete Vidas de Fenelon de Hermínio C. Miranda, Ed. LaChâtre, 1ªed, 1998.
  • Psychology, Gardner Lindzey, Calvin S. Hall, Richard F. Thompson. Worth
    Publishers, Inc. 1976.
  • Psicologia Moderna de Antonio Xavier Teles. Ed.Ática, 1978.
  • Psicologia Geral de Lannoy Dorin Ed. do Brasil, 1978.

 

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