Tamanho
do Texto

À pessoa portadora de deficiência

999

Amilcar Del Chiaro

    Este artigo é dedicado à Pessoa Portadora de Deficiência. Consideramos que muitas coisas têm melhorado, contudo ainda está longe do ideal. Ainda temos muito a conquistar, pois ainda é desrespeitada, discriminada e sofre com os preconceitos humanos! Não raro, seu corpo é como uma cela constringente, ou como algemas de aço que limitam suas ações. Você que não corre 100 metros rasos em 10 segundos, quiçá nem em 10 metros, que não ultrapassa o sarrafo do salto em altura acima dos 2 metros, nem a 50 centímetros, nem nada no estilo borboleta… Você que não pode ouvir melodias, ou os cantos dos pássaros, ou ver os painéis coloridos da natureza, saiba que você não é corpo físico, mas alma sensível que vence as trevas, o silêncio, as distâncias e alturas difíceis de se imaginar.  Pessoa portadora de deficiências, o que posso fazer por você? Sei que você não quer piedade. Compreendo que você deseja ser respeitada e ter oportunidades justas.  Qual ou quais as causas da sua deficiência? Não importa se a causa está nesta ou em outras vidas; se o problema é social ou erro médico; a verdade é que você existe, e somado a cada um dos outros deficientes, já totalizam milhões de indivíduos em nossa pátria brasileira.  Muitos, cujos olhos não enxergam, tem esperanças fundadas num transplante de córneas, mas continuam sem ver, pois a maioria se recusa a doá-las, mesmo sabendo que não irão precisar delas depois da sua morte.  Tivemos muitos progressos no tratamento e prevenção das deficiências, mas ainda há muito que fazer pelos paralisados, os que não enxergam, nem ouvem, não falam ou são deficientes do raciocínio.

É preciso criar ambulatórios, escolas, centros de habilitação e reabilitação, oficinas protegidas, empregos, transportes, lazer, acessibilidade, e coisas simples como rebaixar guias ou colocar indicações em Braile junto as placas normais das ruas e logradouros públicos.

Há fundadas esperanças nas “células troncos” e esperamos que os que mandam e os religiosos possam criar regras mas não possam impedir as pesquisas. Roberto Rodrigues Rios, paraplégico, jornalista, radialista que apresenta comigo o programa Gente Como A Gente, escreveu um candente artigo para a revista Reabilitação, falando da angústia com que acompanhou a votação no Congresso Federal sobre a liberação da pesquisa com as células tronco, tentando entender as razões dos que são contra, mas é difícil para quem é paraplégico ou sofre de esclerose múltipla, entender. O Roberto diz em seu artigo: “Deixem a obra de Deus continuar. Deixem que o homem evolua. Deixem a ciência avançar.

Pelo amor de Deus, deixem o sofrimento acabar!!! Mas esperamos que as pessoas deficientes sejam fortes e lutem por seus direitos. Que sejam valorosos como foram Helen Keller, Henri Viscard Júnior, Jerônimo Mendonça, Roberto Rodrigues Rios e outros famosos ou anônimos.

Com certeza você não vai subir ao Podium Olímpico. Talvez a sua vitória poder ser uma coisa muito pequena para os perfeitos, mas com certeza, a maioria merece a medalha de ouro e a coroa de louros que ornamenta a fronte dos vencedores.  Queremos vê-lo como Fernão Capelo Gaivota, a procura de um novo céu, e uma nova praia, e voar como ninguém jamais voou.  A você, pessoa portadora de deficiência, a você que é como eu, dedico as palavras de Richard Bach, em seu livro: Longe é Um Lugar Que Não Existe: ê não tem aniversário porque sempre viveu; nunca nasceu, jamais haverá de morrer. Não é a filha das pessoas a quem chama de mãe e pai, mas a companheira de aventuras delas na jornada maravilhosa para compreender as coisas que são. Queridos portadores de deficiências, vamos estar juntos, se não no dia-a-dia, mas quando abandonamos o casulo do corpo e nos encontramos no espaço, durante o sono, num castelo azul maravilhoso, rodeado de rosas também azuis, mas para traçar planos e alcançar a vitória. Acredite: você é o meu herói.