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As provas da sobrevivência do espírito

As provas da sobrevivência do espírito

Temos ouvido a opinião desfavorável de algumas pessoas a respeito das provas
científicas da sobrevivência do espírito, que, seguramente, podemos afirmar que não
têm a mínima ideia do que estão falando. Entre os quais encontramos determinados
indivíduos que apesar de pousarem como cientistas, verificamos que, na verdade,
defendem interesses próprios, já que um cientista honesto só fala do que viu.

E temos, por nós, que o verdadeiro cientista também só afirma que algo não
pode ocorrer quando teve o cuidado de pesquisar exaustivamente o assunto. Por
outro lado, quando, em ocasiões oportunas, são chamados a dar um parecer sobre
determinado tema, só falam do que sabem e nunca tentam ridicularizar os que o
pesquisaram. Mas infelizmente, não é o que vemos aí pelas telinhas da TV, onde
pseudoparapsicólogo televisivo (vai gostar de aparecer assim mais longe) vive a
despeitar a opinião de qualquer pessoa sobre um assunto que efetivamente não
pesquisou, ou se pesquisou não o fez como deveria ter feito. É evidente o
preconceito que ele carrega, possui muita retórica, mas falta profundidade no
que diz e sobra-lhe apenas sorrisos cínicos.

O cientista William Crookes

É necessário primeiro dizer de quem se trata esse cidadão, já que poderá
acontecer de alguém não saber quem ele é.

“Considerado como um dos mais persistentes e corajosos pesquisadores dos
fenômenos espíritas e o maior químico da Inglaterra, William Crookes nasceu em
Londres, no dia 17 de junho de 1832 e desencarnou na mesma cidade, no dia 4 de
abril de 1919”.

“Estudou no ‘Colégio de Química’, onde foi aluno brilhante, alcançando o
cargo de professor substituto no ‘Colégio Real’ e, posteriormente, foi inspetor
da Seção de Meteorologia do Observatório de Redcliffe. Aos 23 anos, no ano de
1855, assumiu a Cadeira de Química na Universidade de Chester. Após alguns anos,
em 1861, ficou bastante conhecido quando descobriu os raios catódicos e isolou o
Tálio, determinando suas propriedades físicas. Em 1872, após prolongados estudos
do espectro solar, descobriu a aparente ação repulsiva dos raios luminosos, fato
que o levou à construção do Radiômetro, em 1874. Em 1885 descobriu um novo tipo
de processamento do ouro. A existência do quarto estado da matéria, a que
denominou ‘estando radiante’, foi por ele determinada no ano de 1879. Por essa
última descoberta, foi amplamente recompensado pela Academia de Ciências da
França”.

“Em virtude de seus feitos científicos, recebeu muitos prêmios como a Medalha
de Ouro da Sociedade Real, em 1875; a Medalha Davy, em 1888 e a Medalha de ‘Sir’
J. Coprey, em 1904. Esse último galardão foi pelas suas relevantes contribuições
no campo da Física e da Química”.

“Foi nomeado ‘Cavalheiro’ pela Rainha Vitória, da Inglaterra, em 1897. A
Condecoração da Ordem do Mérito foi-lhe outorgada em 1910. Fundou os periódicos
‘Chemical News’ e ‘Quarterly Journal of Science’. Foi presidente de diversas
sociedades científicas, tais como a ‘Sociedade Real de Química’, ‘Instituto de
Engenharia Elétrica’ e da ‘Sociedade de Investigações Psíquicas’”.

“Não é difícil encontrar dados sobre a vida de William Crookes, as mais
completas enciclopédias trazem sua biografia e, mais recentemente, a T. Fisher
Unwin LTD (Londres) lançou o livro de Fournier: ‘The Life of Sr William
Crookes’. Como homem de ciência publicou várias obras: em 1870 saiu ‘Métodos
Escolhidos de Análise Química’; em 1880, ‘Fabricação do Açúcar de Beterraba na
Inglaterra’; em 1881, ‘Manual de Tintura e Impressão nos Tecidos’; em 1883,
‘Manual de Tecnologia: Solução das Questões dos Enxurros’; em 1885, ‘Maneira de
Estabelecer um Sistema de Canalização Vantajosa’. Seguem alguns trabalhos
interessantes publicados em diversos compêndios ingleses:

  1. ‘Aplicação da Fotografia no Estudo de certos Fenômenos de Polarização’;
  2. ‘Sobre a Sensibilidade do Iodeto e Brometo de Prata à Luz Colorida’;
  3. ‘Pesquisas Fotográficas sobre o Espectro’;
  4. ‘Sobre a Fotografia da Luz’;
  5. ‘Sobre a Opacidade da Chama Amarela do Sódio para os Raios desta cor’;
  6. ‘Sobre Novos Elementos Supostos da Família do Cálcio’;
  7. ‘Sobre um Novo Elemento Pertencente Provavelmente ao Grupo do Enxofre’;
  8. ‘Memórias e Notas sobre o Tálio’;
  9. ‘Notas sobre a Cristalização da Glicerina’;
  10. ‘Pesquisa Experimental sobre uma nova Força’;
  11. ‘Novas Experiências sobre a Força Psíquica’;
  12. ‘Notas sobre o Radiômetro’;
  13. ‘Foco de Calor Produzido pelos Choques Moleculares’;
  14. ‘Sobre a Constituição da Matéria e o Estado Ultra-Gasoso’;
  15. ‘Sobre a Matéria Radiante’;
  16. ‘Dos Espectros Fosforescentes Descontínuos no Vácuo quase Perfeito’;
  17. ‘Estudos Espectroscópicos sobre a Matéria Radiante’;
  18. ‘Os caracteres Espectroscópicos dos Corpos Simples”.

“Essas citações apenas dão uma idéia da capacidade científica de Crookes, sua
inteligência, sua dedicação, seus métodos e sua posição de alta respeitabilidade
nas sociedades científicas de sua época, além da confiança do povo em suas
afirmações após ter pesquisado um assunto, a ponto de afirmarem com grande
respeito que, se Crookes iria cuidar dos fatos espiritistas, logo ter-se-ia a
verdade dos fatos”. (PALHANO, 1996).

Essas informações são necessárias, pois, volta e meia, aparecem esses
pseudocientistas que sem base científica alguma, procuram contradizer as
experiências de Crookes. Como diz Kardec “O verdadeiro crítico deve provar não
somente erudição, mas um saber profundo no que concerne ao objeto que trate, um
julgamento sadio, e de uma imparcialidade a toda prova; de outro modo, qualquer
rabequista poderia se arrogar o direito de julgar Rossini, e um aprendiz de
pintura o de censurar Rafael”. Deixamos essas informações sobre Crookes para que
o leitor possa compará-las com o currículo desses pseudocientistas.

Trataremos neste estudo de suas experiências psíquicas.

Experiências com o médium Home

Em “Pesquisas Experimentais Sobre uma Nova Força”, Crookes expõe suas
observações a respeito de suas pesquisas com o médium Daniel Dunglas Home.
Transcreveremos alguns trechos que julgamos mais importantes para o presente
estudo. São eles:

“… Assim, uma vez que as condições convenientes se apresentaram,
aproveitei-as com satisfação para aplicar a estes fenômenos a experiência
científica cuidadosamente controlada, chegando assim, a resultados preciosos que
acho dignos de publicação”.

“De todas as pessoas dotadas do poder de desenvolver essa “força psíquica”, e
que são chamados ‘médiuns’ (entre outras teorias sobra a sua origem), o Sr.
Daniel Dunglas Home é, sem dúvida, a mais extraordinária. E é principalmente
devido às muitas ocasiões em que estive, para fazer pesquisas, em sua presença
que tenho sido levado a poder afirmar de maneira tão veemente a existência dessa
“força”. Muitas foram as tentativas que fiz; mas devido ao conhecimento
imperfeito das condições que favorecem ou contrariam as manifestações da
“força”, da maneira caprichosa, aparentemente, como ela se manifesta, e pelo
fato de que o Sr. Home está sujeito à inexplicáveis fluxos e refluxos dessa
“força”, é que raramente os resultados obtidos puderam ser confirmados e
controlados com aparelhos construídos para esse fim em especial”.

“Entre os fenômenos que se produziram sob a influência do Sr. Home, os mais
freqüentes e, ao mesmo tempo, os que se prestavam melhor ao exame científico,
foram: 1º) a alteração de peso dos corpos; 2º) a execução de melodia em
instrumentos de música (geralmente com acordeão, por causa da facilidade de
transporte) sem intervenção humana direta, e em condições que tornaram
impossível todo contato ou toda manipulação das chaves. Não é senão após ter
sido freqüentemente testemunha destes fatos e de os haver escrutado com todo o
rigor do qual eu sou capaz, que estou convencido de sua realidade concreta”
(grifo nosso). (PALHANO, 1996).

Dentro daquilo que queremos apresentar, iremos, apenas mostrar como foram
algumas dessas experiências que Crookes fez com o Sr. Home, notadamente a citada
no segundo item: execução de instrumento musical. Vejamos o que nos relata
Crookes, acerca dela.

“Minhas experiências foram feitas em minha própria casa, à noite, num amplo
espaço iluminado à luz de gás. Os aparelhos preparados com a finalidade de
constatar os movimentos do acordeão consistiam em uma gaiola, formada por dois
arcos de madeira, respectivamente de diâmetro de um pé e dez polegadas (55,86
cm) e de dois pés (60, 96 cm), reunidos por doze ripas estreitadas, cada uma de
um pé e dez polegadas de comprimento, de modo a formar a estrutura de uma
espécie de tambor aberto em cima e em baixo. Ao redor, 50 metros e fios de
cobre, isolados, que foram enrolados em 24 voltas; casa uma dessas voltas
encontrando-se a menos de uma polegada de distância uma da outra (Figura nº
08)”.

“Esses fios de metal, horizontais, foram então solidamente reatados junto com
cordas, de modo a formar malhas fechadas. A altura desta gaiola era tal que ela
podia passar sob a mesa de minha sala de jantar, mas ela estava muito próxima,
pela altura, para permitir a uma mão introduzir-se no seu interior ou a um pé
passar por baixo. Em um quarto vizinho, eu havia colocado duas pilhas de Grove,
de onde partiam filhos elétricos que conduziam à sala de jantar, para
estabelecer a comunicação, se houvesse necessidade, com aqueles que estavam
próximos da gaiola”.

O acordeão era novo, eu o havia comprado para essas experiências, em um
bazar. O Sr. Home não havia visto ou tocado o instrumento antes do começo de
nossos trabalhos…”.

“… Depois de abrir, com minhas mãos, a chave da parte baixa do instrumento,
retirou-se de sob a mesa, a gaiola, o quanto bastou para ser nela introduzida o
acordeão com as chaves voltadas para baixo. A gaiola foi depois empurrada para
debaixo da mesa, tanto quanto permitiu o braço do Sr. Home, mas sem lhe ocultar
a mão aos que estavam perto dele. Os que estavam de cada lado viram o acordeão
balançando-se de maneira curiosa; depois desprenderam-se dele alguns sons, e,
finalmente, muitas notas foram tocadas sucessivamente; meu ajudante agachou-se
sob a mesa, disse-nos que o acordeão alongava-se e encolhia-se; ao mesmo tempo
podia ser observado que a mão com a qual o Sr. Home segurava o acordeão estava
completamente imóvel e que a outra repousava sobre a mesa. Depois, os que
estavam dos dois lados do Sr. Home, viram o acordeão mover-se, oscilar, voltear
em torno da gaiola e tocar ao mesmo tempo. Então, o Dr. William Huggins olhou
para baixo da mesa e disse que a mão do Sr. Home parecia completamente imóvel
enquanto o acordeão movia-se, produzindo sons distintos”.

“O Sr. Home manteve ainda o acordeão na gaiola pelo modo mais ordinário, isto
é, com o lado das chaves voltado para baixo; os seus pés estavam seguros pelas
pessoas sentadas ao lado dele, a outra mão repousava sobre a mesa e, ainda
assim, ouvimos notas distintas e separadas, ressoando sucessivamente, e depois
uma ária simples foi tocada. Como tal resultado só podia ser produzido pelas
diferentes chaves do instrumento postas em ação de maneira harmoniosa, todos os
presentes consideraram-no decisivo. Mas o que se seguiu foi ainda mais
surpreendente; o Sr. Home afastou a mão do acordeão, retirou-a completamente da
gaiola e segurou a mão da pessoa que estava perto dele. Então, o instrumento
continuou a tocar, sem contato algum e sem mão alguma perto dele”.

“Eu quis depois experimentar que efeito produziríamos ao passar uma corrente
elétrica em torno do fio isolado da gaiola. Para esse fim, meu ajudante
estabeleceu a comunicação com fios que partiam das pilhas de Grove. De novo o
Sr. Home segurou o instrumento dentro da gaiola, do mesmo modo como já foi
descrito anteriormente, e imediatamente ele ressoou, agitando-se de um a outro
lado com vigor. Mas não me julgo autorizado a dizer se a corrente elétrica,
passando em torno da gaiola, veio em auxílio da força que se manifestava no
interior”.

“O acordeão ficou então sem nenhum contato visível com a mão do Sr. Home. Ele
retirou-a completamente do instrumento e colocou-a sobre a mesa, onde foi segura
pela mão da pessoa que se achava perto dele; todos os presentes viram bem que as
suas mãos estavam ali. Dois dos assistentes e eu percebemos, distintamente, o
acordeão flutuando no interior da gaiola, sem nenhum suporte visível. Após curto
intervalo, esse fato repetiu-se uma segunda vez”.

“Então, Home tornou a pôr a mão na gaiola e tomou de novo o acordeão que
começou a tocar, a princípio acordes e arpejos e depois uma doce e melancólica
melodia, muito conhecida, que foi executada de modo perfeito e belíssimo.
Enquanto essa ária era tocada, peguei no braço do Sr. Home, acima do cotovelo e
fiz correr levemente a minha mão, até que ela tocasse a parte superior do
acordeão. Não se movia nenhum músculo. A outra mão do Sr. Home estava sobre a
mesa, visível a todos os presentes, e seus pés conservavam-se sob os pés dos que
estavam a seu lado”.

Oportuno colocar o que Palhano diz: “Os Srs. W. Huggins e Sergente Cox, dois
notáveis investigadores científicos da Inglaterra, que auxiliaram Crookes nesses
experimentos, escreveram-lhe cartas na ocasião em que Crookes apresentou seu
relatório à apreciação deles”.

A seguir são colocadas as duas cartas, que deixamos aos interessados a
verificação direta no livro Experimentações Mediúnicas de Palhano, onde eles
confirmam as pesquisas de Crookes.

Essa experiência de Crookes, que acabamos de relatar, é irrefutável aos que
conseguem ver a sua competência como cientista e sua perspicácia no trato com o
fenômeno, buscando fugir da mínima possibilidade de ser iludido. Mas ainda
assim, aparecerão os que nunca fizeram esse tipo de experimentação para
contestar a pesquisa de Crookes, a eles a única coisa que poderemos dizer é que
contestar só por contestar não tem nenhum valor científico, se querem que os
outros dêem crédito ao que falam, sigam os caminhos que Crookes seguiu e provem
com o rigor científico onde está o erro desse sábio, já que quem pretende provar
faz juiz da prova àquele a quem dirige o seu discurso.

Experiências com a médium Florence Cook

Muitas vezes são os cientistas que correm atrás dos médiuns para fazer suas
pesquisas, entretanto no caso de Florence Cook isso não se deu dessa forma. A
própria médium é quem procurou Crookes, conforme ela mesma diz:

“O Sr. Crooks fez um comentário que me atormentou e foi por isso que me
decidi a ir procurá-lo. Ele recebeu-me e eu lhe disse:

‘Já que acreditais que sou uma impostora, se quiserdes virei submeter-me a
experimentos em vossa própria residência. Vossa esposa poderá vestir-me como
quiserdes e deixarei convosco o que tiver trazido. Podereis vigiar-me como vos
aprouver; submeter-me-ei aos experimentos que desejardes, de modo que vos
contenteis em todos os sentidos. Só imponho uma condição: se verificardes que
sou agente de uma mistificação, denunciai-me publicamente, mas, se vos
certificardes de que os fenômenos são reais e de que eu mais não sou que um
instrumento de forças invisíveis, isso direis ao público de modo que todo o
mundo tome conhecimento da verdade’”. (PALHANO, 1996).

Devemos observar que a médium Florence Cook “foi a primeira médium entre os
ingleses a obter materializações ou corporificações integrais em plena luz”,
segundo nos informa Palhano.

Vejamos o relato de Crookes sobre algumas das aparições do espírito Katie
King:

“A sessão foi realizada na casa do Sr. Luxmore, e o ‘gabinete’ era uma sala
separada da outra, onde estavam os assistentes, dividida por uma cortina.
Efetuada a inspeção da sala e feito o exame de fechaduras, a Srta. Cook entrou
no gabinete”.

Depois de algum tempo, a forma de Katie apareceu ao lado da cortina, mas
depressa se retirou, dizendo que a sua médium não estava boa e não podia ser
levada a um sono suficientemente profundo para que não houvesse perigo em
afastar-se dela. Achava-me colocado a alguns pés da cortina, atrás da qual a
Srta. Cook estava sentada, tocando-a quase, e eu podia ouvir-lhe freqüentemente
as queixas e soluços, como se ela estivesse sofrendo. Esta indisposição
continuou, por intervalos, durante quase todo o tempo da sessão, e uma vez,
enquanto a forma de Katie estava diante de mim, na sala, ouvi distintamente o
som de um gemido, idêntico aos que a Srta. Cook tinha feito ouvir, por
intervalos, em todo o tempo da sessão, gemido que vinha de trás da cortina onde
ela estava sentada”. (grifo do original)

“Confesso que a figura era surpreendente pela aparência de vida e realidade,
e, tanto quanto eu podia vez à luz um pouco indecisa, suas feições
assemelhavam-se às da Srta. Cook, entretanto, a prova positiva, dada por um dos
meus sentidos, de que o suspiro vinha da Srta. Cook, no gabinete, ao passo que a
figura estava do lado de fora, esta prova, digo, é muito forte para ser
destruída por uma simples suposição do contrário mesmo bem sustentada”. (grifo
nosso).

“No dia 12 de março (1874), durante uma sessão em minha casa, depois de ter
andado pelo meio de nós e de ter-nos falado por algum tempo, Katie retirou-se
para trás da cortina que separava o meu laboratório, (onde se achavam os
assistentes) da minha biblioteca que, temporariamente, fazia o ofício de
gabinete. Depois de um momento, ela voltou à cortina e chamou-me, dizendo:
‘Entrai no quarto e suspendei a cabeça da médium, que escorregou’. Katie estava
diante de mim, vestida com sua roupa branca habitual e trazendo seu turbante.
Imediatamente entrei na biblioteca para levantar a Srta. Cook, quando Katie deu
alguns passos de lado para deixar-me passar. Com efeito, a Srta. Cook havia
escorregado parcialmente do canapé, e sua cabeça pendia em situação muito
penosa. Tornei a pô-la sobre o canapé, e, fazendo isso, tive, apesar da
obscuridade, a viva satisfação de verificar que a Srta. Cook não trajava o
vestuário de Katie, mas trazia o costumado vestido de veludo negro e achava-se
em profunda letargia. Não se havia passado mais de três segundos entre o momento
em que acomodei a Srta. Cook sobre o canapé (tirando-a da posição em que se
achava) e voltei ao meu ponto de observação, quando Katie apareceu-me de novo e
disse que pensava poder mostrar-se-me conjuntamente com a sua médium. O gás foi
abaixado, e ela me pediu a minha lâmpada de fósforo. Depois de manifestar-se à
sua luz, durante segundos, ela restituiu-ma, dizendo: ‘Agora entrai e vinde ver
minha médium’, segui Katie de perto na biblioteca e, ao clarão da lâmpada, vi a
Srta. Cook repousada no sofá, exatamente como eu a deixara. Olhei em redor de
mim para ver Katie, porém ela desaparecera. Chamei-a e não obtive resposta”.

“Voltei ao meu lugar e Katie, reaparecendo logo, disse-me que estivera de pé
junto da Srta Cook. Perguntei-lhe se, por si própria, ela não poderia tentar uma
experiência; então, tomando das minhas mãos a lâmpada de fósforo, ela passou
para trás da cortina, recomendando-me que não olhasse por enquanto para o
gabinete. Passados alguns minutos, restituiu-me a lâmpada, dizendo-me nada ter
conseguido, pois havia esgotado todo o fluido da médium, mas que tentaria de
novo, mais tarde. Meu filho mais velho, rapaz de quatorze anos, que estava
sentado defronte de mim, em posição de poder ver atrás da cortina, disse-me que
vira distintamente a lâmpada de fósforo parecendo flutuar no espaço por cima da
Srta. Cook e iluminando-a, enquanto ela permanecia estendida imóvel no sofá, mas
que não vira ninguém segurando a lâmpada” (grifo do original).

“Passo agora para a sessão de ontem à noite em Hackney. Jamais Katie me
apareceu com tão grande perfeição; por espaço de duas horas, ela passeou pela
sala, conversando familiarmente com todos os presentes. Muitas vezes tomou meu
braço e a impressão produzida em meu espírito foi que a meu lado se achava uma
mulher viva e não uma visitante de outro mundo, essa impressão, afirmo, foi tão
forte, que se me tomou irresistível a tentação de repetir uma recente e curiosa
experiência”.

“Pensando que, se não tinha perto de mim um espírito, eu estava, pelo menos,
junto de uma senhora, pedi-lhe permissão para tomá-la em meus braços, a fim de
poder verificar as interessantes observações que um experimentador audaz tinha
feito conhecer de maneira um tanto prolixa. Essa permissão foi-me graciosamente
concedida, e utilizei-me dela- convenientemente – como o teria feito em
semelhante circunstância todo homem bem educado. O Sr. Volckman ficará encantado
sabendo que posso corroborar a sua asseveração, afirmando que o ‘fantasma’ (o
qual não empregou nenhuma resistência) era um ser tão material como a própria
Srta. Cook. Mas a continuação mostrará como um experimentador procede mal, por
mais cuidadosas que sejam as suas observações, se arriscasse a formular uma
importante conclusão quando as provas não existem em suficiente quantidade”.

“Katie disse que desta vez ela se julgava capaz de mostrar-se simultaneamente
com a Srta. Cook. Abaixei o gás, e depois, com a lâmpada de fósforo, penetrei no
quarto que servia de gabinete. Mas, antecipadamente, pedi a um de meus amigos,
hábil estenógrafo, que tomasse nota de todas as observações que ouvisse no
gabinete, porque conheço a importância que merecem as primeiras impressões, e
não queria confiar na minha memória mais do que convinha. Neste momento tenho
estas novas sob os olhos”.

“Entrei no quarto com precauções, estava escuro, e foi às apalpadelas que
procurei a Srta. Cook. Encontrei-a agachada no soalho. Ajoelhando-me, deixei o
ar penetrar na lâmpada e, à sua luz, vi essa moça vestida de veludo negro, como
ela estava no começo da sessão, e conservando toda a aparência de completa
insensibilidade. Ela não se moveu quando lhe peguei na mão, segurando a lâmpada
bem perto do seu rosto, mas continuou a respirar calmamente. Elevando a lâmpada
em torno de mim e vi Katie de pé, muito alva e flutuante, como já a tínhamos
visto durante a sessão. Prendendo nas minhas uma das mãos da Srta. Cook,
ajoelhando-se outra vez, ergui e abaixei a lâmpada, não só para iluminar a
figura de Katie, como para plenamente convencer-me de que eu estava realmente
vendo a verdadeira Katie que eu havia apertado em meus braços alguns minutos
antes, e não o fantasma de cérebro enfermo. Ela não falou, mas moveu a cabeça em
sinal de reconhecimento. Por três vezes diferentes, examinei cuidadosamente a
Srta. Cook agachada diante de mim, para certificar-me que a mão que eu segurava
era a de uma mulher viva, e, por três vezes diferentes, voltei a lâmpada para
Katie, a fim de examiná-la com firme atenção, até que não me restasse a mínima
dúvida de que ela estava ali na minha frente”.

“Antes de terminar este artigo, desejo fazer conhecer algumas das diferenças
que existem entre a Srta. Cook e Katie. A estatura de Katie é variável; em minha
casa eu a vi mais alta seis polegadas do que a Srta. Cook. Ontem à noite, com os
pés nus e andando nas pontas dos pés tinha quatro polegadas e meia mais que
Cook. Ontem à noite, Katie tinha o pescoço descoberto, a pele era perfeitamente
doce (suave) ao tato e à vista, ao passo que Cook tem no pescoço uma cicatriz
que, em semelhantes circunstâncias, se vê distintamente e é áspera ao tato. As
orelhas de Katie são furadas, enquanto que a Srta.Cook usa sempre brincos. A cor
de Katie é muito alva, ao passo que a de Cook é trigueira. Os dedos de Katie são
muito mais compridos do que os de Cook e seu rosto também é maior. Nos modos de
exprimir-se há também muitas diferenças notáveis. (veja fotos 10, 11 e depois 18
a 25)”.

(…) Vi tão bem Katie pela luz elétrica, que posso acrescentar alguns traços
às diferenças que, em artigo precedente, estabeleci entre ela e sua médium.
Tenho a certeza mais absoluta de que a Srta. Cook e Katie são duas
individualidades distintas ao menos no que diz respeito aos seus corpos.
Pequenos sinais que se encontram no rosto da Srta Cook não existem no de Katie.
Os cabelos de Cook são de castanho tão escuro que permanecem quase negros; um
cacho dos de Katie, que tenho sob os olhos e que ela me permitiu cortá-los
acompanhado com meus dedos até ao alto da cabeça e ter verificado que eles
haviam nascido ali, é de um belo castanho dourado”.(…)

“As sessões quase cotidianas com que ultimamente a Srta. Cook me favoreceu,
prejudicaram suas forças, e eu desejo manifestar publicamente os favores que
devo pela boa vontade com que me auxiliou nas minhas experiências. Ela aceitou
de boa mente submeter-se a todas as provas que lhe propus; sua palavra é franca
e vai diretamente ao alvo, e jamais vi coisa alguma que traísse a mais leve
aparência do desejo de enganar. Certamente, não creio que, se ela empregasse a
fraude, tivesse sido bem sucedida; e se ela o tentasse, seria prontamente
desmascarada, porque tal modo de proceder é inteiramente estranho à sua
natureza. E quanto a imaginar que uma inocente colegial de quinze anos tenha
sido capaz de conceber e realizar durante três anos, com todo êxito, uma
impostura tão gigantesca como essa, e que, durante esse tempo, ela se tenha
submetido a todas as condições que exigimos dela; que haja suportado as
investigações mais minuciosas; que tenha pedido para ser revistada a qualquer
momento, quer antes, quer depois das sessões; que tenha obtido ainda mais êxitos
em minha própria casa do que na de seus pais, sabendo que aí veio expressamente
para submeter-se a rigorosas provas científicas; quanto a imaginar, digo, que
Katie King dos três últimos anos é o resultado de uma impostura, isso faz mais
violência à razão e ao bom senso do que acreditar que ela seja o que ela própria
afirma”.

(…) “Eu não disse que esses fatos eram possíveis, o que afirmei é que são
verdadeiros”.

Além disso, Crookes tirou várias fotografias de Katie King, quando das
materializações.

Quem irá se aventurar a provar que William Crookes cometeu alguma falha em
suas experiências?

Conclusão

Infelizmente o grande público não sabe absolutamente nada sobre as inúmeras
experiências científicas que provam a sobrevivência da alma, como essas que
acabamos de narrar. Por isso fica fácil para alguns usar de certo prestígio que
sua função de religioso traz, para pregar que tudo não passa de produto do
inconsciente, só que nunca se propôs a provar, diante das câmaras de TV, como é
de seu gosto, essa tese. E aqui podemos fazer um desafio a esse pseudocientista,
aos seus discípulos e a todos que pensam como ele, que façam uma contraprova a
tudo quanto temos que comprova a sobrevivência do espírito.

No caso do religioso televisivo seria interessante que percebesse que quando
lança lama nos outros acaba por se enlamear também. Sua pregação em dizer que os
“mortos” não se comunicam o leva a deixar em situação vexatória o livro em que,
segundo acredita, está escrita a palavra de Deus. Como? É simples: já que diz do
absurdo de Deus proibir a comunicação com os mortos, apesar dela não existir. A
proibição que usam contra nós é o maior atestado que ela pode existir, não é
mesmo?

Por outro lado, os que comungam de sua crença religiosa ficam fazendo um
rosário de pedido aos santos, eles atendem, inclusive muitos foram declarados
santos por ter atendido a algum pedido, os fiéis agradecem-lhes pagando a
promessa feita. O que fazem na verdade senão pedir aos santos, todos já mortos,
para intercederem por eles junto a Deus a fim de obter uma graça particular, se
isso não for também uma comunicação com os mortos o que será então? Devemos
mudar no dicionário o conceito de comunicação? Ou ficaremos com a hipótese da
incoerência deles? Ficamos com essa última.

Foi noticiado há tempos atrás uma manifestação espiritual acontecida dentro
de uma igreja católica. Determinado casal celebrando sua bodas de prata
participa de uma missa, cujo acontecimento foi gravado em fita de vídeo-cassete.
Certo tempo depois, familiares observando bem essa fita, perceberam, que bem ao
fundo da igreja, dois jovens saindo do lado direito em direção ao lado oposto.

Um deles foi identificado como sendo um neto do casal que já havia falecido,
justamente o que se ajoelha ao chegar ao lado esquerdo. A opinião desse
pseudocientista: fruto do inconsciente; algum familiar deveria estar pensando no
jovem aí conseguiu imprimir na fita sua presença. Faremos uma pergunta: o jovem
não identificado saiu do inconsciente de outra pessoa? Como não apresentou uma
prova científica da sua tese de que as imagens dos dois jovens em movimento
tenham saído do inconsciente de alguém, pediremos que, mesmo tardiamente, a
apresente ao grande público indo a uma emissora de TV e fizesse, pessoalmente ou
por outra pessoa, de igual modo ao que sustenta ter acontecido. Seria uma ótima
oportunidade da emissora também provar que não está literalmente caindo “no
conto do vigário”.

Sabemos ser possível uma pessoa impressionar uma chapa fotográfica com
imagens que mentaliza, fato até comprovado cientificamente, mas até agora
ninguém fez nenhuma experimentação idêntica com uma fita de vídeo. Pressupomos
que para o caso de alguém conseguir fazê-lo, teria que mentalizar inúmeras
imagens, num período curtíssimo, de tal forma que pudesse dar movimento a essa
imagem. Nas fotos, por ser uma imagem parada, isso não deve ser muito difícil
para quem possui esse “dom”. A concentração necessária para o fenômeno é
conseguida, apesar de exigir determinado período de tempo para atingi-la, mas
colocar em movimento, inclusive, em detalhes mínimos, já que o jovem
identificado até mesmo consertou os óculos que estava usando (é no mundo
espiritual existem coisas desse tipo), deverá requerer uma concentração muito
mais aguçada e o tempo, com certeza, não seria suficiente para tantas imagens
desses dois jovens de modo a acompanhar a gravação no exato momento do
acontecimento. Deixemos a ele o direito de resposta, não com argumentos, mas com
prova incontestável diante da TV, para milhares de pessoas assistirem e assim
podermos acabar de vez com essa insana perseguição, pois daí “se tenho razão, os
outros acabarão por pensar como eu, se estou errado, acabarei por pensar como os
outros” (Kardec).

E, para finalizar, trazemos importante consideração de Crooks. Diz esse
sábio:

“… é dever do investigador abster-se de todo o sistema de teorias, até que
ele tenha reunido um número de fatos suficientes para formar uma base sólida
sobre a qual ele possa raciocinar… É preciso banir completamente as idéias
românticas e as supersticiosas; os passos do investigador devem ser guiados por
uma razão tão fria e desapaixonada quanto os instrumentos dos quais ele se vale
para o seu trabalho”.

Referência Bibliográfica

  • PALHANO Jr., L. Experimentações Mediúnicas, Rio de Janeiro: CELD, 1996
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