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Reencarnação e Redenção

José Reis Chaves

Alguns líderes religiosos ensinam que a reencarnação anula a redenção de Jesus. Mas o que nos salva de fato é a vivência do seu Evangelho, ou Ele teria perdido o seu tempo em trazê-lo para nós? E a morte de Jesus na cruz foi uma conseqüência pecaminosa disso, e não uma exigência de Deus para a nossa salvação, pois um pecado não anula outro pecado, Deus não pode pecar, e não se acalma, não se deleita e não suspira fundo com o sangue de animais derramado, e muito menos com o sangue humano! Lutero afirmou que a salvação não depende de nós, o contrário de Pelágio e Sto Agostinho. Por vir de Deus, a graça da redenção é infinita. “Onde abundou o pecado, superabundou a graça.” Mas justamente por ser infinita, essa graça permite que nós, por nosso próprio livre arbítrio, busquemos a nossa auto-redenção. Daí a célebre frase que Sto Agostinho disse ter ouvido de Deus: “Agostinho, eu te criei sem ti, mas não posso te salvar sem ti”. E disse o Nazareno: “Ninguém deixará de pagar até o último centavo”. Quem paga, pois, os nossos pecados somos nós mesmos, do primeiro ao último centavo!

Já a eternidade, de acordo com a sua etimologia grega: “aionios”, não significa um tempo sem fim, mas longo e indefinido. E há várias eternidades segundo a Bíblia, o que nos mostra que cada uma delas é de fato limitada. Além disso, como vimos, se devemos pagar até o último centavo, quitada a nossa dívida, seria injustiça continuarmos pagando o que não mais devemos! E isso confere com Isaias (57,16): “Pois não contenderei para sempre, nem me indignarei continuamente; porque, do contrário, o espírito definharia diante de mim, e o fôlego da vida que eu criei”. É indefinida uma eternidade, porque vai depender do livre-arbítrio do espírito a sua regeneração. É como no princípio da Parábola do Filho Pródigo, que deu cabeçadas até que “entrou em si”, ou seja, até que despertou para o Reino dos Céus por si mesmo. E “Jesus pregou aos espíritos em prisão” (1 Pe 3,19), o que nos demonstra que a redenção continua acontecendo também depois da morte do corpo. A redenção é, pois, incondicional, mesmo que demore milênios, já que o Pai não nos limitará as chances para ela acontecer. A crença na reencarnação está, portanto, de pleno acordo com a redenção. E por oportuno, lembremos-nos aqui de que a reencarnação é a mais antiga e a mais universal doutrina do mundo, com 4.200.000.000 de adeptos, no ano de 2000 (Universidade de Oxford), além de ela contar, hoje, com o apoio de vários segmentos científicos.

Que me perdoem, pois, certas religiões, mas o que, na verdade, anula ou condiciona a redenção, não é a crença na reencarnação, mas a necessidade de rituais pagos, que fazem da nossa salvação um comércio!

Autor de “A Face Oculta das Religiões” (Ed. Martin Claret). E-mail: escritorchaves@ig.com.br