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Reencarnação na Bíblia

O escritor José Reis Chaves, em seu livro “A Reencarnação Segundo a Bíblia e
a Ciência” consegue, com grande clareza, provar que a reencarnação consta da Bíblia.
No capítulo 3 – Através da Bíblia, diz:

“Há muitas pessoas que afirmam convictamente que a reencarnação não está na
Bíblia. O autor deste livro também foi uma pessoa que pensava assim. Mas ela está
lá, só que de um modo oculto, esotérico ou velado, sobre o que já falamos numa outra
parte anterior deste livro”.

“Quando Jesus disse que examinássemos as Escrituras, Ele quis dizer que nos
aprofundássemos no estudo da Bíblia, para que pudéssemos compreender a sua mensagem”.

“Portanto, não basta que nos informemos do conteúdo da Bíblia. É necessário que
façamos um estudo profundo do seu conteúdo. E isso tem de ser feito por quem tenha
estrutura para tal, ou seja, tenha um bom nível de instrução, seja inteligente e
tenha dom para isso. É, pois, engano pensar que só um bispo, padre ou pastor sejam
pessoas que entendam a fundo de Bíblia, embora encontremos entre eles grandes sumidades
no assunto. Esses indivíduos, geralmente, pensam de maneira diferente da maioria
dos padres e pastores sobre alguns textos bíblicos, embora, às vezes, sejam discretos
em seus conhecimentos, pois têm de prestar obediência à hierarquia de suas igrejas.
A nossa opinião é a de que o indivíduo só pode conhecer as Escrituras Sagradas,
tendo liberdade de raciocínio e oportunidade, inclusive de comparar os textos bíblicos
com os de outros livros sagrados de outras religiões, pois arquétipos junguianos
estão, também, presentes nas literaturas de todas as escrituras sagradas, e não
só da Bíblia”.

Iniciamos colocando a fala de José Reis Chaves por ser ele católico, para não
dizerem que nós, os espíritas, estejamos distorcendo os fatos a nosso favor.

Recomendamos, inclusive, seu livro a todos que sinceramente buscam conhecer a
verdade, principalmente aos que seguem: “Examinai tudo, conservai o que é bom”
(1 Tes. 5, 21).

Neste livro encontramos várias passagens bíblicas, analisadas, pelo autor, sobre
a reencarnação, nós iremos nos concentrar apenas em algumas que podemos encontrar
no Novo Testamento.

Em Mateus 16, 13-14, temos: “Tendo chegado à região de Cesáreia de Felipe,
Jesus perguntou aos discípulos: “Quem dizem por aí as pessoas que é o Filho do homem?”
Responderam: “Umas dizem que é João Batista; outras, que é Elias; outras, enfim,
que é Jeremias ou algum dos profetas”.

Veja bem, se o povo pensava que Jesus poderia ser João Batista, Elias,
Jeremias ou algum dos profetas é porque acreditavam que alguém que já havia morrido
pudesse voltar como outra pessoa, razão da resposta. Entretanto, não tinham noção
como isso poderia acontecer. Sendo João Batista contemporâneo de Jesus, não haveria
a menor possibilidade d’Ele ser João Batista reencarnado. É a única ressalva que
poderemos fazer a esse texto.

Outra passagem que podemos citar é a de João 3, 1-8, entretanto essa talvez seja
a mais polêmica, porquanto as várias traduções e interpretações da Bíblia são divergentes
quanto ao termo “nascer de novo”. Mas, mesmo assim a citaremos:

“Havia entre os fariseus um, chamado Nicodemos, dos mais importantes entre
os judeus. Ele foi encontrar-se com Jesus à noite e lhe disse: “Rabi, bem sabemos
que és um Mestre enviado por Deus, pois ninguém seria capaz de fazer os sinais que
tu fazes, se Deus não estivesse com ele. Jesus respondeu: “Eu te afirmo e esta é
a verdade; ninguém verá o reino de Deus se não nascer de novo”. Disse-lhe, Nicodemos:
“Como pode nascer um homem já velho? Porventura poderá entrar de novo no seio de
sua mãe e nascer?” Jesus respondeu: “Eu vos afirmo e esta é a verdade: se alguém
não nascer da água e do Espírito, não poderá entrar no Reino de Deus. O que nasce
da carne e carne. O que nasce do Espírito é espírito! Não te admires do que eu disse:
é necessário para vós nascer de novo. O vento sopra para onde quer e ouves a sua
voz, mas não sabes donde vem, nem aonde vai. Assim é quem nasce do Espírito”.

O que se pode deduzir do texto é que Nicodemos entendeu perfeitamente que era
sobre nascer de novo, que Jesus estava falando, sua dúvida ficou apenas como isso
poderia ocorrer.

Querem alguns que o nascer da água seja o batismo. Se for por que, então Jesus
reafirma: O que nasce da carne é carne; o que nasce do Espírito é espírito. Perfeitamente
coerente com o sentido de nascer da água, pois seu significado, à época, era de
ser a origem da matéria. Vemos que toda a vida material, dela depende, e, especificamente
nós os humanos, além de sermos mais água que carne, ficamos nove meses “dentro d’água”
antes de nascermos de novo.

E, como afirmamos anteriormente, esta passagem é causa de longos e polêmicos
debates.

Entretanto, encontraremos em Mateus (17, 10-13) a reencarnação de forma bem mais
clara, senão vejamos: “Os discípulos lhe perguntaram: “Por que dizem os escribas,
que Elias deve vir antes?” Respondeu-lhes: “Elias há de vir para restabelecer todas
as coisas. Mas eu vos digo que Elias já veio e não o reconheceram, mas fizeram com
ele o que quiseram.Do mesmo modo, também o filho do homem está para sofrer da parte
deles. Então, os discípulos compreenderam que Jesus lhes tinha falado a respeito
de João Batista”.

Por que Elias não foi reconhecido? Porque agora animava outro corpo. Simples
não?

Mas poderiam objetar: Jesus não afirmou que João Batista era Elias. Foram seus
discípulos que pensaram assim. Certo! Mas em várias oportunidades Jesus demonstrou
conhecer o pensamento das pessoas, por isso, se não disse nada em contrário é porque
sancionava o que os discípulos estavam pensando.

As dúvidas poderão ser dissipadas nesta outra narrativa. Vejamos Mateus 11, 14-15:
“E, se quiserdes compreendê-los, João é o Elias que estava para vir. Quem tem
ouvidos, que escute bem”.
Essa última frase deve ter sido dita por Jesus por
que sabia que muitos não iriam aceitar o princípio da reencarnação, mas reafirmamos:
quem quiser ouvir que ouça!

É sempre colocada a passagem de Hebreus 9, 27 como contrária à reencarnação,
que diz: “Como está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida
vem o juízo, assim o Cristo se ofereceu uma só vez para tomar sobre si os pecados
da multidão, e aparecerá uma segunda vez, não, porém, em razão do pecado, mas para
trazer a salvação àqueles que o esperam”.

No texto não há nenhuma afirmativa contra a reencarnação. O que foi dito é o
que acontece realmente, pois no presente corpo, em que o espírito nele habita, morrerá
só uma vez, não temos nenhuma dúvida disso. Isso é válido para todas as vezes que
ele (espírito) se reencarnar, ou seja, para cada reencarnação: somente uma morte.

Paulo da Silva Neto Sobrinho

Setembro/2001.