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Reuniões Públicas

A prece não é um ato de ritual, mas sim uma elevação colectiva de
sentimentos, visando como que criar uma predisposição para se absorver o
conteúdo edificante da exposição oral, bem como para cortar com a tensão de um
dia de trabalho tantas vezes desgastante e facilitar a distribuição de auxílio
fluídico ou energético ministrado pelos espíritos benfeitores. Assim, urge criar
condições para receber, caso contrário não conseguimos absorver a ajuda
espiritual.

Por seu lado, a palestra não se destina a ser um espaço de lucubrações
pessoalistas do palestrante, mas uma mostra o mais didática possível da
mensagem espírita, estruturada na simplicidade, na clareza doutrinária e no bom
senso, sem esquecer a simbiose entre o tríplice aspecto da doutrina: ética,
filosofia e ciência.

Há quem defenda que a palestra espírita deve ser apenas e tão-somente uma
manifestação de oratória — fala-se de orador, uma figura formal que deve
encantar pela dicção, pela retórica, pelo apelo emocional.

Nós diríamos que foi assim no princípio e em meados do presente século. Hoje,
comunicação é algo que deve ter como objectivo principal não o encantamento de
audiências, mas sim o passar uma mensagem nas condições ideais, ou seja, sem
ruído.

No centro espírita, as entoações exageradas ao longo da palestra ou
gesticulações excessivas podem levar ao ridículo, sobretudo quando se pretende
copiar eminentes oradores.

Na palestra espírita, há uma mensagem simples e viva, a ser comunicada com
tranquilidade e afeto durante, no máximo, 30 minutos. Exposição oral com
conteúdo lógico e confortador, baseado em factos, acessível à linguagem mais
comum. E por que não com o humor próprio, entre outros recursos didáticos
adequados ao momento, que são os condimentos necessários para que a mensagem se
torne acessível e útil com o vigor da razão.

Depois, podem seguir-se as vibrações, que são como que uma prece um pouco
mais longa (sete a dez minutos no máximo), em que bons sentimentos, quais
energias felizes emitidas em direção a quem sofre, são endereçados a diversos
necessitados.

O chamado passe-magnético que quase sempre se segue era longo assunto para
nos ocupar, mas deixaremos isso para outra oportunidade. Mantém-se a isenção de
gestualidade exagerada ou de ruídos e toques – lida-se mentalmente com energias
que circulam em cada individualidade e para isso não há qualquer vantagem em
tocar em quem recebe essa fluidoterapia. Para mais facilmente o definirmos,
diríamos que ele pode ser uma transfusão de energias espirituais.

Certo é que há toda a conveniência no centro espírita de haver periódicas
reciclagens e reflexões úteis sobre a especialidade destes trabalhos fraternos,
por muito boa que tenha sido a formação inicial. Aprender mais para servir
melhor, aproximar para dar mais espaço à fraternidade operante vincula todo o
espírita sincero, que não teme trabalhar dentro do que lhe é possível para ser
mais útil.