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Sábia Recomendação

Sábia Recomendação

Os possíveis ataques desferidos contra o Espiritismo devem ser motivo de alegria para os espíritas. Isto prova sua importância e a verdade de seus princípios. Se fossem idéias efêmeras, sem consistência, não chamariam tanto a atenção. O julgamento da opinião pública colocará tudo em seu lugar no devido tempo.

Outra coisa, porém, são os problemas internos do próprio Movimento. Existe uma manobra surda – urdida nas sombras –, tentando desacreditar o Espiritismo e isto através dos próprios espíritas. Semeando a divisão, lançando pontos de discórdia, ameaçam com a dúvida e provocam o desânimo em muita gente, com resultados de desentendimentos. E não são os adversários que isto provocam, mas os falsos-irmãos*.

Kardec aborda o assunto com muita propriedade com o título Nova Tática dos Adversários do Espiritismo, publicado na Revista Espírita de Junho de 1865(1). A lucidez e atualidade do texto estimulam-nos a algumas transcrições, recomendando ao leitor, entretanto, sua leitura e divulgação. Acompanhemos:
a. “(…) O Espiritismo, cujos princípios tem tantos pontos de semelhança com os do Cristianismo, também deve ter os seus Judas, para que tenha a glória de sair vitorioso dessa nova prova. (…) Quem quer que ponha o seu ponto de vista fora da estreita esfera do presente não mais é perturbado por mesquinhas intrigas que se agitam em seu redor. É o que nos esforçamos para fazer, e é o que aconselhamos aos que querem ter paz da alma neste mundo (O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo II, número 5). (…)”
b. “(…) O Espiritismo, repetimo-lo, ainda tem que passar por duras provas e é aí que Deus reconhecerá seus verdadeiros servidores pela coragem, firmeza e perseverança. Os que fossem abalados pelo medo ou por uma decepção são como esses soldados, que só tem coragem nos tempos de paz e fogem do primeiro tiro. A maior prova não será, entretanto, a perseguição, mas o conflito das idéias, que será suscitado e com cujo auxílio esperam romper a falange dos adeptos e a empolgante unidade que se faz na Doutrina(2). Esse conflito, posto que provocado com má intenção, venha de homens ou de maus espíritos, é, contudo, necessário e deve trazer uma perturbação momentânea nalgumas consciências fracas. (…)”
c. “(…) O Espiritismo marcha a despeito de seus adversários numerosos que, não tendo podido tomá-lo pela força, tentam tomá-lo pela astúcia; eles se insinuam por toda parte, sob todas as máscaras e até nas reuniões íntimas (…) Comprometer o Espiritismo e torná-lo ridículo, tal é a tática com cujo auxílio esperam desacreditá-lo a princípio, para mais tarde ter um pretexto para fazer interditar, se possível, o seu exercício público. É a cilada contra a qual é preciso manter-se em guarda (…) O meio de evitar essas maquinações é seguir o mais exatamente possível a linha de conduta traçada pela Doutrina; sua moral, que é a sua parte essencial, é inatacável. (…)”
d. “(…) Os períodos de transição são sempre difíceis de passar. O Espiritismo está nesse período; atravessa-o com tanto menos dificuldade quanto mais os seus adeptos forem prudentes. Estamos em guerra; lá está o inimigo que espia, prestes a explorar o menor passo em falso em seu proveito e prestes a fazer meter o pé na lama, se o puder. (…)”

Ora, pensemos bem. Que guerras são essas, se analisadas atualmente? Os ataques desferidos por outras religiões e normalmente veiculados pela TV nada significam, pois a opinião pública tem julgamento diferente sobre a Doutrina Espírita e seu movimento. Verdadeiramente esses duelos estão na divisão pelo ciúme ou inveja entre os espíritas, nas brigas pela imprensa, no descuido da imposição de idéias ou na tola pretensão de destaques que a nada levam. Dirigentes ou trabalhadores, expositores ou articulistas, quando nos perdemos na vaidade ou na defesa férrea de pontos de vista – esquecendo a liberdade e respeito que todos merecem desfrutar – alistamo-nos nas fileiras dos Judas, referido por Kardec, conforme acima transcrito.

Temos uma causa por lutar: primeiro pela melhora íntima, individual; depois, pela divulgação e unidade do Movimento. Porque perder-se tempo na fiscalização do trabalho alheio?

Orson Peter Carrara

*Expressão usada por Kardec, que publicou o artigo Falsos Irmãos e Amigos Ineptos na Revista Espírita, de março de 1863 (ano VI, volume 3, Editora Edicel, tradução de Júlio Abreu Filho).
1. Ano VIII, volume 6, Edição Edicel, tradução de Júlio Abreu Filho
2. Grifos nossos.

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