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Sacrifício

Sacrifício

A religião judaica oferecia sacrifícios a Jeová, podendo ser a imolação de
animais ou frutos da terra. Quando Jeová se irava contra o povo escolhido por
ele, devido as suas desobediências e os seus pecados, especialmente de seus
reis, enviava castigos, que poderia ser desde uma estiagem prolongada de chuvas,
pestes, ou a derrota e conseqüente submissão a um exército estrangeiro. Não
raro, sacrificava-se um bode para aplacar a ira divina, daí a expressão, bode
expiatório.

Abordamos este assunto porque recebemos, com o nosso endereço, uma revista
evangélica, um número especial de combate ao Espiritismo. A revista ataca a
reencarnação, argumentando que, com ela, transferimos a dívida para uma outra
vida, mas continuamos devedores, e no Evangelismo, a dívida foi para os ombros
de Jesus Cristo, o cordeiro de Deus, imolado na cruz, como o grande e último
sacrifício.

O que eles querem dizer é que, nossos erros vão pesar nos ombros de Jesus,
desde que nos arrependamos e o aceitemos como Salvador. Afirmam, ainda, que o
Espiritismo não é Cristão, porque contraria todos os postulados do Cristianismo.

Aproveitamos o tema apenas para examinar e reforçar os conceitos espíritas de
salvação, castigos eternos, arrependimento e reparação, assim como reencarnação
e Cristianismo. Comecemos pela reencarnação: os teólogos católicos e
protestantes não podem ignorar que o cristianismo primitivo foi inteiramente
pneumático, isto é, mediúnico, porque falamos de pneuma, (espírito), e também
reencarnacionista, e que a reencarnação foi abolida pela igreja através de um
concílio, mais ou menos na metade do primeiro milênio depois do Cristo.

Eles não podem negar, também, que Jesus de Nazaré afirmou: Elias já veio e
eles não o reconheceram. Os discípulos compreenderam que o Mestre falava de João
Batista. Não vamos citar Nicodemus porque está sujeito a interpretação, como o
renascer pela água do batismo. Além disso, se podemos transferir nossos erros
para os ombros de Jesus, sem repará-los, suas palavras, “quem vive pela espada
morrerá pela espada” não teria efeito. Anularia, também, a afirmativa de Paulo,
apóstolo que eles tanto apreciam, que disse: “Daquilo mesmo que o homem semear,
ceifará”. Salvação, para nós, tem o significado de iluminação, transformação.

O Pastor afirmou: a reencarnação transfere o devedor de cadeia em cadeia
neste e em outros mundos. A salvação retira o devedor da cadeia antes que ele
morra.

O Espiritismo afirma que o arrependimento é o primeiro passo, mas é preciso
haver a reparação. Passar nossas dívidas para os ombros de outro, mesmo que este
outro seja o Cristo, é muito cômodo.

O Espiritismo afirma que não existem castigos ou prêmios eternos, mas sim, um
esforço contínuo de evolução. A Doutrina Espírita não é uma seita cristã, mas
baseia-se nos ensinamentos de Jesus, o Cristo. Allan Kardec afirmou que o
Cristianismo, tal qual saiu da boca do Cristo, é imbatível.

Entretanto, não nos preocupa a publicação contra a reencarnação, porque um
dia os pastores morrerão, e saberão que a reencarnação existe, porque terão que
reencarnar.