Tamanho
do Texto

Sobre o Emprego da Luz Vermelha em Sessões de Desobsessão – II

Sobre o Emprego da Luz Vermelha em Sessões de Desobsessão – II

(Referente ao texto de mesmo título publicado no Boletim 296)

Em relação aa pergunta do Valdir e ao comentário do José Cid, vide Boletim 296,
comento brevemente esse ponto tão controverso em geral:

1. O medico em um hospital de campanha na frente de batalha não é capaz de realizar
as mesmas curas que em um hospital bem equipado e higiênico, embora despenda muito
mais esforço. O hospital bem equipado é um fator externo imprescindível. A própria
Terra é um fator externo imprescindível ao nosso aprendizado. A Natureza nos ensina
que vivemos em função de fatores externos, como a Primeira Lei da Termodinâmica,
a Lei da Gravitação, etc. Dizer que o médium não deve depender de fatores externos
é uma opinião pessoal que não possui base na Natureza e que deveria o quanto antes
ser eliminada como peca de tropeço de muitos médiuns bons mas que não conseguem
trabalhar bem mediunicamente quando o companheiro ao lado não toma banho, usa perfumes
fortes, fala alto ou usa palavras grosseiras.

2. O próprio Allan Kardec nos ilustra no Livro dos Médiuns, com o episodio da
tabaqueira e suas reflexões a respeito, a importância que elementos “materiais”
têem como parte de um canal de comunicação e identificação. Nesse ponto, até mesmo
o estilo de escrita de um determinado espírito pode ser entendido como sendo algo
“material” e, no entanto, parte imprescindível do processo de identificação – como
Kardec (ibid) também explica. A questão das “mesas falantes” é outro episodio no
qual Kardec (ibid) explica a utilidade de objetos inanimados no processo de comunicação
espiritual.

3. Conforme o brilhante trabalho do matemático alemão Frege em 1910, símbolos
são apenas referencias (Bedeutung) e não é possível se deduzir significado (Sinn)
a partir de símbolos. Assim, a aparentemente intuitiva teoria referencial do significado
está errada e (referencia, significado) são variáveis independentes para um determinado
referente. Por exemplo, se eu digo que enviarei um “Gift” ao leitor, o que significa
isso? Qual o significado do símbolo “Gift” em sua referencia ASCII nesta mensagem?
Impossível dizer – por exemplo, em Inglês é “presente” ao passo que em Alemão é
“veneno”. Da mesma forma nos ensina Kardec: todo o mundo físico e todas as coisas
são um símbolo, uma referencia, e não possuem significado espiritual por si mesmos
– o significado espiritual não é dedutível da referencia material. O que conduz
ao significado espiritual é o pensamento com confiança – onde confiança é conhecimento
qualificado em sua aplicabilidade a um objetivo, por exemplo fé em Deus.

4. Passes não devem ser realmente dados sob sol forte ou iluminação forte. A
ciência já comprovou a ação da iluminação sob a glândula pineal, no sentido de reduzir
a sua atividade. Sendo a glândula pineal uma parte importante do processo mediúnico
então é de boa lógica realizar trabalhos mediúnicos em situações favoráveis.

5. Mais ainda, sabemos que as pessoas obtêm mais ou menos do passe em função
de sua própria receptividade e é em geral mais fácil meditar e orar em ambientes
calmos e de pouca iluminação, sem cheiros fortes e sem movimentação. A isso a ciência
correlaciona com o principio de “saturação neurológica”.

6. A gesticulação natural e induzida pelo guia espiritual tem funções múltiplas,
a nível físico, mental e espiritual. Ativa a circulação do médium e a sua irrigação
local, conduz a uma concentração mental sobre o intercambio energético que utiliza
as mãos como transceptor e atua espiritualmente por conduzir a uma retirada de miasmas
ou a uma adição de fluidos por ação do perispírito dinamizado.

7. No caso da pergunta do Valdir e de acordo com minha opinião, que pode estar
correta ou não, a luz vermelha atua como principio homeopático na recomendação de
André Luiz e representa o veneno que cura em doses homeopáticas ao induzir a chamada
“reação homeopática” e que parece um aumento da disfunção mas que é na verdade uma
reação de cura. Assim, a luz vermelha em trabalhos de desobsessão, de intensidade
fraca, faz com que os pacientes espirituais se sintam mais “aa vontade” e se mostrem
como são – o que permite sua doutrinação. Nos ensina Kardec (ibid) que o mais difícil
é o dialogo com entidades que dissimulam suas intenções. A luz vermelha fraca torna
mais difícil a dissimulação para aqueles que vibram em seu potencial. Temos que
ir além do símbolo se queremos entender o significado espiritual da recomendação
de André Luiz.

8. Em trabalhos de cura, recomenda André Luiz a luz azul e em trabalhos de estudo
ou de refazimento a luz verde clara.

9. Através das palavras, cores, perfumes, sons, mentalizações e até da presença
espiritual estamos sempre usando símbolos – onde nenhum é mais significativo que
outro como nos ensina Frege. Todos são referencias mas, não foi a presença diária
de Jesus que fez Judas Iscariotes se espiritualizar e nem foi a presença diária
de seu pai físico que fez Francisco de Assis se interessar por bens materiais.

Concordo assim com aqueles, inclusive o Cid, que pensam que um símbolo não é
melhor nem pior que outro, menos ou mais necessário. Porem, Deus nos ensina com
a Criação que os símbolos são necessários para nós e que deles devemos dispor para
auxiliar o nosso progresso e o de outros aa nossa volta. Esse é o papel do hospital
para o medico, do centro espírita para o médium e das condições ambientes no trabalho
de desobsessão. Necessários para auxiliar os fins inteligentes do trabalhador.

Para Deus, porem, nada disso é necessário – pois Deus está além da referencia
e além do significado. Nada que possamos sequer imaginar pode referir a Deus, nem
mesmo toda a Criação. Porem Ele nos deu o exemplo ao nos educar em um Universo de
forma ele nos mostra algo talvez mais elevado, que é o uso elevado da forma como
meio de evolução. Assim, o exemplo de André Luiz.

Um abraço,

Edgardo Gerck


Comentário

Paulo Wollmer

(Referente ao texto de mesmo título publicado no Boletim 296)

Ao Valdir Gonçalves, quero comentar o seguinte :

1-Nas reuniões de desobsessão realizadas na casa espírita onde colaboramos também
surgiu o questionamento sobre a utilização da luz vermelha conforme está no livro
Desobsessão, ditado por André Luiz. Curioso é que alguém de fora do grupo, que uma
vez foi tomar um passe antes da reunião levantou essa questão.

2-O dirigente do grupo, pessoa de elevado senso de responsabilidade, relembrando
como o grupo iniciou os estudos ( estudo das obras Desobsessão supra citada, Dialogando
com as Sombras, de Hermínio C. Miranda e Obsessão/Desobsessão. de Suely Caldas Schubert),
colocou o assunto em discussão por alguns membros do depto. de doutrina do centro.

3-Para encurtar o caso, não se encontrou algo lógico que justificasse a luz vermelha.
Tomou-se então a decisão de colocar isso aos mentores espirituais, pois não se deseja
de forma alguma dificultar o abnegado trabalho destes irmãos da espiritualidade.
A resposta foi que não atrapalharia esta ou aquela luz, desde que o grupo estivesse
confortável a respeito disso. A partir dai passou-se a utilizar uma luz normal,
de pouca intensidade. Tudo continua a transcorrer normalmente.

Cabe aqui, na minha opinião que devemos sim questionar o que foi colocado por
um espírito, mesmo que este seja o André Luiz, esta recomendação é básica de Allan
Kardec. Aliás, com a pergunta do irmão Valdir já há uma preocupação com a informação
e também em fazer o correto, o que é muito bom para o grupo do qual ele faz parte.
Aproveito para enviar ao grupo e especialmente ao Valdir as mais sinceras vibrações
de paz, rogando ao Mestre Jesus o envolvimento de todo o grupo nas tarefas de muita
responsabilidade que assumiram.

Um forte abraço a todos.

Paulo Wollmer

(Publicado no Boletim GEAE Número 297 de 16 de junho de 1998)