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Trabalhando a sensibilidade

Trabalhando a sensibilidade

Será possível um Espírito Superior que não se emocione com a beleza de um pôr
de sol, com o sorriso de uma criança, com a mão trêmula de um velho operoso, com
uma música de encantadora melodia, com a beleza de uma poesia otimista e
construtiva, com as palavras de uma sentida oração, com uma obra de rara beleza
retratada numa tela de pintura, com o rosto coberto de suor de um trabalhador
anônimo, com a agilidade das mãos de um cirurgião salvando uma vida, com as boas
lições de um verdadeiro professor, com o abrigo e o sustento que a natureza
propicia, com o gesto de quem socorre o seu próximo, diante de um coração
sensibilizado pelo bem, que pronuncia frases de soerguimento do ânimo, da
esperança e da fé?

Haverá possibilidade de um coração comum de dentre os homens destacar-se dos
demais, pelas conquistas da chamada elevação espiritual, sem antes ter se
conscientizado e se sensibilizado com a verdadeira razão de viver, a ponto de
encontrar Jesus nos irmãos de toda parte?

Não e não, responderíamos nós rapidamente.

Então, alma amiga, na qualidade de aprendiz da Vida Maior, como vai a sua
sensibilidade para com a vida e os seres viventes?

Consegue ver encanto no pôr do sol e enxergar no sorriso da criança o encanto
de um novo e ensolarado dia que vai raiando para a humanidade? Tem estado ao
lado do seu filho para enxergar-lhe o sorriso provocado pelo seu afeto, pelo seu
estímulo carinhoso, pela sua palavra de conforto e orientação?

Consegue enternecer-se com a respeitosa idade dos seus progenitores, qual
música de grande enlevo espiritual que apresente seus últimos acordes num
gran finale
? Tem estado ao lado dos seus pais como alguém que ali se
apresenta como amigo que apoia e sustenta, fazendo das suas mãos as substitutas
na continuidade das boas obras começadas pelas mãos que ora tremulam pelo peso
da idade, a fim de que eles possam contar com você a qualquer hora?

Consegue alcançar a beleza de uma poesia em forma de oração, que busca rimar
com os ensinos de Jesus em todos os versos? Na prática, tem estado presente e
ativo no templo de orações da sua religião, fazendo do seu trabalho e do seu
exemplo, ali, estrofes de um significativo hino de louvor a Deus?

Consegue identificar no suor do trabalhador os reflexos de luz, que conseguem
iluminar os mais escondidos cantos de uma bela e resplandecente tela de pintura?
Tem estado vinculado ao seu labor diário como sendo este uma fonte de bênçãos,
não só pelo pão que permite, mas como alimento que sacia a alma, de maneira que
as energias que despende em nome dos compromissos cotidianos sejam-lhe qual
combustível que impulsione o seu entusiasmo pelo aperfeiçoamento constante, como
pessoa, como profissional, com cidadão, como membro de uma família?

Consegue ver na adestrada mão de um cirurgião o resultado do trabalho do
professor incansável? Tem estado atento na identificação e no aproveitamento das
sublimes lições que a vida lhe proporciona ininterruptamente, a fim de
adestrar-se na senda do bem, no mínimo em retribuição ao empenho do Mestre
Nazareno por nós?

Consegue bem reconhecer, colher e agradecer o socorro que a natureza
oferece-lhe todos os dias com a noite e com o dia, com o ar e com a água? Tem
estado ao lado dos que mais necessitem, como sendo o socorro natural que Deus
oferece aos aflitos?

Consegue sensibilizar-se na presença de um coração devotado ao bem, de quem
sempre ouvimos frases de ânimo, de esperança e de fé? Tem estado junto do bem,
externando-o onde quer que falseiem o ânimo, a esperança e a fé?

Trabalhe a sua sensibilidade, alma irmã, com as mais singelas expressões
nobres da vida, pois assim, sondando a simplicidade da grandeza divina que
palpita na flor, você estará indagando acerca dos infindáveis mistérios do Céu.

André Luiz, Espírito, leciona com sua sabedoria invulgar: você deseja
oportunidades de crescimento e ascensão na espiritualidade superior, mas,
freqüentemente, foge aos degraus do esforço laborioso e humilde de cada dia,
concedidos a você pela Infinita Bondade, a título de misericórdia.

Lembre-se, a estrada real que conduz a Deus chama-se caridade. Quando
encontrares Jesus nos irmãos de toda parte, Jesus tomar-te-á para companheiro,
em qualquer lugar,
disse-nos Mariano da Fonseca, através da mediunidade de
Francisco Cândido Xavier.

(Jornal Mundo Espírita de Julho de 1998)