Dizia um confrade:
– Não sinto prazer em festejar o Natal nas tradicionais reuniões familiares, mesa farta, tendo consciência de que há na periferia milhares de irmãos nossos passando fome.
E só conseguia tranquilizar a consciência depois de realizar ampla campanha, arrecadando recursos para distribuir dezenas de cestas básicas na periferia. Pelo menos as famílias carentes que viesse a beneficiar teriam, segundo sua expressão, um Natal decente.
Se levássemos essa concepção às últimas consequências, teríamos que optar por uma, dentre duas situações extremas:
Jejum coletivo. Ninguém festejaria o Natal com comes e bebes. Se não é possível mesa farta a todos, que ninguém a desfrute.
Abençoado dividir o pão. A nenhuma família carente faltaria a cesta básica de Natal, sob a égide da solidariedade.
Na atual conjuntura, neste Mundo orientado pelo egoísmo e o apego à posse, nenhuma dessas possibilidades será observada em plenitude. Raros renunciariam ao repasto natalino. Raros trabalhariam por estendê-lo a todos.
Bem, leitor amigo, que tal se cogitássemos de uma situação intermediária, como faz o nosso confrade? Se não podemos beneficiar todas as famílias carentes, por que não atender o maior número possível, somando esforços e recursos?
Há uma excelente iniciativa nesse particular: a Campanha da Cesta Básica do Natal.
A fórmula é simplíssima e pode ser aplicada por qualquer instituição interessada em estimular o Natal Decente. Efetua-se um levantamento de preços para a composição da cesta, envolvendo gêneros de primeira necessidade e artigos natalinos como o infalível panetone e as uvas-passas.
Fixado o valor, inicia-se a arrecadação no início de dezembro. É aberta uma lista de doações e solicita-se algo muito especial aos participantes: que não sejam meros contribuintes, mas multiplicadores.
Que se empenhem em sensibilizar amigos, familiares, colegas de trabalho e vizinhos, convidando-os a colaborar. Cartazes são afixados em local apropriado, no Centro, e folhetos são distribuídos. Os palestrantes contam histórias edificantes que enfatizam o significado do Natal, como um apelo à solidariedade.
Destaque para o aniversariante, que renunciou às paragens celestiais e mergulhou na carne para nos ensinar a alegria de servir.
Na segunda quinzena de dezembro, após a apuração dos resultados, centenas de cestas serão distribuídas pelos próprios voluntários.
Como pode observar, amigo leitor, a iniciativa não exige nenhuma sofisticação e tem a vantagem de ser disparada no final do ano. É um período mágico. A manjedoura sensibiliza os corações para o exercício da fraternidade.
A Campanha da Cesta Básica do Natal pede apenas o que exaltam os anjos, na proclamação celeste: Glória a Deus nas alturas, paz na Terra aos homens de boa vontade.
Com boa vontade haveremos de realizar nossa ceia e confraternizar com os familiares, guardando a tranquilidade em nossos corações.
É aquela boa paz que nos felicita quando cumprimos nosso dever como cristãos, proporcionando aos irmãos em penúria algo do que pretendemos para nós, a começar pela bênção de um Natal Decente.
Recado ao dirigente espírita:
Institua a Campanha da Cesta Básica de Natal, incluindo-a no calendário do Centro.
Enfatize aos frequentadores a importância de contribuir em favor de um Natal decente para nossos irmãos carentes.
Centro Espírita que comemora o Natal sem exercício de solidariedade está esquecido do que o aniversariante veio ensinar.