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Valorização da Vida Humana – II

Valorização da Vida Humana – II

Rubens Policastro Meira

Qual o oposto de verde? Obviamente todos responderão: maduro.

E qual o oposto da vida? Muitos ou talvez a maioria responderão: Morte. Ora, Deus que é “a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas“(1) jamais iria criar algo que não fosse para a perfeição. Deus não criou a morte. A morte não existe. Então a resposta àquela pergunta, seria: Vida Eterna.

A criação do Princípio Inteligente do Universo, Espírito,(2) o qual passando por sucessivas transformações (evolução) ao longo dos milênios, alcançou a categoria de ser inteligente da criação(3), consubstanciado no homem.

O homem foi criado para ser integro, reto, incorruptível, portanto com o fim de caminhar para a perfeição, através da evolução, pois que Deus o criou à sua imagem, conforme sua semelhança(4), surgindo em diversas regiões do planeta, sendo Adão um símbolo representativo, de uma determinada raça da espécie humana.

Qual o sentido, a finalidade da Vida? Para que e porque vivemos? A Doutrina Espírita nos demonstra que todos somos criados simples e ignorantes, mas dotados de potenciais para o progresso, em virtude de nosso livre arbítrio(5). A vida na carne, a existência terrena tem finalidade elevada, ou seja, a de superar constantemente nossa condição humana. Ao fazermos a viagem do berço à maturidade estamos desenvolvendo nossas capacidades orgânicas, psíquicas e espirituais, de compreender a vida ao nosso derredor e podendo dominar as variadas circunstâncias negativas que surgem no trajeto.

O fato de estarmos na existência terrena, aprimorando-nos em espírito, é auspicioso e eleva-nos acima da categoria dos irracionais. Isso é transcender. Para isso vivemos. E isso nos mostra que o sentido e a finalidade da vida é transcendência. Diferentemente das filosofias materialistas, o Espiritismo nos demonstra, e a Ciência comprova, que as existências são muitas e sucessivas, de forma que a cada nova existência atingimos novo patamar de elevação, de transcendência. Deus não criou a morte, dissemos, criou a vida. Da mesma forma, sendo Deus o princípio de todas as coisas, a perfeição absoluta, não poderia ter criado o mal. No entanto, o mal existe e tem uma causa.

As leis naturais, criadas por Deus, são plenas de sabedoria, e tem como único objetivo, o bem. Dentro de sí, na sua consciência, o homem encontra tudo o que é necessário para cumpri-las.

O homem poderia ter uma existência venturosa na terra, caso seguisse as Leis gravadas na sua consciência: “Faça aos outros o que queres que te façam“. Mas em virtude do seu livre arbítrio assim não procede, e sofre as conseqüências de seu procedimento, e consequentemente do seu desenvolvimento, do seu progresso. Onde a causa das conseqüências? ” O orgulho e o egoísmo”(6). No egoísmo dos homens está a raiz das misérias que campeiam na sociedade. Uma sociedade onde cada ser humano pensa exclusivamente em sí mesmo, antes de pensar nos outros, e procura satisfazer unicamente os seus desejos, onde cada um cuida de proporcionar a si mesmo tal satisfação, sacrificando sem remorso algum os interesses de seus semelhantes, nas mínimas coisas como nas grandes, tanto de ordem moral quanto de ordem material, tal sociedade caminha para a ruína, para a desagregação.

Não será o egoísmo, o orgulho, a raíz da violência à vida de milhões de seres humanos, principalmente crianças, condenadas à fome, à miséria, ao analfabetismo, à marginalização, ao crime, por causa do malévolo, injusto sistema de distribuição de riquezas entre os povos e entre as classes sociais?

Não estará no orgulho, no egoísmo, a violência das guerras, no vergonhoso, indecente comércio de armas que favorece tantos conflitos armados, a fim de gerarem lucros para uma classe opressora, conflitos esses que ensangüentam o mundo? Não estará no orgulho, no egoísmo, as sementes de morte que se tem provocado com a alteração dos equilíbrios ecológicos, com a difusão criminosa das drogas, com o uso aberrante da promoção da sexualidade de acordo com padrões e modelos, que além de serem moralmente inaceitáveis, acarretam graves riscos para a vida?

Estas perguntas são dirigidas aos homens que raciocinam para que tomem consciência da extensão e intensidade dos atentados à vida.

É necessário que se parta à procura das variadas causas que as geram e alimentam, refletindo com seriedade sobre o assunto.

Tais evidências acabam conduzindo os seres humanos à “Cultura da morte”, criando uma consciência coletiva do “crime” assumindo paradoxalmente o caráter de “direito”. Que situação nefasta estamos criando na sociedade? Hoje as pessoas, os casais, as famílias, são deixadas sozinhas, a braços com seus problemas; não há solidariedade, entendimento fraterno. Sofrem sozinhas, muitas vezes em silêncio situações de pobreza, angustia, exasperação, nas quais a luta pela sobrevivência, a dor, as violências, se tornam muitas vezes exigentes, podendo atingir até ao heroísmo em defesa da vida. E esta falta de fraternidade impõe uma cultura anti-solidária, que se converte em cultura da morte. Tal cultura é ativamente promovida por fortes correntes culturais, econômicas e políticas, que são portadoras de uma concepção eficientista da sociedade.

Ao olharmos e constatarmos os acontecimentos e fatos que ocorrem presentemente no planeta, podemos verificar que existe de fato uma guerra dos poderosos contra os débeis, contra os fracos, os desassistidos, os pobres que Jesus falava. A vida que deveria requerer mais cuidado, amor e acolhimento, é considerada como inútil ou peso insuportável, e, obviamente rejeitada. Assim todo ser humano, toda criatura que pela sua doença, pelo seu defeito, imperfeição, ou ainda, pela sua simples presença (pobre maltrapilho, mal cheiroso, chagado) põe em causa ou em risco, o bem estar ou os hábitos da vida dos que vivem mais avantajados, que se julgam superiores; tendem a serem vistos, olhados, como um inimigo do qual deve-se defender ou eliminar.

Desencadeia-se dessa forma, uma conspiração contra a vida que não se limita apenas aos indivíduos em si, nas suas relações pessoais, familiares, mas alcança outros grupos além, até atingir e subverter no planeta, as relações entre os povos e países.

No egoísmo e no orgulho estão a verdadeira chaga da sociedade por serem incompatíveis com a justiça, o amor, a caridade, pois que neutraliza todas as outras virtudes e qualidades(7).

Bibliografia:

  • (1) Livro dos Espíritos – Allan Kardec – Perg. 1
  • (2) Idem – Perg. 23
  • (3) Idem – Perg. 76
  • (4) Bíblia Sagrada – Gênesis – 1:26,27
  • (5) O Céu e o Inferno – Allan Kardec – 1ª Parte – Cap. III – Item 6
  • (6) Livro dos Espíritos – Allan Kardec – Perg. 785
  • (7) Idem – Perg. 913

Correspondência:

Rubensmeira@nutecnet.com.br

Rubens Policastro Meira

Cx. Postal, 2002 – Agência Porto

Cuiabá – MT

CEP 78020-970