A Vida Depois da Vida
Quando André Luiz, por intermédio da psicografia de Chico Xavier, falou-nos
das cidades espirituais. descrevendo as intensas atividades nelas desenvolvidas,
com seus hospitais, escolas, campos, jardins, rios e tudo o mais que aqui na
Terra há, inclusive a vida social, muitos espíritas taxaram tais noticias de
inverossímeis, pondo-as de “quarentena”, apesar de que tais descrições já haviam
sido feitas também por outros escritores da vida espiritual, notadamente as
mensagens recebidas pelo Rev. G. Vale Owen, com o título de “A Vida Além do
Véu”.
Com o passar do tempo, graças à persistência em nos serem trazidos livros de
tal gênero e por serem ansiosamente aguardados por muitas pessoas, foi se
modificando a opinião a respeito da famosa série “Luizina” e, hoje, são
consideradas como obras respeitáveis e dignas dos maiores encômios, não só pela
beleza e primor das descrições da vida espiritual, mas também pelos ensinamentos
doutrinários que encerram.
Recentemente, mais uma prova de veracidade de tais novidades acabamos de ter,
com alguns livros escritos por pesquisadores americanos, relatando-nos
experiências de pessoas que foram consideradas clinicamente mortas e que
retornaram à vida e descreveram o que viram e ouviram na vida maior, confirmando
os depoimentos, não só de André Luiz, como também de outros Espíritos que nos
falaram de tal vida.
O livro “Life after Life”, do Dr. Raymond A. Moody (pesquisador não
espírita), “bestseller” nos EUA, é um desses livros que nos fala dessas
experiências inusitadas, agora complementado com o novo livro “Reflections on
Life After Life”, que nos traz o resultado de novas entrevistas com os que
permaneceram alguns instantes na outra dimensão da vida.
A HIERARQUIA ENTRE OS ESPÍRITOS
Entre os povos primitivos, como entre os animais, a chefia é conquistada pela
força. Quem for mais forte, fisicamente, assumirá a liderança de um grupo ou de
uma tribo. À medida que o homem vai evoluindo, vai se impondo pela astúcia, pela
esperteza. Este é ainda o meio pelo qual uma pessoa conquista a direção de uma
agremiação, de uma coletividade, de uma nação…
Ser astuto, nem sempre significa ser mais inteligente ou mais indicado para
dirigir o destino de qualquer associação ou país. Atualmente o dinheiro está
intimamente ligado ao poder e quando surge a moeda pesa nas decisões para a
escolha de quem vai presidir uma sociedade, seja ela qual for.
Quais são os predicados exigidos de um Espírito para assumir a direção de uma
instituição no plano espiritual?
Nas zonas umbralinas mais inferiores, a direção é conquistada por aquele que
consegue dominar a plebe, através da força mental. Nas regiões menos densas, a
habilidade e a inteligência são os requisitos que prevalecem para a indicação
dos cargos de chefia. Nos planos mais elevados, entretanto, a presidência recai
sobre aquele que possui amor e sabedoria.
Como o saber não tem limites, porque absoluto só o de Deus, é óbvio que à
medida que iremos galgando os degraus da escada evolutiva, vamos assumindo mais
elevados encargos de direção, até alcançarmos a de prepostos de Deus, ou seja,
Ministros do Criador.
André Luiz (li ficou pasmado, quando lhe disseram que o Espírito de elevada
hierarquia, que se materializara no templo que visitara em “Nosso Lar”, cidade
espiritual em que André Luiz desenvolve o seu trabalho e aprendizado, não tinha
ainda alcançado a perfeição absoluta e sim apenas a categoria de mentor da
humanidade terrestre. O dirigente dos trabalhos, pacientemente, explicou que o
visitante ainda aspirava alcançar um dia a função de representante da Terra
junto às gloriosas comunidades que habitam, por exemplo, Júpiter e Saturno.
Acrescentou, que posteriormente esperam fazer parte das assembléias, que regem o
nosso sistema solar e sucessivamente colaborar com os que dirigem a constelação
de Hércules, nossa galáxia e grupos de galáxias etc.
Em se tratando do planeta Terra, que é um dos mais inferiores, ainda não
podemos compreender as funções elevadíssimas dos Espíritos puros, na direção dos
destinos das nações e do próprio planeta. Mas sabemos que eles estão no leme
deste barco que singra o imenso Oceano do infinito. Mesmo nos momentos cruciais,
como o que estamos passando, não devemos nos perturbar em virtude do aparente
caos em que estamos mergulhados. Confiemos em nossos protetores, porque depois
desta noite trevosa, brilhará a aurora de paz e progresso espiritual.
Persistamos no bem e aguardemos, pacientemente, e com resignação, pois também
somos responsáveis por este estado de coisas.
Em “Nosso Lar”, existem um governador e diversos ministros. Cada ministério
conta com inúmeros trabalhadores, desde os ministros, em número de 12, até o
mais humilde servidor. Vemos, portanto, que no plano espiritual, cada criatura
será guindada ao cargo que suas aptidões lhe derem condições. Nesses planos não
existem apadrinhamentos ou quaisquer facilidades, porque seja de família
influente. Somente a capacidade e a moral é que prevalecem para que a pessoa
assuma a chefia de qualquer departamento ou cargo de maior responsabilidade.
No plano espiritual os títulos nobiliárquicos, comendas etc., nada
significam. O que é da Terra, fica na Terra. Ao desencarnarmos nos despimos das
coisas materiais e levamos apenas as espirituais, sejam boas ou más.
Aqui é o laboratório das experiências; lá é a revelação dos resultados dessas
experiências.
REGIÕES ABISMAIS
“- Não estamos contemplando Senão a
superfície de trevosos cárceres a se con-
fundirem com os precipícios subcrostais”.
André Luiz -. Libertação, pàg. 93.
Vários livros mencionam as regiões subcrostais, dentre eles: “O Abismo”, de
R.A. Ranieri; “Nas Fronteiras da Loucura”, de Manoel P. de Miranda; “Memórias de
um Suicida”, de Camilo Castelo Branco, e “Libertação”, de André Luiz. E todos
são unânimes em afirmar que essas regiões purgatoriais são as mais terríveis que
conheceram.
André Luiz confessa que seria difícil acreditar que esses antros de
sofrimentos pudessem existir. Somente presenciando essas cavernas lodosas e
nauseantes e ouvindo a gritaria ensurdecedora daqueles que ali se acham
enclausurados, pois não conseguem se libertar das mesmas, é que se pode avaliar
a angústia e o desespero em que sé encontram. Nesse ambiente de denso nevoeiro
que mal se distinguem os detalhes e dimensões dessas zonas
abismais, é que podemos avaliar a magnitude desses locais de purgação. Diz-se
abismal, em vista do despenhadeiro em que fica essa coletividade de sofredores.
Tais abismos assemelham-se a imensas crateras de vulcões vivos, onde a gritaria
ensurdecedora e ininterrupta é de enlouquecer qualquer um, mesmo os mais fortes
e equilibradas.
Segundo nos afirmam os autores mencionados, as zonas subcrostais, como o
próprio nome indica, localizam-se nas entranhas da Terra, no subsolo. Isto seria
inacreditável, se tais revelações não fossem psicografadas por médiuns de
inteira confiança, como F.C. Xavier, Divaldo P. Franco e Yvonne A. Pereira.
Essas aglomerações de seres humanos vivendo no subsolo, deixam de ser
absurdas, se nos lembrarmos de que para os Espíritos a matéria grosseira, que é
a terra, não oferece nenhum obstáculo para a sua travessia, pois conforme nos
ensina a Doutrina Espírita, para os corpos fluídicos, a nossa matéria não opõe
nenhuma resistência. É uma questão de consistência.
Muitos ovóides acompanham os seus inimigos em suas purgações nas cavernas
abismais, assim como também sozinhos, durante centenas e até milhares de anos.
São Espíritos que degeneram o corpo perispiritual, pelo ódio superlativo. A
destruição do corpo perispirítico é uma verdade insofismável devido aos
testemunhos de Espíritos de comprovada idoneidade.
Manoel P. Miranda, relatando uma missão socorrista a uma zona abismal,
localizada no subsolo de uma grande cidade brasileira, narra que ela fica sob a
área de uma penitenciária e da faixa do lenocínio mais hediondo dessa cidade. Ao
se aproximar da mesma, descreve que ela desaparecia, coberta por poderosa
sobreposição de faixas vibratórias, em que estas anulavam as físicas.
Antes, porém, de atingir o abismo, percorrera longo caminho, onde de quando
em quando surgiam sombras humanas que se asfixiavam no tremedal, levantando-se,
a gritar, para logo desaparecer no lamaçal pútrido.
Ao atingir o abismo idimensional, onde não havia luz de qualquer espécie, e
onde a esperança parecia não existir, os missionários dessa missão, lançaram as
redes luminosas para que os que desejassem deixar aquele atoleiro imundo,
agarrassem as mesmas, mas apenas os de boas intenções conseguiam segurá-las,
enquanto que os de condições psíquicas negativas esforçavam-se em vão para
agarrá-las, porque as redes diluiam-se ao contato de suas mãos.
CIDADE SOMBRIA
“Mutilados às centenas, aleijados de to-
dos os matizes, entidades visceralmente
desequilibradas, ofereciam-nos paisagens
de arrepiar.”
André Luiz – Libertação, pàg. 57.
No livro “Libertação” (cap. lV), André Luiz nos fala de uma cidade dos planos
inferiores, onde o panorama é um dos mais desagradáveis, seja pelo local e a
população, seja pela fauna e a flora. São descrições que nos causam medo e
tristeza, tal é a situação dessa coletividade de sofredores.
A cidade está envolta em denso nevoeiro, em terreno acidentado e casario
paupérrimo, decadente e sórdido, com exceção do templo e dos palácios do pessoal
administrativo, que ficam num pequeno planalto, onde há ruas e praças bem
cuidadas, cheias de povo e carros puxados por escravos e animais.
Tanto os seres humanos e sub-humanos, como a flora e a fauna causam
comiseração, tal é a degeneração em que se encontram. No ar, aquele ambiente de
insegurança, ao presenciar-se aquelas fisionomias patibulares. Pigmeus aos
magotes parambulam pelas ruelas, como que lmpulsionados por uma força estranha,
que os move de um local para outro, sem destino.
A ociosidade é a nota dominante.
Multidões de seres sub-humanos são utilizadas para os serviços mais
rudimentares, como trabalhadores de poucas possibilidades, em regime de
escravidão. Para completar esse quadro entristecedor, essa população se traja de
roupas Imundas e fétidas. Entre os dirigentes predomina a roupa de cor
escarlate, simbolizando bem o estado de agressividade que lhes é peculiar.
Tudo é de causar pena, inclusive a flora, porque até as plantas são
desagradáveis ao olhar; mas o que mais amedronta é a grande quantidade de
animais monstruosos, que se movimentam a esmo, como duendes.
Nessa cidade purgatorial, 95% da população se dedicam ao mal e à desarmonia,
não existindo crianças, como se Deus quisesse poupá-las de lugar tão desolador e
inseguro. Os restantes 5% são constituídos de missionários do bem, em abnegado
serviço de auxiliar aqueles que demonstrem arrependimento e propensão para a
reforma íntima. Trabalham anonimamente, para não despertar revolta por parte dos
Senhores da Colônia.
Essa população de estropiados e malfeitores, escravos e carrascos, vive sob
severa vigilância de um policiamento de pessoas de semblante feroz, mais
parecendo felinos à procura de uma presa. Todos, entretanto, não passam de
instrumentos da Justiça Divina, que utiliza o homem para corrigir o homem.
A alimentação se dá através da vampirização dos fluidos dos encarnados que se
afinem com as paixões rasteiras, sugando-lhes as energias, como se fossem
lampréias insaciáveis. Essa cidade fica nas proximidades da crosta terrestre.
O plano espiritual é um mundo de infinitas situações, de conformidade com as
condições morais e intelectuais de sua população, que se agrupa por afinidade;
mas, como aqui, lá também existem os que governam e os que são
governados, segundo a condição intelectual que alcançaram.
O importante dessa lição é que ela nos adverte para o perigo do envolvimento
dessa coletividade de vampiros, que está bem próxima de nós, à procura daqueles
que se afinem com as sensações inferiores, para se imantarem aos mesmos.
Como dizem os benfeitores espirituais, cada pessoa tem a companhia que
deseja, segundo as suas Inclinações. E diante dessa advertência, não podemos
alegar ignorância, se formos conduzidos a cidades dos planos inferiores, ao
desencarnar. Vigiemos, portanto, as nossas tendências, para que não
desembarquemos nessas regiões de atrozes sofrimentos.