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Viva os laços de família!

Não lembro onde, mas li que há amigos melhores que certas pessoas da família.
Não duvido disso. É possível acontecer, até mesmo por questão de afinidade, que
é um vínculo que flui espontaneamente, impulsionada pela sintonia da simbiose.
Acho, no entanto, que se amigo é uma coisa muito boa, não devemos subestimar a
importância dos laços de família, respeitando as diferenças peculiares de cada
ser humano e até as adversidades que porventura acontecer.

Nasci quase desprovida do aconchego de neta, com exceção do avô materno, o
único com quem convivi mais tempo: até o início da adolescência, quando “partiu
para a eternidade”. Ele me paparicava muito e eu o retribuía com carinho. A
materna deixou mamãe órfã aos quatro anos. Quanto aos avós paternos, eu tinha
cerca de cinco anos, quando viajaram, em menos de um ano, para outra dimensão e
a lembrança física ficou embaçada pela pouca convivência. Mas uma coisa ficou
gravada na minha alma: o amor por eles, sempre realimentado pelos seus
descendentes mais velhos que fizeram questão de não deixá-los “morrer para nós”,
sempre nos relatando fatos interessantes e cativantes, dos seus apegos à
família..

Cresci acompanhando todo processo de afinidade e integração de meu pai com
sua irmã primogênita, Naninha, (a única mulher entre cinco irmãos, que os amavam
como filhos). A diferença é que, por ela e meu pai serem os mais velhos e
casarem mais cedo, as três filhas de cada um, embora com uma certa diferença de
idade, em alguns casos, tivemos mais relação de irmãs que de primas e, por sua
vez, laços estreitos com seus descendentes.

Papai e Titia eram especialistas em amar a família e foram nos contagiando
com este sentimento positivo. Meu pai tinha três filhas, mas dizia que eram 10
filhos, considerando os sete netos na mesma linha de amor. Com Titia, idem, e no
contexto geral de ambos, se formou uma fusão de sentimento fraternal com seus
respectivos descendentes. Nos consideramos primas-irmãs.

Todo este preâmbulo foi necessário para justificar os momentos de emoção, que
vivi sábado passado. Num certo dia 24 de abril, ao completar 17 anos de idade,
minha prima Margarida recebeu de presente o nascimento de seu filho único,
Marcos. E agora, sua nora-filha, Maria Lúcia, providenciou uma festa-surpresa
para comemorar, respectivamente, os 67 anos da sogra e os 50 anos do marido.
Quando eles chegaram a um restaurante, em Campina Grande, atraídos pela desculpa
de um simples jantar de comemoração íntima, ali já estavam familiares e alguns
seletos convidados.

Foi um momento muito especial e um bom pretexto para juntar a família.
Parecia até mais que isso: uma confraternização natalina, fora de época. Maria
Lúcia, que também é aniversariante do mês, é um exemplo daquelas pessoas, que
chegou nas nossas vidas, integrou-se bem e conseguiu cativar nossa família, com
seu jeito especial de ser. Criativa, providenciou na exibição de um telão, o
resgate de toda história familiar, através de um belo texto, com fundo musical e
uma seqüência fotográfica, iniciando por flashes da fazenda Navalha, do meu avô,
até os dias atuais, passando por nossos entes queridos, que já partiram.

Em alguns momentos, fui tomada por fortes emoções, principalmente ao rever as
imagens dos meus saudosos titia e papai. Meu amado pai e o aniversariante, seu
sobrinho Marcos, tinham uma forte relação mútua de afinidade. Pareciam pai e
filho. Em alguns momentos da festa, pude até sentir a presença e vibração
espiritual daqueles entes queridos, que nos precederam na eternidade,
compartilhando conosco daquela alegria e confraternização familiar. Se
partíssemos para a análise sanguínea, ali estava a reunião de primos, mas, com
exceção de raros convidados, eu preferia vê-los como irmãos e sobrinhos,
considerando os motivos dos laços afetivos já apresentados. Sim, gostaria de
registrar que abril é um mês especial para os Pereira de Farias, de cuja família
tenho muito orgulho de pertencer. Dentre outros, aniversariam também meus avós
paternos e minha tia Naninha.

Como família é bom! Mesmo com os defeitos, que não escapam a nenhuma. Sou tão
feliz com a minha. Tudo isso escrevi para registrar minha emoção e dar uma
mensagem final: Cultive os laços de família e os valores positivos dos nossos
antepassados. Esta é uma das melhores referências morais de vida que obtemos.
Por fim, aproveito a oportunidade para fazer uma declaração de amor: Minha
família, mantenho a herança paterna e lhes digo: eu amo vocês, principalmente
todos os que formam a descendência direta de meus pais. Obrigada, meu Pai
Supremo. E viva os laços de família, uma instituição eterna e imortal. Que Deus
nos abençoe e ilumine. Já que o assunto é família, meu abraço especial, hoje,
para minha sobrinha Carol, que está aniversariando.

O Norte – 02/05/2004