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Assassínio

Assassínio

“O Livro dos Espíritos” – Questões 746 a 751

Estudo Espírita
Promovido pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br

Expositor : Márcia Cordeiro
Rio de Janeiro – RJ
16/03/2002

Dirigente do estudo da noite:

Naema – Deise Bianchini

Digitador – Márcio

Prece Inicial:

<Naema> Amigos
esperamos que nessa noite possamos receber os ensinamentos que aqui viemos buscar
que os bons espíritos possam nos acompanhar e nos amparar em nossas necessidades e angústias
que esses momentos que passamos juntos possam ser muito proveitosos que nossa palestrante da noite possa ser intuída em mais essa caminhada
Assim seja!

Mensagem Introdutória:

AGRESSIVIDADE

O agressor deve ser examinado como alguém perturbado em si mesmo, em lamentável processo de agravamento. Não obstante merece tratamento a agressividade, que procede do espírito cujos germes o contaminam, em decorrência da predominância dos instintos materiais que o governam e dominam. Problema sério que exige cuidados especiais, a agressividade vem dominando cada vez maior número de vítimas que lhe caem inermes nas malhas constritoras. Sem dúvida, fatores externos contribuem para distonias nervosas, promotoras de reações perturbantes, que geram, não raro, agressividade naqueles que, potencialmente, são violentos… O espírito é constituído pelos feixes de emoções que lhe cabe sublimar ao império dos renascimentos proveitosos. O que não corrija agora, transforma-se em rude adversário a tocaiá-lo nas esquinas do futuro… O temperamento irascível, aqui estimulado, ressurge em violência infeliz adiante… O egoísmo vencido, o orgulho superado cedem lugar ao otimismo e à alegria de viver para sempre. O agressivo torna-se vítima da própria agressividade, hoje ou posteriormente. O organismo sobrecarregado pelas toxinas elaboradas arrebenta-se em crise de apoplexia fulminante… Outrossim, gerando ódio em volta de si, o agressivo atrai outros violentos com os quais entra em choque padecendo, por fim, as conseqüências das arbitrariedades que se permite. Não foi por outra razão que Jesus aconselhou a Simão, no momento grave da sua prisão: “Embainha a tua espada, porque quem com ferro fere, com ferro será ferido.” Acautela-te, e vence a agressividade, antes que ela te infelicite e despertes tardiamente. Só o amor vence todo o mal e nunca se deixa vencer.

Joanna de Ângelis

Do Livro: Leis Morais da Vida
Psicografia: Divaldo Pereira Franco
Editora: LEAL

Exposição:

<Marcia_Cordeiro> Que o Senhor Jesus nos auxilie com a inspiração na reflexão do estudo de O Livro dos Espíritos. Ao chegarmos as questões finais do Cap 6, da Parte 3, de O Livro dos Espíritos, somos convidados a refletir na participação humana, isto é, no exercício do livre-arbítrio, frente a Lei de Destruição. As questões iniciais do capítulo nos mostraram que é Lei da Natureza a destruição para renovação do mundo corpóreo. Que tudo aquilo que não é perene, destrói-se para renovar-se, e assim a natureza, por diversos mecanismos, mantém o equilíbrio natural. A partir da questão 742, estudamos as atitudes humanas destrutivas: guerras, assassínios, crueldade, duelos e pena de morte. Temos então o abuso humano frente a Lei. Segundo os espíritos, pela “predominância da natureza animal, sobre a natureza espiritual e transbordamento das paixões”, (questão 742). Coletivamente o resultado dessa atitude são as guerras; individualmente, assassinatos e atos de crueldade. Esses atos de crueldade, em certas épocas, podem até mesmo ter um respaldo nos costumes sociais (os duelos). Mas, ao estudarmos as Leis Naturais, que são divinas, observamos o valor da vida corpórea e a imperiosa necessidade da convivência pacífica entre os homens para que o progresso se estabeleça na sociedade humana. Portanto, as atitudes determinadas pelo transbordamento das paixões, resultam em desequilíbrio individual e coletivo. O texto nos ensina que o assassínio é atitude de violação da Lei Divina, por impedir, ao espírito reencarnado, o progresso de uma vida de expiação ou de missão. É a manifestação suprema de orgulho humano a possibilidade de “determinar” a vida ou a morte de outra criatura. Observamos que o valor da vida humana foi pouco a pouco crescendo no entendimento coletivo. As sociedades bárbaras pouco valor davam à vida dos membros considerados como inferiores: as mulheres, criaturas consideradas sem valor social, escravos e etc. Gradativamente, a noção de que o direito básico de todo ser humano é a vida foi sendo absorvida pela sociedade humana. Para facilitar a compreensão dessas noções, vamos recordar algumas descrições da literatura mediúnica. A obra “Memórias de um Suicida”, na psicografia da médium Dona Yvonne Pereira, acompanha a trajetória de um grupo de espíritos suicidas em Portugal, no século XIX. Entre eles, encontramos Mário Sobral, suicida após ter se tornado assassino. Mário comete o chamado “crime passional”. Envolvido numa aventura extra conjugal, não tolera o abandono da amante e segundo sua expressão: “Negou a Eulina seu único direito, o de viver, como filha de Deus”. A atitude criminosa é o remate de uma existência na qual o espírito reencarnante não aceita disciplinas para suas paixões. Progressivamente, vai satisfazendo seus instintos mais primitivos despreocupado do sofrimento e dor que espalha à sua volta. Não valoriza o lar que lhe dá a possibilidade de recomeço; nenhuma utilidade dá ao conhecimento adquirido nos bancos universitários; ao constituir a própria família, não se sente obrigado a respeitar a companheira de existência e os filhos… Cria o hábito de só atender os próprios desejos. Ao consumar o assassinato da mulher supostamente amada, compreende a falta em que incorreu e não tolerando o remorso, deserta da vida pelas portas do suicídio. O remorso é o fator renovador dessa alma ao compreender que não possui “poderes” sobre a vida e o destino de outro espírito, irmão em humanidade, filho de Deus. É o início do aprendizado da humildade, frente a Deus, frente aos homens, nossos irmãos. Esse aprendizado se faz através de uma atitude disciplinadora: Mário Sobral solicita um corpo mutilado para a reencarnação. Sem possibilidade de usar as mãos durante toda uma existência, submete-se à caridade alheia, aprendendo submissão e refletindo no emprego útil dos dons da providência divina (saúde, lar, inteligência, etc). A questão 751 nos chama a atenção para os costumes bárbaros em sociedades intelectualizadas: o infanticídio. Ainda em épocas recentes, crianças mutiladas poderiam ser condenadas a morte em alguns grupos sociais. A crença de que esses seres trariam infelicidades a seu grupo social ou familiar, permitiu esses costumes bárbaros. Mas recentemente, podemos encontrar atitude assemelhada em sociedades intelectualizadas que legalizaram o aborto como forma de controle de natalidade ou ainda de resolução do problema da gestação não planejada. Com a falsa compreensão de que populações que lidam com dificuldades para alimentação de seus membros, nações do oriente determinam sanções à famílias mais numerosas e facilitam as práticas abortivas. Recordando a questão 746, “interrompe-se uma existência de expiação ou de missão”. Muitas argumentações são utilizadas para a justificação do aborto “legal”, mas a noção de imortalidade da alma de continuidade da vida não favorece raciocínios simplistas em torno da questão. A questão 358 confirma as noções da questão 746: “Há crime sempre que transgredis a Lei de Deus. Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, por isso que impede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando”. Utilizemo-nos novamente dos exemplos da revelação mediúnica, para facilitar a compreensão dessas idéias. A obra: “Loucura e Obsessão”, ditada a Divaldo Pereira Franco, nos ensina: Durante o período de carnaval, num posto de assistência espiritual aos habitantes da cidade do Rio de Janeiro, supervisionado pelo espírito Doutor Bezerra de Menezes, diversos espíritos se candidatam a ocupar os corpos em formação resultantes da atividade sexual descompromissada naqueles dias. Sentindo a imperiosa necessidade de encarnar para lutar pelo próprio progresso, esses espíritos sem créditos para a conquista de corpos organizados por relações estáveis aceitam reencarnar sob quaisquer injunções. A questão 350 nos ensina a conseqüência para o homem das suas decisões como espírito, antes da encarnação. Pergunta Kardec se o espírito alguma vez deplora escolha que fez. Respondem os espíritos: “Perguntas se, como homem se queixa da vida que tem? Se desejara que outra fosse ela? Sim. Se se arrepende da escolha que fez? Não, pois não sabe ter sido sua a escolha. Depois de encarnado, não pode o espírito lastimar uma escolha de que não tem consciência. Pode, entretanto, achar pesada demais a carga e considerá-la superior às suas forças. É quando isso acontece que recorre ao suicídio”. Um outro aspecto das questões em estudo na noite de hoje é a chamada “legítima defesa”. Ensinam os espíritos “Desde que o agredido possa preservar sua vida, sem atentar contra a de seu agressor, deve fazê-lo”. Nos parece que esses são os três aspectos principais nesse estudo. Aguardamos a colaboração das perguntas para a continuidade. (t)

Perguntas/ Respostas:

[1] <Naema> Marcia, você nos colocou que em caso de legítima defesa, o agredido deverá preservar sua vida, sem atentar contra a de seu agressor. Poderia explicar um pouco mais? E se ocorrer a morte do outro quando nos defendemos?

<Marcia_Cordeiro> A questão 748 se refere a responsabilidade do agressor, os chamados casos de “legítima defesa” referem-se às situações de preservação da própria vida, atendendo ao instinto de preservação e sobrevivência. A culpabilidade para os casos de assassínio é determinada “mais pela intenção do que pelo fato” (Questão 747). Recordando figuras históricas, suas reações frente a violência vamos encontrar na Índia, a figura de Gandhi condenando situações de enfrentamento com o colonizador inglês e obtendo a independência política de sua nação sem o derramamento de sangue, em lutas revolucionárias. Entre nós, a figura de Rondon, e sua filosofia: “Morrer se preciso for, matar nunca” repete a filosofia pacifista de Gandhi, resultado de compreensão mais ampla da Lei Divina. Entretanto, a questão 740 referindo-se a culpabilidade frente a Lei em casos de legítima defesa, ensina: “Só a necessidade escusa o espírito nessa circunstância”. O atendimento à Lei de Conservação é o fundamento para os casos de legítima defesa, ressalvando o conselho na reposta dos espíritos de esforçar-se o agredido por preservar sua vida sem atentar contra a do seu semelhante. Não vemos essa atitude realizada por pessoas que vitimadas pela violência, preservam sua integridade física, com danos menores ao agressor? Imobilizações, lesões que tirem ao agressor a possibilidade de revidar…

[2] <Lua_Prateada> Marcia_Cordeiro: No caso de Mario Sobral, quando do comentário sobre o remorso, não seria pela culpa que ele cometeu o suicídio e posteriormente, pelo remorso que sentiu a necessidade de reparar sua falta, expiando em outra encarnação?

<Marcia_Cordeiro> Você pode tornar mais clara a sua pergunta, Lua_Prateada???

<Lua_Prateada> claro amiga. Gostaria de saber se no caso, não é a culpa pelo assassinato que o levou ao suicídio e, posteriormente, foi o remorso que o fez entender e pedir para que expiasse sua atitude.

<Marcia_Cordeiro> O estudo do Cap 2, da Parte 4, de O Livro dos Espíritos (Das Penas e Gozos Futuros), no item Expiação e Arrependimento deve-nos facilitar o entendimento de sua questão. A partir da pergunta 990, aprendemos que o arrependimento se dá no estado espiritual, mas também pode ocorrer no estado corporal, quando bem compreendida a diferença entre o bem e o mal. Na leitura de “Memórias de um Suicida”, Mário Sobral apresenta-se sempre muito consciente das suas dificuldades espirituais, lamentando as atitudes tomadas na última existência. Não tenho condições de precisar se o arrependimento e o remorso ocorreram imediatamente antes do desencarne. Ao contrário dos outros espíritos suicidas apresentados na obra, Mário Sobral não tem necessidade de ser induzido à auto análise. O desejo de uma nova encarnação para se purificar, (questão 991), está presente desde o momento em que compreende que continua vivo e responsável por seus atos.

Oração Final:

<Naema> Agradecemos Senhor
por esses momentos que pudemos estar juntos e temos certeza de que recebemos muito nessa noite todos que precisamos e todos àqueles que nos acompanham seja por necessidade de aprender
sejam nossos companheiros que nos intuem ao bem obrigada por essa oportunidade
que possamos ser amparados sempre
Assim seja!

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