Civilização / Progresso da legislação humana
“O Livro dos Espíritos” – Questões 790 a 797.
Estudo Espírita
Promovido pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br
Expositor: Flávio Mendonça
João Pessoa
01/06/2002
Mensagem Introdutória:
CIVILIZAÇÃO
Não podemos responsabilizar a civilização pelos desvarios do mundo, mas sim o homem que a desfigura. Acaso seriam reprováveis as doações de Deus porque a maioria dos homens, por vezes, se faça infiel a si própria? É por isso, talvez, que o apostolado de Jesus, acima de tudo, se dirige à consciência individual. “ Levanta-te e anda.”, “A tua fé te curou”, “Vai e não peques mais.”
Semelhantes apelos repetem-se, freqüentes, no serviço do Evangelho, porque o Mestre não ignorava que a solução dos problemas da paz e da felicidade entre as criaturas não reside na governança política, por mais respeitável que seja, de vez que os programas da legalidade terrestre atuam de fora para dentro, quando as nossas feridas morais se manifestam de dentro para fora. Não vale acumular decretos e estatutos primorosos, quando não haja correção de caráter nos tutelados das leis humanas. O homem leal à consciência tranqüila terá sido próspero e feliz, tanto na Grécia educada e livre, como no mais tirânico dos regimes feudais, com a escravidão e a crueldade a lhe baterem à porta.
Despertemos para a obrigação de servir com amor, em todos os dias, compreendendo que somos todos irmãos, com deveres de assistência recíproca nas tarefas do mundo que é o nosso próprio lar. Não esperemos que outros façam o bem para que nos disponhamos a praticá-lo. Evitemos a expectativa da alheia cooperação, quando é inadiável o testemunho pessoal e intransferível no culto sincero à fraternidade. Vivamos com Jesus em nós mesmos, aceitando-lhe as diretrizes de renunciação ao próprio egoísmo e de consagração permanente à boa vontade, de uns para com os outros, em movimento espontâneo de solidariedade e… longe de enxergarmos na civilização qualquer processo de decadência espiritual, nela encontraremos o abençoado campo de mais trabalho, no aperfeiçoamento de nós mesmos, a caminho de mais altas formas da vida superior.
Emmanuel
Do Livro: Nascer e Renascer
Psicografia: Francisco Cândido Xavier
Editora: GEEM
Oração Inicial:
Embalados por essa palavras de Emmanuel, elevemos nossas mentes e corações ao alto e façamos a nossa prece…Senhor Jesus, Mestre e Amigo…Estamos, aqui reunidos, em teu nome, para o Estudo de O Livro dos Espíritos.Pedimos, Senhor, que nos acompanhe nesse estudo, e que traga até o nós o tão precisos auxílio da espiritualidade amiga. Queremos que esse estudo nos traga conhecimento e consolo, para que nos ajude a progredir e enfrentar od desafios dessa vida. Sabemos, Senhor que sua ajuda nunca nos é negada, e sempre vem ao nosso socorro, e lhe agradecemos por isso. Pedimos, também, a assistência dos bons espíritos que orientam esse trabalho…
Que eles possam inspirar o nosso companheiro Flávio em sua exposição, e até mesmo nas elaborações das perguntas… Para que nossa noite seja bem proveitosa e possamos adquirir novos conhecimentos que nos ajude. Assim, Senhor, que seja em teu nome, e em nome de Deus, que possamos dar por iniciada a nossa reunião deste Sábado. Graças a Deus! Que assim Seja!
Exposição:
<Flávio Mendonça> Queridos amigos, estudantes da Doutrina renovadora, muita Paz ! É com imenso prazer que divido com vocês este momento bonito de aprendizado rumo ao progresso moral e intelectual. Iniciemos os estudos pelo CAPÍTULO VIII, parte 3º questões 790 a 797 do Livro dos Espíritos:
“A Paz do Mundo, começa em mim. Se tenho amor, com certeza sou feliz”
Civilização
Entendemos, conforme nos instruem os benfeitores da Codificação Espírita, que a civilização é um estágio da evolução da humanidade, porquanto reflete o grau de moralidade e organização que nos é útil. Estágio este ainda incompleto, pois que embora imperfeito, a civilização demonstra o quanto fomos capazes de evoluir em organização, e o quanto ainda necessitamos melhorar.
Verificando antropologicamente podemos entender que a civilização é uma etapa que transcende aos estágios primitivos, onde o homem se utilizava apenas da força bruta para predominar sobre os outros homens e seres. Nesta ocasião predominava no homem o instinto sobre a razão. Na medida que ele evolui, modifica as estruturas sociais e conseqüentemente as relações entre si.
Desta forma, sente o homem a necessidade de organizar-se na busca de melhores condições de vida. Busca com isso a segurança, uma relação mais harmoniosa, enfim, viver em sociedade.
Há os que vêem na civilização um atraso, pois imaginam que “livre” pode o homem caminhar com mais harmonia assim como os animais. Mas teria de fato condições de homens inteligentes e moralizados viverem em condições análogas a dos animais selvagens ? Ora, seria inadmissível para nós, pois que buscamos com a organização social proteger-nos de ações justamente brutalizadas pela força do homem mais vil ou menos moralizado.
Não seria por imperfeições na organização social que deveríamos estimular o caos, onde a força bruta predominaria incondicionalmente. Todavia não se deve esperar que as imperfeições perdurem pela eternidade. Tudo em a Natureza evolui, e assim também são as condições humanas. Assim, pela via da evolução dos conceitos morais, pela vivência no bem, encontrará a sociedade meios mais harmônicos que culminarão na paz completa, permitindo-nos um porvir mais feliz.
Perguntariam alguns: Mas quando sucederá tais coisas uma vez que percebemos mais desordem que ordem social ?
Diria que a desordem é aparente, pois na realidade experienciamos o fruto das nossas próprias imperfeições, mas que não serão eternas.
Para efeito de analogia consideremos este exemplo:
Sucede realizar uma reforma em um dos cômodos do nosso lar, um quarto por exemplo. Enquanto a reforma não se inicia, poderíamos dizer que, embora o ambiente não seja o mais apropriado para nossos objetivos, ainda assim é agradável e harmonioso.
Todavia, após a evolução da reforma, durante todo o processo de manutenção dos aparatos da reconstrução, o caos se instala e deixa aquele ambiente o mais desagradável possível, inclusive nos desalojando a cômodos menos propícios a uma dormida agradável como outrora.
Outros ambientes do lar sofrem em conseqüência daquela estrutura em reforma. Enfim, todo o ambiente doméstico se torna desarmonioso e desconfortável. Poderíamos dizer neste instante que não está havendo evolução no sentido de melhorar o ambiente do lar ? Ora, numa visão curta diríamos que sim, porém, alargando nossos horizontes entenderemos que tudo aquilo é necessário para que se concretize uma nova ordem, e quando ela se efetivar, uma nova e mais harmoniosa condição se instalará no ambiente.
Assim é também com a nossa estrutura social, ou seja, enquanto a nossa reforma não se efetivar viveremos em condições análogas a do exemplo citado acima. É preciso que a humanidade amadureça suas condições íntimas, ampliando suas perspectivas morais a fim de assumir uma nova ordem. Desta forma as relações serão muito mais felizes que as anteriores, e suas conseqüências serão certamente uma melhor qualidade de vida na orbe terrestre.
Perguntariam então: Como saberemos se esta sociedade estará madura conforme citas ?
Jesus em suas citações diz: “Pelo árvore conhece-se o fruto” ou poderíamos também dizer, pelo fruto conhece-se a árvore. Ora, se o fruto desta futura sociedade se mostrar fraterna, solidária, justa, enfim, verdadeiramente cristã é porque seus vícios e paixões foram superados. Daí saberemos compreender que já atingimos a plenitude desta organização.
Como espíritas, compreendendo pela razão, entendemos que nossa regeneração planetária depende dos esforços que cada unidade humana empreende no sentido de superar suas próprias imperfeições, aprimorando-se no exercício do bem, através da conscientização promovida pela auto-realização. Assim, numa espécie de ação individual, mas somando-se aos outros, poderá a sociedade planetária vislumbrar etapas mais ditosas que certamente virão. É preciso apenas aguardar resignadamente que isso suceda, exemplificando o que estiver ao alcance de cada pessoa individualmente !
Progresso da legislação humana
As leis Naturais seriam suficientes para reger nossas relações fosse o caso de as compreendermos melhor, porém, não é o que acontece. Pela própria imperfeição tem o homem dificuldade de aceitar e entender seus desígnios, e assim atropela-se a si mesmo pelas paixões que lhe dominam o íntimo.
Todavia, por não compreender e estar em plena formação, tem o homem a necessidade dele mesmo criar suas leis ajustando-as às próprias necessidades na medida que surgem. Tão imperfeitas quanto sua condição, vai o homem lapidando estas leis de forma a torná-las mais próximas das leis gerais que regem o Cosmos. Por enquanto são regidas pelas mesmas paixões que os estimulam, sem no entanto ter no seu íntimo o desejo de ser injustas. É que só alcançará estabilidade quando atender aos anseios de todos, pois que a harmonia se encontra em fase embrionária, e se efetivará quando as relações forem pautadas na lei do Amor.
Por enquanto as leis são severas por se encontrar a sociedade em fase ainda imatura, pois que numa condição mais depurada não há punição, mas antes prevenção e respeito ao próximo.
Como espíritas precisamos nos esforçar no sentido de promover o bem através de ações concretas e exemplares, demonstrando, não por vaidade, mas por necessidade, que o Amor é condição indispensável para superarmos as dores e sofrimentos que enfrentamos no cotidiano. Precisamos de uma mente mais evangelizada que coloque as nossas decisões diárias pautadas na lei do Amor. É valioso entender que somos seres irmanados pela condição de filhos de um só Deus, e que somente na condição de fraternidade seremos realmente felizes. Realizemos pois, cada uma dessas ações que nossa consciência nos impõe !!!
Que o Amor exemplificado por Jesus nos inspire hoje e sempre !!!
Perguntas/Respostas:
<Moderador_>Obrigado, amigo, pela exposição. Vamos à fase das perguntas…Quem quiser perguntar, estique o dedo, digitando ! A palavra lhe será dada, e então você poderá fazer sua pergunta. Não se esqueçam de colocar (t), ao final, para sinalizar ao palestrante que ele já pode lhe responder.
<cfeitosa> Flávio pela sua reflexão, muita lúcida por sinal, fica claro que a legislação está intimamente ligada ao padrão moral da civilização. Quando poderemos ter melhores leis? (t)
<FRANZ-> Sobre a hipocrisia que às vezes encontramos nas pessoas, A pesarem de serem hipócritas, elas ajudam aos outros mas não a elas. Qual é o destino dessas pessoas, elas tendem a progredir moralmente ou é um problema muito difícil de se resolver? (t)
<Flávio Mendonça> Vamos a primeira então… Como disse, cfeitosa, pela árvore conhece-se os frutos. Será pelas ações pautadas no amor, longe das paixões efêmeras, que perceberemos a mudança social. Esta modificação proporcionará em cada célula humana o efeito que a evolução nos impõe, e assim o organismo todo se verá saudável.
Sobre a segunda pergunta, diria que a hipocrisia é fruto da ignorância que campeia as nossas mentes ainda imaturas. Pelos ajustamentos que nos impõe a lei de causa e efeito, pode o homem atingir o seu progresso deixando o vazio do egoísmo de lado. Assim, resignado e perseverante, pode ele, mais rapidamente, lograr sua felicidade na medida deste esforço. Todavia, sofrerá os reveses da sua própria sorte. (t)
<cfeitosa> Você começou pelo verso inicial da canção Paz pela Paz, acredito. Como percebemos nunca se falou tanto em paz, em amor, em fraternidade, isso prova que a humanidade está melhorando e que esse período confuso é transitório. Pergunto, como a Doutrina Espírita pode colaborar no progresso geral dos povos e de suas leis? (t)
<Flávio Mendonça> Estimulando a reforma íntima através dos ensinos morais contidos no bojo doutrinário. Só uma mente evangelizada vivencia a paz, pois, ela não é uma condição externa como procuram muitos, infelizmente. Ela é sim, uma luta íntima, onde nos encaramos frente a frente através do amadurecimento espiritual que a reflexão nos remete. Podemos entender então que encontramos no autoconhecimento a chave deste enigma!(t)
<Mei_PB> Como podemos evidenciar que fomos seres não civilizados ?(t)
<Flávio Mendonça> Pelos estudos antropológicos verificamos que homens
primitivos estagiavam nos domínios do instinto, e que nada além disso
concretizava. Só após sua evolução intelectual, foi sentido necessidade de
progredir moralmente, e assim criou as primeiras etapas de civilidade. Hoje
porém, encontrando-se em etapas mais evoluídas, ainda necessita depurar-se
entendendo que pela fraternidade encontrará a tão sonhada felicidade(t)
<neeg> Você acredita que chegará um dia em que não mais precisaremos da
legislação humana, pois esta já estará incorporada em nossos espíritos ? (t)
<Flávio Mendonça> Caro neeg é justamente isso que nos dizem os benfeitores da
humanidade, porém, não acontece automaticamente, pois que há muito que
experenciar. Só compreendendo o amor como vibração salutar chegará ao seio
terrestre a harmonia sonhada. Mas é preciso lembrar: As orbes comportam
vibrações semelhantes, e só aqueles que estiverem dentro desta harmonia gozará
da paz terrena ! (t)
<neeg> Você poderia falar sobre a evolução da legislação humana, desde o
dente por dente até nossos dias ?
<Flávio Mendonça> Vemos em épocas remotas que não existia se quer legislação,
porém, ao observarmos a evolução do próprio homem, verificamos que suas leis
também acompanhou-lhe o passo. Hoje, embora ainda rígidas como também é o
coração humano, ainda assim, verificamos avanços substanciais. Sinal que os
benfeitores nos instrui com lógica e razão. Portanto, não nos é impossível
entender que chegaremos a ser regidos por uma única legislação, a do Amor
supremo ! (t)
<neeg> No livro “Os legisladores” de W.J. Rochester, encontram espíritos
que ditaram as leis para os planetas recém formados, isto não é muita ficção ou
é pura realidade sendo estes, os benfeitores a que você. se refere?(t)
<Flávio Mendonça> Como não li a obra, opinião nenhuma posso emitir da obra,
todavia, posso colocar minhas impressões a respeito do tema.
Imaginemos que um planeta em formação recebe leis proporcionais as condições
de seus habitantes. Logo, estes seres recebem leis que são gravadas em suas
consciências, e assim se utilizam deste processo para progredir. Diz a máxima
que a Natureza não dá saltos. Pois bem, estas leis são regidas pelo próprio
estágio em que se encontram estes habitantes, ou seja, o que está gravado em sua
própria consciência. Porém, deve-se entender “por ditar” as leis por mecanismos
próprios de transferência de idéias, seja diretamente, em casos de sociedades
evoluídas, seja por intuições, em caso contrário. (t)
<neeg> Dentro da lei de causa efeito, qual será a colheita destes
legisladores que redigem leis em causa própria, já que não imagino parâmetro
entre o crime e o castigo ? (t)
<Flávio Mendonça> A lei, diferente do que pesam muitos, não agi no futuro,
mas sim automaticamente, ou seja, agi imediatamente no íntimo de cada pessoa que
atua. Lembremos aqui a máxima que trata disso: ” Um ato de amor, cobre uma
montanha de pecados” . Logo, o perdão é a chave da felicidade ! (t)
Oração Final:
< Moderador> Queremos agradecer ao Flávio, pela sua ótima participação. Que
Deus continue lhe iluminando, e que possamos ter uma nova oportunidade de
receber seus comentários. Muito Obrigado. Agora, vamos encerrar o nosso estudo
de hoje que foi muito proveitoso. Pediremos ao nosso companheiro Titrigo, que
faça a nossa prece de encerramento. A palavra é sua Titrigo. :)))
<titrigo> Vamos então, amigos do canal, orar 🙂
Senhor Jesus, Mestre amigo, Mestre amado…em primeiro lugar, Te agradecemos
pela oportunidade maravilhosa que tivemos de aprender um pouco mais… de
podermos ter adquirido conhecimentos. Que possamos divulgar esse conhecimento,
Senhor, para o próximo, buscando sempre o melhor para todos à nossa volta.
Agradecemos pela vida, pelo corpo físico, pela Doutrina Espírita tão
esclarecedora. Possamos, Mestre, buscar sempre o progresso, pela divulgação e
prática do bem, sempre. Abençõe-nos a todos os presentes e ausentes da reunião
de hoje. E que possamos estar juntos, mais uma vez, no próximo estudo. Muito
obrigado, Senhor Jesus, por tudo. Que assim seja, graças a Deus !