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Desigualdades Sociais

Desigualdades Sociais

Palestra Virtual
Promovida pelo Canal #Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br

Palestrante: Regina de Agostini
Rio de Janeiro
24/07/1998

Organizadores da palestra:

Moderador: “Macroz” (nick:.[Moderador]) “médium digitador”: “Brab” (nick: Regina_de_Agostini)

Oração inicial:

<Faith> Sr. Jesus, amigo espiritual de todas as horas, nós te rogamos que ilumine nossos corações e mentes, neste instante em especial, e em toda a nossa existência como espíritos eternos que somos. Que o nosso palestrante possa ter o coração tocado pelo teu amor, e que possamos, cada vez mais, vivenciar a doutrina consoladora que nos deste. Fique conosco. Que assim seja!

Apresentação do palestrante:

<Regina_de_Agostini> Meu nome é Maria Regina De Agostini, freqüento a Escola Espírita Cristã Maria de Nazaré no Leblon, Rio de Janeiro, e tenho contato com a Doutrina Espírita há 14 anos. (t)

Considerações iniciais do palestrante:

<Regina_de_Agostini> O homem considera as desigualdades do ponto de vista da vida terrena: desigualdade das posições e das posições sociais, da riqueza, das raças, dos sexos, etc. No entanto, essas desigualdades, do ponto de vista do espírito, são apenas circunstanciais e se referem à situação de Espírito durante a presente encarnação: as conquistas efetuadas por ele desde a sua criação e as possibilidades de manifestá-las nas condições atuais. (t)

Perguntas/Respostas:

<[Moderador]> [1]<Cyrano> A pobreza é resultado de uma punição a certas pessoas que erraram em vidas passadas?

<Regina_de_Agostini> Não. Tanto a falta dos bens materiais quanto a posse dos mesmos são provas necessárias para o aprendizado integral do Espírito. Muitas vezes, quando não sabemos lidar com a falta ou excesso dos bens materiais, em outra encarnação, somos levados a vivenciar situações de restrição que nos parecem “punição”, mas que têm por objetivo principal o aprendizado do Espírito. (t)

<[Moderador]> [2]-<LiZziA> Você não acha que pessoas sem a mínima condição social, que passam fome, por exemplo, têm menos chance de evoluir espiritualmente que as outras, sendo que até sua inteligência é afetada pela fome?

<Regina_de_Agostini> Cada situação traz em si um aprendizado. Quando nós estamos na falta do bem material, o principal aprendizado é o moral, da paciência, de resignação, de entendimento, que pode ser feito em qualquer situação. Poderíamos dizer que a pessoa que está em uma condição social de pobreza, ou até mesmo miséria, não tem acesso às condições de desenvolvimento intelectual, embora o aprendizado moral possa ser feito em todas as situações. (t)

<[Moderador]> [3]-<Cyrano> Então se uma pessoa é pobre, deve-se considerar que a maior parte dessas pessoas tem um desafio a cumprir em relação a falta de posses materiais, certo? Então, quando se pratica a caridade com tais indivíduos, não se estaria desviando-os do seu objetivo de evolução?

<Regina_de_Agostini> Todos nós temos desafios a vivenciar, a superar e contamos sempre com o próximo, com aqueles que conosco convivem para podermos vencer esses nossos desafios. É da Lei de Deus a ajuda, o amparo, o desenvolvimento do amor, da caridade, dentro de todas as nossas possibilidades. Se o outro tem uma prova a cumprir, nós temos sempre o dever de ajudar na amenização das provas e das dificuldades do próximo, assim como gostaríamos de sermos ajudados em situações semelhantes. Deus ajuda o homem através do próprio homem. Muitas vezes somos instrumentos de Deus para o alívio do sofrimento alheio. (t)

<[Moderador]> [4]-<Macroz> Por que será, que mesmo em países de bom desenvolvimento cultural, ainda encontramos algumas desigualdades sociais?

<Regina_de_Agostini> A causa imediata das desigualdades sociais é dada pela diversidade dos caracteres e das aptidões. De acordo com o “Evangelho Segundo o Espiritismo”, Capítulo XVI, item 08, pergunta: “Por que não são igualmente ricos os homens?” Resposta dos Espíritos: “Não o são por uma razão muito simples: por não serem igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para conservar (…) Supondo efetuada essa repartição de riquezas, o equilíbrio em pouco tempo estaria desfeito pela diversidade dos caracteres e das aptidões”. (t)

<[Moderador]> [5]-<Cyrano> Em “O Livro dos Espíritos”, uma das respostas dos espiritos superiores é de que a pobreza é totalmente fruto dos homens e seu egoísmo, e não de Deus. Por outro lado, se fala que a pobreza tem uma função de aperfeiçoamento moral. Não seria então a pobreza uma obra de Deus destinada a nossa evolução e não puramente dos homens?

<Regina_de_Agostini> O que em “O Livro dos Espíritos” é perguntado na questão 806 é: “É lei da Natureza a desigualdade das condições sociais?”. Resposta: “Não, é obra do homem e não de Deus”. Condição social é diferente de posição social. O que são condições sociais? São as condições em que o indivíduo vive na sociedade: saúde, alimentação, habitação, educação, etc. Posição social é a posição que ele ocupa na sociedade, por força das diferenças das aptidões pessoais. Podemos dizer que condições sociais definem a qualidade de vida material e o bem estar social. Essas desigualdades de condições sociais tendem a desaparecer e desaparecerão quando o egoísmo e o orgulho deixarem de predominar.

Mas tanto a pobreza quanto a riqueza são funcionais, ou seja, levam a um aprendizado. Precisamos esclarecer que existe uma diferença entre miséria e pobreza. Miséria é a ausência das condições mínimas para uma vida com dignidade, é um nível sub-humano da existência. Diferentemente, a pobreza é caracterizada pela satisfação em grau adequado das necessidades básicas para uma vida de decência e dignidade. A miséria tem como causa egoísmo, orgulho, em última análise, as paixões a que o homem se entrega. É uma patologia social. A pobreza, diferentemente, tem funções espirituais: variação das experiências reencarnatórias, redução dos preconceitos sociais, exercício das provas, expiações e missões. (t)

<[Moderador]> [6]-<Abraham> E o controle da Natalidade!! Essa onda de sensualismo desenfreado pela mídia televisiva e revistas, no meu modo de ver, contribui para o reencarne de tantos espíritos sofredores! E as desigualdades sociais não se acentuam devido a essa superpopulação?

<Regina_de_Agostini> A causa primeira das desigualdades sociais é a falta de educação moral dos indivíduos que compõem a sociedade. É a falta de educação, mas não a educação intelectual. Sem dúvida que essa deseducação provoca ondas de sensualismos, que têm como conseqüência o aumento da população, dentro de uma classe sem a mínima condição material de mantê-los, mas todos nós somos responsáveis por essa situação, quando deixamos de fazer a nossa parte, na contribuição de educar moralmente aqueles que estão próximos de nós. (t)

<[Moderador]> [7]-<Macroz> Estaríamos hoje, preparados para viver em igualdade social, se fossem divididos igualmente todos os bens do planeta ? Por que?

<Regina_de_Agostini> Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” foi feita exatamente essa pergunta, que já foi respondida e citada anteriormente. Em “O Livro dos Espíritos”, questão 811, é perguntado aos Espíritos: “Será possível e já terá existido a igualdade absoluta de riquezas?” Ao que os Espíritos respondem: “Não, nem é possível. A isso se opõe a diversidade das faculdades e dos caracteres”. O que é importante é que nós possamos estabelecer para toda a sociedade condições sociais dignas, ou seja, garantir a todos as necessidades básicas de “sobrevivência”. (t)

<[Moderador]> [8]-<adail> Quando nascemos em condições sociais dificultosas, será lícito procurar atingir nossos objetivos materiais através de jogos de azar? Ex: loterias.

<Regina_de_Agostini> É lícito desde que para isso não se torne um jogador compulsivo, o que se tornaria um vício. 🙂 (t)

<[Moderador]> [9]-<Clickcert> É correto pensar que as desigualdades são necessárias para que o homem evolua, esforçando-se por igualar-se através do amor?

<Regina_de_Agostini> As desigualdades são naturais e têm como causa, como já vimos, as diversidades de aptidões. Convivendo todos juntos em sociedade, temos a possibilidade de aprender com aqueles que estão mais adiantados do que nós da mesma forma que servimos de exemplo pelas nossas atitudes a outros companheiros. Essa troca de experiências é muito rica e propícia ao nosso desenvolvimento, ao nosso crescimento que tem como meta alcançarmos a perfeição relativa a que estamos destinados. Pensamos que na perfeição relativa a igualdade alcançada pela conquista do amor seria muito mais uma paridade de possibilidades e de conquistas. A palavra “igualdade” nos leva a pensar em que todos teremos os mesmos caracteres, pensaremos da mesma maneira, o que anularia a individualidade de cada um. Paridade seria um mesmo patamar de aquisições espirituais. (t)

<[Moderador]> [10]-<Macroz> Nosso planeta progredirá, ao ponto de não mais termos desigualdades sociais no mesmo? Pode citar exemplos trazidos pelos amigos espirituais?

<Regina_de_Agostini> Estamos muito preocupados com as desigualdades sociais pelo desentendimento da sua função educativa para Espíritos num determinado nível de desenvolvimento. Certamente que, quando alcançarmos um nível espiritual melhor, mais adiantado, as desigualdades deixarão de nos incomodar tanto. Acredito que continuamos a confundir desigualdade de posições sociais com desigualdade de condições sociais. Não lembramos, no momento, de exemplos trazidos pelos Espíritos a respeito de sociedades em que não hajam essas diferenças entre os Espíritos. (t)

<[Moderador]> [11]-<Cyrano> Se a igualdade social é uma utopia, isso quer dizer que a Doutrina Espírita se opõe as idéias comunistas, como as de Karl Marx, por exemplo?

<Regina_de_Agostini> Segundo podemos ler em “Socialismo e Espiritismo”, de Léon Denis, pág. 19, 2a. Edição – Casa Editora O CLARIM: “Uma incursão pela história, nos faz passar pelo socialismo de Platão, Thomas Morus, Campanella, Engels, Marx, Lenin, etc, mas as contradições que podem nos levar exatamente ao contrário do que se procura, estão nas limitações puramente econômicas das fórmulas e da análise. O Espiritismo acrescenta um outro elemento ao Socialismo, distinguindo-o das outras fórmulas (…)”. A Doutrina Espírita propõe a modificação moral do homem como ponto básico para a modificação das estruturas sociais. (t)

Considerações finais do palestrante:

<Regina_de_Agostini> Agradecemos a presença de todos e a oportunidade de falarmos um pouco da Doutrina Espírita e aproveitamos para trazermos uma bibliografia para esse tema tão importante.

  1. LOBO, Ney. “O Plano Social de Deus e as Classes Sociais segundo a Doutrina Espírita”. EDICEL Editora.
  2. LOBO, Ney. “Estudos de Filosofia Social Espírita”. Editora FEB. Nesses dois livros, o Autor faz uma análise aprofundada desse tema trazendo todas as referências doutrinárias das Obras Básicas. Muito obrigada. (t)

Oração final:

<Luno> Vamos elevar nossos pensamentos a Deus, a Jesus nosso Mestre, o espírito de maior evolução que passou pela Terra até hoje. E a todos aqueles amigos espirituais que nos acompanham, nos auxiliando em nossa caminhada. Obrigado, Pai, por mais essa oportunidade de estarmos aqui juntos e aprendermos com a tua palavra bondosa e amiga. Agradecemos a todos os mentores espirituais ligados ao Grupo Rita de Cássia de Estudos Espíritas e aos espíritos responsáveis pelo trabalho no Canal #Espiritismo pelo apoio, elucidação e vigor de ânimo que transmitem, em nome de Deus às nossas mentes e nossos corações.

É com o coração transbordando de alegria e rogando a ti, Pai, que nos nossos instantes, todos possamos dar reflexão necessária para que as lições sejam introspectadas e colocadas em prática em nossas vidas. Permanece conosco, Deus Pai, para todo o sempre nos amparando, dando-nos força e fé para seguirmos em frente, em direção ao Teu Amor. Que assim seja!