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Doação de Órgãos

Doação de Órgãos

Palestra Virtual
Promovida pelo Canal #Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br

Palestrante: Mário Coelho
Rio de Janeiro
13/04/2001

Organizadores da palestra:

Moderador: “jaja” (nick: ||Moderador||) “Médium digitador”: “M_Alves” (nick: Mario_Coelho)

Oração Inicial:

<Naema> Senhor amado, Muito temos a agradecer neste dia, e em todos que temos oportunidade de exercitar nosso crescimento que possamos sempre ser amparados recebendo os ensinamentos através desses irmãos abnegados que vem até nós, compartilhar seus conhecimentos Nos esclarecendo, nos amparando nas dúvidas e nos fazendo cada vez mais fortes a cada dia Prontos para exercitar o que nos recomenda a Doutrina Espírita em sua sabedoria que possamos ser acompanhados pelos bons espíritos que possamos refletir sobre o assunto de hoje e que nosso companheiro possa ser intuído em sua palestra. Assim Seja! (t)

Apresentação do palestrante:

<Mario_Coelho> Meu nome é Mário Coelho, espírita desde 1976 e trabalhador da Casa de Léon Denis desde 1984, onde tenho atuado na divulgação doutrinária, na assistência social e como médium. (t)

Considerações iniciais do palestrante:

<Mario_Coelho> Os transplantes de órgãos hoje já são considerados rotineiros, mas para que isso chegasse a esse ponto, muitos entraves tiveram que ser vencidos. Inicialmente a doação era consentida, ou seja, precisava do consentimento do próprio doador antes de sua morte, de acordo com a lei 5.479 de agosto de 1968. Só que essa lei só se limitava a doadores mortos e não doação de órgãos de vivos. por mais de 20 anos os critérios adotados para o fenômeno “morte” limitavam muito os transplantes , pois ainda não existia o conceito de morte encefálica, presidindo a doação, sendo assim, só era possível a remoção dos órgão após parada cárdio-respiratório e eletroencefalograma isoelétrico (linha mortal) e isso fazia com que se perdesse, muitas das vezes, as qualidades dos órgãos para transplante. Somente em 1993 é que se incorporou a prática do transplante o conceito de morte encefálica. Essa lei ainda permitia que a doação fosse consentida. Somente em 1997 foi regulamentada por decreto Só que neste decreto tentou-se incorporar o conceito de morte presumida, ou seja, todos os que não se manifestassem contra a doação, colocando isso em seu documento de identidade como não-doador, seriam considerados doadores em potencial.

O problema da lei presumida é que não houve um tempo para as pessoas amadurecerem as idéias, principalmente as classes menos favorecidas. Com esse não esclarecimento os doadores presumidos passaram a se sentir vítimas. Os próprios médicos mesmo sabendo que no caso de morte encefálica é legal retirar o órgão, passaram a antes consultar a família, pois mesmo sendo legal, não viam o procedimento dentro de uma certa ética, retirar o órgão se a família fizesse objeção, pois existe no código de ética médica, no art. 28 um parágrafo que diz que o médico tem o direito de recusar a realização de atos que mesmo permitido por lei, sejam contrários aos ditames de sua consciência. Isso fez com que uma medida provisória do Presidente da República permitindo que, mesmo que o doador tenha se colocado em vida como doador presumido, haverá sempre como última opinião para a doação a vontade da família.

As considerações que surgiram a partir destas leis, mexeram com a cabeça de muita gente. Surgiram opositores e aqueles a favor da doação. Surgiram argumentos religiosos, filosóficos, éticos, pessoais, culturais e etc. Nós, com a Doutrina Espírita, gostaríamos de colocar a visão clara e lógica que ela nos traz. E assim, nós que temos uma visão mais ampliada sobre a vida após a morte, teceremos informações a respeito dessas implicações que são tão discutidas. (t)

Perguntas/Respostas:

<[Moderador]> [01] – <carlos_lopes> Segundo alguns autores espíritas, quando se doa órgãos, o perispírito é lesado e ainda causa influência na próxima encarnação. André Luiz, por exemplo, levou as impressões de câncer no intestino para o mundo espiritual, com sua desencarnação. Se levamos os estigmas das doenças, também levamos quando tiram nossos órgãos para doação e o espírito sofre horrores. Mesmo quando é constatada a morte cerebral, o espírito continua no corpo e sofre por isso?

<Mario_Coelho> Não sei quais os autores espíritas que você leu que diz que a doação de órgãos causa lesões no perispírito mas podemos te assegurar que a doação é um ato nobre diferente da doença provocada pelos nossos excessos, que deixam marcas no nosso perispírito. (t)

<[Moderador]> [02] – <doris_dai> Num caso em que a família opta pela doação, mas seu ente querido nunca comentou com alguém sobre isso, como ele se sentiria no plano espiritual? – A pergunta se refere a uma pessoa comum, quero dizer, sem conhecimento nenhum da Doutrina Espírita ou mesmo sem ser espiritualizado.

<Mario_Coelho> A doação sempre redundará num benefício para aquele que doou, mesmo a revelia, pois o que assim doou sempre terá a gratidão daquele que recebeu e mesmo que não tenha a gratidão deste, terá por certo a gratidão dos amigos espirituais e protetores do receptor. Há uma mensagem psicografada pelo médium Chico Xavier de um jovem suicida que disse que recebeu o socorro espiritual pelo simples fato de alguém ter recebido as suas córneas e tal ato possibilitou o socorro através das preces do receptor. É claro que tal ato não tirou o peso dele do suicídio, mas possibilitou os socorros primeiros. (t)

<[Moderador]> [03] – <Guest10295> Supondo a pessoa estar desapegada das coisas materiais e do mundo material, após a morte, e sendo doadora de órgãos, ela pode ter cometido um engano e perceber que ainda não está totalmente desapegada… Se tornaria então um espírito que ficaria sempre junto do irmão que recebeu o órgão doado?

<Mario_Coelho> O apego não é da matéria corpo, o apego que nós espíritos temos é das sensações da matéria. Quando desencarnamos e ficamos com ausência da possibilidade de usufruir dessas sensações, é que há o sofrimento. Não é a saudade do corpo que temos, e sim das sensações que ele podia nos proporcionar. Nesse caso, se não temos evolução, não vamos buscar o receptor e sim alguém que se afinize conosco para permitir que saciemos a nossa vontade pelo prazer do outro. (t)

<[Moderador]> Duas perguntas correlatas: [04] – <Naema> Quando ocorre a rejeição, isso pode ser relacionado ao fato do espírito doador não estar preparado para isso? [05] – <Dejavu> A rejeição de órgãos transplantados ocorre devido à incompatibilidade existente entre o fluido vital do doador e o do receptor?

<Mario_Coelho> Ainda existem muitos fatores celulares e bioquímicos que causam estranheza aos próprios pesquisadores no caso da rejeição. Hoje, melhor do que a vinte anos atrás consegue se dosar muitos elementos capazes de possibilitar a rejeição, coisa que antigamente não víamos, pois levava-se em conta apenas a compatibilidade sanguínea. Hoje já temos as drogas imunossupressoras, que minimizam estes efeitos. Como revelação, já ouvimos dos espíritos que existem fatores espirituais, emocionais, evolutivos que podem facilitar a rejeição. Não é específicamente de caráter fluídico, mas todo esse conjunto que a própria evolução da medicina e do homem tornará isso coisa do passado. (t)

<[Moderador]> [06] – <NICKodemus> Mário Coelho, boa noite! Você é doador de órgãos? Por quê?

<Mario_Coelho> Sou. E para complementar a minha afirmativa trago aqui o que diz Divaldo P. Franco, no livro “Seara de Luz”, da Editora LEAL, sobre doação de órgãos. Diz Ele: “- É perfeitamente válida. Se a misericórdia divina nos confere uma organização física sadia, é justo e válido, depois de nos havermos utilizado desse patrimônio, oferecê-lo, graças as conquistas valiosas da ciência e da tecnologia, aos que vieram em carência a fim de continuarem a jornada. (t)

<[Moderador]> [07] – <NICKodemus> É ético uma casal optar por ter mais um filho apenas em decorrência da necessidade de se encontrar um doador de medula para um outro filho com leucemia?

<Mario_Coelho> A maternidade é sempre nobre e santa, em qualquer situação, já dizia Chico Xavier. Embora os pais estejam muitas das vezes pensando mais neles, que ficarão com a ausência do filho, caso não consiga o transplante, é sempre válido possibilitar que outras almas possam reencarnar, pois assim cumprem um plano divino, que é a reencarnação. (t)

<[Moderador]> [08] – <Dejavu> O estado de morte cerebral é um momento seguro para se fazer a retirada de órgãos para transplante, sem perturbar o Espírito do doador?

<Mario_Coelho> Sim, pois é uma condição irreversível e na qual os órgãos estão em perfeito estado de recepção. Em geral as pessoas se preocupam muito com o momento da morte, mas temos visto através de mensagens de recém-desencarnados, pelos médiuns Chico Xavier, Divaldo Franco e tantos outros os espíritos relatando que no instante da morte não à viram acontecer, pois sentiram logo após o “trauma” uma sonolência e acordaram horas depois, já socorridos. Há uma mensagem que foi psicografada pelo médium Divaldo Franco, do qual não me recordo o nome, em que uma menina em idade escolar foi raptada pela segunda esposa de um senhor que estava separado da esposa e foi esquartejada pela mesma e os pais foram até Divaldo e o início da mensagem da menina é mais ou menos assim: “Mãezinha, não fique pensando que eu sofri no instante da morte, pois eu não vi nada, antes do golpe fatal senti como que um desmaio e vi vovó ao meu lado mandando eu repousar. Me acheguei ao colo dela e dormi um sono tranqüilo. Quando acordei tudo já havia passado. Estava em uma cama de um hospital e vovó ao meu lado (…). Como vemos nessa mensagem, nem sempre no momento da transição o espírito traz a lucidez do momento. É até um fator de proteção e defesa nosso. (t)

<[Moderador]> [09] – <NICKodemus> Há no Antigo Testamento uma referência que proíbe ao homem “tomar o sangue de outro homem”. Não seria isso uma advertência contra a prática da transfusão de sangue? Ao doar sangue não se estaria passando por cima dessa advertência divina?

<Mario_Coelho> Nós espíritas não temos a bíblia como livro divino. Vemos um livro do qual tiramos a parte moral quando Pedro fala que devemos nos abster do sangue e da carne, por certo não falou de doação de sangue e sim falava do sangue dos animais sacrificados que no velho testamento era tido como intocável. (t)

<[Moderador]> [10] – <Kramnik> Visto que, normalmente, a doação tem de ser efetuada logo após a desencarnação, quais os efeitos da mesma para o perispírito do desencarnado, sabendo que, normalmente, a pessoa continua ligada com os laços do veículo perispiritual com o corpo?

<Mario_Coelho> A condição do perispírito não diz respeito ao instante da morte e sim do tipo de vida que se levou. (t)

<[Moderador]> [11] – <NICKodemus> Minha mãe me confessou outro dia que não doaria os órgãos por julgar que poderia vir a necessitar deles no mundo espiritual. Será possível isso?

<Mario_Coelho> Ela não precisa ter essa preocupação, pois os órgãos perispirituais não guardam relação direta com corpo físico. São distintos. Esse pensamento de achar que se precisaria do corpo na vida espiritual vem lá do antigo Egito, de onde surgiram as múmias, pois o faraó achava que precisaria do seu corpo e dos seus haveres para continuar a existir no mundo espiritual. (t)

<[Moderador]> [12] – <NICKodemus> Há na literatura básica da doutrina – reportando-se a Kardec – algum excerto que se pudesse eleger como referência à doação de sangue ou de órgãos?

<Mario_Coelho> Não, porque na época de Kardec a medicina não cogitava desse tipo de conquista. (t)

<[Moderador]> [13] – <NICKodemus> Fala-se nesta palestra sobre doação de órgãos e de sangue. Sem a intenção de polemizar, eu gostaria de perguntar ao palestrante qual sua opinião sobre a doação de sêmen para os bancos de sêmem?

<Mario_Coelho> O armazenamento de sêmem é viável porque possibilita a oportunidade de alguém gerar uma criança. Desse modo, é válida por cumprir a lei da reencarnação.(t)

<[Moderador]> [14] – <Karl_max_> Transplante de órgãos… O que alteraria, em relação ao plano espiritual, dessa pessoa que vai receber esses órgãos?

<Mario_Coelho> O que vai receber o órgão é como aquele mordomo da parábola do Cristo, que recebeu um talento e deverá fazer bom uso dele, multiplicando os benefícios por aquilo que recebeu. (t)

<[Moderador]> [15] – <Rafaielo> A que conseqüência espiritual estaria sujeito um doador que vendesse um rim para um receptor necessitado?

<Mario_Coelho> Deus julga segundo a intenção. (t)

<[Moderador]> [16] – <Winnie> Bem, no mês passado, meu pai foi submetido a uma operação delicada no coração, onde colocou 4 pontes de safena e recebeu duas transfusões de sangue. Desde que fez a cirurgia, ele anda muito emotivo. Qualquer coisa, cai no choro compulsivo. O que a doutrina diz sobre isso? Eu nunca tinha visto meu pai chorando até o dia da cirurgia. Agora mesmo ele está vendo “Ratinho” aqui e está chorando. Será que foi porque mexeu no coração?

<Mario_Coelho> Todas as cirurgias de grande porte sempre tornam as pessoas emotivas, porque as fazem pensar na própria razão de viver e na própria possibilidade da morte, pois esta sempre causa um impacto naqueles que não estão acostumados a vê-la numa maneira mais ampla, como nos mostra a Doutrina Espírita, e isso incomoda o ser humano. Certa vez, Machado de Assis disse: “Eu, meditava ir ter com a morte. Não ousei fitá-la quando ela veio ter comigo.” (t)

<[Moderador]> [17] – <Dejavu> Por que alguns espíritas recusam-se a autorizar, em vida, a doação de seus próprios órgãos após o desencarne?

<Mario_Coelho> Questão de foro íntimo. (t)

<[Moderador]> [18] – <dindafoz> Meu irmão cometeu suicídio e deixou escrito em uma carta, nas últimas palavras, que queria doar todos os seus órgãos. Como pode abrir mão de sua vida e, ao mesmo tempo que foi mesquinho abrandando sua vida, ser tão humano e sensível, pensando que seu ato poderia ajudar o próximo?

<Mario_Coelho> Isso mostra que igual a todos nós ele é feito “de sombras e de luz”, temos méritos e deméritos presentes em nós.(t)

Considerações finais do palestrante:

<Mario_Coelho> Doar é sempre uma ato humanitário. Não nos esqueçamos do que disse o missionário Francisco de Assis: “É dando (doando) que se recebe!” (t)

Oração Final:

<[Moderador]> Senhor Jesus, nós te agradecemos sempre pelos momentos de estudo que temos tido a oportunidade de ter aqui neste ambiente virtual. Te pedimos, Senhor, que nos abençoe os propósitos de crescimento como espíritos imortais que somos. E que nos ajude a desenvolver nossos pensamentos, direcionando-os para o bem, para a caridade, para a fraternidade e para a solidariedade. Que os bons espíritos nos auxiliem, hoje e sempre… E que em nome de Deus, de Jesus e da espiritualidade amiga que dirige estes nossos momentos de estudo e aprendizado, possamos dar por encerrada mais uma Palestra Virtual. Que assim seja!