Ensaio Teórico sobre a sensação nos Espíritos
“O Livro dos Espíritos” – questão 257
Estudo Espírita
Promovido pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br
Expositor: Deise Bianchini – Naema
Mato Grosso do Sul
11/11/2000
Dirigente do Estudo da Noite:
Mauro [MBueno]
Oração Inicial:
<MBueno> Queridos amigos,
Estamos iniciando os trabalhos da noite Eu rogo ao Pai a proteção dos bons amigos espirituais para as atividades que vamos executar Peço que nossas mentes e corações estejam prontos a receber os ensinamentos que nos serão dados, e que possamos aproveitar intensamente mais esta oportunidade de enriquecimento e evolução E pedindo a todos que serenem suas mentes e corações, vibro amor e paz a todos os que nos cercam, especialmente aos irmãos com os quais contraímos dívidas emocionais, nesta e noutras vidas… Pai, acompanha-nos neste novo estudo e faz brilhar em nossas mentes as lições do bem. Assim Seja!
Mensagem Introdutória:
Sensações Além-túmulo
Não olvides que a morte do corpo denso reintegrar-te-á no patrimônio de emoções que amealhaste a benefício ou em desfavor de ti mesmo. Agora que te confias à multiplicidade de idéias e sonhos, anseios e impressões, no campo da própria alma, a dividir-se através dos sentidos que te compõem o mundo sensorial, és qual fonte de vida a espraiar-se no solo da experiência; entretanto, amanhã, serás a síntese de ti próprio, na justa aferição dos valores que a Providência te conferiu. Se o Bem te preside a jornada, decerto, sob o Amparo da Lei, receberás do Senhor novos mandatos de serviço em consonância com os teus ideais, porque no culto do dever retamente cumprido, todas as criaturas ascendem verticalmente a novos quadros evolutivos.
Mas, se encarceras o espírito nos enganos da sombra, não esperes que a ausência da teia física se te faça, mais tarde, equilibrio e libertação, de vez que a Lei, ciosa de seus princípios, guardar-te-á nos resultados de tuas próprias ações, compelindo-te a restaurar os fios do destino, associando-os aos propósitos do Pai Excelso. É por isso que as sensações além-túmulo representam o retrato positivo das imagens que criamos no laboratório da existência física, determinando, segundo a lição do Mestre, que o fruto de nossos desejos esteja à nossa espera, onde guardamos o coração.
Não te esqueças de que a alegria do Céu e os tormentos do inferno começam, invariavelmente, em nós próprios, plasmando em derredor de nós mesmos o flagelo das paixões destruidoras que houvermos abraçado no convívio deliberado da sombra, ou no Brilho do Bem, a que tivermos empenhado as nossas melhores forças, no sacrifício incessante pela Vitória da Luz.
Emmanuel
Do Livro: Sentinelas da Luz
Psicografia: Francisco Cândido Xavier
Editora: CÉU
Exposição:
A dor tem como instrumento o corpo, mas a percepção da dor ocorre na alma. Como comparação podemos pensar naqueles a quem se amputou um membro e costumam sentir dor no membro que lhes falta.
É que o cérebro guarda a impressão da existência do membro. Fato semelhante ocorre no sofrimento do Espírito, após a morte.
O seu perispírito é o agente das suas sensações exteriores. No corpo, os órgãos localizam essas sensações. Destruído o corpo, as sensações se tornam gerais.
Daí o Espírito não dizer que sofre mais da cabeça do que dos pés, ou vice-versa.
Não podemos confundir, porém, as sensações do perispírito, que se tornou independente, com as do corpo.
Liberto do corpo, o Espírito pode sofrer, mas esse sofrimento não é corporal.
A dor que sente não é, pois, uma dor física propriamente dita: é um vago sentimento íntimo, que o próprio Espírito nem sempre compreende bem,
isso porque a dor não se acha localizada e porque não a produzem agentes exteriores; é mais uma lembrança do que uma realidade, o que não torna a dor menos penosa.
A morte física e o desencarne não ocorrem simultaneamente. O indivíduo morre quando o corpo físico deixa de funcionar.
O Espírito desencarna quando se completa o desligamento, o que pode demorar algumas horas ou alguns dias, dependendo do grau de adiantamento de cada um.
O perispírito se desprende mais ou menos lentamente do corpo; durante os primeiros minutos depois da desencarnação o Espírito não encontra explicação para a situação em que se acha.
Crê não estar morto, por isso que se sente vivo. Essa situação dura enquanto haja qualquer ligação entre o corpo e o perispírito.
De forma geral encontra-se em estado de perturbação.
Basicamente o Espírito permanece ligado ao corpo enquanto são muito fortes nele as impressões da existência física.
Indivíduos materialistas , que fazem da jornada humana um fim em si, que não cogitam de objetivos superiores, que cultivam vícios e paixões, ficam retidos por mais tempo,
até que a impregnação fluídica animalizada de que se revestem sejam reduzidas a níveis compatíveis com o desligamento.
Certamente os benfeitores espirituais podem fazer o desligamento de imediato, tão logo se dê o colapso do corpo.
No entanto, não é aconselhável, porquanto o desencarnante teria dificuldades maiores para ajustar-se às realidades espirituais.
Embora o constrangimento e as sensações desagradáveis que venha a enfrentar, na contemplação de seus despojos carnais em decomposição, tal circunstância é menos traumatizante do que o desligamento fora do tempo,
pois serão muito fortes no Espírito as impressões e interesses relacionados com a existência física.
O suicida, tendo provocado sua forma fora do tempo, pode nos dizer que sente os vermes a lhe roerem.
Sabemos que esses vermes não lhe roíam o perispírito e ainda menos o Espírito; roíam-lhe apenas o corpo. Como, porém, não era completa a separação do corpo e do perispírito, uma espécie de repercussão moral se produzia, transmitindo ao Espírito o que estava ocorrendo no corpo.
Era antes a visão do que se passava com o corpo, ao qual ainda o conservava ligado o perispírito, o que lhe causava a ilusão, que ele tomava por realidade.
Nesse caso não haveria uma reminiscência, porque ele não fora, em vida, roído pelos vermes: havia o sentimento de um fato da atualidade.
Durante a vida, o corpo recebe impressões exteriores e as transmite ao Espírito por intermédio do perispírito,
este, desprendido do corpo, experimenta a sensação, porém, como já existe o corpo que limita a dor, ela se lhe torna geral.
Não sendo o perispírito, realmente, mais do que simples agente de transmissão, pois que no Espírito é que está a consciência, lógico será deduzir-se que, se pudesse existir perispírito sem Espírito, aquele nada sentiria, exatamente como um corpo que morreu.
Do mesmo modo, se o Espírito não tivesse perispírito, seria inacessível a toda e qualquer sensação dolorosa.
É o que se dá com os Espíritos completamente purificados. Quanto mais eles se purificam, tanto mais etérea se torna a essência do perispírito,
a influência material vai diminuindo à medida que o Espírito progride, isto é, à medida que o próprio perispírito se torna menos grosseiro.
Dizendo que os Espíritos são inacessíveis às impressões da matéria que conhecemos, referimo-nos aos Espíritos muito elevados, cujo envoltório etéreo não encontra analogia neste mundo.
Isso não acontece com os de perispírito mais denso, os quais percebem os nossos sons e odores, não, porém, apenas por uma parte limitada de suas individualidades, conforme lhes sucedia quando vivos,
neles as vibrações moleculares se fazem sentir em todo o ser e lhes chegam ao próprio Espírito.
Eles ouvem o som da nossa voz, entretanto nos compreendem sem o auxílio da palavra, somente pela transmissão do pensamento.
Ao passarem de um mundo a outro, os Espíritos mudam de envoltório, como nós mudamos de roupa.
Quando nos vêm visitar, os mais elevados se revestem do perispírito terrestre e então suas percepções se produzem como no comum dos Espíritos.
Conforme a categoria que ocupem, podem ocultar-se dos que lhes são inferiores, porém não dos que lhes são superiores.
Nos primeiros instantes que se seguem à morte, a visão do Espírito é sempre turbada e confusa. Aclara-se, à medida que ele se desprende, e pode alcançar a nitidez que tinha durante a vida terrena.
Uma vez, quando livres do nosso grosseiro envoltório, instrumento das nossas dores, podemos imaginar que não mais sofreríamos.
Mas podemos continuar a sofrer, e muito, e por longo tempo, mas também que podemos deixemos de sofrer, até mesmo desde o instante em que se nos acabe a vida corporal.
Os sofrimentos deste mundo independem, algumas vezes, de nós; muito mais vezes, contudo, são devidos à nossa vontade, tais sofrimentos são efeitos de causas que nos teria sido possível evitar.
Os sofrimentos por que passa o Espírito são sempre a conseqüência da maneira como viveu na Terra.
Sofrer resulta dos laços que ainda nos prendem à matéria; quanto mais livre estivermos da influência desta, ou, por outra, quanto mais desmaterializado nos acharmos, menos dolorosas sensações experimentaremos.
Domando as paixões animais; não alimentando ódio, nem inveja, nem ciúme, nem orgulho; não nos deixando dominar pelo egoísmo, nutrindo bons sentimentos; praticando o bem; não ligando às coisas deste mundo importância que não merecem;
e, então, embora revestidos do invólucro corporal, já estaremos depurados, já estaremos libertos do jugo da matéria e, quando deixarmos esse invólucro, não mais sofreremos sua influência.
Nenhuma recordação dolorosa advirá dos sofrimentos físicos que tenhamos passado; nenhuma impressão desagradável ficará, porque apenas terão atingido o corpo e não a alma.
Os sofrimentos guardam relação com o proceder que tivemos e cujas conseqüências experimentaremos; a outra vida é fonte de inefável ventura para os que seguiram o bom caminho.
Aos que sofrem, isso acontece porque o quiseram; e, portanto, só de si mesmos se devem queixar, quer no outro mundo, quer neste.
( Literatura Consultada: O Livro dos Espíritos – Allan Kardec; Quem tem medo da morte – Richard Simonetti )
Perguntas/Respostas:
01<Mary_L> Alguém desencarna antes da hora? É o caso dos suicidas?
<Naema> Não podemos tomar todas as situações de nossa vida como planejadas Fazemos um planejamento em linhas gerais, isto, assumimos certos compromissos Se assim não fosse estaríamos sujeitos ao determinismo, e nosso livre arbítrio não teria valor Podemos fazer um planejamento de viver 50 anos, mas no decorrer de nossa vida, bebemos, fumamos, trabalhamos em excesso Conseguimos com nossas atitudes, encurtar nossa permanência aqui na Terra, com um suicídio involuntário Teríamos mais um tempo para aprender, para evoluir, mas desistimos dele E isso é permitido para que sejamos responsáveis por nossos atos, para que caminhemos com nossas próprias pernas e tenhamos os méritos da vitória ou derrota alcançada (T)
02<MBueno> Cara Deise, seria então apenas um resquício de nossas sensações as dores que advém após a morte, ou de fato ela existe em nossos perispíritos, de construção idêntica ao nosso corpo?
<Naema> MBueno, a dor que sentimos podemos encarar de duas formas: a moral, e a “física” A moral é aquela que sentimos por não havermos completado com nossos planos, termos utilizado nosso livre-arbítrio de forma errônea e a “física”, digo entre aspas para não confundirmos com a dor que sentimos no corpo, é sentir fome, sede , frio, dores não tendo mais o corpo, por que ainda estamos presos à matéria através de nosso perispírito
03<Mary_L> Os espíritos que encarnam e quase desencarnam no mesmo momento, seria o caso de precisarem de um “cutucão”? Quais as sensações após o desencarne?
<Naema> A morte nos recém-nascidos pode ter várias explicações, mas de forma geral, é apenas o tempo de que eles necessitavam passar pelo corpo, considero que seja uma prova maior para os pais, mesma forma esse espírito passará por período de perturbação, cujo tempo será maior ou menor dependendo do motivo que o levou a um desencarne tão rápido os suicidas, quando destruíram o corpo de maneira muito profunda precisam ir reconstituindo seu perispírito aos poucos, isso de forma geral (t)
04<_angelo__> Naema, sabemos que a construção de tudo no plano espiritual esta ligada ao pensamento (ele seria o gerador de tudo). Para nós com nossos pobres 5 sentidos fica um pouco difícil entender este poderio do pensamento. Você poderia falar algo sobre isto?
<Naema> Realmente Angelo, é um assunto muito difícil de compreendermos Nós ainda estamos muito presos ao que conseguimos fazer com nossas pequenas habilidades
Mas podemos pensar no poder que temos através da prece isso para nos dar uma idéia muito pobre da força do pensamento sabemos que através da prece de coração, aquela em que nos doamos totalmente em benefício de alguém, sempre conseguimos aquilo que buscamos, embora talvez não da forma que imaginamos :))) E no mundo espiritual, onde não estamos restritos será muito maior a força dessa construção mental Outra coisa que podemos nos lembrar, que é algo que nos acontece, são os pensamentos íntimos que temos, as telas mentais que projetamos, e que atraem para nosso lado tanto os amigos espirituais, como os obsessores que tanto tememos
<Naema> Acho que o MBueno gostaria de complementar essa minha resposta :)))
<MBueno> A construção mental é muito mais poderosa do que parece. O próprio funcionamento do corpo passa por ela sem que o percebamos claramente Os poderes de nossa mente são praticamente ilimitados Ao imaginarmos algo, com riqueza de detalhes, estamos construindo isto mentalmente Tais criações são tão mais reais, quanto mais efetivamente a idealizamos Este fenômeno, que chamamos ideoplastia, é o usado nas construções espirituais
05<domingues> como é que se explica o afastamento do espírito da matéria, no estado de coma?
<Naema> No estado de coma o espírito vai sendo desligado aos poucos, laços vão sendo desatados, alguns relatos nos dizem que o espírito vê o que ocorre ao seu redor e sofre com o sofrimento dos familiares é um momento de preparação, onde a pessoa está sendo acompanhada pelos espíritos amigos por isso não acreditamos em eutanásia, estamos tirando do doente momentos preciosos
06<_angelo__> Poderíamos então entender que as regiões de sofrimento (umbral) seriam fruto coletivo das mentes ali estacionadas? (t)
<Naema> Sim, cada espírito criará segundo a sua condição de evolução No livro Memórias de um suicida
Yvone Pereira nos relata a situação do personagem, imaginando-se em uma caverna, cego Essa cegueira ele não necessitaria ter como espírito mas foi o motivo de seu suicídio
por isso se vê cego, e em sofrimento
Apenas após seu resgate e conscientização é que pode se recompor
<MBueno> Chamamos estas regiões umbralinas de psicosferas
Oração Final:
<Naema> Amigos
vamos nesse momento
utilizar o nosso poder
em um momento de prece
e encaminhar a todos que nos caros
sentimentos de amor, fraternidade, cura , amparo, que possam ser beneficiados por nossas emanações todos aqueles que necessitem
que estão em situações bem mais difíceis do que nós Para os nossos inimigos, que possamos finalmente encontrar a paz e concórdia entre todos Ampare senhor, aqueles que desertaram da vida, e estão em sofrimento Que possamos cada um de nós, nesse momento de doação recebermos também
àquilo que precisamos
principalmente aceitação para nossos problemas e dificuldades e o entendimento de que tudo é para nós uma lição de progresso Pedimos sensatez em nossas atitudes
que possamos esquecer o orgulho e as mesquinharias da vida terrena Obriga Pai, por todas as chances que coloca ao nosso alcance Obrigada
Assim seja!