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Espiritismo e Cidadania

Espiritismo e Cidadania

Palestra Virtual
Promovida pelo IRC-Espiritismo
Http://www.Irc-espiritismo.org.br

Palestrante: Gezsler Carlos West
Rio de Janeiro
17/05/2002

Organizadores da Palestra:

Moderador: “Jaja” (nick: [Moderador])

Médium digitador“: “Gezsler” (nick: Gezsler)

Oração Inicial:

<_Alves_> Elevando o nosso pensamento a Deus. Agradecemos a este Pai de infinito amor e bondade. Pela oportunidade de mais uma vez nos encontrarmos neste ambiente virtual. Com o objetivo de aprendermos um pouco mais sobre as Leis Universais. Pedimos ao Criador que nos abençoe e nos ampare. E que Ele permita que os Bons Espíritos possam estar presentes. Nos auxiliando e nos intuindo. Para que possamos tirar o melhor proveito dos momentos que aqui estaremos.

Que possamos nós, de nossa parte. Fazermos o melhor para que as lições aprendidas. Sejam colocadas em prática em nosso dia-a-dia.

E que assim seja. (t)

Apresentação do Palestrante:

<Gezsler> Paz para todos! Moro em Recife-Pe, tenho 45 anos, atuo profissionalmente na área de engenharia e administração de empresas. Tornei-me espírita aos 18 anos, após a leitura de O livro dos Espíritos. Já atuei na direção de várias instituições espíritas, estando no momento respondendo pela presidência da ABRADE – Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo e também diretor do IPEPE – Instituto de Intercâmbio do pensamento Espírita de Pernambuco. (t)

Considerações Iniciais do Palestrante:

<Gezsler> É um tema que sempre me atraiu, pois vejo nele um convite ao homem para uma inserção mais profunda nas estruturas da nossa sociedade. Na Revista Espírita de 1863, Allan Kardec faz uma leitura do futuro do Espiritismo onde coloca as seis fases em que o mesmo passaria – curiosidades, lutas, etc, chegando na última, que ele denominou de Renovação Social. Vejo-a como uma interação da melhoria íntima e a interação social, que vem pelo caminho da Cidadania. (t)

Perguntas/Respostas:

<[moderador]> [1] – <jaja> Como você vê a participação do espírita em movimentos sociais, tipo associação de moradores, sindicatos, etc? Algo nestes movimentos pode não ser compatível com o modo de pensar do espírita? Ou o espírita pode contribuir de alguma forma na melhoria destes movimentos sociais?

<Gezsler> Penso que o bem jamais pode se omitir. Já dizia o Papa Pio 12 que o maior mal da humanidade era a omissão dos que se diziam do bem. Platão tem um pensamento muito interessante: “A desgraça dos que não gostam da política, é que serão governados pelos que gostam”. E finalizo com Gandhi: “Quem afirma que religião nada tem a ver com política, nada entende de religião nem de política”. (t)

<[moderador]> [2] – <_Alves_> Boa noite, amigo Gezsler. Seja bem vindo ao IRC-Espiritismo. Quando se fala em cidadania, deve-se falar em todos os aspectos da participação na sociedade, não? Então por que muitos espíritas abominam as atividades político-partidárias? É certa esta abominação?

<Gezsler> Considero isto um equívoco na interpretação doutrinária. O espiritismo em nenhum momento “condena” este tipo de participação. Uma coisa é envolver o espiritismo ou a instituição espírita em ações político partidária, que eu não concordo, mas algo bem diferente é o Cidadão espírita atuar nesta área que, tendo afinidade, passar a ser um compromisso moral com a sociedade em que esteja inserido (t)

<[moderador]> [3] – <ThE_CrOw-DJ> Hoje, mais precisamente às 18h30min, estava eu voltando para casa e presenciei um assalto à mão armada. Depois da devida fuga (instinto de preservação), voltei para ver se a dona da loja estava bem, etc. Quando voltei, a polícia chegou e me pegou como testemunha, etc. Passado o problema, minha mãe chegou falando em negócio de reconhecimento, etc. e ficou falando que se fosse eu chamado para reconhecer, era para eu negar, mesmo que reconhecesse. O que você acha disso?

<Gezsler> Compreendo a preocupação materna. Mas a coragem dos bons não pode vacilar neste momento. A verdade, sempre a verdade!

Considero Gandhi o grande exemplo de cidadania do século 20, onde ficava de frente com os fuzis dos ingleses, mas nunca utilizou a violência Penso que o mal cresce com a omissão dos bons, como tem no LE (perg. 942 (?)), que os bons são tímidos e os mau são ousados. (t)

<[moderador]> [4] – <voyagger> O instinto de preservação não deve prevalecer? Sabemos que a polícia é extremamente corrupta e de que provavelmente o ladrão estará nas ruas em pouco tempo. O cidadão que tem família, filhos para sustentar, não deve se furtar para que não corra o risco de faltar para os seus?

<Gezsler> Tudo é uma questão de consciência individual, mas se Jesus tivesse ficado no seu “cantinho” não teria sido crucificado penso que o “medo” encoraja o mal, levando-nos sempre a situação pior. É aquela conhecida história: Hoje ele entra no seu jardim e você não faz nada, amanhã na sua sala e você não faz nada, depois apertar seu pescoço tirando a sua voz, e como você não fez nada, não conseguirá fazer mais nada. (t)

<[moderador]> [5] – <voyagger> Só um adendo. Vejam o que acontece nas favelas. O crime acontece e nunca há testemunhas. Pergunto se você, Gezsler, se sentiria a vontade para convidar testemunhas sem garantir sua segurança. E se assim o fizesse, como se sentiria se a sua testemunha fosse assassinada? Sua consciência não o acusaria? Ou teria a sensação de “dever cumprido?”.

<Gezsler> Como disse anteriormente tudo é uma questão de consciência individual e não estou julgando ninguém, mas esse processo torna-se um círculo vicioso quando eu pago um resgate por um seqüestro, na realidade eu estou alimentando o próximo seqüestro do filho alheio penso que o “BEM” tem que dar uma basta no “MAL”, logo teremos sempre a “hora da verdade”, em que o equilíbrio, fé e coragem têm que prevalecer. (t)

<[moderador]> [6] – <_Alves_> Qual deve ser a postura de um espírita quando engajado em movimentos partidários: uma posição à direita, ao centro ou à esquerda? Ou seja, liberalismo, social-democracia ou socialismo?

<Gezsler> Como premissa ele tem que ser ÉTICO e ter como foco principal o bem estar físico, social, psíquico e espiritual da sociedade. Em relação às ideologias, não vejo o espiritismo ter uma definição clara sobre a questão “direita, centro, esquerda”. Já participai de debates espíritas sobre esta questão e temos várias interpretações e tendências. (t)

<[moderador]> [7] – <ThE_CrOw-DJ> (O espírita) tem que ser “o político perfeito”, no meio de tanta sujeira? (sem generalizações!).

<Gezsler> Perfeito seria utopia, mas buscá-la seria um compromisso. Já dizia Gandhi que “o mínimo que devemos fazer na Terra é tentar fazer o máximo”. (t)

<[moderador]> [8] – <voyagger> Com todo o respeito, acho que minha última pergunta não foi totalmente respondida. Pergunto novamente se você, Gezsler, teria a coragem de convidar uma testemunha, não poder garantir sua segurança e não se sentir pessoalmente responsável por danos à ela. E ainda, se teria a coragem de não pagar um resgate por seu filho. Sei que é uma resposta pessoal, mas de certa forma seria bom conhecer a resposta.

<Gezsler> Em relação à testemunha convidaria e colocaria ela totalmente esclarecida sobre os riscos, deixando-a livre para decidir pela própria consciência. Em relação ao seqüestro do filho, ainda não passei por este dissabor, mas a minha opinião neste momento seria que pagaria, mas sabendo que estaria alimentando outros seqüestros. (t)

<[moderador]> [9] – <ThE_CrOw-DJ> Muitos (não sei se espíritas) tentaram e falharam, seja por pressão, seja por queda no mesmo meio (político). A verdadeira cidadania, nesse assunto, depende mais de caráter, força de vontade, compromisso ou o quê?

<Gezsler> A base de tudo começa pela ÉTICA. Sem ela nada avançará positivamente. No site www.cesseosofrimento.com.br, tem uns princípios bastantes coerentes com o que abraçamos onde a união das palavra “Competência, Ética, Sensibilidade Social, Espiritualidade”, que são as iniciais da palavra CESSE o Sofrimento são os pilares necessários para qualquer empreitada nesta área. (t)

<[moderador]> <Moderador_> Duas perguntas correlatas: [10] <voyagger> Um soldado que mata na guerra, a serviço de seu país, tem responsabilidade moral pelos seus atos? [11] <ThE_CrOw-DJ> A responsabilidade maior não fica mais com quem dá a ordem?

<Gezsler> O espírito André Luiz fala sobre isto no livro Conduta Espírita. Os dirigentes que começam as guerras sempre serão os maiores responsáveis Em relação ao soldado, dependerá do nível evolutivo de cada um para uns será um cumprimento de dever defender a pátria para outros, não conseguirão atirar em um irmão.

Deus é sábio, cada um com a sua consciência… Vide perg. 621 de o Livro dos Espíritos. (t)

Oração Final:

<Taigi> Boa noite, amigos! Jesus, amigo de todas as horas, te agradecemos pela oportunidade concedida. Que possamos sair desta palestra, mais conscientes dos nossos deveres para com a sociedade em que vivemos. Que possamos ser justos, fraternos e solidários com os nossos semelhantes. Que possamos refletir antes de julgar, antes de tecer qualquer comentário sobre o momento que atravessamos, se não vivemos ou vivenciamos as dificuldades inerentes à administração da nossa sociedade. Que possamos aprender o valor da tolerância. Que possamos valorizar o trabalho na Seara do Cristo. Que nossas mentes estejam sempre voltadas para o exemplo que Jesus nos deixou. Ampara, Senhor da Vida, o propósito de servir. E, que seja em Teu nome, em nome da espiritualidade amiga que coordena a tarefa, mas sobretudo em nome de Deus, a finalização da atividade desta noite. Que assim seja!