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Evangelização dos Espíritos – Desobsessão

Evangelização dos Espíritos – Desobsessão

Palestra Virtual
Promovida pelo Canal #Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br

Palestrante: Pedro Vieira
Rio de Janeiro
22/10/1999

Organizadores da palestra:

Moderador: “Wania” (nick: ||Moderadora||) “Médium digitador”: “Brab” (nick: Pedro_Vieira)

Oração Inicial:

<lflavio> Jesus, amigo querido, irmão maior de todas as horas, queremos, em primeiro lugar, agradecer, pela benção de mais um dia, e da oportunidade que temos de mais um estudo. Quando falamos de evangelização, nosso coração se alegra, pois estamos preparando a humanidade para exercitar seus ensinamentos e construir um mundo melhor. Que os amigos espirituais, orientadores deste canal, possam envolver o nosso irmão Pedro Vieira, responsável pelo estudo da noite, e também a todos nós, que queremos aprender e praticar os ensinamentos. Que a tuas bênçãos sejam luz em nossos corações. Que assim seja!

Apresentação do Palestrante:

<Pedro_Vieira> Muito boa noite a todos. Meu nome é Pedro Vieira, sou trabalhador da Casa dos Cristófilos, no Rio de Janeiro e também colaborador do IRC-Espiritismo, por meio do Centro Espírita Léon Denis. Trabalho como evangelizador infantil (3o. ciclo da infância) e tenho especial interesse pelo processo de evangelização, tanto de encarnados como de desencarnados, em reuniões de desobsessão. Espero que possamos ter uma troca agradável na noite de hoje. (t)

Considerações Iniciais do Palestrante:

<Pedro_Vieira> “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o Evangelho a toda criatura.” (Mc, 16:15) A recomendação do Mestre não se funda sobre uma necessidade egoística, orgulhosa ou contém qualquer vestígio de auto-afirmação. Funda-se tão simplesmente no anseio natural que toda criatura tem de paz, de luz e de tranqüilidade de espírito. Quando falamos em “evangelização”, nos referimos aos processos inteiros de instrução intelectual, exemplificação, despertamento moral, que possam levar o homem a abrir-se às luzes divinas em sua alma, ampliando-lhe a compreensão, adiantando-lhe os sentimentos, moralizando-lhe o ser, enfim. Quando Jesus nos fala de evangelho nos fala de nossa obrigação enquanto seres que o seguimos de cooperar para o bem e a paz de todos. Por vários e vários séculos as necessidades dos homens foram mensuradas segundo técnicas e teorias diversas. Sigmund Freud situou o homem como um ser fundamentado em instintos, para o qual a felicidade seria a satisfação ou mesmo a compreensão desses instintos. Freud procurava a satisfação do homem ser-psicológico que conhecia pelas suas conseqüências para levar a felicidade ao coração humano. Antes, porém, tentativas de situar o homem como um ser social, como um ser econômico, como um ser de “casta”, como um ser material, como um ser abstrato, entre outras, também limitavam o alcance do sentido da palavra “plenitude”, logicamente, da palavra “felicidade”. Jesus nos veio trazer um ensinamento sublime há 2000 anos sobre o papel dessas buscas quando nos incitava a sorver o alimento da verdade. “Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.” (Mt, 4:4) “Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne.” (Jo, 6:58) “Então Jesus tornou a falar-lhes, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue de modo algum andará em trevas, mas terá a luz da vida.” (Jo, 8:12) Ao falar que “nem só de pão vive o homem”, Jesus se refere exatamente às buscas incompletas da felicidade. Evangelizar espíritos – encarnados ou desencarnados – é fazer com que eles mesmos percebam que são seres muito mais além do que acreditam ser. Que podem e que devem conhecer-se, viver-se, impregnar-se do sentimento inexplicável do amor e da paz, conhecendo e compartilhando esse sentimento pelo exemplo do bem. O bem não é uma utopia, é uma necessidade. “Nem só de pão vive o homem”, disse Jesus. Quanto ao espírita nesse papel, para finalizarmos as considerações iniciais, o Espírito Erasto em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo XX, item 4: “Missão dos Espíritas” nos fala da evangelização: “Sim, em todos os pontos do Globo vão produzir-se as subversões morais e filosóficas; aproxima-se a hora em que a luz divina se espargirá sobre os dois mundos. Ide, pois, e levai a palavra divina: aos grandes que a desprezarão, aos eruditos que exigirão provas, aos pequenos e simples que a aceitarão; porque, principalmente, entre os mártires do trabalho, desta provação terrena, encontrareis fervor e fé. Ide; estes receberão, com hinos de gratidão e louvores a Deus, a santa consolação que lhes levareis, e baixarão a fronte, rendendo-lhe graças pelas aflições que a Terra lhes destina.” (Erasto) Evangelização é a movimentação do amor bem vivido no coração, e encontrará sempre, por mais endurecido que pareça o alvo, penetração no anseio natural que todo espírito tem de “viver”, no sentido entendido por Jesus, que é o sentido da vida do espírito, da felicidade, da vida eterna. (t)

Perguntas/Respostas:

<||Moderadora||> [1] <Homeover> Boa noite a todos com a paz de Jesus! Já fui pessoalmente beneficiado com a terapia da desobsessão. Há limites para esse processo? Alguns espíritos por demais endurecidos, apresentam-se refratários à desobsessão?

<Pedro_Vieira> O processo de desobsessão tem seus limites naturais, sim. A ninguém é dado infringir o sagrado direito da escolha, do livre-arbítrio de outro espírito. Todo processo de evangelização pressupõe uma penetrabilidade para a mudança, um toque da alma que lhe desperta a vontade de cooperar. Nas lides da desobsessão, supondo seja realizada, como nos recomenda a terapêutica espírita, por grupos treinados, sérios e dentro do Templo Espírita, encontra, basicamente, dois empecilhos principais:

  1. A não cooperação do chamado “obsedado” em promover sua auto-evangelização, acreditando tão somente que a terapia da desobsessão lhe será algo “mágico” a resolver seus problemas sem esforço próprio. Por isso toda vez que falamos em desobsessão não podemos deixar de falar em evangelização, e evangelização requer principalmente esforço e mudança da parte do espírito obsedado, para que se livre da faixa mental que atrai o obsessor para o seu convívio. Essa libertação mental se manifesta como a quebra de antigos hábitos da alma, num processo auto-educativo constante.
  2. A não cooperação do chamado “obsessor” no processo de mudança. Essa não é menos grave. Há casos que os espíritos permanecem anos ligados em seu propósito firme de vingança no processo doentio de perseguição, até que percebam que esse processo só lhes prejudica e que o seu “alvo”, já melhorado, não mais lhe é objeto de interferência e todo o mal que faz só reflete a ele mesmo.

Portanto, na terapêutica desobsessiva, devemos ter em mente sempre que desobsessão e “milagre” são duas palavras auto-excludentes e que, por isso, o processo principal é sempre o da reforma íntima, da auto-educação, e o da cooperação da vontade com o coração tocado no bem. (t)

<||Moderadora||> [2] <Homeover> No caso de obsessão por técnicos especializados das trevas, os chamados magos negros, são necessários recursos especiais, como regressão de memória e outros, para que se obtenha êxito? Li a respeito no livro do Dr. Lacerda (Apoterapia), intitulado “Energia e Espírito”.

<Pedro_Vieira> O psiquismo humano é uma terra ainda muito pouco explorada pelo conhecimento científico atual. Quando falamos que o ódio e o rancor envenenam o ser, falamos no sentido exato da palavra. Os espíritos nos contam que por conta de um funcionamento doentio dos objetivos de ódio provoca-se deformações sérias no corpo perispiritual e, a nível psíquico, processos de auto-hipnose sérios são instaurados. Isso equivale a, materialmente, o ser espiritual se fechar dentro de si mesmo, encrustrando-se e fugindo cada vez mais do sentimento do bem que, a despeito de si mesmo, lhe invade o coração; é a busca do esconderijo da própria consciência numa situação de fuga permanente. Esses processos ocorrem tanto em encarnados como em desencarnados e dão origem a quadros deploráveis. Quando ocorrem, é necessário como que, para chegar até o âmago de seu ser e poder tocar-lhes, penetrar nessa carapaça que eles mesmos criaram em seu psiquismo, utilizando técnicas hipnóticas que o façam re-despertar. Regressão de memória, choque anímico, entre outras técnicas, são utilizadas nesses casos. Caso interessante tratado dentro de um terreiro de Umbanda é relatado pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda (psicografia de Divaldo Pereira Franco) no livro “Loucura e Obsessão”, no caso de entidades profundamente auto-hipnotizadas. Portanto, esses recursos são necessários em entidades em processos de fuga muito complexos dentro do próprio psiquismo. (t)

<||Moderadora||> [3] <Caminheiro> Ao falar-se de evangelização dos espíritos desencarnados, como poderia se situar a Apometria? Seria uma técnica compatível com o Espiritismo? Por que?

<Pedro_Vieira> Sinto-me pouco a vontade de discorrer sobre uma técnica que não domino. Me limitarei a citar que espíritas de reconhecida seriedade têm trabalhado com essas técnicas, e que, por isso, merecem pelo menos de nossa parte, uma análise séria. (t)

<||Moderadora||> [4] <Homeover> Podem existir casos de possessão completa que exijam para sua resolução a utilização de trabalhadores espirituais menos evoluídos (como índios e caboclos) pela espiritualidade superior? Pela obstinação e materialização extrema dos obsessores?

<Pedro_Vieira> Em primeiro lugar, é imprescindível quebrar a idéia de que “índios”, “caboclos” ou “pretos-velhos” sejam “entidades menos evoluídas”. No livro já citado, “Loucura e Obsessão”, do espírito Manoel Philomeno de Miranda, nota-se que muitas dessas entidades apresentam uma erudição e uma elevação espiritual realmente dignas de citação. Mas, supondo que trate o amigo genericamente de espíritos mais simples, sim. Em todo processo da Natureza, Deus sempre permite que todos trabalhem pela harmonia e pelo bem, quando é de seu desejo isso. Entidades mentalmente mais vinculadas à Terra possuem mais naturalidade no trato com fluidos mais pesados, manipulando-os mais diretamente que espíritos mais evoluídos. Quando necessário, essas entidades são recrutadas para secundarem o atendimento em qualquer tipo de tarefa no bem em que esses fluidos sejam necessários. No processo desobsessivo, no trato mais direto com espíritos inferiores e endurecidos, temos visto que trabalhadores chamados “guardiães” são responsáveis em reuniões de desobsessão por seu isolamento e a manipulação de fluidos com que trabalham, de elevada materialidade. Mais uma vez, todo espírito, desde que disposto a isso, pode trabalhar no bem, e Deus sempre permite que todos cooperem, segundo o seu grau evolutivo, na obra da evangelização do planeta, incluindo aí a terapia desobsessiva. (t)

<||Moderadora||> [5] <Homeover> No caso de obsessão com componente de ligação sexual intensa entre as partes (íncubos e súcubos),são necessárias técnicas especiais para seu tratamento? Conheço uma casa espírita que tem dia separado para esse tipo de tratamento anti-obsessivo.

<Pedro_Vieira> Acredito sejam desnecessárias tais separações por parte da equipe encarnada. Os casos de ligação de intensa componente sexual apresentam-se, como todos os outros, fundamentadas numa desfunção do espírito, que deve ser tratada primeiro, para que depois desapareçam os sintomas. Impossibilitados que somos de penetrar as necessidades de cada espírito que nos comparece e cientes que os trabalhadores da reunião de desobsessão são os desencarnados e que nós só os secundamos, devemos nos concentrar no despertamento do espírito, deixando aos mentores da casa o tratamento das conseqüências, quando acharem conveniente. (t)

<||Moderadora||> [6].<Wania> Você poderia nos falar um pouco sobre obsessão e escolha da mediunidade?

<Pedro_Vieira> A mediunidade coloca à mostra o processo obsessivo, revelando o que existe há tempos, e que contava com o agravo de estar escondido aos olhos dos homens. Mas ao mesmo tempo que serve para retirar o véu do que estava oculto, a mediunidade traz ao médium uma necessidade mais urgente de uma ação, porque age também sobre ela. Vejamos como pode isso ocorrer. É possível que, por meio de uma obsessão, o médium veja-se subjugado fisicamente – tendo o seu corpo controlado por uma vontade que lhe é estranha -, pode ser que o médium receba insistentemente comunicações do mesmo espírito, que não deixe outro se comunicar, e pode ser que, por meio da mediunidade orgulhosa os espíritos obsessores façam com que o médium entre em um estado de fascinação, cegando-lhe os passos, utilizando-se, para isso da própria mediunidade. Por isso mediunidade é, como toda dádiva de Deus, um bem a ser cuidado dia a dia com a força do trabalho e a luz da auto-evangelização. O bom médium não é o médium tecnicamente mais passivo, mas aquele que sacrifica (torna santa) a sua tarefa de intérprete dos espíritos, tornando-se, assim, um médium da vida, a obsessão não lhe assaltará. (t)

<||Moderadora||> [7] <Miradeiro> De que forma podemos efetuar a evangelização dos espíritos; que não seja pela mediunidade psicofônica?

<Pedro_Vieira> Vivendo. “Faze isso e viverás”. Evangelizar, mais uma vez, não é tão somente doutrinar espíritos desencarnados em sessões de atendimento espiritual. O evangelizador o é – e principalmente – nas horas comuns do dia. Um sorriso evangeliza porque abre o coração de quem o recebe, um minuto de atenção evangeliza porque faz refletir, um abraço evangeliza, porque não deixa morrer as esperanças, uma censura maternal, por mais que doa, evangeliza, porque ensina o caminho do certo e do errado. A mediunidade psicofônica só serve de intérprete à evangelização dos espíritos em sessões de desobsessão mas não na vida, onde a evangelização assume seu papel sublime. Por isso, a resposta à sua pergunta é simples: podemos efetuar a evangelização, sem a mediunidade psicofônica, em todas as outras situações da vida, desde que abramos o nosso coração a isso. (t)

<||Moderadora||> [8] <Suzzyy> Em uma reunião de desobsessão, quando os espíritos pedem bebidas ou cigarros, como deve se comportar o doutrinador?

<Pedro_Vieira> Olhar para si mesmo e para os seus hábitos e ser sincero. Se bebe ou se faz uso de cigarro, que diga ao espírito: “Meu irmão, eu lhe agradeço do fundo do meu coração a contradição que me colocou na mente neste instante. Sinto-me total e completamente desmoralizado de pedir-te que abras mão de algo que eu mesmo não consigo abandonar. Mas quero o seu bem. Não posso pedir-te que largues o vício, por isso te peço que, ao invés disso, me socorra, ajudando-me a largar o meu. Quero propor-te não uma doutrinação, mas um compromisso mútuo, porque se Deus nos colocou frente a frente, é porque podemos auxiliar-nos mutuamente. Tenho certeza, meu irmão querido, que tens alguém que amas. Nós também o temos. Meus filhos e meus familiares tentam me alertar dia a dia. Por todo mundo que você já amou na tua vida, meu irmão, me ajude. Vamos caminhar juntos, descobrindo que não é na detenção do vício mental que está a felicidade, mas na vivência do bem, que, por sua simplicidade, dispensa quaisquer objetos e alvos que não sejam os outros que nos cercam. Podes me ajudar?” (t)

<||Moderadora||> [9] <Miradeiro> A educação mais voltada para os valores espirituais, ministradas em escolas que seguissem uma Pedagogia Espírita, não seria de auxílio para uma evangelização dos espíritos desde aqui neste mundo, onde muitos encarnados e desencarnados vivem interagindo?

<Pedro_Vieira> Todo centro em que se prime pela educação do espírito como um ser integral, colabora para a sua evangelização. A proposta de Pestalozzi, de Kardec e dos espíritos é justamente essa. Por isso, sem dúvida, uma educação holística, como é apregoada pela chamada “Pedagogia Espírita”, é fundamental ao processo de evangelização de vários espíritos que se encontram em reencarnação no orbe terrestre. (t)

<||Moderadora||> [10] <lflavio> Fala-se em evangelização da criança também. Qual a diferença entre esta evangelização e a evangelização dos espíritos?

<Pedro_Vieira> Nenhuma. A criança é um espírito, posto que encarnado. O processo de evangelização só assume um caráter mais sublime na criança porque se trata da formação de um novo “molde” (que será utilizado ou não posteriormente, a critério do espírito) essencial para que promove do fundo do psiquismo um choque que ajudará o espírito reencarnante na compreensão de si mesmo, na reestruturação das próprias atitudes, das próprias tendências, dos próprios sentimentos. Evangelizar espíritos no caso das crianças, portanto, assume o seu papel máximo na vida terrena. (t)

<||Moderadora||> [11] <lflavio> No tempo limitado de uma reunião de desobsessão, como fazer esta evangelização com os espíritos desencarnados?

<Pedro_Vieira> Não devemos nos preocupar com o tempo. Fazendo a nossa parte, certamente Deus saberá prover-nos meios de trabalho que sejam suficientes às necessidades do planeta. Mas para que o tempo numa sessão de desobsessão seja melhor aproveitado recomenda-se que:

  1. Haja pontualidade;
  2. Haja preparação prévia do ambiente com leitura dignificante minutos antes do início da reunião;
  3. Haja preparação individual de cada participantes, principalmente no dia da sessão;
  4. Não alongue-se o doutrinador em divagações filosóficas ou doutrinárias, limitando-se a buscar conscientizar o espírito e tocar-lhe a necessidade de auto-reavaliação, deixando o restante a cargo da equipe espiritual;
  5. Ouça-se previamente, no início da reunião, a palavra do mentor espiritual sobre os casos a serem atendidos na noite;
  6. As preces sejam objetivas, sinceras e curtas e se processem no intervalo de cada atendimento.

Com alguns desses passos, mais especificamente seguindo as orientações de André Luiz no livro “Desobsessão” a sessão terá o seu melhor rendimento, que aumentará, normalmente, com o entrosamento do grupo que a forma, ao longo do tempo. (t)

<||Moderadora||> [12] <Suzzyy> Qual método apropriado para uma reunião, após os passes dos irmãos com problemas de obsessão, ou através de listagem com os nomes destes, como acontece em alguns Centros?

<Pedro_Vieira> Na reunião que freqüentamos, trabalhamos com o acompanhamento individual nome a nome, por evocação, na desobsessão. Esse procedimento é adequado para Centros Espíritas pequenos, onde esse acompanhamento, feito pela equipe de Atendimento Fraterno em conjunto com a equipe de desobsessão, pode dar uma orientação mais pessoal ao paciente. Há, no entanto, seríssimas casas espíritas que deixam os nomes a serem atendidos por conta da equipe espiritual, normalmente casas espíritas onde o número de atendimentos é muito grande e o controle torna-se praticamente impossível aos grupos. Quanto aos passes, nada há que indique que a presença física ou a proximidade temporal do tratamento de passes ajude na presença de entidades obsessoras. O obsedado deve submeter-se a tratamento de passes, mas esses não necessitam ser no dia da reunião de desobsessão, que ocorre totalmente à distância. (t)

<||Moderadora||> [13] <Suzzyy> É apropriado o trabalho de desobsessão com os participantes da escola de médiuns ou seja, médiuns de pouca experiência?

<Pedro_Vieira> Não. Definitivamente não. O trabalho de desobsessão requer médiuns total e completamente treinados e senhores de si e de sua faculdade mediúnica. Primeiro porque os médiuns são os “enfermeiros encarnados” dos espíritos. Médiums que possuem uma psicosfera ainda turbulenta não são capazes de acolher adequadamente as entidades obsessoras que se ligarão a eles. Depois, porque os médiuns devem exercer sobre os espíritos um rígido controle de bom comportamento, frustrando palavras agressivas e manifestações físicas violentas. Tal controle só é possível com a educação mediúnica. Não quer dizer com isso que espíritos sofredores – não obsessores – não devam ser admitidos em reuniões de doutrinação mediúnica. Pelo contrário. Nessas reuniões une-se, normalmente, espíritos necessitando de um amparo leve no treinamento da mediunidade, fazendo-se um duplo trabalho de auxílio. Portanto, desobsessão e médium não doutrinado são expressões que não combinam. (t)

<||Moderadora||> [14] <Suzzyy> Você acha que a evangelização infantil é um dos melhores processos de aprendizagem individual, preparando o espírita, de forma que, no futuro, seja um ser humano harmonizado, evitando, assim, processos de obsessão?

<Pedro_Vieira> Talvez seja o mais importante quando se fala de evangelização. “Deixai vir a mim as criancinhas”, disse Jesus. (t)

<||Moderadora||> [15] <Suzzyy> Em uma reunião de desobsessão, pode um espírito que se diz feiticeiro, desarmonizar o médium a ponto de dominar-lhe os sentidos? E se o fizer, como deve proceder o doutrinador?

<Pedro_Vieira> Pode, desde que o médium mantenha com ele uma ligação mental, quer por falta de vigilância, quer por destreino mediúnico. Nesse caso o doutrinador deve ser firme, pedir ao médium passista que aplique sobre o médium passes dispersivos e chamar o médium pelo nome, em nome de Deus, várias vezes fazendo-o retomar seu corpo. Em caso de persistência, pode-se evocar o mentor espiritual da reunião para que tome as medidas cabíveis. Esse médium deve ser afastado da reunião de desobsessão temporariamente, sendo levado a tratamento e só readmitido depois de educado o suficiente. (t)

<||Moderadora||> [16] <Miradeiro> Pode a prece auxiliar a tarefa de evangelização dos espíritos, sobretudo os desencarnados?

<Pedro_Vieira> De maneira decisiva. Mais decisiva do que imaginamos. (t)

<||Moderadora||> [17] <Adri_rs> O espírito de um familiar (tio, avô,etc…) pode influenciar uma pessoa, a ponto de dificultar a sua vida emocional, e, até mesmo refletir sobre o seu organismo físico?

<Pedro_Vieira> Sim. E não são poucas as vezes que vemos essa influenciação, mesmo inconsciente, de um espírito desencarnado sobre um encarnado, apenas por questão de desconhecimento da realidade espiritual e com o intuito de “permanecer junto”, transmitindo, sem querer, seus pensamentos e angústias àqueles que os captam. Casos como esses são de fácil resolução, mostrando-se, normalmente, o espírito disposto, depois de esclarecido, a fortalecer-se para empregar o seu amor de maneira útil em prol daquele por quem o sente. O procedimento do doutrinador deve ser o de primeiro esclarecê-lo da realidade espiritual, sem dar-lhe choques desnecessários de convicção, depois o de mostrar de maneira irrefutável o mal que a pessoa está sofrendo e ligá-lo à presença ainda desequilibrada, falar-lhe da necessidade de sua própria reeducação e propor-lhe que siga com os amigos da casa para uma escola de reeducação. (t)

<||Moderadora||> [18] <Caminheiro> Atualmente está renascendo dentro do Movimento Espírita o uso da arte como instrumento de evangelização, com formação de grupos musicais, de teatro e até cinema! Como você vê isso?

<Pedro_Vieira> Quem já não sentiu o toque que a música promove no coração? Quem já não viu retratado num simples poema aquilo que a filosofia tenta há séculos explicar? Encarando-se a evangelização como o horizonte de luz no espírito, a arte tem nela um papel, diria, absolutamente fundamental, porque é linguagem de sentimento a sentimento. (t)

Considerações Finais do Palestrante:

<Pedro_Vieira> Quando falamos em evangelização devemos ter em mente que falamos, antes de tudo, de nossa própria auto-educação, porque para evangelizar, necessário se faz esteja-se em constante processo de auto-evangelização. Quem deseja trabalhar por Jesus, pregando ao coração e à razão, fazendo o homem caminhar em direção ao seu auto-encontro, deve, antes de tudo, ser um exemplo vivo da caminhada, consciente de seu papel. Portanto, meus amigos queridos, a hora de trabalhar já começou, mãos à obra! Que o Divino Evangelizador possa abençoar a todos, como sempre o faz, em nome de Deus, e que todos saiamos hoje conscientes de que amanhã será melhor que hoje. Porque progredimos. Porque aprendemos. Porque nós amamos e somos conscientes de que a caridade com os outros espíritos que nos cercam não é para nós mais que mera obrigação. Um beijo no coração de cada um e muito boa noite a todos. (t)

Oração Final:

<Naema> Jesus amado, obrigada por mais esta chance de progredirmos, de aprendermos, utilizando de nosso tempo de maneira proveitosa para nós e todos os espíritos que nos acompanham. Que possamos sempre ter a vontade de progredir, estudar e compreender esta doutrina maravilhosa que nos mostra tantos caminhos a seguir. Que possamos sempre escolher o melhor. Assim seja !