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Histórias da época de Jesus

Histórias da época de Jesus

 

Através de muitos anos, divulgam-se informações não muito
corretas a respeito da vida de Jesus e da época e local em que viveu. Como não
se tinha informações históricas precisas sobre os costumes e hábitos da Judéia e
da Galiléia no começo da Era Cristã, foi-se formando através da religião
católica, principalmente na Idade Média, uma imagem um tanto distorcida do
conjunto de situações que o Mestre vivenciou e também de sua figura física e de
sua personalidade. Pois os evangelhos, apesar de serem relatos satisfatórios,
não conseguem passar com precisão muitas das características que permeiam os
acontecimentos vividos por Jesus e seus seguidores.

Mais recentemente, com o enfoque mais científico da história e com
importantes descobrimentos arqueológicos, está se conseguindo ter uma visão mais
precisa desta época e de seus personagens tão estudados.

Mas ainda tem-se muito a fazer neste sentido, pois a ciência, apesar do seu
método racional, procura materializar os conhecimentos, apegando-se
excessivamente à letra e ignorando totalmente o espírito da época estudada.

Temos sim que olhar Jesus com os dois instrumentos que temos disponíveis, que
são a Ciência e os Evangelhos, que vão nos orientar para buscarmos uma imagem
mais justa da sua personalidade e das situações que vivenciam.

Em outras palavras, temos que estudar o Mestre através da razão e da emoção,
esta última direcionando o nosso conhecimento sobre a vida e obra do Nosso
Senhor Jesus Cristo.

A minha paz voz dou

Havia um pequeno sítio à beira de uma estrada movimentada, onde existia uma
humilde casinha, habitada por um casal de idosos lavradores.

Eram pessoas simples e sem instrução intelectual, mas com a sabedoria que só
a vida laboriosa e sofrida sabe dar.

O senhor saía todas as manhãs bem cedinho para o seu trabalho na lavoura e
voltava ao cair da tarde quando o sol já estava mergulhando no horizonte.

Um certo dia, vinha ele voltando de mais uma jornada e encontrou pelo caminho
um grupo de pessoas sentadas à sombra de uma árvore conversando. Quando ele se
preparava para passar ao largo, um jovem que parecia ser o líder, o chamou e
disse: O senhor tem um pouco de água e comida para mim e os meus companheiros?
Ele respondeu que tinha e os levou à sua casa, onde a sua esposa com os poucos
recursos que tinha começou a preparar uma refeição simples para todos.

Enquanto isto o senhor da casa acomodou os hóspedes e lhe ofereceu valioso
líquido para saciarem a sede.

Fez isto com muito boa vontade e cordialidade que só as pessoas simples e
sofridas têm a oferecer.

Depois da refeição em que o grupo falou pouco, ele os convidou para
repousarem em sua pequena casa.

Mas o estranho líder do grupo recusou o convite e com o olhar penetrante lhe
desejou paz e prosperidade e seguiram o seu caminho.

Depois desta rápida visita, o senhor daquela casa notou várias diferenças na
sua vida.

O seu corpo não doía mais, a sua visão tinha melhorado, o sono vinha com mais
rapidez e tranqüilidade. A sua esposa estava mais disposta e feliz com a vida. O
casal conversava mais entre si; e havia mais sorrisos.

As colheitas começaram a melhorar e a proporcionar a eles um vida menos
sofrida e rude.

Depois de alguns anos o senhor daquela casa ficou sabendo que aquele jovem
tinha feito muitas coisas extraordinárias e também muitos inimigos e que um dia
ele foi preso, condenado e morto na cruz humilhante.

O senhor pensou sobre o que aconteceu e concluiu que na sua casa o jovem não
tinha feito nada que chamasse a atenção ou algum milagre.

Mas que o jovem só tinha deixado uma coisa que ele precisava muito, mas até
então não sabia, que era a Paz de Espírito.

O nome do jovem ele ficou sabendo depois: Jesus de Nazaré.

Lázaro, vem para fora

Ele já havia viajado vários dias para chegar na cidade de
Betânia, onde existiam duas irmãs que eram suas amigas.

Chegando à casa delas, ele as cumprimentou mas achou o ambiente pesado e
triste, e então recebeu a notícia de que o irmão das duas, chamado Lázaro, tinha
falecido e já estava sepultado em uma caverna ali perto.

Uma das irmãs, chamada Marta, o informou que já tinha sido chamado um outro
amigo da família. Um rapaz muito importante chamado Jesus, que tinha a profissão
de carpinteiro e que fazia pregações de uma nova doutrina.

Ele não conhecia este homem. Mas já tinha ouvido falar de seus atos
extraordinários e de sua fama.

Não tinha nenhuma afinidade com estas coisas religiosas, pois era um homem
prático e racional que comercializava especiarias com muito sucesso financeiro.

Mas aquela situação o chocava, pois o obrigava a pensar também no seu
inevitável destino que era a morte.

Como materialista convicto, procurava evitar tais pensamentos, pois sua
praticidade e racionalidade não o ajudavam em nada nessas horas.

Ficou muito triste com a morte deste amigo e com a tristeza das irmãs, pois
tinha um sentimento muito forte para com elas. E questionava o motivo da vinda
deste homem chamado Jesus, pois via uma luz de esperança nos olhos delas.
Esperança esta que ele achava infundada, pois o que poderia fazer este Jesus
numa situação daquelas?

Ao final da tarde, chega aquele homem, acompanhado por um bom número de
seguidores.

É recebido com muito carinho e esperança pelas irmãs.

Ele nunca tinha visto uma figura daquelas, pois mesmo dotado de uma grande
humildade, Jesus se tornava o centro das atenções, por sua personalidade
cativante e magnética.

Recebeu a triste notícia com serenidade e pediu para ser levado ao local da
sepultura. Chegando lá teve o estranho ato de pedir para ser retirada a pedra
que tampava o túmulo, e também foi obedecido de imediato. Chegou perto da
abertura e chamou com estranha voz, a Lázaro, para que ele saísse.

Neste exato momento, o velho amigo quase que vira as costas e vai embora,
pois nunca tinha visto tanta irresponsabilidade perante familiares em luto.

Mas de repente, eis que surge a figura de Lázaro, todo envolto em panos e
aparentemente desorientado, mas andando e vivo.

Ele levou um choque tão grande, pois aquilo não podia acontecer, devia haver
um truque qualquer, ou todas as pessoas estavam tramando contra a sua pessoa,
pois onde já se viu, ressuscitar um morto?

Não esperou mais um segundo sequer, virou-se e partiu daquela cidade
revoltado com aquela família e com este tal de Jesus. Nunca mais voltou ali,
viveu a sua vida como sempre.

Adquiriu muitos bens materiais e se tornou um homem muito importante e
festejado pelas pessoas.

Mas o dia tão temido veio, no momento menos esperado, quando a sua mente
estava tomada com as suas preocupações materiais e práticas.

E aconteceu o que a sua razão não aceitava, ele se viu do outro lado da vida
e aí compreendeu a oportunidade que tinha desperdiçado.

Ninguém encontrei em Israel com tanta fé

Hoje é um dia muito especial na minha vida, pois consegui o
que queria, alcancei o respeito dos semelhantes, atingindo estes objetivos com
muito esforço pessoal.

Passei toda a minha infância em sacrifícios e trabalhos, pois fomos muito
pobres, e logo cedo tive que ajudar o meu pai no sustento da casa.

Labutei muito, tive trabalhos pesados quando o meu corpo ainda era frágil
pela juventude.

Mas tudo isto veio acrescentar à minha personalidade, pois estas experiências
me ajudaram a entender o mundo e as pessoas que me rodeiam.

Quando atingi certa idade, entrei para o exército romano, chegando através do
tempo ao posto de centurião.

Não foi fácil, pois esta vida é muito dura e nos torna homens cruéis e com o
coração endurecido, pois temos que lidar diariamente com as guerras e a morte.

Mas mesmo assim, não me deixei contaminar com este clima, pois sempre
procurei agir da forma mais correta possível para com os outros. Nunca tirei
vantagens ilícitas do meu cargo.

Hoje, já de idade avançada, curtido pela experiência, no dia do meu
aniversário, olho para trás e fico contente, pois o que eu desejava, eu
consegui.

Só uma coisa me entristece: é que um companheiro, servidor fiel e amigo de
todas as horas, está doente.

E isto me aborrece muito, pois apesar dos outros acharem que ele é um servo,
eu não o considero assim, pois o estimo e aprendi muito com sua humildade e
sabedoria.

Como um dos responsáveis pela segurança da cidade judéia de Jerusalém, me
chegou a notícia de que um homem muito popular chegou à cidade, e poderia causar
alguma agitação.

Tomei as minhas providências e fui até onde estava esta pessoa, para vigiá-la
e precaver problemas.

No momento em que olhei esta pessoa, me tocou alto no coração e com um súbito
impulso me aproximei dele e falei do meu problema.

Ele queria vir à minha casa para curar o meu amigo, e isto me espantou, pois
um judeu não entra na casa de um romano.

Respondi que não era necessário, e ele com uma voz profunda me disse que
nunca tinha visto tanta fé em Israel e que o meu servo estaria curado.

Não entendi direito o que ele queria dizer com fé, mas corri para casa e
realmente encontrei o meu amigo levantado e trabalhando.

Entrei e abracei-o meditando sobre a vida e os seus mistérios.

Pois eu, um homem bruto, um soldado romano, ferido por todos, recebi o mais
valioso presente de um homem que veio trazer a paz para o mundo e ensinar as
pessoas a se amarem.

O testemunho de um fariseu

Desde cedo eu já demonstrava tendências religiosas, gostava de ouvir
histórias dos profetas, ir à Sinagoga e comentar o Torá.

Fui me desenvolvendo neste sentido até chegar a idade de entrar em uma escola
rabínica, onde me tornei rabi com mérito, e segui a escola farisaica, onde me
sentia mais à vontade.

No desenrolar de minhas atividades, fui compreendendo mais profundamente a
natureza humana e tendo uma noção maior das obrigações de um fariseu.

Defendia a lei com muito ardor e dedicação, cumpria rigorosamente com as
minhas obrigações perante as tradições dos nossos antepassados e cultivava uma
verdadeira fé no que eu pregava e procurava praticar perante a Lei. de Deus.

Eu sabia que tinha colegas meus que só abraçavam o sacerdócio por mero
interesse material e social. Sabia que a maioria deles só praticava os ensinos
em rituais e cultos exteriores.

Compreendia isto e aceitava como um reflexo de nossa sociedade e religião.
Mas também via aqueles que, como eu, defendiam e entendiam o verdadeiro sentido
de nossas práticas.

Em uma época de minha vida religiosa começaram a aparecer rumores sobre um
rabi galileu, que ensinava uma doutrina muito diferente da nossa e que andava
fazendo atos extraordinários, que impressionavam muito o povo de toda a nossa
região.

E para o nosso escândalo, este rabi começou a se intitular o Messias
prometido pelos nossos profetas antigos.

Fui designado com outros para seguir este galileu, espioná-lo, verificar os
seus ensinos, para pegá-lo em contradição com a Lei e ser testemunha do seu
eventual julgamento.

Saímos em viagem e chegamos a um local escuro junto à Samaria, terra dos
impuros. Lá encontramos uma grande multidão seguindo um grupo de pessoas.

Quando chegamos perto, este grupo parou e um jovem de semblante sereno, com
os cabelos e barba cortados à moda dos galileus, subiu a um promotório e começou
a falar.

Confesso que seus ensinos tocavam o meu coração, apesar de alguns deles me
escandalizarem profundamente.

Saí de lá muito abalado com o que ouvi, os meus companheiros vinham falando
alto e com fervor contra aquele jovem, mas eu não tive a coragem nem de
condená-lo e nem de defendê-lo.

E esta coragem me faltou nos dias seguintes, em que me afastei de tudo e fui
me isolar em um sítio de minha família para não ser obrigado a tomar uma
posição.

Depois fiquei sabendo que os meus colegas condenaram e executaram aquele
rabi, e eu me ausentei de tudo.

Muitos anos depois, um outro fariseu muito importante tomou aquela decisão
que eu não tive coragem de tomar, e se tornou um cristão e entrou para a
história como um homem de ação.

Quando um ladrão entra no reino dos céus

Olho para baixo, vejo a multidão agitada e penso no que eu fiz
da minha vida, o que aconteceu comigo?

Fui criado por uma boa família, que me deu princípios morais sadio, me
ensinou a tratar as pessoas com educação e gentileza. Os meus pais eram pobres,
não tiveram condições de me dar conforto e as melhores escolas, mas me deram o
mais valioso dos bens, que é o exemplo de vida honesta.

Cresci como homem trabalhador, exercia a minha profissão com honestidade e
seriedade. Nunca, neste período, prejudiquei alguém, nunca cobrei mais do que o
correto por um serviço. Sempre procurei, a exemplo dos meus pais, exercer a vida
com o mais puro sentimento de correção e de respeito para com o próximo.

Casei, tive filhos, sustentava a minha família com tranqüilidade e tínhamos
uma vida humilde, mas na qual não faltava o básico.

Procurei passar aos meus filhos aquilo que aprendi com os meus pais e que
praticava até aquele momento, com convicção.

Mas vieram as tempestades, tudo mudou em minha vida. Perdi a condição de
sustentar a minha família que começou a passar profundas necessidades.

Eu, de minha parte, me esforçava para mudar esta situação, sempre convicto
dos princípios que tinha aprendido. Mas os problemas aumentavam em vez de
diminuir, e a vida estava começando a ficar insustentável materialmente.
Procurei de todas as formas a mudar isso, mas não conseguia. Parecia que tudo e
todos estavam contra mim.

Eu, que nunca fui religioso, nem nestes momentos lembrei de Deus, apesar de
sempre ter agido de uma forma correta. E isso me revoltava mais: eu, uma pessoa
honesta, com tantas dificuldades e outros, não tão honestos, vivendo a vida com
tranqüilidade.

Mas aí veio a tentação, apareceu uma oportunidade de ganhar dinheiro, mas de
uma forma desonesta.

Não resisti, deixei até o que tinha de mais valioso, que eram os meus
princípios. Em desespero parti para roubar, fui preso e condenado.

Eu e toda a minha família caímos em humilhação.

Agora estou aqui, preso ao madeiro infame, junto com outros dois condenados.

O da extremidade oposta, um homem com os olhos cheios de ódio e revolta. O do
meio, ao meu lado, um jovem com os olhos e semblante cheios de amor e
compreensão. Não entendia porque aquele jovem tinha sido condenado. Entendia a
minha condenação e a do outro, que éramos ladrões, mas não a do jovem, que ouvi
dizer, só tinha feito o bem.

Em um certo momento ele virou e me disse que eu iria estar com ele, ainda
naquele dia, no paraíso.

Estas palavras tocaram a minha alma e fechei os meus olhos com tranqüilidade.
Eu, um homem não religioso, entreguei com fé a minha alma para Deus.

Ele está vivo

Havia já alguns dias que o Mestre tinha sido crucificado,
tinha ainda muita agitação na cidade, e corria um boato que ele tinha
ressuscitado dos mortos.

Os soldados romanos e os guardas de Herodes e do Templo estavam atentos à
procura dos seguidores do carpinteiro galileu.

Os apóstolos estavam escondidos ninguém sabia aonde e os principais
discípulos estavam dispersos, havia muita confusão entre eles e ninguém tinha se
apontado como líder e orientador. Pedro, que era o candidato natural, estava
calado e quieto. Talvez fosse a hora de deixar o tempo passar, para acalmar a
situação.

Eu, como seguidor de Jesus, que tinha recebido das mãos do Mestre uma cura
para meu corpo doente e um alívio para meu espírito agitado, estava me
preparando para uma pequena viagem junto com outro meu companheiro.

No dia marcado, saímos juntos, com cuidado para não mostrarmos que éramos
seguidores do Cristo.

Seguimos de manhã pela empoeirada estrada, comentando os últimos
acontecimentos.

Apesar da grande perda e do duro golpe recebido pela notícia vinda do Gólgota,
nós estávamos alegres e conscientes no progresso dos novos ensinos e da prática
da Boa Nova. Em um certo ponto do caminho encontramos um homem com a cabeça
coberta, que pediu para nos acompanhar. E assim foi feito, mas já tomamos o
cuidado de não mais comentar a nossa crença, pois era preciso ter muito cuidado.

Chegamos a uma estalagem e paramos para nos alimentarmos e descansar.

Sentamos juntos para a refeição e num certo momento aquele homem com a cabeça
coberta pega o pão, o reparte e nos oferece.

Eu e o meu companheiro, nos olhamos assustados, pois só uma pessoa que
conhecíamos fazia aquilo e daquele jeito.

A emoção inundou o nosso coração e as lágrimas encheram os nossos olhos, pois
reconhecemos que tivemos como companhia o nosso amado Mestre Jesus, vivo, e não
morto como muitos pensávamos.

Depois disso, tudo ficou confuso, pois eu não sei explicar como nos separamos
dele. E daí continuamos o nosso caminho para mais cidades que eram o nosso
destino. E fomos dando a feliz notícia, de que ele não tinha morrido, mas que
estava vivo. Depois disso, ele apareceu em vários lugares e para muitas pessoas.
Mas descobri depois, o mais importante não foi o fato de ele ter aparecido para
nós, mas sim o que isso significa para as nossas vidas, pois ele nos provou que
há uma outra vida após a morte e que todos nós podemos seguir os seus passos.

Pois foi ele mesmo que nos disse, que tudo o que ele fazia nós também
poderemos fazer.

Prudentes como as serpentes, simples como as pombas

Havia um homem a caminhar em uma estrada deserta e empoeirada, em uma época
que era perigoso viajar desta forma, pois os ladrões rondavam aquela região.

Mas aquele homem vinha sozinho e com o caminhar firme e decidido na direção
escolhida.

De tempos em tempos, o viajante parava para se alimentar e ler velhos
pensamentos que estavam acomodados em uma bolsa de couro puída.

Em um certo momento, encontrou aquele homem algumas pessoas indo no mesmo
caminho.

Trocaram saudações e resolveram caminhar juntos para a segurança de todos.

Na hora da pausa de descanso, viu o homem que os seus companheiros também
liam e comentavam alguns escritos que traziam.

O viajor pegou um graveto e fez na terra um desenho de um peixe com duas
curvas, os outros viajantes, fizeram o mesmo e ficaram sabendo que todos ali
eram discípulos de Jesus de Nazaré. E que aqueles escritos eram fragmentos dos
seus ensinos conciliados pelos apóstolos.

As precauções eram necessárias, pois aquelas estradas eram romanas e os
cristãos estavam sendo cruelmente perseguidos por Nero, acusados de todas as
barbaridades possíveis.

Mas mesmo assim aqueles cristãos, como foram chamados depois, saíram pregando
a palavra da Boa Nova e fazendo a caridade para com todos.

Aquele homem continuou a sua jornada e se tornou um dos discípulos mais
importantes de Jesus.

O seu nome não ficou conhecido pela história, mas isto não importa, pois a
sua obra é conhecida e estudada pela espiritualidade superior.

O exemplo da criança

Saí hoje para dar o meu passeio habitual na cidade de Jerusalém; como todo
dia, fui andando e cumprimentando as pessoas conhecidas.

Olhava com muito orgulho esta cidade reconstruída e cheia de pessoas, indo e
vindo ocupadas com os seus afazeres.

Durante este tempo, meditava sobre a vida e o objetivo dela, pois tinha
aprendido os mais importantes princípios religiosos e os praticava
diligentemente.

Hoje sou um homem, com família e profissão, mas tive a mais importante lição
de minha vida, quando eu era ainda um menino de pé no chão e arteiro.

Aquela experiência me marcou muito, não por causa do ato em si, mas pelas
pessoas que participaram daquele fato.

Minhas lembranças estão um pouco vagas, mas fui marcado profundamente no
coração.

Este fato aconteceu quando tinha 8 anos e brincava ruidosamente na rua com
outros meninos. Fazíamos as nossas brincadeiras habituais, não percebendo um
grupo de adultos conversando muito perto de nós.

Em um certo momento, corremos entre estes adultos atrapalhando os seus
afazeres e recebemos uma bronca de alguns deles.

Neste instante o chefe deste grupo, conversa com aqueles que nos bronquearam,
me pega pelos ombros e me coloca no meio deles dizendo mais ou menos assim:

Quem que quiser o Reino dos Céus tem que se assemelhar a esta criança.

Não entendi, naquele instante, o que aquele homem queria dizer com isto, mas
o seu olhar profundo e sereno marcou a minha alma, e esta marca ainda trago
comigo.

Depois que amadureci, fui entender o significado daquela fase, pois as
crianças não guardam rancores, aprendem tudo o que está em sua volta e estão
sempre prontas para a vida.

E agora andando pela minha cidade meditando sobre estes remotos fatos, me
distanciei mais do que o normal, atingindo a periferia onde ficam os mais pobres
e necessitados. Vejo então um barracão humilde e singelo, cheio de doentes e com
pessoas de semblante sereno.

Paro e pergunto o que é aquilo. E eles me respondem que aquele salão é a Casa
do Caminho, onde são ensinados e praticados a doutrina de um homem chamado Jesus
Cristo.

Entro para conhecer mais de perto e o meu coração gela quando vejo um homem
pregando lá na frente, contando a história que eu tinha passado.

Encontro com Pedro

Hoje é um dia muito especial para mim, pois eu consegui um objetivo que tinha
proposto. Estou agora em meio de uma multidão, num dia com muito sol e calor
ouvindo um homem falar. E as palavras deste homem tocam o meu coração tirando de
dentro dele muitos sentimentos negativos, dúvidas e inseguranças.

Parece que as palavras deste homem servem todas para mim, que todo o seu
discurso foi elaborado exatamente para as minhas necessidades.

Ele está falando de um outro homem, que foi crucificado e morto, mas que só
fez o bem enquanto viveu e que trouxe valiosos ensinos de vida e comportamento.

A sua morte aconteceu há pouco tempo e a sua doutrina estava se espalhando
através dos seus discípulos que ficaram para continuar a sua obra e fazer o bem
às pessoas necessitadas.

Aquela história caiu sobre o meu espírito como um bálsamo, pois há muito eu
estou esperando algo que não sabia e que era, há muito eu sei que vim a Terra
para uma tarefa, que também não sabia o que era.

E agora eu sei, sei que devo seguir aquele homem que está falando para
aprender sobre o outro homem da história.

Sei que devo fazer o bem e praticar aqueles ensinos.

Sei também que a minha vida agora tem um objetivo definido, uma meta a ser
atingida.

Neste exato momento o homem que fala acaba a sua explanação com uma fervorosa
prece.

Me aproximo e me apresento ao pregador e pergunto a ele o que devo fazer para
segui-lo e aprender mais.

Ele me responde que devo negar a mim mesmo, pegar a minha cruz e seguir a
Jesus. Porque Ele é o caminho, a verdade e a vida. Diz tudo isto me explicando
que estas palavras não são dele, mas do Mestre da história, a quem ele mesmo se
esforça para seguir.

Pergunto a ele qual o seu nome e que ele faz para viver.

Ele me responde que o seu nome é Simão, Simão Pedro, e que sua profissão era
antigamente a de pescador e agora atualmente, foi promovido para pescador de
homens.

Primeiros mártires

Em uma certa noite, um grupo de pessoas simples estava reunido em uma pequena
casa, numa cidade não muito importante.

E a discussão em torno de um certo assunto já durava horas, sem chegarem a um
resultado satisfatório, a um consenso.

Nisto levanta um jovem e pede a palavra, para colocar o seu ponto de vista à
análise dos presentes.

Começa a falar de um modo simples e objetivo, argumentando com serenidade e
bom senso, impressionando as pessoas com a profundidade de seus pensamentos e a
clareza de sua razão.

Terminada a exposição, este jovem é cercado pelos seus pares com júbilo e
reconhecimento, pois em suas idéias tinha resolvido os problemas sobre os quais
aquela reunião tinha sido convocada.

Já no adiantado das horas, aquele grupo se dispersa, cada qual retornando à
sua residência, com a sensação do dever cumprido e com o coração leve dos
problemas já solucionados.

Mas o que o grupo não sabia, é que estavam sendo vigiados por soldados e
pessoas contrárias às suas idéias, e logo na saída, os soldados tomaram a frente
e prenderam a todos, colocando-os a ferros e os jogando aos calabouços úmidos, à
esperado julgamento.

Este dia chega e todos, sem nenhuma exceção, são condenados à morte e levados
ao circo, para que a sentença seja cumprida publicamente e à frente das
autoridades constituídas.

O jovem que tinha encontrado a solução dos problemas, tinha se tornado como
um líder informal daquele grupo, e também estava a ferros esperando a execução
da terrível sentença.

No seu coração, não existia ódio e nem tristeza, mas havia uma certeza, e
esta lhe dava a força para enfrentar o futuro e ter esperanças firmes como
rocha, no bom desenvolvimento do seu destino.

É chegada a hora, o grupo é levado à arena lotada, para servirem ao terrível
espetáculo.

Alguns choravam, outros rezavam, mas a maioria estava à espera do desfecho
que estava programado.

E esta serenidade chocou a multidão e os seus sequazes, pois não se tinha
visto tal atitude até então.

Chegado o terrível momento da libertação das feras que iam cumprir a sentença
fatal, o jovem se destaca do grupo e começa a rezar em voz alta, incentivando os
seus companheiros a segui-lo.

Esta prece era o Pai Nosso ensinado por Jesus, e assim se fez. O público
sedento de sangue, recebeu também o exemplo dos cristãos e o conhecimento da
divina prece.

Estes foram os primeiros cristãos executados em Roma por causa de sua crença,
não sabemos o nome de nenhum deles, mas temos o exemplo magnífico, em que a fé
robusta venceu a banalidade e a ignorância.

Só temos a notícia do jovem, que hoje é na espiritualidade um dos líderes da
renovação da crença cristã aí no vosso mundo atualmente.