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Injúrias e Violências

Injúrias e Violências

“O Evangelho Segundo o Espiritismo – Capítulo IX, itens 1 a 5”

Estudo Espírita
Promovido pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br

Expositora: Sônia Zaghetto
Brasília
30/01/2002

Dirigente do Estudo:

Adrianabcm

Mensagem Introdutória:

SIMPLICIDADE

Quando o Senhor nos exortou à pureza infantil, como sendo a condição de entrada no plano superior, não nos convidava à insipiência ou à incultura. Recomendava-nos a simplicidade do coração, que se revela sempre disposto a aprender.

A rebeldia e a impermeabilidade são, quase sempre, escuros característicos daqueles que pretendem haver encontrado a última palavra em madureza espiritual.

Nossos excessos de raciocínio, em muitas ocasiões, não passam de desvarios da nossa mente, dominada por incompreensíveis cristalizações de vaidade ou de orgulho.

Criamos, em nossa invigilância, certos padrões convencionais de conduta que nos impedem qualquer acesso à verdadeira luz e, dentro deles, dormitamos à maneira de pássaros cativos que encarcerassem as próprias asas em estreitas limitações.

Contudo, quando entendemos que a vida se renova, todos os dias, e quando percebemos que todos os minutos constituem oportunidades de corrigir e aprender, auxiliar e redimir, entramos na posse da simplicidade real, suscetível de fixar em nosso íntimo, novos painéis de amor e sabedoria, paz e luz.

Guardemos o espírito de surpresa, diante do mundo e, à frente da estrada que o Alto nos destinou, convertamos a nossa ligação com o Pai Celeste por laço essencial de nosso coração com a vida e forma, estejamos convictos de que cada instante será para nós glorioso passo no conhecimento superior ou na direção do céu.

Emmanuel

Do Livro: Trilha de Luz

Psicografia: Francisco Cândido Xavier

Editora: IDE

Oração inicial:

<Melzinha28> Que possamos, aqui reunidos, celebrarmos esta doutrina de luz que nos mostra o caminho. Que nele caminhemos com segurança, com fé, com total entrega ao amor ao próximo.

Que de nós jamais partam injúrias e que aprendamos a ser pacíficos com o Mestre Jesus. Ampara-nos a todos e aos que mais carentes de Ti estão neste momento.

Que assim seja!

Exposição:

<Nadja> Boa noite, amigos queridos! O tema desta noite – injúrias e violências – está contido no capítulo IX do Evangelho Segundo o Espiritismo ” Bem aventurados os brandos e pacíficos”.

Esta bem-aventurança está contida no belíssimo Sermão da Montanha, lição de Jesus que constitui um dos mais belos ensinamentos que foram dados à Humanidade.

Vou colar agora o pequeno trecho do Evangelho de Mateus sobre esta bem-aventurança.

Bem-aventurados os que são brandos, porque possuirão a Terra. (S. MATEUS, cap. V, v. 4.)

Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus.

Sabeis que foi dito aos antigos: Não matareis e quem quer que mate merecerá condenação pelo juízo. – Eu, porém, vos digo que quem quer que se puser em cólera contra seu irmão merecerá condenado no juízo; que aquele que disser a seu irmão: Raca, merecerá condenado pelo conselho; e que aquele que lhe disser: És louco, merecerá condenado ao fogo do inferno. (Id., vv. 21 e 22.)

O Evangelho Segundo o Espiritismo nos diz que por essas palavras Jesus faz da brandura, da moderação, da mansuetude, da afabilidade e da paciência, uma lei. Condena, por conseguinte, a violência, a cólera e até toda expressão descortês de que alguém possa usar.

Entretanto, antes de nos atermos a isso, convido-os a investigarmos o porquê de algumas expressões aqui usadas.

O que Jesus quis dizer com a expressão “possuirão a Terra”?

O que significa, de fato, ser brando e pacífico?

Tudo isso constitui material de profunda reflexão para todos nós.

Uma vez que as palavras de Jesus não são vãs e, apesar das muitas distorções nos textos dos evangelhos canônicos, a força e a sabedoria das máximas de Jesus permanecem na essência de muitos textos.

Observemos que o texto de Mateus é um convite ao exercício pleno da lei de amor. Jesus reprova toda palavra que possa ferir, adverte, com isso, que a fraternidade deve presidir as relações entre as criaturas e que a doçura e a afabilidade devem estar presentes no trato recíproco.

Raca é expressão ofensiva entre os judeus. É palavra que revela desprezo. Jesus a usou para exemplificar que jamais, em nenhuma circunstância, devemos usar o verbo para ferir, destruir, humilhar. Ao contrário, as palavras devem servir essencialmente para a construção da paz, da fraternidade e do entendimento entre as criaturas.

Perguntas/Respostas/Comentários:

<Melzinha28> Nadja, uma das minhas grandes tarefas nesta existência é aprender a ser mais branda. E o trabalho espírita tem me ajudado imensamente.

<Nadja> E agora, pergunto a todos: O que vem a ser brando e pacífico, de fato? Seria simplesmente não reagir? Ficar impassível diante de provocações?

Melzinha28> Mais do que isso. Acho que é ter mansidão desde o nosso lado mais interno até com as outras pessoas. É ter fé na providência divina, o que nos dá a tranqüilidade íntima, a consciência de que não precisamos agredir, nem em pensamento, quem quer que seja. Para que as coisas fiquem bem, não precisamos forçar. Precisamos é agir respeitando o semelhante e as suas diferenças.

<Adrianabcm> Nadja, eu acho que é respirar fundo e refletir antes de reagir, e evitar que a reação venha contaminada das emoções desequilibradas.

<Melzinha28> Emoções desequilibradas, como disse Adri. Isso mesmo, isso é violência, não precisamos bater em ninguém para sermos violentos.

<Nadja> Sim, Melzinha, sim, Adriana. Para complementar, vou colar um trecho de Emmanuel que me parece uma bela definição da brandura:

“… A paz começa em nós e por nós. Os pacificadores são aqueles que aceitam em si o fogo das dissensões de modo a extingui-lo com os recursos da própria alma, doando tranqüilidade a todos que lhes compartilham a marcha”.

Livro Caminhos de Volta. O espírito é Emmanuel.

Creio que é uma bela definição de estado de espírito que podemos definir como brandura.

Ser brando é mais do que ficar impassível na hora da provocação, mas remoendo internamente um ódio que talvez se exteriorizasse se houvesse a certeza de que a vítima não reagiria.

Ser brando e pacífico é reconhecer a necessidade de disseminar a paz entre os homens.

Estes, seguindo o exemplo de Jesus, disseminam a tranqüilidade nos corações conturbados, revoltados, violentos, balsamizando-os, fazendo-os retornar ao equilíbrio. Como vêem, tarefa das mais árduas e que requer tremendo esforço pessoal.

Dentro do tema desta noite, um ponto que é necessário esclarecer refere-se à expressão “os brandos possuirão a terra”. O que exatamente significa isso, uma vez que Jesus nos prometia constantemente o “Reino dos Céus” e esta máxima parece apontar exatamente o oposto?

<Melzinha28> Nadja, entendo que a Terra, um dia, será um planeta feliz , um planeta regenerado. E aqueles que tiverem sido brandos e pacíficos, poderão viver aqui.

<Nadja> Exatamente isso, Mel…:) Possuir a Terra, certamente não significa certamente possuir os bens materiais. As palavras de Jesus referem-se ao futuro estágio por que passará a Terra.

No futuro, quando o planeta estiver mais depurado, aqueles que houverem sido brandos e pacíficos, artífices da paz coletiva, terão o privilégio de continuar reencarnando aqui. É importante observar que não serão somente os brandos e pacíficos, mas todos os de boa vontade.

<Melzinha28> Se algum de nós, sem essas características de suavidade estivermos aqui, em massa, como na Terra de hoje, ela não seria mais feliz.? Hoje a Terra só não é feliz porque nós, os habitantes não somos cristãos, cristãos verdadeiros.

<Nadja> Certamente, melzinha, somos ainda muito tateantes nos verdadeiros caminhos do amor. O egoísmo e o orgulho ainda falam muito alto. Ainda sentimos desejo de vingança ou, no mínimo, temos muita dificuldade para perdoar. E dentre todos os nossos muitos defeitos, um dos mais difíceis de combater é certamente a agressividade. Nem sempre essa agressividade se manifesta em atos, mas também em palavras ou gestos. Não raro ferimos demais ao falar. Usamos a língua como chicote capaz de provocar profundas cicatrizes.

<Adrianabcm> Nadja, uma vez eu conversava com um amigo sobre a agressividade. Ele é terapeuta e me colocou uma visão diferente sobre a agressividade. Mostrou-me que ser agressivo é natural, impulso de ação, que pode voltar-se para grandes realizações. A hostilidade, está sim é um sentimento estéril, fruto do egoísmo. Ele citou-me o exemplo de Paulo: “Ele precisou de agressividade para implantar o cristianismo ,a mesma agressividade que ele usava para defender a causa dos romanos ele usou para defender o Cristo, mas jamais foi hostil, nem no momento de sua morte.” Diria que a agressividade é o oposto da passividade, no sentido da inação.

<PimentaEstudando> No meu modo de ver, foram muito importantes as colocações trazidas por Adriana Temos uma necessidade urgente: reforma íntima, exatamente para um dia sermos como Gandhi ou Jesus. Para isso, precisamos nos conhecer, conhecer nossas possibilidades (Gandhi) e nossas limitações (a inflexibilidade). E normalmente, até pelas definições dos dicionários, mas por uma questão cultural, evitamos assumir que determinadas energias e sentimentos existem dentro de nós ou então, partimos para a negação, a repressão, o que não retira o sentimento de dentro de nós e pode ” sair pela culatra ” como hostilidade, por exemplo.

Realmente, é necessário ter bem clara a definição que estamos dando às palavras. A energia de ação, pode sair de forma que traga crescimento(firmeza), ou pode sair de forma que não nos leve ao crescimento (hostilidade). Porém, é a mesma energia, nem boa, nem má. Se toda vez que usamos essa energia, julgamo-la como destrutiva, corremos o risco de ficarmos na passividade.

Vejo esta questão muito relacionada com o tema da Paixão, no Livro dos Espíritos. Tudo depende de onde partimos na utilização dos sentimentos, pensamentos e atos ligados a estas energias.

<Nadja> Amigos, sobre esse ponto a que nossas amigas Dulce e Adriana mencionaram, é importante diferenciarmos em que sentido estamos empregando a palavra agressividade.

Em geral, os dicionários trazem definições negativas da palavra agressividade.

Silveira Bueno, por exemplo, define agressividade como o ato de ofender, provocar, assaltar, bater, espancar. O Aurélio também não é define muito diferente: provocação, ofensa, hostilidade, bordoada, pancada, ataque, etc. Temos de ter em mente que recentemente foi dado um novo significado à palavra, quando desejamos designar ousadia e houve uma certa apropriação da palavra “agressividade”. Passamos então a dizer que um determinado empresário é agressivo porque é ousado, corajoso, enfim, vai à luta. E, como Adriana nos disse, há algumas pessoas que traduzem agressividade como oposto de passividade.

No que se refere a Paulo de Tarso, querida Adriana, apesar de respeitar profundamente o grande divulgador do Cristianismo entre os “gentios” tenho algumas restrições à “agressividade” de Paulo, um doutor da lei que tinha belíssimas qualidades mas que se destacou por uma certa inflexibilidade. Prefiro, sinceramente, um exemplo mais recente: o do Mahatma Gandhi.

Sem necessariamente compará-lo a Paulo de Tarso, podemos lembrar que a grande alma da Índia dobrou o Império Britânico somente à base de jejuns, orações e nenhuma violência que dele partisse.

<Luno_estudo> Você já acabou citando o exemplo que eu ia citar: Gandhi libertou a Índia do domínio inglês sem levantar um dedo. Isso é uma grande realização que se deu sem o uso da agressividade (como definida no dicionário). Ele foi ousado sim, ao incentivar a desobediência civil. Mas agressivo? Não creio. O objetivo não era derrubar o inimigo, mas libertar seu país, aí existe uma grande diferença, pois define a linha entre a Crueldade e a Lei Natural de Destruição.

Agora, em relação ao que a Dulce falou, a energia destruidora não é
necessariamente deletéria. A Destruição é uma Lei sem a qual o progresso não se
realizaria.

Acho que o problema é encontrarmos o limite da mesma maneira que Gandhi
encontrou, sendo extremamente destruidor, sem ser cruel.

<Nadja> Amigos, é hora de encerrarmos e gostaria de fazer algumas
considerações finais.

Uma delas é citando, ainda esta vez, o espírito Emmanuel quando nos diz que a
cólera é como uma tempestade magnética no mundo da alma, e qualquer palavra que
arremessamos, no momento de cólera, é semelhante ao raio fulminatório que
ninguém sabe onde vai cair.

Hoje citamos Gandhi e sua não violência, lembrando-lhe as memoráveis
conquistas.

Citamos também Jesus, mestre incomparável de doçura. E convido-os a todos a
homenagearmos Jesus seguindo-lhe os profundos ensinamentos.

Lições que nos falam que toda palavra ofensiva deve ser banida de nosso
vocabulário, que todo gesto de agressividade (no sentido negativo do termo) deve
ser evitado, a fim de que possamos construir as bases de um mundo mais suave,
mais feliz, mais fraterno.

Muitos de nós se perguntam como é possível sobreviver, brando e pacífico, em
um mundo atormentado onde campeia a violência. E a resposta é simples (mas não
fácil): reunindo em nós, diariamente, as sementes de paz que vivem ocultas no
jardim da alma, regando-as com a chuva benéfica do amor, fortificando-as com
nosso esforço individual, para que um dia floresçam plenas e enfeitem nossa vida
e a dos convivem conosco, perfumando nossos dias e colorindo este mundo tão belo
que o Eterno nos deu como provisória morada.

Muita paz a todos.

Oração Final:

<Wania> Boa noite, amigos!

Jesus, companheiro nosso de jornada, agradecemos ao Teu
coração generoso e misericordioso, a oportunidade concedida, de estudarmos, de
refletirmos em torno do Teu Evangelho. Que possamos sair desta reunião mais
fortalecidos e mais esclarecidos sobre a responsabilidade da palavra, seja ela
escrita ou articulada.

Que possamos sempre pensar antes de verbalizarmos
nossos pensamentos, para que não sejam veículo de dor ou de mágoa.

Que possamos entender a fragilidade, a sensibilidade de
quem as ouve.

Que possamos sempre lembrar do Teu ensinamento maior
“Faça ao teu próximo o que desejas para ti.”

Que possamos, igualmente, rever nossas atitudes,
avaliando nosso comportamento, e, nos predispondo a modificá-los, visando o
nosso próprio crescimento, e o crescimento dos que nos cercam.

Que possamos sempre, Senhor da Vida, reconhecer nossos
erros e nos retratarmos com quem tenhamos magoado.

Ajuda-nos Mestre, para que possamos nos tornar homens e
mulheres de bem; pessoas boas. Ajuda-nos a seguir os Teus exemplos.

Que a Tua misericórdia nos alcance e que a Tua luz nos
conduza pelos caminhos da vida.

Que assim seja!

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