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Obediência e Resignação

Obediência e Resignação

“O Evangelho Segundo o Espiritismo – Capítulo IX, item 8”

Estudo Espírita
Promovido pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br

Expositora: Dulce Mara
Brasília
20/03/2002

Dirigente do Estudo:

Márcio Duarte

Mensagem Introdutória:

CULTO DA GENTILEZA

Evita negligenciar o necessário culto da gentileza, na esfera de ação em que foste chamado a produzir. A energia para a execução das tarefas não dispensa a gentileza na realização das metas a desenvolver.

Gentileza é, também, expressão de cordialidade e de afeto.

Quando o homem empreende a façanha de fazer-se amar, chega-lhe à mente o valor expressivo da gentileza e da afabilidade, como sendo pórticos pelos quais se adentra na busca de entendimento e de afeição.

Logo, no entanto, se apropria da intimidade dos sentimentos do próximo, ignora as comezinhas normas de comportamento fraternal, desdenhando as regras da conduta sadia junto aos corações amigos.

Não acredites que o “tempo-sem-tempo” seja responsável pelos deslizes para com a gentileza na roda dos teus amigos.

Embora seja lícito asseverar-se que não há mais tempo para as pequeninas normas da etiqueta, merece considerar que uma palavra cálida de amizade, um verbete gentil, uma expressão delicada, um gesto de meiguice, um sorriso de ternura, um aceno cordial sempre encontram guarida, mesmo naqueles que parecem impermeáveis às boas maneiras.

A aresta necessariamente lixada adquire contorno agradável e brilhante.

A pedra burilada muda de feição.

A plântula resguardada transforma-se em árvore.

O gesto gentil é um passo para modificar, não poucas vezes, uma inimizade nascente, uma suspeita infundada, uma informação infeliz, uma inspiração negativa e abrir horizontes novos à melhor compreensão e a mais amplo descortino.

Não aguardes, porém, que sejam os outros gentis para contigo. Sejam os teus hábitos no culto da gentileza, uma metodologia de equilíbrio que te imponhas como disciplina de auto burilamento da vontade e do comportamento, numa preparação às colônias espirituais para onde transferirás mais tarde residência, onde o respeito e a cordialidade, como a gentileza e o afeto, preponderam em todos os círculos.

Como ninguém tem obrigação de te amar, antes te impuseste o dever de a todos amar, respeita nos ásperos, nos ingratos e nos frios do teu caminho criaturas e corações empedernidos, infelizes, a quem deves doar maior quota de gentileza, pois que ela é também caridade em nome de Deus para o grande mal de que padece a humanidade, em forma de egoísmo avassalador.

Joanna de Ângelis

Celeiro de Bênçãos
Divaldo Pereira Franco
Editora: LEAL

Oração Inicial:

<melzinha28> Reunidos estamos em Seu nome a fim de aprender um pouco da arte de bem viver . Que nesta noite possamos não apenas ler e ouvir, mas apreender os conhecimentos que nos podem fazer melhores e mais felizes, mesmo aqui ainda neste planeta de dores. Que saibamos seguir os seus passos em todos os momentos de nossas vidas. Ampara a todos os usuários da internet e os aqui presentes nesta noite. Que assim seja!

Exposição:

<DulceMara> Boa noite, amigos!

Eu gostaria de iniciar o comentário acerca do estudo da noite, com um agradecimento, em primeiro lugar a Deus, e em segundo lugar à equipe do #IRC-Espiritismo, por terem me brindado com a oportunidade de estar refletindo com vocês sobre este tema, nesta noite.

Obediência e resignação, num planeta onde os Espíritos necessitam ainda de processos que envolvem provas e expiações, num planeta onde os Espíritos estão arraigados aos processos fragmentários do ou/ou (ou oito ou oitenta), é um tema a ser sempre refletido, para poder ser vivido de forma consistente, permitindo um crescimento espiritual efetivo.

Normalmente, erroneamente, entendemos a “obediência” como um estado de apassivamento diante de uma autoridade temporal (pai/mãe, chefe, marido/mulher, padre/pastor/guru/dirigente, político, etc), ainda que a atitude ou ação exigida por esta autoridade seja incompatível com os valores espirituais perenes, gravados em nossa consciência.

Distorcemos também muito comumente o entendimento acerca do que significa ser resignado, interpretando resignação como o ato de desistência diante dos desafios com os quais nos deparamos na Vida, entregando a outrem(o próximo, os Espíritos ou Deus) a responsabilidade pela sua resolução e superação, demorando-nos por vezes em situações deploráveis de carência e sofrimento.

Ao mesmo tempo, pelo próprio processo de amadurecimento pessoal/Espiritual, buscamos a afirmação de nossa personalidade/Individualidade.

Aprendemos com o Espiritismo que o Espírito é uma Individualidade, dotada de razão e vontade, efetivamente livre para escolher os caminhos experienciais. Caminhos estes experienciais que o levarão inelutavelmente à evolução espiritual e, a um só tempo, irremediavelmente responsável pelas conseqüências advindas dessas escolhas. Mesmo não sendo Espíritas, esta verdade jaz em nosso inconsciente, levando-nos a essa busca constante de afirmação do nosso Ser.

Nesse exercício, porém, diversas vezes nos deparamos com situações que julgamos, muitas vezes acertadamente, incompatíveis com os valores espirituais que adotamos. E na ânsia de sermos coerentes conosco, com a nossa verdade, na ânsia de garantir a nossa razão e a nossa escolha, muitas vezes agredimos, desprezamos, radicalizamos, ferimos.

E ainda nos deparamos com o convite, que Jesus e os Espíritos nos fazem, para que sejamos brandos, pacíficos e pacificadores, o que nos soa muitas vezes como um paradoxo, colocando-nos em conflito: Como conciliar a obediência com a necessidade constante de escolha e responsabilidade, pessoal e intransferível, pelas conseqüências? E a resignação com a liberdade de ser e agir?

É neste contexto aparentemente irreconciliável que a mensagem de Lázaro, inserida em O Evangelho Segundo o Espiritismo, vem clarear as nossas mentes e consolar os nossos corações, , compatibilizando o que nos parecia incompatível e resumida na frase lapidar: “A obediência é o consentimento da razão; a resignação é o consentimento do coração”.

Para que entendamos a chave que a afirmação nos traz, necessário se faz entendermos o que significa consentir. Segundo os dicionários, consentir significa aprovar, aceder, concordar e, numa acepção especialmente apropriada para o nosso tema, significa “estar em harmonia com”.

Ora, a obediência de que trata o Evangelho não é a que devemos a qualquer autoridade temporal, mas a que devemos às Leis Divinas e Naturais, traduzida por um alinhamento da Individualidade, em atos, palavras e ações, ou seja, de forma consciente, com essas Leis.

Não há, portanto, uma anulação da razão e sim uma ampliação da consciência, que permite uma visão mais clara e consentânea da situação que se nos apresenta, de forma que a nossa escolha passa a ser uma escolha consciente e comprometida com as conseqüências que advirão, tanto para os outros, como para nós mesmos.

O mesmo se dá relativamente à resignação. A resignação não quer a desistência do Ser, mas, ao contrário, o enfrentamento consciente e tranqüilo de todas as experiências difíceis que nos visitam, na certeza de que são apenas construções nossas, que podem e devem ser reparadas, superadas e transformadas em crescimento e amadurecimento espiritual.

Obediência e resignação, portanto, não têm qualquer relação com passividade; ao contrário, exigem atitude ativa e firme de nossa parte. A partir do momento em que este entendimento profundo penetrar o âmago de nosso Ser, as lutas externas perderão a razão de ser e poderemos agir de forma coerente com os ditames de nossa Consciência, com tranqüilidade e brandura.

Ainda que o não seja necessário, ele será dito a partir de um ponto de paz profunda e assumido com honestidade, pois que sem nenhum traço de hostilidade, refletindo apenas a firmeza de nosso propósitos superiores.

E poderemos então, enfim, aceitar o convite há tempos feito por Jesus e constantemente renovado pelo Espiritismo de sermos, mais que pacíficos, pacificadores; mais do que simplesmente amigos da paz, trabalhadores e agentes da paz no mundo.

Já não seremos então, criaturas de Deus simplesmente, mas seus filhos, por já espelharmos por nossos atos, palavras, ações, pensamentos e sentimentos, as Suas virtudes.

Trabalhemos em nós mesmos profundamente, instruindo-nos nestes textos tão ricos trazidos pelos Espíritos, buscando exercitar as virtudes que já sabemos necessárias ao nosso Ser e a paz vigerá em nosso íntimo, alcançando a todos os que conosco conviverem.

Que assim seja!

Perguntas/Respostas:

[01]<Erigor> Se um amigo de trabalho me trata de uma forma mais grosseira como fazer para que eu não tenha a mesma atitude para com ele? Isso seria resignação?

<DulceMara> Erigor, a sua preocupação em não ter a mesma atitude, denota que você já sabe que a atitude não é a mais feliz e que, portanto, você não quer responder da mesma forma. Demonstra que você já tem consciência da situação, num nível mais profundo de entendimento, que leva em consideração os valores espirituais. Se você consegue agir na situação, sem irritação e com amorosidade, você está sim se resignando, uma vez que você não se revolta nem com o acontecimento nem com o colega de trabalho, o que não impedirá que você atue firmemente de modo a que ele possa se deter na atitude infeliz. Nos exemplos que Jesus nos deixou, muitas vezes ele é firme na condução do diálogo ou da situação, porém, em momento algum ele denota raiva mesquinha. Como dissemos, a resignação não impede a ação, ao contrário, a solicita, somente que a partir do Amor. Assim, você pode por exemplo conversar com seu amigo, mostrando como a atitude dele te faz sentir e mesmo solicitar que ele tenha mais cuidado na relação de vocês. Se ele te ouvir, os dois crescerão 🙂 Se ele não te ouvir, você estará em paz.

[02] <Lua_Prateada> Na parte da palestra onde foi falado sobre resignação, se uma pessoa passa por uma determinada dificuldade, física, moral ou espiritual, a forma como ela irá vivenciá-la é que lhe dará méritos. Mas digamos que a pessoa, ao invés de entender e aceitar, sentir-se como um espírito em expiação ou provação, sinta-se tão e somente como um coitado, uma vítima. Como poderá ter merecimento frente à provação vivenciada?

<DulceMara> Lua_Prateada, apenas para clarear a sua colocação. O fato de uma pessoa se sentir como um espírito em expiação ou provação não quer dizer necessariamente que ela esteja numa posição de vítima, de coitada, como você colocou. Muitas vezes, quando estamos em situação difícil e dolorosa, até pelo que já estudamos da Doutrina, sabemos, temos consciência de que o processo que vivenciamos é uma expiação ou prova. E isso não nos impedirá de sermos resignados. Porém, se a pessoa se coloca na posição de vítima, a situação é diferente. A pessoa que se diz vítima, seja de uma situação, seja de uma pessoa, está retirando dela mesma a responsabilidade pelo que lhe está acontecendo. Ao mesmo tempo, está retirando de si a possibilidade de mudar a situação. Se eu não tenho responsabilidade pelo que me acontece, não tenho como atuar para mudar. E a pessoa viverá uma vida inteira de sofrimentos muitas vezes desnecessários. As dificuldades que se nos apresentam, vêm nos solicitar a Luz que há em nós. Seja por expiação ou prova, quando nos responsabilizamos pelo processo que vivemos, despertamos em nós a força, a coragem, a capacidade de superação incrível, que todos temos. Não tenhamos dúvida: a dor, a nossa grande mestra, nos convida com Jesus: Brilhe a vossa Luz! Que possamos aceder ao seu convite, resignando-nos para superarmos e transformarmos as situações e relações de nossas vidas, em experiências amorosas e de crescimento para todos os envolvidos.

Oração Final:

<Wania> Amigos, mais uma vez, agradeçamos à Deus, pela oportunidade concedida.

Jesus amigo, Pai de infinita misericórdia, agradecemos pela oportunidade concedida de estudarmos a Doutrina dos Espíritos, o Teu Evangelho que tanto nos acalenta e nos fortalece.

Agradecemos pelo espaço virtual que nos possibilita levar a Tua mensagem aos mais distantes locais deste planeta. Agradecemos pelos amigos espirituais que viabilizam este momento; agradecemos pelos companheiros que nos auxiliam na tarefa da Divulgação Doutrinária, dizendo presente ao Teu chamado.

Que a mensagem que a amiga nos trouxe , possa ser o diferencial em nossos espíritos. Que possamos ler, pensar, refletir, analisar, incorporar aos nossos espíritos e, gradativamente, modificar nossas atitudes diante das adversidades, das múltiplas formas de dificuldades que enfrentamos no dia-a-dia. Que a fraternidade, a humildade, a solidariedade, o amor e a paz, possam ser os móveis das nossas ações.

Que a Tua luz nos conduza pelos caminhos da vida hoje e sempre.

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