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Regras Gerais da Didática Piagetiana

Regras Gerais da Didática Piagetiana

Desenvolvimento Cognitivo

  • Nunca subestimar a criança quanto a suas capacidades. É muito comum esperarmos que elas não sejam capazes de realizar determinadas tarefas e facilitarmos suas ações (como abrir uma bala, alcançar um objeto que esteja no alto, etc.);
  • Não fazer pela criança aquilo que ela pode fazer sozinha. Propor sempre que ela resolva por si mesma. Quando muito, dar uma pequena ajuda, mas nunca substituir a ação da criança pela sua;
  • A criança deve estar em constante atividade, cujo tempo de duração deve ser graduado.
  • O professor deve graduar a atividade de acordo com o nível da criança. E o grau de dificuldade deve ser crescente;
  • A criança deve aprender pela sua própria ação. Deixar que ela tente, experimente, observe…
  • Não ensinar verbalizando, explicando, pois a criança aprende com a ação. Propor experiências antes, fazer perguntas, pedir que perguntem aos amigos, estimular pesquisas, etc.
  • As habilidades envolvidas nas atividades (conteúdos específicos) devem ser ensinadas prioritariamente através da ação da criança. Um exemplo é o desenho em perspectiva, que envolve técnicas que precisam ser ensinadas. Isto deve ser feito utilizando-se o desenho da própria criança, com correções, discussões, etc.
  • Os conteúdos são fundamentais, mas não existem sem a atividade. Ensinar falando pressupõe o esquecimento, ao passo que tudo que se aprende com a ação, pela experiência, fica para sempre.
  • Lembrar-se que, se não for possível uma ação sobre o que se quer ensinar é porque esse conteúdo não é útil para a criança com a qual estamos lidando. O conhecimento útil para cada idade é passível de ser transformado numa ação apropriada (motora, representada ou verbal). Portanto, por ser útil, não será mais esquecida pela criança.
  • As atividades propostas às crianças são graduadas conforme o seu nível mental, de acordo com sua etapa de desenvolvimento, O professor deve tomar por base o estágio em que se encontra a criança, tendo em vista sempre o estágio seguinte do seu desenvolvimento genético.

Desenvolvimento Afetivo

  • O professor deve deixar transparecer uma afetividade igual por todas as crianças. Suas preferências não devem ser manifestadas em sala de aula;
  • O professor não pode ter preconceitos (religiosos, raciais, etc). Ele deve estar permanentemente discutindo suas atitudes e verificando quando sua ação é movida por preconceito. É fundamental mantermos um processo de crítica e auto-crítica em conjunto com os demais professores, pois dificilmente seremos capazes de admitir sozinhos um preconceito.
  • O relacionamento com as crianças deve ser carregado de afetividade manifesta, ou seja, o professor deve reconhecer todos pelo nome, fazer referências e solicitações nominais, receber as crianças, abraçar, beijar, etc;
  • Os problemas emocionais apresentados pelas crianças devem ser anotados e discutidos com os demais professores, supervisores ou coordenadores. De maneira isolada, é difícil distinguir as dificuldades da criança das nossas próprias.
  • Afetividade não significa “melosidade”. Não usar diminutivos em todas as palavras. Uma forma de se relacionar afetuosamente é demonstrar que se está realmente interessado na aprendizagem da criança;
  • As manifestações de irritação e o “grito” com as crianças devem ser evitados. Quando se tornar difícil conter a irritação, o melhor a fazer é propor uma atividade que as crianças possam realizar de forma independente, dando ao professor momentos para recuperar o controle. Gritar é um processo irreversível: quanto mais o professor grita, mais a criança percebe seu descontrole e mais é preciso gritar.
  • Evite transmitir desânimo e cansaço para as crianças. E quando perceberem esse tipo de sentimento, tente mostrar que a questão não é com elas. Na verdade, as condições gerais externas à criança é que são realmente causa de desânimo e cansaço.
  • O professor deve ser expressivo em tudo o que fala e faz. As histórias devem ser contadas em diferentes vozes. Os jogos precisam ter o “clima”e o professor deve estar sempre motivando a expressividade da criança;
  • O professor não deve ter vergonha, inibições ou preconceitos que o impeçam de participar das dramatizações, de contar histórias, etc.
  • Os sentimentos de alegria (pela vitória, por exemplo), de tristeza, o choro, a festa, o carinho, devem ser manifestados pela criança e estimulados pelo professor. Quando um preconceito for empecilho para a livre manifestação da criança, deve-se discutir a questão em grupo (“o menino não chora”, por exemplo).

Desenvolvimento Social

  1. Toda situação de socialização deve ser vista como boa e útil. É comum grupos de crianças serem vistos como negativos, seja pela sexualidade, seja pela “marginalidade”, e geralmente são impedidos ou dissolvidos. Os “bandos” de crianças entre sete e doze anos, descritos por Jean Piaget em “O julgamento Moral da Criança ” são muito importantes para o desenvolvimento do grupo propriamente dito, que aparece na adolescência. Os “bandos” ou “grupos”, portanto, são parte importante do desenvolvimento e devem ser incentivados.
  2. A solução dos conflitos de socialização não deve ser dada como o escamoteamento das causas que os provocaram. O conflito é uma forma de socialização, portanto o professor deve ajudar as crianças a resolve-lo, sem retirar o problema. A discussão em grupo é uma grande técnica.
  3. O professor deve acompanhar, controlar e propor situações de socialização, como trabalhos em grupos, jogos, etc.
  4. O professor deve propor trabalhos com objetivos socializadores. Levar as crianças a trabalhar juntas é uma forma fundamental de socialização, e isso inclui desde o transporte de objetos (mesas, etc) até desenhar num mesmo papel.
  5. A atividade socializadora é graduada segundo o nível da criança, ou seja, não se deve propor um nível de socialização para o qual a criança não tem capacidade. Assim, por exemplo, não se pode esperar que uma criança de dois anos divida os objetos em sua posse ou que uma de sete anos compreenda que junto ao grupo é mais fácil atingir um determinado objetivo.
  6. Na sala de aula, deve prevalecer o espírito coletivista (material comum, todos fazem tudo, etc) segundo o nível das crianças.
  7. O coletivo (mesas, cadeiras, tesouras, etc) já é uma forma de socialização imposta pelo ambiente. Tudo é de todos; logo a criança aprende isso e inicia a construção do respeito e preservação do coletivo.
  8. A atividade socializadora não pode prejudicar a satisfação individual com a realização da atividade;
  9. Conversa é socialização. Não impedir que as crianças conversem inclusive quando trabalham. Para elas, é difícil realizar uma tarefa não conversando.
  10. Sempre que possível, deixar as crianças sentar-se em grupos, que devem ser modificados com freqüência; e realizar tarefas de grupo, começando por pares. Essas atividades ajudam na integração da criança e diminuem os conflitos individuais.
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