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Sou religioso, e daí?

Sou religioso, e daí?

 

Comece por contar ao povo a passagem em que o Mestre Jesus nos trouxe a
“Parábola do bom Samaritano”. De preferência, decore a passagem e narre-a,
fazendo os ouvintes sentirem-se presentes no acontecimento. Isso os envolverá,
levando-os a perceberem a profundidade do ensinamento ali contido. Caso não
consiga decorá-la, leia-a, mas pausadamente e com entonação, para que o público
acompanhe todos os momentos.
Nesta história, Jesus mostra que duas pessoas vangloriadas como amantes de Deus
e praticantes da religião da época – um sacerdote e um levita (homem considerado
especial dentre os demais por fazer parte da “Tribo de Levi”, uma das 12 Tribos
de Israel) -, não foram verdadeiramente religiosas, deixando com que uma vítima
da violência ficasse desamparada. Preocuparam-se apenas consigo mesmas, e foram
tratar de seus afazeres, não fazendo ao próximo o que desejavam para si
próprias.
Por sua vez, um samaritano fez exatamente o contrário. Provenientes da região da
Samaria, região esta odiada pelos judeus, pois seus habitantes não aceitavam
muitas das práticas religiosas judaicas, os samaritanos eram colocados como
pessoas impuras e desobedientes a Deus. Muitos religiosos judaicos cuspiam de
lado ao pronunciar o termo samaritano, numa referência ao desprezo que tinham
por aquele povo.
Na parábola, Jesus coloca o samaritano como aquele que sinceramente ajudou ao
próximo sem esperar retribuição, deixando seus interesses de lado e buscando o
bem-estar do moribundo.
Leve o público a refletir sobre a situação. Será que hoje não estamos sendo como
o sacerdote e o levita? Será que não estamos indo ao centro, à igreja, como um
desencargo de consciência apenas? Na hora em que somos chamados a prestar nosso
testemunho, agimos como o samaritano, deixando de lado nossas preocupações e nos
dispondo a ajudar a quem precisa?
Após comentar estes aspectos, vá para a passagem seguinte, que fará os presentes
entenderem a necessidade da prática do bem.

2) ” De que adianta chamarmos Jesus de Mestre se não seguimos seus
preceitos? …Não espere dobrar a justiça de Deus pela quantidade de suas
palavras ou de seus atos exteriores; o único caminho que lhe está aberto para
encontrar graça diante Dele é a prática sincera da lei de amor e caridade”
(Allan Kardec, E.S.E.; 18; 9).

Kardec mais uma vez nos mostra a sabedoria da Doutrina Espírita. Nada mais
verdadeiro do que a necessidade de praticarmos o que pregamos. Chamar Jesus de
Mestre, ir à casa religiosa, dizer-se crente em Deus e com muita fé não nos
torna religiosos, no sentido verdadeiro da palavra.
Os atos exteriores, se não estiverem suportados por uma modificação íntima e uma
conscientização dos deveres que temos, pouco servirão para ajudar a quem
precisa.
Deus reconhece o que temos dentro de nosso espírito, independente do que
dizermos ser.
Há falsos religiosos, que enganam a boa fé dos que os escutam, pois falam de
Deus, pregam Jesus através dos Evangelhos, enchem casas religiosas prometendo
milagres para quem se dispuser a dar-lhes o dinheiro da enganação, mas seus
corações só buscam o prazer material, proporcionado pela ingenuidade de quem os
segue.
Em outro grau, há aqueles que são frequentadores de igrejas, centros, mas que na
verdade apenas buscam a satisfação imediata. Aceitam o que lhes é dito sobre
Jesus, como um remédio amargo que têm que engolir para aliviarem imediatamente
suas dores. Oram em alto e bom som, falam para todos os cantos que seguem uma
religião. Porém, ao menor sinal de melhora, devido à misericórdia divina,
esquecem-se de tudo, e a sinceridade que demonstravam ter passa a ser um ditado
esquecido.
Esclareça ao público que temos que nos analisar constantemente, para sabermos se
não agimos assim, pois a desilusão destes com o futuro espiritual será muito
grande.
Então, fale da promessa de Jesus, através da passagem seguinte.

3) “Buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e tudo o mais vos
será acrescentado. Não vos inquieteis, pois, com o dia de amanhã, porque o dia
de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal”. (Mat, 6; 33 e 34) .

O verdadeiro religioso deve crer que se houver sinceridade em seus atos, Deus
fará de sua parte para com ele. Que deverá trabalhar sim para o sustento
material, mas que trabalhará com a certeza de que nada lhe faltará para uma vida
tranquila. Isso porque estará disponibilizando, com sinceridade, uma parte de
seu tempo para aprender e praticar o que Jesus nos deixou: o conhecimento e o
exemplo através da caridade.
Não haverá necessidade de preocupar-se com o futuro material. Cada dia tem seu
mal, lembra o Mestre. Ou seja: cuidemos de nosso presente, dando a devida
importância para a verdadeira religião, e a vida nos sorrirá com mais
frequência.
Não haverá porque praticarmos a religião por conveniência, pois sua busca com
consciência e responsabilidade nos tornará homens melhores, e sentiremos esta
mudança em nosso estado de ânimo.
Neste momento, diga ao público que buscar primeiro o Reino de Deus não é viver
alienado das necessidades materiais, ou trancar-se longe das dificuldades da
vida. Se assim fosse, o cristão seria um covarde. Pelo contrário, quem está com
Jesus, amparado pelo conhecimento que a Doutrina Espírita proporciona, é
corajoso, e isso faz com que enfrente a vida sem medo ou dúvidas. Sua existência
está baseada nos bens espirituais, que não têm como esfacelarem-se. Mas, se
buscarmos primeiro as coisas da matéria, corremos o risco de vivermos
angustiados, pois a parte material é irregular, inconstante, e faz com que
vivamos preocupados com o futuro, não nos preparando para ele no presente.
Assim, encerre a palestra citando Jesus, na frase seguinte.

4) “Não podeis servir a Deus e a Mamom” (Mat, 6; 24)

Mamom é sinônimo das preocupações com a parte material. Deus é o sinônimo da
liberdade de consciência e desapego ao passageiro.
Que o público seja alertado para buscar o conforto material, lutando para uma
melhor condição de moradia e bem-estar.
Mas que isso não seja a tônica de suas vidas. Que isso não leve a todos nós a
nos afastarmos completamente dos ensinamentos religiosos que aprendemos.
Caso contrário, poderemos nos tornar os falsos religiosos, que frequentam os
centros, as igrejas, mas nada praticamos do que lá ouvimos.
E ao enfrentarmos dificuldades em nossa vida, ou mesmo ao chegarmos no plano
espiritual, e gritarmos que íamos na casa religiosa, que sempre fomos
religiosos, uma voz interior, que virá da nossa consciência, irá nos questionar:
e daí? O que foi feito do que você aprendeu?
Faça os presentes entenderem a profundidade destes ensinos, e leve-os a tentar
serem como o bom samaritano, que independente da raça e da religião era um
verdadeiro homem de bem, um sincero religioso.

Copyright by Grupo Espírita Apóstolo Paulo

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