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Retribuir o mal com o bem

Retribuir o mal com o bem

 

Alguém dentre os amigos presentes já parou para pensar um pouco sobre como é
traumático para um bebê a aventura de aprender a andar? Ele possui pouca ou
quase nenhuma coordenação, lhe falta outro tanto de equilíbrio, e na maioria das
vezes ele já consegue se deslocar com relativa facilidade, engatinhando para lá
e para cá… Mas mesmo assim ele enfrenta esse desafio, apoiando-se nos móveis,
levando tombos, até adquirir a desenvoltura e o automatismo necessários para a
empreitada.

Muitos poderão achar que é um exagero da minha parte, ao falar de
traumático
, mas é a realidade, que é confirmada por muitos estudiosos da
área. O exagero fica apenas por conta de nosso esquecimento. Afinal já faz
tantos anos que passamos por isso…

Querem ver outro aprendizado difícil pelo qual passamos, mas que hoje
realizamos com a maior desenvoltura? Andar de bicicleta.

Ah! Agora já podemos observar aqui ou ali, alguma expressão de
concordância!… Afinal, a recordação desses momentos ainda está presente na
mente de muitos de nós. Mas ainda assim, a distância provocada pelo tempo,
atenua um pouco a visão da dificuldade que tivemos em mais essa empreitada. É…
pelo jeito, as coisas não parecem ser tão difíceis como nós as pintamos…

Por esses pequenos exemplos, podemos imaginar como será bom quando pudermos
também deixar para trás as dificuldades que temos atualmente, com o tema desta
noite: retribuir o mal com o bem! Ah!… Mas é tão difícil deixar passar quando
alguém nos dá “aquele pisão no pé”…

Mas Por Que é Difícil ?

A tarefa realmente não é das mais fáceis (nem mesmo para ser falada como tema
de palestra…). Alguns dos motivos que nos ocorrem, são (tantos outros
certamente deixaram de ser citados):

· Momento evolutivo – Como vimos, na “escada da evolução”, cada patamar traz
as dificuldades que lhe são próprias. Nos libertarmos de atitudes, muitas vezes
impulsivas, faz parte das dificuldades de nosso hoje.

· Planeta de provas e expiações – Se por enquanto, o melhor lugar que temos
para exercer nosso aprendizado é num planeta de provas e expiações, é natural
que as dificuldades que iremos encontrar para expressar nossos sentimentos de
fraternidade, sejam ainda grandes.

· Influência do MeioComo não somos seres isolados, é bastante forte
a influência que recebemos daqueles que nos rodeiam, e contribuem para a
construção do ambiente fluídico em que estamos imersos. Ocorre-me um exemplo,
citado aqui mesmo na casa de Batuíra, por um elevado colaborador: atendendo ao
pedido de um filho seu, acompanhou-o certa vez para um jogo de futebol, embora o
esporte não lhe traga grandes emoções. De início, manteve sua postura tranqüila,
mas à medida em que a disputa ia transcorrendo, ele começou a torcer pelo time
do filho, envolvido pelas vibrações dos demais torcedores ao seu redor. Os
ânimos foram se aquecendo, e quando deu por si, estava prestes a acompanhar o
coro de ofensas que eram dirigidas aos participantes da partida… Seguindo
ainda suas elevadas considerações, nos esclareceu para o fato de que qualquer
estímulo que tenhamos do meio, atua como uma espécie de “isca”, que somente “nos
fisga”, à medida em que encontra ressonância dentro de nós mesmos (lei de
sintonia). Este estímulo vai, portanto, buscar “lá no fundo” aquele ser que
ainda somos, e que estamos tentando modificar, levando-nos a ter atitudes e
reações que em condições normais não teríamos, por estarem totalmente sob
controle. Assim também ocorre quando nos é oferecida como “isca”, alguma atitude
que consideramos maldosa.

· Laços anteriores – Alguns daqueles que caminham hoje ao nosso lado, o fazem
justamente para que tenhamos, segundo a bondade divina, oportunidade de
reconciliação por desentendimentos ocorridos em existências anteriores. Nestes
casos, a intuição que nos predispõe ao desentendimento, aliada à nossa pouca
experiência, já “prepara” o terreno à frente, deixando-o, às vezes, um pouco
mais pedregoso.

· Último componente de uma longa cadeia de aprendizado – Como posso me
queixar de não conseguir escrever um romance, se mal sei soletrar algumas
palavras? O mal que nos é direcionado, é ação que provoca a reação que lhe é
característica. No entanto, a disciplina da reação que esboçamos passa
obrigatoriamente por diversas fases de um aprendizado, do qual não é possível,
“queimarmos etapas”:

· Humildade – O primeiro passo que nos permite deixar de ter uma
reação instintiva, é o exercício da humildade. Somente com seu auxílio podemos
analisar de forma desapaixonada a ação de que fomos alvo, para somente depois
expressarmos nossa reação. A escassez da humildade, dá destaque ao nosso
orgulho, que simplesmente não nos permite deixar as coisas “em branco”…
Quantos de nós insistimos em não levar desaforo para casa, esquecendo-nos de que
podemos estar levando coisa pior…

· Perdão – A reflexão facultada pela humildade, permite-nos descobrir
que por vezes, a ação maldosa que nos foi dirigida, é na verdade a reação à uma
ação que desencadeamos anteriormente; percebemos com maior clareza, quem atirou
a primeira pedra… Outras vezes, quando nos encontramos isentos de qualquer
responsabilidade pelo ocorrido, ainda assim a reflexão nos permite identificar
que o irmão que assim agiu, é alguém extremamente necessitado, que precisa de
nossa ajuda. No entanto, não importando a conclusão a que chegamos, podemos nos
deparar com outra séria barreira: – “Jamais poderei perdoar o que fulano me
fez…”, ficando assim amplamente garantido o clima de antipatia entre as
partes…

· Misericórdia – Perdoamos de coração todas as ofensas
recebidas. E daí? Certamente deixamos de retribuir o mal com o mal, mas também
não o retribuímos com mais nada…. Após reconhecermos nesse nosso semelhante,
um irmão necessitado, o exercício da misericórdia nos leva ao passo seguinte,
ilustrado por Emmanuel: ajudá-lo de forma sincera, fraternal e desinteressada,
a se reerguer. Retribuir significa reagir. Estaremos então,
começando a retribuir o mal com o bem.

O Que Nos Estimula ?

Para superar dificuldades, fortalecemo-nos através de inúmeros estímulos,
quer trazidos pelo plano espiritual, quer provenientes de nosso próprio esforço
(o que vem a aumentar o mérito das conquistas obtidas).

Para citar alguns, temos (muitos outros serão certamente identificados se nos
detivermos a refletir sobre o assunto com mais atenção):

· Evolução – Um excelente termômetro mostra que as mudanças ocorrem com a
lentidão de nossos passos, mas numa direção positiva: houve tempo em que a única
coisa que podíamos compreender era o ensinamento de Moisés: “olho por olho e
dente por dente”;
no entanto, após séculos, passamos a ter condições de
ouvir Jesus que disse: – “Se alguém te ferir a face direita, oferece também a
outra”.

· Nosso direito – Segundo nos ensina André Luiz, não temos a obrigação
de sermos cristãos, e sim, o direito. O que fazemos obrigados,
muitas vezes traz o peso de ser feito, não porque queremos, mas por que não
conseguimos ver outra saída. São atitudes que perdem a naturalidade e o simples
prazer de serem feitas com dedicação. Esse alerta de André Luiz mostra que
conseguiremos melhores resultados sempre que formos cristãos por livre opção.

· Não é impossível – Jesus é seguramente o nosso Norte. Mas se ainda nos
achamos bastante distantes dos exemplos praticados por ele, podemos identificar
igualmente bons exemplos em tantos outros irmãos nossos que seguiram os caminhos
de Jesus, e dos quais nos encontramos mais próximos, como irmãos nesta caminhada
terrena.

· Doutrina espírita – Hoje, a exemplo de Jesus encontramos inúmeros
mensageiros do bem que vêm nos esclarecer através da doutrina espírita. Quais as
novas indicações que estamos ouvindo desses nossos amigos?

Indo Mais Além

Retribuir o mal com o bem, não é tarefa fácil. No entanto, a lição de Jesus é
mais ampla, nos apontando outras tarefas igualmente difíceis que podemos tentar
levar a bom termo, onde tantos outros tropeçam. São outras formas de
respondermos com a prática do bem às situações nem sempre tão boas com as quais
convivemos. Nos afirma Emmanuel, em Fonte Viva:

“Jesus espera algo mais do discípulo.

– Executas o trabalho com alegria ?

– Improvisas o bem onde outros não conseguem ?

– Aproveitas com êxito o que os outros desprezam ?

– Aguardas com paciência onde outros se desesperam ?”

Que possamos levar para casa a reflexão da extensão desses ensinamentos, e de
como nossa retribuição pode dessa forma, assumir caráter bem mais amplo do que
aquele a que muitas vezes nos atemos!

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