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Sexualidade e a Lei de Reprodução

Sexualidade e a Lei de Reprodução

Palestra Virtual
Promovida pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br

Palestrante: Márcia Cordeiro
Rio de Janeiro/RJ
25/08/2000

Organizadores da palestra:

Moderador: “lflavio” (nick: ||moderador||) “Médium digitador”: “Luno” (nick: Marcia_Cordeiro)

Oração Inicial:

<||moderador||> Senhor Jesus, nosso Mestre, queremos agradecer pela benção da vida e pela oportunidade que temos de estudo e aprendizado. Fortaleça, Mestre, a nossa capacidade de compreensão para que possamos analisar, entender e praticar todos os ensinamentos, deste tema tão atual e tão levado a conta do preconceito.

Que os amigos espirituais, nossos protetores, possam envolver nossa irmã Márcia, responsável pelo estudo da noite e, em teu nome e em nome de Deus, nosso Pai Celestial, damos por iniciado o trabalho da noite de hoje. Que assim seja!

Apresentação do Palestrante:

<Marcia_Cordeiro> Sou Márcia Cordeiro, cooperadora das tarefas de divulgação da Doutrina Espírita realizadas pelo Centro Espírita Léon Denis. (t)

Considerações Iniciais do Palestrante:

<Marcia_Cordeiro> Saudamos fraternalmente todos aqueles que esta noite se juntam ao Centro Espírita Léon Denis para as meditações em torno da Doutrina Espírita e suas aplicações às questões da nossa vida diária.

Estaremos conversando sobre o exercício da sexualidade à luz dos conceitos espíritas.

Sem dúvida, em diversas situações, no casamento, família, compromissos afetivos, desvinculações, maternidade, paternidade, somos convidados a procurar inspirações superiores para as nossas decisões. Por isso, nessa noite, convidamos todos a estudarmos juntos com o auxílio das obras doutrinárias, orientações para nossas decisões no campo da afetividade e da atração sexual. (t)

Perguntas/Respostas:

<||moderador||> [01] <lflavio> A sexualidade hoje parece despertar em idades cada vez mais precoces. Como entender este fato à luz da Doutrina?

<Marcia_Cordeiro> Na verdade, os meios de comunicação popularizaram a sexualidade há algum tempo. Por exemplo, a publicidade não vende qualquer artigo sem apelo à atração sexual: um corpo feminino, casais, estímulos à comunhão sexual.

Parte dessa atitude provem da liberação de conceitos em torno da sexualidade, que se segue ao advento de meios mais eficazes de controle da reprodução, ainda, em parte, em reação à prolongada conduta repressora da época vitoriana.

Estimulados nos dias atuais por um sem número de meios de veiculação de idéias, que nem sempre podem analisar em profundidade, tantos os mais jovens quanto os mais idosos aderem ao modismo. (t)

<||moderador||> [02] <cjesus> Márcia, o que você tem a dizer sobre a pornografia?

<Marcia_Cordeiro> A expressão pode ser usada com muitas conotações. Você se refere a veiculação de imagens de corpos humanos nus, estimulando o ato sexual em qualquer variedade? Poderíamos lembrar diversas atitudes íntimas, alimentadas no pensamento e no sentimento das criaturas que, embora não reveladas, traduzem preconceitos em relação a sexualidade e fazem-nas buscar as mais diferentes modalidades de satisfação sexual: como você denominaria as lojas que vendem os mais diversos objetos para promoção de satisfação sexual (sex shops)?

À luz da visão imortalista da vida temos o Espírito procurando a satisfação do seus instintos a qualquer preço. (t)

<||moderador||> [03] <^Nanato^> É importante que a amiga Márcia nos responda, se possível, onde a determinação do sexo da criatura ainda em estado fetal pode ser preponderante nos atos desta pessoa quando nascida e se, em outra vida, ela pertenceu a um sexo diferente ou a quem, numa vida anterior, teve um sexo diferente que o programado atualmente?

<Marcia_Cordeiro> Lembramos as noções de “O Livro dos Espíritos” sobre o tema “Sexos nos Espíritos”, que encontramos no capítulo IV da parte II da obra de Allan Kardec:

A questão 200 nos ensina que os espíritos não tem sexos como o entendemos. A questão 201 nos ensina que o espírito que animou um corpo de um homem pode animar o de uma mulher e vice-versa.

O sexo fisiológico como conhecemos no corpo carnal é um dos muitos implementos concedidos pela Providência Divina ao espírito para o progresso. Numa determinada época, encarnando em determinado sexo, ocupando determinada posição social, o espírito se vê ante provações e deveres especiais. Isso lhe dá o ensejo de ganhar experiência.

Para atingirmos a perfeição relativa, para a qual nos conduz a Lei de Progresso, necessitaremos estagiar por muitas encarnações, hora num, hora noutro sexo.

“Aquele que só como homem encarnasse só saberia o que sabem os homens.” (Allan Kardec)

Portanto, os estágios da embriogênese plasmam o corpo que, momentaneamente, mais se adapta às nossas necessidades evolutivas. Ora constituindo-se em instrumento que permite a perfeita expressão de nossas conquistas anteriores, ora constituindo-se em equipamento de restrição à nossa liberdade, quando viciada em outras existências. (t)

<||moderador||> [04] <^Nanato^> O quanto o sexo de uma pessoa pode ser alterado pela informação anterior(de outras Vidas)?

<Marcia_Cordeiro> Para tornar mais claro o nosso entendimento aproveitemos os ensinos do Dr. Bezerra de Menezes, no capítulo 6 da obra “Loucura e Obsessão”, psicografada por Divaldo Pereira Franco, ditada pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda:

“O Espírito é assexuado e sem preferência ou psicologia específica para uma ou outra experiência na organização física.”

Isto quer dizer que não somos homens ou mulheres do ponto de vista espiritual. Somos espíritos. Isso equivale dizer: temos aptidões ativas e passivas a desenvolver no longo curso evolutivo para a perfeição. Essa aptidões incluem o aprendizado e exercício em diversos setores.

Por exemplo, a paternidade nos estimulará ao aprendizado de renúncia e responsabilidade; a vivência num grupamento familiar solicitará de nós o aprendizado da compreensão e paciência. O importante é o aprendizado a ser realizado nas diversas circunstâncias de convivência humana.

Portanto, em diversas existências, a Lei de Reprodução nos fornece corpos masculinos ou femininos que nos permitem diferentes exercícios de aprendizado. (t)

<||moderador||> [05] <lflavio> Sabemos que a lei de reprodução é uma lei natural. Esta exploração da sexualidade nos meios de comunicação pode ser considerado como um desrespeito a esta lei?

<Marcia_Cordeiro> O capítulo IV da parte III de “O Livro dos Espíritos” nos ensina que é Lei da Natureza a reprodução dos seres vivos. Sem a reprodução, o mundo corporal pereceria, isto é, não haveria instrumentos que possibilitassem as experiências dos espíritos que buscam seus aperfeiçoamento.

Portanto, enquanto houver espíritos necessitados de encarnações, a Lei de Reprodução regulará a formação de corpos para a progresso dos espíritos.

Como tudo, no universo moral, o exercício da Lei Divina é realizado individualmente por cada ser inteligente. A Lei de Liberdade (Livre Arbítrio) nos permite atender a Lei de Reprodução ou infringi-la. O resultado depende de nossa atitude frente às Leis Divinas.

Obedecê-las em seus fundamentos superiores resulta em felicidade. Contrariá-las acarretará sofrimento e necessidade de reparação. (t)

<||moderador||> [06] <lflavio> A busca do prazer no ato sexual é fator de desequilíbrio, sob a ótica da lei de reprodução?

<Marcia_Cordeiro> Não. “No atual estágio evolutivo do planeta terrestre, o ato sexual faz-se acompanhar de sensações e emoções, de modo que propiciem prazer, facultando o interesse entre os seres, e assim preenchendo a destinação a que se encontra vinculado.” (Bezerra de Menezes em “Loucura e Obsessão”, obra citada anteriormente).

Vamos recordar as noções doutrinárias sobre as paixões? Questão 907 de “O Livro dos Espíritos”:

“Será substancialmente mal o princípio originário das paixões, embora esteja na natureza?”

“Não; a paixão está no excesso de que se acresceu a vontade, visto que o princípio que lhe dá origem foi posto no homem para o bem, tanto que as paixões podem levá-lo à realização de grandes coisas. O abuso que delas se faz é que causa o mal.” (t)

<||moderador||> [07] <^Nanato^> Hereditariedade familiar não tem nada a ver com a sexualidade espiritual, mas em que situação é necessária a intervenção dos amigos do outro plano para acertar as disparidades?

<Marcia_Cordeiro> Vamos ver se compreendemos a sua dúvida: segundo as noções doutrinárias, os pais formam os corpos carnais de seus filhos. Mas os espíritos que os vêm habitar, pelo processo da reencarnação, não procedem dos pais.

Portanto, atraímos para os corpos em formação no período de gestação espíritos com os quais estamos vinculados pelo amor ou pelo ódio. Os corpos que lhes são oferecidos são os instrumentos apropriados para as suas lutas evolutivas. Permitirão ou não a livre expressão de suas conquistas em existências anteriores; funcionarão como instrumentos afinados, harmônicos ou serão instrumentos de contenção de impulsos animalizados.

A intervenção da Espiritualidade amiga é sempre no sentido de encorajar a resistência frente as lutas das quais o espírito retirará a experiência.

No campo da sexualidade, receber um corpo com sexo biológico conflitante com as aspirações do espírito pode representar auxílio reeducativo, como pode constituir-se em oportunidade de aquisição de novas experiências no campo do sentimento. (t)

<||moderador||> [08] <^Nanato^> Existem fatos de pessoas, e concordo com a questão 200 e 201, que, dizem alguns especialistas, trazem lembranças da outra vida. Como isto pode acontecer?

<Marcia_Cordeiro> Precisamos compreender que, mesmo encarnados, não estamos afastados da vida espiritual, imortal.

Diariamente, nos momentos de emancipação da alma (sono, sonhos) retornamos à vivência mais livre no Mundo Invisível. Retomamos lembranças de vidas passadas, convivência com membros de nossa família espiritual que estão momentaneamente na Erraticidade, etc.

Desses instantes de liberdade ficam-nos inspirações, sonhos, lembranças que, quando vívidas, ultrapassam os limites do inconsciente. Mas o estudo de nossas tendências também nos revela nossos hábitos de outras vidas.

Portanto, não é verdade que estejamos imersos no mais completo esquecimento. É que usualmente nos concentramos na personalidade atual, mas o hábito da auto análise nos permite a compreensão do nosso “eu profundo”, sob a personalidade atual. (t)

<||moderador||> [09] <cjesus> Em que circunstâncias nossos hábitos sexuais podem atrair influências nocivas de espíritos?

<Marcia_Cordeiro> Semelhantes atraem semelhantes. Isso significa que nossos hábitos são o resultado das nossas paixões acalentadas durante muitas existências, são a nossa segunda natureza e, no exercício do nosso livre-arbítrio, influenciamos aqueles que pensam e sentem como nós. Arregimentamos, assim, testemunhas e co-partícipes para quaisquer atividades humanas, inclusive o exercício da sexualidade.

O Espírito André Luís, em diversas obras obtidas pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, nos mostra com clareza que apenas a pureza do nosso sentimento é que pode criar barreiras magnéticas, fluídicas, vibratórias que nos garantem a privacidade na intimidade sexual. O sentimento animalizado atrai comensais psíquicos que nos partilham as emoções mais primitivas.

Ver Obras: “Missionários da Luz” e “Sexo e Destino”. (t)

<||moderador||> [10] <_aluno> A reprodução através do sexo, quando indesejada (estupro), estaria ligada à lei natural de reprodução?

<Marcia_Cordeiro> O mecanismo de produção de novos corpos se processa dentro do determinismo biológico. A comunhão sexual, consentida ou não, entre um casal em que a mulher esteja no período fértil dará origem a um novo ser humano.

É preciso analisarmos de um ponto de vista bem elevado a situação proposta: O estupro é crime em toda e qualquer legislação. Acontece nas mais diferentes circunstâncias: entre homem e mulher adultos, entre adultos e crianças, etc. É a comunhão sexual obtida pela violência. As motivações para o crime estão assentadas no sentimento animalizado do estuprador. O desejo de causar dano a outrem ocasionará a necessidade de reparação. A vítima momentânea é, por sua vez, espírito milenar com erros e acertos.

Qual seria a função desse sofrimento em sua existência? É impossível para nós analisarmos dentro do contexto de uma única existência situações de aparente injustiça.

Olhemo-nos como coletividade imortal: quantas existência teremos despendido como guerreiros sanguinários? Quantas existências teremos malbaratado na exploração do sentimento alheio?

A Lei, reeducativa, a todos nos oferece a oportunidade de compreensão dos seus fundamentos ao nos atingir com propostas reeducativas das nossas visões sobre dor e sofrimento. (t)

<||moderador||> [11] <lflavio> Emmanuel comenta em uma de suas obras que, com relação a educação sexual, o problema seria não haver instrutores preparados. Esta situação se mantém, na sua opinião?

<Marcia_Cordeiro> Só podemos ensinar aquilo que se constitui em nossa própria experiência. Ensinar impõe profundo conhecimento aliado ao exercício desse conhecimento em nossas existências. É por isso que, muitas vezes, podemos informar, transmitir conhecimento, mas nem sempre temos o poder de transformar caracteres, sentimentos, convicções.

No campo da sexualidade a maior parte de nós caminha em situação ainda de aprendizado, refazendo experiências, aprendendo com os próprios erros. (t)

<||moderador||> [12] <^Nanato^> Sabemos que, independentemente da nossa cultura ou criação, determinadas informações estão vindo ao conhecimento dos jovens de maneira deturpada, como, por exemplo, através de novelas, filmes, etc. Como a amiga Márcia falaria sobre a maturidade e experiência sexual a estas criaturas que procuram respostas das mais variadas possíveis?

<Marcia_Cordeiro> O grupo familiar é responsável pelas primeiras noções espiritualizantes a todos os seus membros. O espírito, ao enfrentar a vida fora dos limites do grupo familiar, ao iniciar a convivência com a sociedade, já leva essas noções dentro de si mesmo.

Se desejamos que os espíritos sob a nossa tutela estejam em condições de ajuizar sobre as informações que recebem longe do nosso afeto, faz-se necessário que muito precocemente chamemos sua atenção para os fundamentos espirituais da existência humana.

Isto é, somos espíritos imortais com uma destinação superior, que procuramos materializar através da aquisição de conhecimentos e experiências nas diversas encarnações. É preciso respeito e cuidado com as concessões da providência divina a favor do nosso progresso: nosso corpo, os afetos que nos chegam, as oportunidades de convivência equilibrada no campo da sexualidade, respeitando o sentimento alheio em toda e quaisquer circunstâncias.

É o aprendizado do “Amai-vos uns aos outros”. (t)

<||moderador||> [13] <lflavio> Existe diferença entre o impulso sexual e a energia sexual propriamente dita?

<Marcia_Cordeiro> Depende da conotação que estamos dando aos termos. Se você está denominando como impulso sexual o instinto que faz o espírito, quando encarnado, procurar o exercício da Lei de Reprodução, isso é distinto da energia sexual, criativa e criadora que circula no centro genésico do corpo perispiritual, que pode ser utilizada para a realização de tarefas, atividades não sexuais. (t)

Considerações Finais do Palestrante:

<Marcia_Cordeiro> Fazemos nossas as palavras do benfeitor Emmanuel em sua obra “Vida e Sexo” obtida através da psicografia de Francisco Cândido Xavier:

“Que os problemas do sexo agitam atualmente vastos setores da vida humana é incontestável. De que forma, porém, as teses do sexo são tratadas do Plano Espiritual para o Plano terrestre?” (…) “Não proibição, mas educação. Não abstinência imposta, mas emprego digno, com o devido respeito aos outros e a si mesmo. Não indisciplina, mas controle. Não impulso livre, mas responsabilidade. (…) Fora disso, é teorizar simplesmente, para depois aprender ou reaprender com a experiência.” (t)

Oração Final:

<Selma_AM> Deus, mais uma vez aqui estamos, Pai, por acréscimo da Tua infinita misericórdia e bondade, e queremos agradecer-te por todas as oportunidades sagradas que nos deste, no decorrer de toda esta semana. Inclusive esta, de podermos buscar acrescentar a nossa bagagem intelectual, novos conhecimentos, os quais faz-se imprescindível a sua aplicação constante em nossa vivência cotidiana, pois sabemos, Pai amado, que quanto mais aprendemos, mais nos tornamos responsáveis por nossa atitudes.

Dá-nos, Senhor da Vida, o discernimento e a compreensão dos Teus desígnios em nossas vidas, para que, assim, possamos tornar mais firmes em nós o propósito de nos reformarmos intimamente, não esquecendo que, para isso, necessário se faz renovar atitudes. Não esquecendo, também, que o momento é agora e que oportunidades não nos faltam.

Que possamos, Pai, praticar todo bem que estiver ao nosso alcance, iniciando pelo bem maior que é o de amar ao nosso próximo, como desejamos ser amados. Possamos nós nos espelhar no exemplo do nosso irmão maior: Jesus, que Tu nos enviaste como guia e modelo, dando-nos mais uma prova de Teu imenso e infinito amor. Que Tu nos abençoes, Pai, e permaneças conosco, agora e sempre! Que assim seja! (t)