A Visão Espírita do Divórcio
Palestra Virtual
Promovida pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
em conjunto com a Escola Espírita Cristã Maria de Nazaré
e Grupo Rita de Cássia de Estudos Espíritas
e-mail: eecmnrio@unisys.com.br
Palestrante: Regina De Agostini
Rio de Janeiro
25/02/2000
Organizadores da palestra:
Moderador: “Brab” (nick: ||Moderador||) “Médium digitador”: “pip” (nick: Regina_de_Agostini)
Oração Inicial:
<lflavio> Amigo Jesus, Irmão Maior e companheiro de todas as horas, Rogamos que a tua luz possa envolver a todos nossos corações, nestes momentos de estudo e reflexão…
Muitas duvidas Mestre, nos vem, neste instante, relacionados a família, casamento, e uma busca da felicidade. Rogamos, assim, que possamos aproveitar estes momentos que passaremos juntos, e buscar o esclarecimento que esta doutrina de luz nos oferece.
Que os amigos espirituais possa iluminar, de maneira especial, nossa irmã Regina, que fará o tema da noite, e que possamos iniciar, o estudo, dando Graças a Deus por este instante. Que assim seja !
Apresentação do Palestrante:
<Regina_De_Agostini> A todos os companheiros novos meu nome é Regina De Agostini, e trabalho no Grupo Rita de Cássia de Estudos Espíritas, que tem suas atividades doutrinárias e de estudos no Leblon. É com muito prazer que estamos aqui para conversar a respeito da Doutrina Espírita que tanto amamos.(t)
Considerações Iniciais do Palestrante:
<Regina_De_Agostini> O tema de hoje, “A Visão Espírita do Divórcio” foi tratada por Kardec, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.
Diz ele: “O divórcio é Lei humana que tem por objetivo separar legalmente o que já, de fato, está separado.” Desta forma entendemos que a Doutrina Espírita não é contrária ao divórcio mas também entendemos que em momento algum estimula a esta prática. Entende a Doutrina Espírita que o casamento, a união entre dois seres é a oportunidade abençoada de desenvolvermos laços de afeto. Nem sempre as uniões, na Terra, buscam este objetivo, nem sempre se fazem nas bases de sentimentos, dificultando o relacionamento em bases conjugais. (t)
Perguntas/Respostas:
<||Moderador||> [01] <Brab> Cara Regina, como encarar o princípio “Não separeis o que Deus Uniu” nos colocado pelo próprio Jesus e utilizado durante tanto tempo para significar a bênção religiosa a um matrimônio? O Espiritismo adota esse princípio em algum momento para afirmar alguma união seja duradoura ou não, abençoando-a ou não? Como encara essa afirmação de Jesus?
<Regina_De_Agostini> O próprio Kardec no cap. XII de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, tratou desta afirmativa. No próprio diálogo narrado por Matheus, Jesus se reporta à dureza do vosso coração, como causa da separação entre marido e mulher. Deus une pelo amor. Quando existe o amor e a afeição não existe a separação. O Espiritismo é uma Doutrina de liberdade e responsabilidade, cada um de nós é livre para tomar as decisões que nos competem. No entanto, recolhemos em forma de bênçãos ou aflições o resultado de nossas próprias atitudes.
Dentro da questão do divórcio e das relações afetivas, gostamos de citar Emmanuel, um profundo conhecedor da alma humana, quando nos diz que “a Sabedoria Divina jamais institui princípios de violência, e o Espírito com quanto em muitas situações agrave os próprios débitos, dispõe da faculdade de interromper, recusar, modificar, discutir ou adiar, transitoriamente, o desempenho dos compromissos que abraça.” (t)
<||Moderador||> [02] <lflavio> Será que o divórcio pode ser parte do aprendizado que temos que viver, ou será que é uma “desistência” nos compromissos que assumimos perante a espiritualidade?
<Regina_De_Agostini> Acreditamos que a maioria dos divórcios esteja na conta das desistências ou fugas que realizamos ao longo da nossa vida. A responsabilidade de cada um de nós é que muda em relação às situações que se apresentam. Muitas vezes os casamentos são desfeitos em concordância dos parceiros, digamos “Desistência a dois?”, que não causa grandes perdas. Em outras situações, um dos parceiros pode se sentir bastante lesado nos seus sentimentos. Cada caso é diferente e, portanto, as responsabilidades também. (t)
<||Moderador||> [03] <Brab> O divórcio, muitas vezes, não é tão suave como descrito: “separar o que já é separado”, mas acompanhado de muita carga de ódio, mágoa, ressentimento e dor. Seria em relação a esses casos que o espírito Emmanuel certa feita nos falou sobre “não arrebentar os nós que podemos desatar”? Como encarar esse princípio no caso de um divórcio que se aproxima?
<Regina_De_Agostini> É perfeita a fala do nosso querido Emmanuel, conquanto nem sempre sabemos agir no sentido de desatar e não romper. Acredito que este é um dos grandes aprendizados que precisamos realizar, agora que, racionalmente, entendemos o valor das ações pacificadoras nas nossas vidas. Veja bem que eu disse, racionalmente, viver isto é colocar este entendimento no sentimento. Em relação às separações, Emmanuel nos fala que o melhor é que não sejamos nós aqueles que a busquemos, mas quando nosso parceiro quiser partir que nós o libertemos.
O significado desta libertação é o trabalho interno de nossas almas no sentido de não acolhermos mágoas, ressentimentos, ódios. É um exercício que precisamos começar a realizar. (t)
<|moderador|> [04] <Sophia_> Serão os filhos motivo para se manter uma união em que não existe amor? O espírita deveria continuar com o cônjuge pelo bem dos filhos, mesmo que não o ame mais?
<Regina_De_Agostini> De que amor estamos falando? Que tipo de amor temos buscado? Estamos falando de amor, ou romance eterno, ou sentimento de plenitude constante? Entendemos que a separação deve acontecer no momento em que o convívio entre os dois cônjuges esgotou todas as possibilidades e pode levar a um mal maior, neste caso é preferível a separação. Os filhos são sempre um motivo para se tentar, com boa vontade, resolver as situações delicadas que se apresentam dentro de um casamento de forma a dar-lhes segurança para seu desenvolvimento.
Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” encontramos os seguintes dizeres: “Quis Deus que os seres se unissem não só pelos laços da carne, mas também pelos da alma, afim de que a afeição mútua dos esposos se lhes transmitissem aos filhos, e que fossem dois, e não um somente, a amá-los, a cuidar deles e a fazê-los progredir.”.(t)
<|moderador|> [05] <Brab> Os casamentos realmente duradouros, como você descreveu como “laços de afeto”, se perpetuam no mundo dos espíritos? Permanecemos “casados” depois que desencarnamos?
<Regina_De_Agostini> Os laços de afeto jamais se rompem. Quando amamos, permanecemos unidos, aonde quer que estejamos. Não sei o que você quer dizer com este casado depois de desencarnado, continuamos juntos, buscando sempre realizar este sentimento. (t)
<|moderador|> [06] <lflavio> Quanto ao princípio não separar o que Deus juntou, como podemos ver o amor neste principio?
<Regina_De_Agostini> Eu entendo que o que Deus juntou, juntou com amor, porque o amor é a essência do Universo. No momento em que aprendermos a amar INCONDICIONALMENTE, o que significa dizer não às nossas próprias necessidades, não haverá mais separação para nós.(t)
<|moderador|> [07] <Brab> Como é que um espírito que ama muito o outro reage vendo-o se relacionar com outra pessoa, numa vida em que só um deles retornou ao corpo carnal? Reside aí – nesse ciúme – uma causa de obsessão que estimula o divórcio?
<Regina_De_Agostini> Sabemos que em nossas vidas sofremos a influência espiritual de companheiros de outras encarnações. Esta influência pode ser uma grande ajuda ou, também, um processo obsessivo que pode levar à separação de uma casal. Tudo depende das relações entre os espíritos envolvidos no mesmo relacionamento. (t)
<|moderador|> [08] <lflavio> Muitos dizem que nos programamos os casamentos ainda na espiritualidade, como entender o número crescente de divórcios?
<Regina_De_Agostini> Realmente muitos, ou a maioria dos casamentos, é programada ou acertada no plano Espiritual, no entanto nos diz também Emmanuel que a maioria dos casamentos, aqui na Terra, visa reajustes, ou seja, são casamentos provacionais e certamente o relacionamento não será dos mais fáceis. Enquanto desencarnados podemos perceber com muita clareza a extensão de nossos débitos e aceitamos nos reunir para diminuir ou saldar estes mesmos débitos. Uma vez encarnados, com a benção do esquecimento dos desajustes passados, nos deixamos envolver, mais uma vez, pelos prazeres que o mundo nos oferece e voltamos quase sempre a falir nos compromissos assumidos.
O número crescente de divórcios deve-se a um entendimento equivocado de felicidade e objetivos principais de estarmos vivos.(t)
<|moderador|> [09] <Silencio_dos_Inocentes> Será que a maioria dos divórcios que acontecem atualmente poderíamos dizer que na espiritualidade foram não programados e sim ocorrem devido a diversos fatores como, por exemplo, o livre arbítrio do espírito encarnado?
<Regina_De_Agostini> Sem dúvida. Nunca li em lugar algum que houvesse uma programação visando a uma desvinculação afetiva. (t)
<|moderador|> [10] <superego> Porque Jesus disse àquela samaritana que dirigiu-se a ele que mesmo ela tendo sido casada cinco vezes , o homem que vivia com ela agora não era seu marido? (Citação: Jo, 4:16-18)
<Regina_De_Agostini> Muitos ditos do Evangelho o sentido não nos fica claro, e para ser sincera nunca me ative a estudar esta passagem, desta forma não tenho como responder a sua pergunta. (t)
<|moderador|> [11] <superego> Uma vez que as pessoas devem estar unidas por sentimentos, e que toda a hipocrisia será posta à vista depois da morte, porque agüentar um casamento infeliz?
<Regina_De_Agostini> Na realidade não temos que agüentar um casamento infeliz. o que realmente precisamos é tentar transformar esta infelicidade. Tudo nos é lícito mas nem tudo nos convêm. Quando “agüentamos” um casamento infeliz, na maioria das vezes não estamos construindo uma relação saudável. o que buscamos não é “agüentar” é transformar, buscar soluções, buscar observar a vida sob um outro ponto de vista, estendendo as nossas percepções para além de nosso mundo acanhado. (t)
<|moderador|> [12] <Sophia_> Como a amiga veria o caso de longos relacionamentos rompidos antes do casamento? As “conseqüências” pela separação podem ser comparadas as do divórcio, espiritualmente falando?
<Regina_De_Agostini> A Doutrina Espírita entende casamento como união entre dois seres. Desde que duas pessoas estejam unidas, realizando uma comunhão sexual, mesmo que não tenham firmado nenhum compromisso formal perante a sociedade, estão casadas. Desta forma estes “longos relacionamentos rompidos” são entendidos como divórcio com conseqüências para ambos ou um dos parceiros. (t).
Considerações Finais do Palestrante:
<Regina_De_Agostini> Agradeço a todos a oportunidade de estar aqui, expondo o meu entendimento sobre a Doutrina Espírita. Gostaria, de deixar a todos vocês uma mensagem de muita Fé, Esperança e de muito Amor. O momento que passamos é da maior importância para todos nós, e diante dos esclarecimentos que a Doutrina Espírita nos trás colocando luz nos ensinos do nosso Mestre Jesus, é o momento certo para que nos esforcemos buscando entender a vida, o mundo, as relações, e nós mesmos sob um novo prisma, que Jesus nos abençoe, nos ajude e nos sustente.(t)
Oração Final:
<Isabela> Mestre Jesus, agradecemos imensamente por esta oportunidade de aprendizado e consolo para muitos que sofrem com o divórcio. Peço por todos aqueles que se encontram desesperados, sem rumo porque acabaram depositando no parceiro todas suas esperanças, e as viram desmoronar. Peço ainda pelos filhos dessas uniões desfeitas para que o senhor os ilumine, para que tenham maturidade suficiente para superar as dores que terão que enfrentar por conta do livre arbítrio de seus pais. Agradeço muito pelos ensinamentos recebidos. Que o mestre nos ilumine, agora e sempre. Assim Seja!