Jesus, o Espírito mais perfeito que passou pelo nosso planeta,
esteve entre nós há cerca de 2 mil anos e até hoje repercute na humanidade sua mensagem,
o que demonstra sua autoridade moral. Naquela época, mesmo sendo o único povo monoteísta,
entre os judeus já existiam diversas seitas criadas em conseqüência das disputas
teológicas e das inúmeras interpretações das escrituras sagradas. Entre estas inúmeras
correntes religiosas destacamos algumas, que formavam grupos sociais distintos,
para melhor ilustrar este artigo.
Os Samaritanos eram considerados heréticos pelos judeus ortodoxos em função de
só aceitarem a Lei de Moisés, rejeitando todos os demais livros que foram posteriormente
anexados ao Pentateuco. Os Nazarenos eram os judeus que faziam os votos, temporários
ou perpétuos, para conservarem-se na pureza perfeita. Adotavam a castidade, abstinência
de bebidas alcoólicas e não cortavam o cabelo. Os Fariseus eram os mais influentes
da época, desempenhando papel ativo nas controvérsias religiosas. Observadores das
práticas exteriores do culto e das cerimônias, inimigos das inovações e ardorosos
proselitistas. Os Saduceus não acreditavam na imortalidade da alma, na ressurreição
e na existência dos anjos bons ou maus. Embora cressem em Deus, nada esperavam após
a morte, preocupando-se apenas com as recompensas materiais e temporais. Já os Essênios
eram celibatários, viviam em locais semelhantes a mosteiros, tinham as virtudes
austeras, condenavam as guerras e escravidão, acreditavam na imortalidade da alma
e na ressurreição, ensinavam o amor a Deus a ao próximo (Fonte: ESE – Edição FEESP).
Apesar de existirem estas e outras correntes religiosas oriundas do mesmo texto,
Jesus não escolheu nenhuma delas para auxiliá-lo em sua peregrinação, ao contrário,
trouxe para junto de si aqueles que estavam à margem da sociedade da época. O Mestre
tinha entre seus seguidores pescadores humildes, e um publicano, coletor de impostos
e, por isso, odiado pelos judeus. As mulheres, não aceitas nos grupos tradicionais
por serem consideradas seres inferiores, estiveram junto a Jesus e foram suas fiéis
colaboradoras.
Se Jesus retornasse ao nosso planeta no momento atual, dentre as inúmeras facções
existentes no Cristianismo, qual escolheria para auxiliá-lo? Decorridos cerca de
dois mil anos de Sua passagem pela Terra, ao analisarmos as religiões atuais, principalmente
aquelas que se dizem seguidoras de Seu Evangelho, verificamos que muito pouco ou
quase nada mudou, e sem muito esforço podemos identificá-las com as seitas judaicas
de outrora. Para decepção daqueles que se acham donos dos Evangelhos e julgam-se
os escolhidos, provavelmente Jesus escolheria novamente os excluídos da sociedade
atual, tal qual o fez naquela época, em função do fanatismo, da hipocrisia, dos
interesses puramente materiais e das práticas exteriores que hoje caracterizam as
ditas religiões cristãs.
E o Espiritismo, como podemos avaliar neste contexto? Para melhor análise será
necessário diferenciarmos a Doutrina Espírita do movimento espírita, que embora
possa parecer uma redundância, não são a mesma coisa. A Doutrina Espírita é sem
dúvida o Cristianismo redivivo, pois nos foi revelada pelos Espíritos superiores
sobre a tutela de Jesus e, pelos seus ensinamentos filosóficos e científicos, mostra
ser uma doutrina reveladora, apropriada para os nossos tempos. Já o movimento espírita,
que deveria ser o resultado da prática da Doutrina entre os homens, está repleto
de desvios, em virtude de prevalecerem nele interesses momentâneos, estando sob
o comando de mentes medievais que aceitam, e até incentivam, práticas que contrariam
frontalmente a Codificação.
Lamentavelmente, para nós espíritas, o movimento espírita não seria o grupo escolhido
por Jesus caso retornasse ao nosso planeta. Estamos muito distantes do Cristianismo
nascente e cada vez mais próximos das seitas que foram rejeitadas pelo Mestre em
sua passagem entre nós. Estaremos exagerando nesta avaliação? Para verificarmos
a procedência dessas críticas basta percorrermos meia dúzia de centros espíritas
para constatarmos as práticas estranhas à Codificação, desde ritualismo até a adoção
de teses antidoutrinárias, além da descaracterização das práticas mediúnicas, levando
a maioria das casas espíritas à improdutividade e à falta de objetividade.
Infelizmente, não vemos como o movimento espírita possa voltar às suas origens
a curto e médio prazo. Isto só se dará após o desencarne dos que ora o dirigem e
seu reencarne já reciclados, juntamente com a reencarnação de Espíritos mais evoluídos
e comprometidos com as verdades contidas na terceira revelação. Resta aos Espíritas
de bom senso, principalmente os fazedores de opinião como palestrantes, dirigentes
e articulistas alertarem o movimento espírita com relação a esta situação e da necessidade
de iniciar a reversão, principalmente junto aos neófitos, incentivando-os a conhecerem
a Doutrina através das obras básicas, codificadas por Allan Kardec.