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Tentando resolver as questões: O Espiritismo é Religião? É Cristão?
Representa o Cristianismo? fizemos um trabalho de pesquisa, concentrada
principalmente na Revista Espírita, para ver se pelo que Kardec disse
poderíamos, finalmente, ter uma definição clara e positiva sobre isso.
Assim, listamos abaixo o que encontramos, e para os que não possam ter tempo
de lê-lo, na íntegra, ressaltamos os pontos importantes em negrito, para uma
leitura dinâmica, mas suficiente para se chegar a uma conclusão sobre o
pensamento de Kardec.
Com o resultado desta pesquisa fizemos o texto: “O
Espiritismo é o que Afinal?”, para que outras pessoas possam ser
esclarecidas sobre este polêmico assunto entre os Espíritas.
LE – Conclusão V – Provai, enfim, que as consequências do Espiritismo
não são de tornar os homens melhores, e, portanto, mais felizes, pela prática
da mais pura moral evangélica, moral que se glorifica muito, mas que se
pratica pouco. Quando houverdes feito isso tereis o direito de atacá-lo. O
Espiritismo é forte porque ele se apóia sobre as próprias bases da religião:
Deus, a alma, as penas e as recompensas futuras; sobretudo, porque mostra essas
penas e essas recompensas como consequências naturais da vida terrena, e que na,
no quadro que ele oferece do futuro, pode ser negado pela mais exigente razão.
LE – Conclusão VII – O Espiritismo se apresenta sob três aspectos
diferentes; o fato das manifestações, os princípios de filosofia e
de moral que dela decorrem e a aplicação desses princípios. Daí três
classes, ou antes três graus entre os adeptos: 1) os que crêem nas
manifestações e se limitam em constatá-las; é para eles uma ciência experimental;
2) os que lhe compreendem as conseqüências morais; 3) os que praticam
ou se esforçam por praticar essa moral. Qualquer que seja o ponto de vista;
científico ou moral, sob o qual se examinem esses fenômenos estranhos, cada um
compreende que é toda uma nova ordem de idéias que surgiu, das quais as
conseqüências não podem ser senão uma profunda modificação no estado da
Humanidade, e cada um compreende também que essa modificação não pode ocorrer
senão no sentido do bem.
RE – 1858 – pg. 2: Não se poderia, pois, contestar a utilidade de um órgão
especial, que mantenha o público ao corrente dos progressos desta ciência
nova, e o premuna dos exageros da credulidade, tão bem contra o ceticismo. É
essa lacuna que nos propomos preencher com a publicação desta revista, com o fim
de oferecer um meio de comunicação a todos aqueles que se interessam por estas
questões, e de ligar, por um laço comum, aqueles que compreendem a Doutrina
Espírita sob o seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e da
caridade evangélica com relação a todo o mundo.
RE – 1858 – pg. 3: Talvez nos contestem a qualificação de ciência que
damos ao Espiritismo. Ele não poderia, sem dúvida, em alguns casos, ter os
caracteres de uma ciência exata, e está precisamente aí o erro daqueles que
pretendem julgá-lo e experimentá-lo como uma análise química, como um problema
matemático: já é muito que tenha o de uma ciência filosófica. Toda
ciência deve estar baseada sobre fatos; mas só os fatos não constituem a
ciência; a ciência nasce da coordenação e da dedução lógica dos fatos: é o
conjunto de leis que os regem. O Espiritismo chegou ao estado de ciência? Se se
trata de uma ciência perfeita, sem dúvida, seria prematuro responder
afirmativamente; mas as observações são, desde hoje, bastante numerosas para se
poder, pelo menos, deduzir os princípios gerais, e é aí que começa a ciência.
RE – 1858 – pg 5: À citação dos fatos acrescentaremos a busca das causas que
puderam produzi-los. Da apreciação desses atos, ressaltarão, naturalmente, úteis
ensinamentos sobre a linha de conduta mais conforme a sã moral. Em suas
instruções, os Espíritos superiores têm, sempre, por objetivo excitar, nos
homens, o amor ao bem pela prática dos preceitos evangélicos; nos traçam,
por isso mesmo, o pensamento que deve presidir à redação dessa coletânea.
RE – 1858 – pg. 204: O Espiritismo, com efeito, é um laço fraternal
que deve conduzir à prática da caridade cristã todos aqueles que o
compreendam em sua essência, porque tende a fazer desaparecer os sentimentos
de ódio, de inveja, de ciúme que dividem os homens; mas essa fraternidade não é
a de uma seita; para ser segundo os divinos preceitos de Cristo, ele deve
abraçar a Humanidade toda, porque todos os homens são filhos de Deus; se alguns
estão afastados, ele manda lamentá-los; proíbe odiá-los. Amai-vos uns aos
outros, disse Jesus; não disse: Amai aqueles que pensam como vós; por isso,
quando os nossos adversários nos atiram pedras, não devemos nunca lhes devolver
as maldições: esses princípios serão sempre daqueles que os professam, de homens
que não procurarão nunca na desordem e no mal do seu próximo, a satisfação de
seus interesses ou de suas paixões.
RE – 1858 – pg. 301: O ensino dos Espíritos é eminentemente cristão;
apóia-se sobre a imortalidade da alma, as penas e as recompensas futuras,
o livre arbítrio do homem, a moral do Cristo; portanto, não é anti-religiosa.
RE – 1859 – pg. 5: Se considerarmos agora a moral ensinada pelos Espíritos
superiores, ele é toda evangélica, é dizer tudo: prega a caridade
cristã em toda a sua sublimidade; faz mais, mostra a necessidade para a
felicidade presente e futura, porque as conseqüências do bem e do mal que
fizermos estão ali diante dos nossos olhos. Conduzindo os homens aos sentimentos
de seus deveres recíprocos, o Espiritismo neutraliza o efeito das doutrinas
subversivas da ordem social.
RE – 1859 – pg 86: Graças às comunicações espíritas, isso não é mais uma
presunção, uma probabilidade sobre a qual cada um borda à sua maneira, que os
poetas embelezam com suas ficções, ou semeiam imagens alegóricas que embelezam
com suas ficções, ou semeiam imagens alegóricas que nos enganam, é a própria
realidade que nos aparece, porque são os próprio seres do além-túmulo que vê nos
pintar a sua situação, dizer-nos o que fazem, que nos permitem assistir, por
assim dizer, a todas as peripécias de sua nova vida, e, por esse meio, nos
mostram a sorte inevitável que nos espera, segundo nossos méritos e nossos
defeitos. Há aí algo de anti-religioso? Bem ao contrário, uma vez que os
incrédulos nisso encontram a fé, os tépidos uma renovação de fervor e de
confiança. O Espiritismo e, pois, o mais poderoso auxiliar da religião.
Uma vez que isso é, é que Deus o permite, e o permite para reanimar nossas
esperanças vacilantes, e nos reconduzir ao caminho do bem pela perspectiva do
futuro que nos espera.
RE – 1859 – pg 136: O Espiritismo, melhor observado depois que foi
vulgarizado, vem lançar a luz sobre uma multidão de questões até aqui insolúveis
ou mal resolvidas. Seu verdadeiro caráter é, pois, o de uma ciência e não de
uma religião, e a prova disso é que conta, entre seus adeptos, com homens de
todas as crenças, e que por isso não renunciaram às convicções: os católicos
fervorosos que não praticam menos todos os deveres de seu culto, protestantes de
todas as seitas, israelitas, muçulmanos e até budistas e brâmanes; há de tudo,
exceto materialistas e ateus, porque essas idéias são incompatíveis com as
observações espíritas. O Espiritismo repousa, pois, sobre princípios gerais
independentes de todas as questões dogmáticas. Ele tem, é verdade,
conseqüências morais como todas as ciências filosóficas; essas
conseqüências estão no sentimento do Cristianismo, porque o Cristianismo, de
todas as doutrinas, é a mais clara, a mais pura, e é por esta razão que, de
todas as seitas religiosas do mundo, os cristãos sãos os mais aptos a
compreendê-lo em sua verdadeira essência. O Espiritismo não é, pois, uma
religião: de outro modo teria seu culto, seus templos, seus ministros. Cada
um, sem dúvida, pode se fazer uma religião de suas opiniões, interpretar ao seu
gosto as religiões conhecidas, mas daí à constituição de uma nova Igreja, há
distância, e creio que seria imprudente dar-lhe a idéia.
RE – 1859 – pg. 192: O Espiritismo, como eu disse, está fora de todas as
crenças dogmáticas, com as quais não se preocupa; não o consideramos senão
como uma ciência filosófica, que nos explica uma multidão de coisas que não
compreendemos, e, por isso mesmo, em lugar de abafar em nós as idéias
religiosas, como certas filosofias, fá-las nas naqueles em que elas não existem;
mas se quereis, por Doda a força, elevá-lo à categoria de uma religião, vós
mesmos o empurrais para um caminho novo.
RE – 1859 – pg. 196: Julho, lançamento do livro “O Que é o Espiritismo?”.
RE – 1860 – pg. 1: Estas cartas, e as numerosas pessoas que nos honram vindo
conferenciar conosco sobre essas graves questões, nos convencem, cada vez mais,
dos progressos do Espiritismo verdadeiro, e o entendemos por isso o
Espiritismo cumprido em todas as suas conseqüências morais.
RE – 1860 – pg. 4: Vós todos que o atacais, quereis, pois, um meio certo de
combatê-lo com sucesso? Vou vo-lo indicar. Substituí-o por uma coisa melhor;
encontrai uma solução MAIS LÓGICA para todas as questões que ele resolve; daí ao
homem uma OUTRA CERTEZA que o torne mais feliz, e compreendei bem a importância
dessa palavra certeza, porque o homem não aceita como certo o que não lha pareça
lógico; não vos contenteis em não dizer que isso não é, o que é muito fácil;
provai, não por uma negação, mas por fatos, que isso não é, jamais foi e NÃO
PODE SER; provai, enfim, que as conseqüências do Espiritismo não são as
de tornar os homens melhores pela prática da mais pura moral evangélica,
moral que louva muito, mas que se pratica pouco. Quando tiverdes feito isso,
serei o primeiro a me inclinar diante de vós.
RE – 1860 – pg. 5: Sim, o Espiritismo é forte, mais forte que vós,
porque se apóia sobre as próprias bases da religião: Deus, a alma, as penas
e as recompensas futuras baseadas no bem e no mal que se fez, vós vos apoiais
sobre a incredulidade; ele convida os homens à felicidade, à esperança, à
verdadeira fraternidade; vós, vós lhes ofereceis o NADA por perspectiva e o
EGOÍSMO por consolação; ele explica tudo, vós não explicais nada; ele prova
pelos fatos, e vós não provais nada; como quereis que se oscile entre as duas
doutrinas?
RE – 1860 – pg. 157/8: Num discurso pronunciado recentemente no Senado, por
S.Em. o cardeal Donnet, nota-se a frase seguinte: “Mas hoje, como outrora, é
verdadeiro dizer, com um eloqüente publicista que no gênero humano o
Espiritualismo está representado pelo cristianismo”. § Seria sem dúvida,
estranho erro, se se pensasse que o ilustre prelado, nessa circunstância, haja
entendido o Espiritualismo no sentido da manifestação dos Espíritos. Essa
palavra está aqui empregada na verdadeira acepção, e o orador não poderia
exprimir-se de outro modo, a menos de se servir de uma perífrase, porque não
existe outro termo para expressar o mesmo pensamento. Se não tivéssemos indicado
a fonte de nossa citação, certamente se crera saída textualmente da boca de um
Espiritualista americano a propósito da Doutrina dos Espíritos, igualmente
representada pelo cristianismo, do qual é a mais sublime expressão.
RE – 1860 – pg. 293/4. O Espiritismo está inteiramente fundado sobre o
princípio da existência da alma, sua sobrevivência ao corpo, sua individualidade
depois da morte, sua imortalidade, as penas e as recompensas futuras. Ele não
sanciona estas verdades somente pela teoria, sua essência é de dar-lhes provas
patentes; eis porque tantas pessoas, que não criam em nada, foram conduzidas
para as idéias religiosas. Toda a sua moral não é senão o desenvolvimento
destas máximas do Cristo: Praticar a caridade, restituir o bem para o mal,
ser indulgente com seu próximo, perdoar aos inimigos, em uma palavra, agir para
com os outros como gostaríamos que eles agissem para conosco.
RE – 1860 – pg. 300: Por toda a parte, não encontrei senão Espíritas
sinceros, compreendendo a doutrina sob o seu verdadeiro ponto de vista. Há,
Senhores, três categorias de adeptos; uns que se limitam a crer na
realidade das manifestações, e que procuram, antes de tudo, os fenômenos; o
Espiritismo é simplesmente para eles uma série de fatos mais ou menos
interessantes. § Os segundos nele vêem outra coisa além dos fatos; lhe
compreendem a importância filosófica; admitem a moral que dele decorre, mas não
a praticam; para eles a caridade cristã é uma bela máxima, mas eis tudo. §
Os terceiros, enfim, não se contentam em admirar a moral: a praticam e
lhe aceitam todas as conseqüências. Bem convencidos de que a existência
terrestre é uma prova passageira, tratam de aproveitar os seus curtos instantes
para marchar no caminho do progresso que os Espíritos lhes traçam, e, se
esforçando por fazer o bem e reprimir os seus maus pendores; suas relações são
sempre seguras, porque as suas convicções os distanciam de todo pensamento do
mal; a caridade é, em toda coisa, a regra de sua conduta, estes são os
verdadeiros Espíritas, ou melhor, os Espíritas cristãos.
RE – 1860 – pg. 333/4: O autor dessa brochura (Carta de um Católico sobre o
Espiritismo) se propôs provar que se pode ser, ao mesmo tempo, bom católico e
fervoroso Espírita; sob este aspecto, ele prega pela palavra e pelo exemplo,
porque é sinceramente uma e outro. Estabelece por fatos e por argumentos de uma
rigorosa lógica, a concordância do Espiritismo com sua religião, e demonstra que
todos os dogmas fundamentais encontraram, na Doutrina Espírita, uma explicação
de natureza a satisfazer a razão mais exigente, e que a teologia em vão se
esforça em dar; de onde conclui que se esses mesmos dogmas fossem ensinados
dessa maneira encontrariam bem menos incrédulos e que, portanto, a religião
devendo ganhar com essa aliança, um dia virá, pela força das coisas, o
Espiritismo estará na religião, ou a religião no Espiritismo.
RE – 1860 – pg 366: Com efeito, o Espiritismo se apóia essencialmente
sobre o Cristianismo; não vem substituí-lo, completa-o e veste-o com uma roupa
brilhante.
RE – 1861 – pg. 132: O Espiritismo é uma ciência, e, não mais do que
outra ciência, não se pode aprender brincando; bem mais, tomar as almas daqueles
que não são mais como objetos de distração, seria faltar ao respeito que se lhes
deve; especular sobre a sua presença e a sua intervenção, seria uma impiedade e
uma profanação.
RE – 1861 – pg. 136/7: A Doutrina Espírita, tal como ela é hoje
professada, tem uma amplitude que lhe permite abraçar todas as questões de
ordem moral; satisfaz a todas as aspirações, e se o pode dizer à razão mais
exigente para quem se dá ao trabalho de estudá-la e não está dominado pelos
preconceitos; ela não tem as mesquinhas restrições de certas filosofias; alarga
até o infinito o círculo das idéias, e nada é capaz de elevar mais alto o
pensamento e de tirar o homem da estreita esfera do egoísmo, na qual se procurou
confiná-lo; ela se apóia, enfim, sobre os imutáveis princípios da religião,
da qual é a demonstração patente; eis, sem nenhuma dúvida, o que lhe conquistou
tão numerosos partidários entre as pessoas esclarecidas de todos os países, e o
que a fará prevalecer, num tempo mais ou menos próximo, e isso apesar dos seus
adversários, na maioria mais opostos por interesse do que por convicção.
RE – 1861 – pg. 169: Trecho da carta do Sr. Roustaing, de Bordeaux a Kardec:
Agradeço com alegria e humildade esses divinos mensageiros por terem vindo nos
ensinar que o Cristo está em missão sobre a Terra, para a propagação e o sucesso
do Espiritismo, essa terceira explosão da bondade divina, para cumprir esta
palavra final do Evangelho: “Unum ovile et unus pastor”, por terem vindo
nos dizer: “Não temais nada! O Cristo (chamado por eles Espírito de Verdade),
a Verdade é o primeiro e o mais santo missionário das idéias espíritas.
“Estas palavras me tocaram vivamente, e me perguntava: Mas onde está, pois, o
Cristo em Missão na Terra?” A Verdade comanda, segundo a expressão do Espírito
de Marius, bispo das primeira idades da Igreja, essa falange de Espíritos
enviados por Deus em missão sobre a Terra, para a propagação e o sucesso do
Espiritismo”.
RE – 1861 – pg. 301: O Espiritismo, ao contrário, nada tem a destruir,
porque se assenta sobre as próprias bases do cristianismo; sobre o
Evangelho, do qual não é senão a aplicação. Concebeis a vantagem, não
de sua superioridade, mas de sua posição. Não é, pois, assim como alguns
o pretendem, sempre porque não o conhecem, uma religião nova, uma seita
que se formas às expensas de suas irmãs mais velhas: é uma doutrina puramente
moral que não se ocupa, de nenhum modo, dos dogmas e deixa a cada um inteira
liberdade de suas crenças, uma vez que não se impõe a ninguém; e a prova disso é
que tem adeptos em todas, entre os mais fervorosos católicos, como entre os
protestantes, entre os judeus e os muçulmanos. O Espiritismo repousa sobre a
possibilidade de se comunicar com o mundo invisível, quer dizer, com as almas;
ora, como os judeus, os protestantes, os muçulmanos têm alma como nós, disso
resulta que podem se comunicar com elas tão bem quanto conosco, e que, por
conseguinte, podem ser Espíritas como nós.
RE – 1861 – pg. 303: ora, o Espiritismo, tornando claro e inteligível para
todos o que não o é, evidente o que é duvidoso, conduz à aplicação; ao passo que
não se sente jamais a necessidade daquilo que não se compreende; portanto, o
Espiritismo, longe de ser o antagonista da religião, dela é o auxiliar; e a
prova é que reconduz às idéias religiosas aqueles que a haviam repelido. Em
resumo, jamais aconselhou mudar de religião, nem de sacrificar as suas crenças;
não pertence em particular a nenhuma religião ou, para dizer melhor, ele está
em todas as religiões.
RE – 1861 – pg. 305, Erasto aos Espíritas lionenses: Não poderíeis crer o
quanto nos é doce e agradável presidir ao vosso banquete, onde o rico e o
artesão se acotovelam bebendo fraternalmente; onde o judeu, o católico e o
protestante podem se sentar na mesma comunhão pascal. Não poderíeis crer o
quanto estou orgulhoso em distribuir, a todos e a cada um, os elogios e os
encorajamentos que o Espírito de Verdade, nosso mestre bem-amado,
me ordenou conceder às vossas piedosas coortes;
RE –1861 – pg 341/2: Por que, pois, o Espiritismo, que não é outra coisa
que o desenvolvimento e a aplicação da idéia cristã, não triunfaria de
alguns zombadores ou antagonistas que, até o presente, apesar de seus esforços,
não puderam lhe opor senão uma estéril negação?
RE – 1861 – pg. 343: O mais belo lado do Espiritismo é o lado moral;
será por suas conseqüências morais que triunfará, porque ali está sua
força, porque ali é invulnerável. Ele escreveu sobre a sua bandeira: Amor e
caridade, e diante desse paládio mais poderoso do que o de Minerva, porque
vem do Cristo, a própria incredulidade se inclina.
RE – 1861 – pg. 348, Erasto aos Espíritas de Bordeaux: Sei o quanto vossa fé
em Deus é profunda, e quão fervorosos adeptos sois da nova revelação; é por isso
que vos digo, em toda a efusão de minha ternura por vós, estaria desolado,
estaríamos todos desolados, nós que somos, sob a direção do Espírito de
Verdade, os iniciadores do Espiritismo na França, se a concórdia das quis
destes, até este dia, provas brilhantes viessem a desaparecer de vosso meio. Pg
350: Devo vos fazer ouvir uma voz tanto mais severa, meus bem-amados, quanto
o Espírito de Verdade, mestre de nós todos, espera mais de vós.
RE – 1861 – pg. 356: Sim, senhores, este fato é não só característico, mas é
providencial. Eis, a este respeito, o que me dizia ainda ontem, antes da sessão,
o meu guia espiritual: o Espírito de Verdade. (Allan Kardec)
RE – 1861 – pg. 375/6: Traçamos, em O Livro dos Médiuns (nº 28), o caráter
das principais variedades de Espíritas; sendo essa distinção importante
para o assunto que nos ocupa, cremos dever lembrá-la. § Podem-se colocar em
primeira linha aqueles que crêem, pura e simplesmente, nas manifestações. O
Espiritismo não é para eles senão uma ciência de observação, uma série de
fatos mais ou menos curiosos; a filosofia e a moral são acessórios,
dos quais pouco se preocupam, ou dos quais não supõem a importância. Nós os
chamamos Espíritas experimentadores. § Vêm em seguida aqueles que
vêem no Espiritismo outra coisa senão os fatos; compreende-lhe a importância
filosófica; admiram a moral que dele decorre, mas não a praticam;
extasiam-se diante de belas comunicações, como diante de um eloqüente sermão que
se escuta sem aproveitá-lo. Sua influência sobre seu caráter é insignificante ou
nula; não mudam nada em seus hábitos e não se privariam de um único gozo: o
avarento é sempre sovina, o orgulhoso sempre cheio de si mesmo, o invejoso e o
ciumento sempre hostis; para eles a caridade cristã não é senão uma bela máxima,
e os bens deste mundo dominam, em sua estima, sobre os futuro: esses são os
espíritas imperfeitos. § Ao lado daqueles há outros, mais
numerosos do que se crê, que não se limitam a admirar a moral espírita, mas
que a praticam e lhe aceitam, por si mesmos, todas as conseqüências.
Convencidos de que a existência terrestre é uma prova passageira, tratam de
aproveitar seus curtos instantes para caminhar na senda do progresso,
esforçando-se por fazer o bem e reprimir seus maus pendores; suas relações são
sempre seguras, porque sua convicção os distancia de todo pensamento do mal. A
caridade é, em todas as coisas, a regra de sua conduta; esses são os
verdadeiros Espíritas, ou melhor, os Espíritas cristãos.
RE – 1861 – pg. 376/7: Aquele que, numa reunião, se afastasse das
conveniências, provaria não só falta de saber viver e de urbanidade, mas uma
falta de caridade; aquele que magoasse com a contradição, e pretendesse impor
sua pessoa ou suas idéias, daria prova de orgulho; ora, nem um nem o outro
estariam no caminho do verdadeiro Espiritismo, quer dizer, do Espiritismo
Cristão. Aquele que crê ter uma opinião mais justa que os outros, fa-la-á
bem melhor aceita pela doçura e pela persuasão; o amargor seria de sua parte mau
cálculo.
RE – 1862 – 264: A essa primeira questão: O Espiritismo é uma religião,
os Espíritos dizem: Não, o Espiritismo não é uma religião, não pretende ser
uma religião. O Espiritismo está fundado sobre a existência de um mundo
invisível, formado de seres incorpóreos que povoam o espaço, e que não são
outros senão as almas daqueles que viveram sobre a Terra ou em outros globos.
Esses seres, que nos rodeiam sem cessar, exercem sobre os homens, como o seu
desconhecimento, uma grande influência; desempenham um papel muito ativo no
mundo moral e, até um certo ponto, no mundo físico. O Espiritismo está
Natureza, e pode-se se dizer que, numa certa ordem de coisas, é uma força
como a eletricidade o é em um outro ponto de vista, como a gravidade o é num
outro. O Espiritismo nos descortina o mundo invisível; não é novo; a história de
todos os povos dele fazem menção. O Espiritismo repousa sobre princípios gerais
independentes de toda questão dogmática. Ele tem conseqüências morais, é
verdade, no sentido do cristianismo, mas não tem nem culto, nem templos, nem
ministros; cada um pode se fazer uma religião de suas opiniões, mas daí à
constituição de uma nova Igreja, há distância; portanto, o Espiritismo não é uma
nova religião.
RE – 1862 – pg. 276: Um dos resultados do Espiritismo bem compreendido,
– apoiamo-nos sobre estas palavras: bem compreendido, – é de desenvolver
o sentimento da caridade; mas a própria caridade, como se sabe, tem uma
acepção muito extensa, desde a simples esmola até o amor aos seus inimigos, que
é o sublime da caridade; pode-se dizer que ela resume todos os nobres impulsos
da alma para com o próximo. O verdadeiro Espírita, como verdadeiro cristão,
pode ter inimigos; – o Cristo não os teve? – Mas não é o inimigo de ninguém,
porque está sempre pronto a perdoar e a restituir o bem pelo mal.
RE – 1862 – pg. 278: Não olvideis que a tática de vossos inimigos encarnados
ou desencarnados é de vos dividir; provai-lhes que perdem seu tempo se tentam
suscitar entre os grupos sentimentos de ciúme e de rivalidade, que seria uma
apostasia da verdadeira Doutrina Espírita Cristã.
RE – 1863 pg. 379: A luta determinará uma nova fase do Espiritismo e
conduzirá ao quarto período, que será o período religioso; depois virá o
quinto, período intermediário, conseqüência natural do precedente, e que
receberá mais tarde sua denominação característica. O sexto e último período
será o da renovação social, que abrirá a era do século vente.
RE – 1864 – pg. 97/9: Lançamento do livro Imitação do Evangelho Segundo o
Espiritismo: contendo: a explicação das máximas morais do Cristo, sua
concordância com o Espiritismo, sua aplicação à diversas posições da vida.
AK, epígrafe: Não há fé inabalável senão aquela que pode encarar a razão face a
face, em todas as épocas da Humanidade. § Esta obra é para o uso de todo o
mundo; cada um pode nela haurir os meios de conformar a sua conduta à moral
do Cristo. Os Espíritas nela encontrarão outras aplicações que lhes
concernem mais especialmente. Graças às comunicações estabelecidas doravante de
maneira permanente entre os homens e o mundo invisível, a lei evangélica
ensinada em todas as nações pelos próprios Espíritos, não será mais uma letra
morta, porque cada um a compreenderá, e será incessantemente solicitado a pô-la
em prática, pelos conselhos de seus guias espirituais. As instruções dos
Espíritos são verdadeiramente as vozes do céu que vêm esclarecer os
homens, e convidá-los à imitação do Evangelho.
RE – 1864 – pg 106/7: O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de
observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, consiste nas
relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia,
compreende todas as conseqüências morais que decorrem dessas relações.
RE – 1864 – pg. 204: A contradição que existe entre certas crenças religiosas
e as leis naturais fez a maioria dos incrédulos, cujo número aumenta à medida
que o conhecimento dessas leis se populariza. Se o acordo entre a ciência e a
religião fosse impossível, não haveria religião possível. Proclamamos claramente
a possibilidade e a necessidade desse acordo, porque, em nossa opinião, a
ciência e a religião são irmãs para a maior glória de Deus, e devem se completar
uma pela outra, em lugar de se desmentir uma pela outra. Elas se estenderão
as mãos quando a ciência não vir na religião nada incompatível com os fatos
demonstrados, e que a religião não terá mais a temer a demonstração dos fatos.
O Espiritismo, pela revelação das leis que regem as relações do mundo
visível e do mundo invisível, será o traço de união que lhes permitirá
se olharem face a face, uma sem rir e a outra sem tremer. É pelo acordo da
fé e da razão que ele conduz, cada dia, tantos incrédulos a Deus.
RE – 1865 – pg. 93: Os fenômenos, longe de serem a parte essencial do
Espiritismo, dele não é senão o acessório, um meio suscitado por Deus para
vencer a incredulidade que invade a sociedade; é sobretudo na aplicação de
seus princípios morais. É nisso que se reconhecem os Espíritas sinceros.
Os exemplos de reforma moral provocados pelo Espiritismo são já muito numerosos
para que se possa julgar os resultados que produzirá com o tempo. É preciso que
a sua força moralizadora seja bem grande para triunfar dos atos inveterados pela
idade, e da leviandade da juventude. § O efeito moralizador o Espiritismo tem,
pois, por causa primeira os fenômenos das manifestações que deu a fé; se esses
fenômenos fossem uma ilusão, assim com os incrédulos o pretendem, seria preciso
bendizer uma ilusão que dá ao homem a força de vencer seus maus pendores.
RE – 1865 – pg. 188: O campo de combate do Cristianismo nascente era
circunscrito; o do Espiritismo se estende sobre toda a superfície da Terra. O
Cristianismo não pode ser abafado sob as ondas de sangue; ele cresceu por seus
mártires, como a liberdade dos povos, porque era uma verdade. O Espiritismo,
que é o Cristianismo apropriado ao desenvolvimento da inteligência e livre dos
abusos, crescerá mesmo sob a perseguição, porque ele também é uma verdade.
RE – 1865 – pg. 223: Nova edição do “O Que é o Espiritismo?”.
RE – 1866 – pg. 113/4: Há duas partes no Espiritismo: a dos fatos
materiais, e a de suas conseqüências morais. A primeira é necessária
como prova da existência dos Espíritos, também é aquela pela qual os Espíritos
começaram; a segunda, que dela decorre, é a única que pode levar à
transformação da Humanidade pela melhoria individual. A melhoria é, pois, o
objetivo essencial do Espiritismo. É para o que deve tender todo espírita sério.
Tendo deduzido essas conseqüências segundo as instruções dos Espíritos,
definimos os deveres que essa crença impõe; o primeiro inscrevemos sobre a
bandeira do Espiritismo: Fora da caridade não há salvação, máxima
aclamada, em seu aparecimento, como o facho do futuro, e que logo deu a volta ao
mundo em se tornando a palavra de união de todos aqueles que vêem no Espiritismo
outra coisa do que um fato material. … § Foi, pois, de nossa autoridade
particular que promulgamos esta máxima? E quando a tivéssemos feito, quem
poderia achá-la má? Mas não; ela decorre do ensino dos Espíritos, que eles
mesmos a hauriram nos do Cristo, onde ela está escrita com todas as letras,
como pedra angular do edifício cristão, mas onde restou enterrada durante
dezoito séculos. O egoísmo dos homens evitou que saísse do esquecimento para
pô-la em luz, porque teria proclamado sua própria condenação; preferiram
procurar sua salvação nas práticas mais cômodas e menos incômodas. No entanto,
todo o mundo havia lido e relido o Evangelho, e, como muito poucas exceções,
ninguém tinha visto esta grande verdade relegada ao segundo plano. Ora, eis que
pelo ensino dos Espíritos ela é subitamente conhecida e compreendida por todo o
mundo. Quantas outras verdades encerra o Evangelho, e que ressaltarão em seu
tempo! § Inscrevendo no frontispício do Espiritismo a suprema lei do Cristo,
abrimos o caminho para o Espiritismo Cristão; fomos instituídos, pois, em
desenvolver-lhes os princípios, assim como os caracteres do verdadeiro espírita
sob esse ponto de vista.
RE – 1866 – pg. 158, Comunicação do Espírito Louis de France: O
Espiritismo é uma ciência essencialmente moral; desde então, aqueles que se
dizem seus adeptos não podem cometer uma inconseqüência grava, subtrair-se às
obrigações que ele impõe. Pg. 159/60: Ora, o Espiritismo não é outra coisa
senão a aplicação verdadeira dos princípios da moral ensinada por Jesus,
porque não é senão no objetivo de fazê-la compreender a todos, a fim de que, por
ela, todos progridam mais rapidamente, que Deus permite essa universal
manifestação do Espírito vindo vos explicar o que vos parecia coisa obscura e
vos ensinar toda a verdade. Ele vem, como o Cristianismo bem compreendido,
mostrar ao homem a absoluta necessidade de sua renovação interior pelas próprias
conseqüências que resultam de cada um de seus atos, de cada um de seus
pensamentos; porque nenhuma emanação fluídica, boa ou má, não escapa do coração
ou do cérebro do homem sem deixar, em alguma parte, uma marca; o mundo invisível
que vos certa é para vós este Livro da Vida onde tudo se
inscreve com uma incrível fidelidade, e a Balança da justiça divina não é
outra senão uma figura exprimindo que cada um de vossos atos, cada um de vossos
sentimentos é, de alguma sorte, o peso que carrega vossa alma e a impede de se
elevar, ou aquele que leva o equilíbrio entre o bem e o mal.
RE – 1867 – pg. 271, texto incluído no livro Céu e Inferno: O Espiritismo
muito longe de negar ou de destruir o Evangelho, ao contrário, vem confirmar,
explicar e desenvolver, pelas novas leis da Natureza que revela, tudo o que
disse e fez o Cristo; ele traz a luz sobre os pontos obscuros de seu ensino,
de tal sorte que aqueles para quem certas partes do Evangelho eram
ininteligíveis, ou pareciam inadmissíveis, as compreendem sem dificuldade com a
ajuda do Espiritismo, e as admitem; vêem melhor e sua importância e podem fazer
a parte da realidade e da alegoria; o Cristo lhes pareceu maior: não é mais
simplesmente um filósofo, é um Messias divino. – pg. 271: Se se considera, além
disso, o poder moralizador do Espiritismo pelo objetivo que ele assinala
para todas as ações da vida, pelas conseqüências do bem e do mal que ele faz
tocar com o dedo; a força moral, a coragem, as consolações que dá nas aflições
por uma inalterável confiança no futuro, pelo pensamento de ter perto de si os
seres que se amou, a segurança de revê-los, a possibilidade de conversar com
eles, enfim, pela certeza de que tudo o que se fez, tudo que se adquiriu em
inteligência, em ciência, em moralidade, até a última hora da vida, nada
está perdido, que tudo aproveita ao adiantamento, reconhece-se que o
Espiritismo realiza todas as promessas do Cristo com relação ao Consolador
anunciado. Ora, como é que o Espírito de Verdade que preside ao grande
movimento de regeneração, a promessa de seu advento se encontra do mesmo modo
realizada, porque, pelo fato, ele é que é o verdadeiro Consolador.
RE – 1868 – pg. 47, comunicação de Lacordaire: Era preciso, aliás, completar
o que não havia podido dizer então, porque não teria sido compreendido. Foi
porque uma multidão de Espíritos de todas as ordens, sob a direção do
Espírito de Verdade, veio em todas as partes do mundo e em todos os povos,
revelar as leis do mundo espiritual, das quais Jesus havia adiado o ensinamento,
e lançar, pelo Espiritismo, os fundamentos da nova ordem social. Quando
todas as bases lhe forem postas, então virá o Messias que deverá coroar o
edifício e presidir à reorganização com a ajuda dos elementos que terão sido
preparados.
RE – 1868 – pg. 56/7: comunicação de São Luís a respeito da “Gênese”: Esta
obra vem a propósito, neste sentido de que a Doutrina hoje está bem colocada
sob o aspecto moral e religioso. Qualquer que seja a direção que ela tome
doravante, ela tem precedentes muito enraizados no coração de seus adeptos, para
que ninguém possa temer que ela se desvie de seu caminho. § O que importava
antes de tudo satisfazer, eram as aspirações da alma; era suprir o vazio deixado
pela dúvida nas almas vacilantes em sua fé. Esta primeira missão está hoje
cumprida. O Espiritismo entra atualmente numa nova fase; ao atributo de
consolador, acrescenta o de instrutor e de diretor do espírito, em ciência e em
filosofia, como em moralidade. A caridade, sua base inabalável, dele fez
o laço das almas ternas; a ciência, a solidariedade, a progressão, o Espírito
liberal dele farão o traço de união das almas fortes. § … Por este livro, como
eu disse, o Espiritismo entra numa nova fase, e esta preparará os caminhos da
fase que se abrirá mais tarde, porque cada coisa deve vir a seu tempo. Antecipar
o momento propício é tão nocivo quanto deixá-lo escapar.
RE – 1868 – pg 354-62, Discurso de abertura por Allan Kardec na Sociedade de
Paris, em 1º de novembro 1868, intitulado: O Espiritismo é uma Religião?, onde
de início já cita: “Em qualquer lugar que se encontrem duas ou três pessoas
reunidas em meu nome, eu me encontro ali no meio delas”. (Mateus, cap. XVII, v.
20.) …. Se assim é, dir-se-á, o Espiritismo é, pois, uma religião? Pois
bem, sim! sem dúvida, Senhores; no sentido filosófico, o Espiritismo é uma
religião, e disto nos glorificamos, porque é a doutrina que fundamenta os
laços da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples
convenção, mas sobre as bases mais sólidas; as próprias leis da Natureza. §
Por que, pois, declaramos que o Espiritismo não é uma religião? Pela
razão de que não há senão uma palavra para expressar duas idéias diferentes, e
que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto; que ela
desperta exclusivamente uma idéia de forma, e que o Espiritismo não a tem. Se
o Espiritismo se dissesse religião, o público não veria nele senão uma nova
edição, uma variante, se assim nos quisermos expressar, dos princípios
absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com um cortejo de hierarquias,
de cerimônias e de privilégios; não o separaria das idéias de misticismo, e dos
abusos contra os quais a opinião freqüentemente é levantada. § O Espiritismo,
não tendo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual da palavra,
não se poderia, nem deveria se ornar de um título sobre o valor do qual,
inevitavelmente, seria desprezado; eis porque ele se diz simplesmente: doutrina
filosófica e moral. § As reuniões espíritas podem, pois, ser mantidas
religiosamente, quer dizer, com recolhimento e o respeito que comporta a
natureza séria dos assuntos dos quais ela se ocupa; pode-se mesmo ali dizer, se
for possível, as preces que, em lugar de serem ditas em particular, são ditas em
comum, sem ser por isto que se entendam por assembléias religiosas.
Que não creia que esteja aí um jogo de palavras; a nuança é perfeitamente clara,
e a aparente confusão não vem senão da falta de uma palavra para cada idéia.
OP – pg. 289, comunicação recebida em 15/04/1860, Um Espírito: O Futuro do
Espiritismo. § O Espiritismo está chamado a desempenhar um papel imenso
sobre a Terra; será ele que reformará a legislação tão freqüentemente
contrária às leis divinas; será ele que reconduzirá a religião do Cristo
que, nas mãos dos sacerdotes, se tornou um comércio e um vil tráfico;
instituirá a verdadeira religião, a religião natural, a que parte do coração
e vai direto a Deus, sem se deter nas franjas de uma batina, ou no escadote de
um altar. Extinguirá para sempre o ateísmo e o materialismo, aos quais certos
homens foram levados pelos abusos daqueles que se dizem os ministros de Deus,
pregam a caridade com uma espada na mão, sacrificam à sua ambição, e ao espírito
de dominação, os direitos mais sagrados da Humanidade.
OP – pg. 298, comunicação de 09/08/1863, sobre o livro E.S.E.: Eis que a
hora se aproxima em que será preciso declarar abertamente o Espiritismo por
aquilo que ele é, e mostrar a todos onde se encontra a verdadeira doutrina
ensinada pelo Cristo; a hora se aproxima em que, diante do céu e da Terra,
deverás proclamar o Espiritismo como a única tradição realmente cristã, a
única instituição verdadeiramente divina e humana. Escolhendo-te, os
Espíritos sabiam da solidez de tuas convicções, e que a tua fé, como uma muralha
de bronze, resistiria a todos os ataques.
OP – pg. 299 – comunicação de 14/09/1863: Nossa ação, sobretudo a do
Espírito de Verdade, é constante ao teu redor, e tal que não podes recusá-la.
… Sigo com um vivo interesse os progressos de teu trabalho, que são um passo
considerável para a frente, e abrem, enfim, ao Espiritismo, o largo caminho das
aplicações úteis para o bem da sociedade. Com essa obra, o edifício começa a se
livrar de seus alicerces, e já se pode entrever a sua cúpula se desenhar no
horizonte. Continua, pois, sem impaciência, como sem cansaço; o monumento estará
acabado na hora fixada.
Paulo da Silva Neto Sobrinho
Jan/2002.
Legenda:
LE= Livro dos Espíritos, Allan Kardec, IDE, Araras, SP
RE= Revista Espírita, Allan Kardec, IDE, Araras, SP, vol. I a XI.
OP= Obras Póstumas, Allan Kardec, IDE, Araras, SP.