A palavra epifania (do Grego epiphaneia: apresentação, aparição) é empregada pelo calendário litúrgico da Igreja, para designar a apresentação de Jesus Cristo aos povos. Isso se deu com o conhecido episódio da visita dos Reis Magos ao Menino Jesus. E, com a reforma do citado calendário em 1999, após o Concílio Vaticano 2º, a Igreja transferiu essa festa litúrgica para o 2º domingo depois do Natal, a qual é festivamente comemorada pelos congadeiros, com suas belas folias de reis.
Os livros apócrifos (ocultos, e não falsos), que poderiam engrossar a Bíblia de hoje, foram banidos pela Igreja, a qual, porém, conservou deles algumas coisas, como, por exemplo, o fato de que São Joaquim e Santa Ana são os pais de Nossa Senhora, e o de que os nomes dos Reis Magos são Melchior, Gaspar e Baltasar, que, respectivamente, presentearam o Menino Jesus com ouro, incenso e mirra.
Algumas nuanças desse episódio chamam-nos a atenção. Para São Lucas (2, 16), o recém-nascido estava numa manjedoura, parecendo-nos, pois, ser o local uma estrebaria. Já para São Mateus (2, 11), entretanto, a criança estava numa casa. Aguçam-nos ainda a atenção os títulos dos visitantes, ou seja, Reis Magos, pois entre os medas e sumérios mago, além de sacerdote, poderia significar também astrólogo e feiticeiro. E seriam reis de que, de magia? E praticariam só a magia branca ou também a negra ? Bom, mago tem a raiz latina de “magister”, mestre, sábio. E os exegetas, hermeneutas e teólogos sempre ficaram incomodados com esses títulos, pois gostariam de ver nos adoradores do Menino pessoas insuspeitas e santas. Todavia, o fato de se tratar de magos – e parece-nos que eram de magia branca -, não seria motivo para serem discriminados, pois o Messias veio para todos, e até disse: “Não vim para os justos, mas para os pecadores.”
Mas o que mais se tem destacado da visita dos Reis Magos ao Menino Jesus é a chamada Estrela de Belém, pois, pelo conhecimento que temos hoje de Astronomia e da Lei da Gravidade, não se pode tratar de uma estrela, já que a presença de um astro desse tipo em nosso Sistema Solar provocaria nele um cataclismo!
Para o astrônomo espanhol e padre jesuíta Antonio Romañá, ex-diretor do Observatório de Ebro, Tolosa (Espanha), o fenômeno não é do gênero literário “midráshico”, ou seja, só parcialmente verdadeiro, e adornado de lendas (J.J. Benitez, “O Enviado”, pág. 169).
Ora, se houve mesmo o fato, mas não se pode tratar de uma estrela propriamente dita, certamente estamos diante de algo relacionado com um OVNI ou, o mais provável, de um fenômeno mediúnico de luz, de efeitos físicos, muito comum, principalmente entre magos que, geralmente, são médiuns (profetas), fenômeno esse muito encontrado também na Bíblia.
José Reis Chaves
Autor do livro “A Face Oculta das Religiões” (Ed. Martin Claret), entre outros. E-mail: [email protected]